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Introdução
XVI - O CONGRESSO DAS VASSOURAS
I - O CÉU
XVII - EXÉRCITO DE VIVENTES
II - O ANJO
XVIII - REENCONTRO
O Anjo-Vampiro
CAPÍTULO X - LANCHONETE
III - O DOM
XIX - MAIS UMA NOITE
Eliseu, Elisabeth e o vampiro-líder estão rodando há mais de uma hora no supercarro veloz do sugador de sangue. A garota foi para o banco traseiro e dormiu ali, exausta por não ter conseguido "pregar os olhos" na noite anterior. Eliseu sente que perdeu o contato telepático com o anjo que ele deixara tomando conta dos tios de Elisabeth. Ele não tem como saber o que aconteceu por lá. E resolve agora "puxar papo" com o motorista:

- Acha que ainda vai demorar para chegarmos até a cidade onde vivem as bruxas?
- Por quê? Tá precisando ir ao banheiro? (responde, irônico, o vampiro).
- Anjos não têm as mesmas necessidades dos humanos.
- Eu sei que não. Eles apenas vêm ao mundo dos homens para fazer péssimos negócios com os vampiros.
- Você tem facilidade em generalizar a sua opinião contra aqueles que não conhece o suficiente!
- Já conheci dois anjos e não gostei de nenhum deles!

Eliseu sorri ironicamente.

- Acho que no fundo você era uma boa pessoa antes de se tornar um... morto-vivo!
- Não venha dar uma de anjo bom comigo! Não preciso de um sermão. Estou mais a fim de uma boa dose de sangue fresco humano.
- Achei que vampiros só se alimentavam à noite!?
- É, mas eu não pude fazer isso, lembra-se por quê?

- É estranho o que está acontecendo! Os anjos protegem as pessoas para não serem atacadas por demônios, vampiros, bruxas e outros seres. E agora estamos todos nós aqui, no mesmo carro, conversando. Se Deus ainda estivesse entre nós, talvez ficasse orgulhoso.

- Você está enganado! Não estou aqui por uma boa causa e nem por amor aos anjos. Quero apenas salvar o pescoço do meu alimento! (declara o vampiro, olhando pelo retrovisor interno do veículo, diretamente para o pescoço nu e convidativo de Elisabeth, que dorme tranquilamente).

Eliseu fica sério, não gosta da insinuação do vampiro, mas o indaga sobre outro assunto:

- Quantos vampiros acha que poderão nos ajudar nesta guerra?
- Não muitos! Não vivemos todos juntos como os anjos.
- Eu sei disso!
- Acho que posso conseguir uns cem!
- Só isso?
- Quando pararmos na próxima cidade eu posso morder todos os moradores e aumentaremos a quantidade de vampiros do nosso lado.
- Nada disso! Comigo aqui presente não posso permitir que transforme as pessoas em mortos-vivos.
- Então também não posso ajudá-lo com mais vampiros! Cada líder tem seu pequeno grupo. Fazemos isso para vivermos escondidos dos humanos, mas sempre perto de alguma cidadezinha. Se tivéssemos um grupo grande em cada cidade, não existiriam humanos suficientes para nos manter!

A Curandeira acorda de seu sono profundo e faz um pedido!

- Bom dia! Eu gostaria de comer alguma coisa! Podemos dar uma paradinha?
- Eu também gostaria de comer, mas o anjinho aqui não me deixa! (responde o vampiro).

Logo adiante surge um posto de estrada. O vampiro encosta o veículo que rapidamente chama a atenção de todos no lugar. Os três descem do carro e se encaminham até o balcão da lanchonete. A garota logo faz seu pedido:

- Por favor, eu quero um sanduiche com carne e alface... e um suco de laranja grande com gelo e açúcar!
- E os senhores o que vão querer? (indaga a funcionária do local).
- Nada, não, obrigado! (responde Eliseu).
- Tem alguma coisa viva?

A funcionária estranha o pedido, mas leva na esportiva e responde:

- Temos lactobacilos vivos! (sorri ela apontando para uma gôndola ao lado com diversas pequenas garrafas de Yakult).

O vampiro não gosta da ideia e pede outra coisa:

- Veja uma carne bem malpassada, com o sangue quente escorrendo.
- Sim, senhor! Já já estará tudo pronto. É só um minuto (a funcionária sorri para o trio e vira-se de costas para repassar o pedido aos outros funcionários da cozinha).

Elisabeth caminha, mesmo cega, até uma mesa próxima e se senta sozinha ali. O vampiro-líder acha muito curiosa essa tecnologia que a moça usa e conversa com ela sobre isso:

- Como consegue saber para onde deve caminhar sem bater em nada?

- Esta cinta mede todas as distâncias ao meu redor. A tiara em minha cabeça transmite um mapa desenhado em 3D, que detalha tudo o que existe no ambiente. Eu consigo saber da existência de coisas muito pequenas ao meu redor, como um garfo sobre a mesa, um copo, uma borboleta voando e até quantas pessoas estão aqui nesta lanchonete. É como se eu tivesse diversos olhos ao redor de toda a minha cabeça.

- Então vê coisas que estão acontecendo ao mesmo tempo por trezentos e sessenta graus ao seu redor?

- Exatamente. E também tem algo muito interessante neste sistema. Eu posso ver coisas escondidas sob as roupas das pessoas como carteiras, celulares e chaves de carros. Basta eu mudar a forma de como o sistema funciona, pressionando apenas um botão em minha cinta.

- Puxa! Isso é melhor do que qualquer pessoa pode enxergar!
- O sistema é tão sensível que posso até ver uma áurea diferente ao redor de Eliseu. Mas esta já quase não existe mais. Sua silhueta já está se parecendo com a de uma pessoa normal! Com exceção da espada que carrega sob seu casaco.
- Como pode ver algo que nem está aqui? A espada desaparece quando eu a guardo.
- Como eu disse antes, o sistema é muito sensível.

Neste momento chega a moça da lanchonete com os pedidos separados em dois pratos diferentes. Ela deixa os pratos sobre a mesa e se afasta, enquanto sorri para os três. Elisabeth começa a comer rapidamente, mas para repentinamente e avisa o anjo sobre um problema:

- Eliseu! Acabam de entrar aqui na lanchonete três homens armados.
- O quê? Aonde?
- Atrás de mim! Estão passando pela porta de entrada e nos encarando.
- São demônios! (responde o vampiro).
- Como sabe disso? (indaga o anjo).
- Não sinto o cheiro de sangue humano neles! Estão todos mortos!
- Mas que droga! O que pretendem fazer em pleno dia contra nós, sem seus poderes?
- Quem disse que estão atrás de nós? (indaga o vampiro).

Eliseu olha para seu parceiro, estranhando tal possibilidade e começa a observar cuidadosamente as atitudes de seus inimigos.

- Eles vêm em nossa direção! (declara Elisabeth).
- Estou vendo! (declara Eliseu, que coloca uma das mãos para baixo da mesa em que está sentado e toca o cabo de sua espada celestial, pronto para se defender de um possível ataque).

Os três demônios param diante do vampiro e lhe fazem uma pergunta:

- Nos informaram que você é o dono daquele "possante" ali fora!
- Por que quer saber? Tá interessado em dar uma volta?
- Precisamos de um carro veloz.
- É, mas meu carro não está à venda!
- Não queremos comprá-lo! Queremos alugá-lo!
- Não sou uma locadora de veículos e ninguém além de mim pode se sentar diante daquele volante.
- Olha! Temos que chegar rapidamente em um lugar antes que outra pessoa consiga.

O vampiro, que até agora nem sequer olhou para os três, porque estava ocupado com seu bife, agora para de comê-lo e olha diretamente para aquele que está lhe falando:

- E o que três caras feios como vocês, irão fazer quando chegarem onde precisam?
- Isso não é de sua conta!

O vampiro sorri ironicamente e volta a comer sua carne, saboreando principalmente o sangue que escorre enquanto mastiga.

- Olha, não temos muito tempo. Precisamos de seu veículo agora!
- Não vou emprestar, alugar, ceder e nem levar qualquer um de vocês a lugar algum! Então caiam fora daqui que estou ocupado!

Eliseu percebe que a coisa pode ficar feia e agarra com mais firmeza a empunhadura de sua espada. Um dos três homens leva uma das mãos às costas e isto pode se transformar no estopim para uma terrível batalha neste ambiente, mas dois policiais se levantam de uma das mesas lá ao fundo e vêm em direção à saída. O demônio percebe o que está acontecendo e resolve não sacar a sua arma. Elisabeth segura numa das mãos de seu anjo e balança a cabeça negativamente para ele, num claro pedido para que não saque a sua espada. O anjo entende o recado e obedece. O vampiro olha novamente na direção dos três demônios e os provoca mais uma vez:

- O que estão esperando? Vão procurar outro veículo! Deixe-nos em paz.

Os três resolvem se afastar dali e voltam para a rua. Os policiais param no caixa e um deles saca do bolso um cartão de crédito para pagar pelo lanche. O outro fica de costas para o balcão, observando todo o ambiente ao redor. Eliseu fala baixinho agora com o vampiro:

- Por que fez aquilo? Por que provocou três demônios armados aqui na lanchonete? Teríamos que lutar contra eles. Alguém poderia ser ferido.
- Relaxa, anjinho! Eu não tenho medo de demônios! Além do mais eu sabia que você sozinho acabaria com os três.
- Ficou maluco? (indaga revoltado o ser celestial).
- Talvez ele tenha feito isso de propósito! (declara Elisabeth). Para expor você, Eliseu, diante de todos aqui. Mas por quê? O que ganharia com isso! Precisamos viajar incógnitos!

Eliseu percebe finalmente a manobra do sugador de sangue:

- Se todos me vissem usando a espada celestial num ambiente público... eu perderia o direito de continuar a ser um anjo! E você poderia eliminar Elisabeth... ou vendê-la para Lúcifer...
- Achei que estivéssemos todos juntos! Era isso mesmo que pretendia? (indaga Elisabeth).
- Bom! Todo mundo tem que ter um plano B, caso o plano A não dê certo!

Eliseu, com uma das mãos, pega o vampiro pela gola de seu casaco e o ameaça:

- Escute aqui! Eu não estou brincando! Ou você e seus servos vampiros se juntam a mim nesta luta... ou eu mesmo varrerei todos os vampiros da face da Terra.
- Eliseu! Eliseu! Não faça isso! As pessoas estão todas olhando para nós! (declara, preocupada, Lisa).

O policial, que observava tudo ao redor, percebe a possibilidade de uma briga entre os dois, coloca a mão no coldre de sua arma e se aproxima com cuidado:

- Está acontecendo alguma coisa aqui?

Eliseu, transtornado com a potencial traição de seu parceiro vampiro, que sorri em desdém neste momento, solta agora o colarinho dele.

- Está tudo bem, senhor policial! (responde o anjo, ainda nervoso).
- Quero o documento de todos nesta mesa! (declara o policial aos três).
- Documentos?! (indaga, sem jeito, Eliseu).
- Foi o que eu disse: quero ver os documentos de todos vocês agora! (confirma o policial).

Eliseu consulta em vão seus bolsos e começa a pensar numa forma de escapar dessa enrascada.

- Senhor, policial... eu acho que não estão aqui agora...

Inesperadamente o alarme de um veículo dispara lá fora e o vampiro se levanta para olhar melhor pela janela:

- Aqueles demônios estão tentando roubar meu carro.
- Tenha calma, senhor! Fique sentado e me passe seus documentos! (ordena o policial dando um passo para trás e já quase sacando a arma).
- Tem outro sujeito armado à esquerda! (comenta Elisabeth com Eliseu, olhando na direção onde ela está "vendo" o tal homem, que se levanta para sair rapidamente da lanchonete).

O policial saca agora a arma e grita:

-
Mantenham-se todos sentados. É uma ordem!

O sujeito armado lá no fundo demonstra medo e preocupação com a presença da polícia no lugar. Ele leva a mão à cintura sob seu paletó, na clara intenção de sacar uma arma. O homem dá um passo para trás e o segundo policial percebe então o claro vacilo do meliante. Então o homem da lei saca a sua arma e o sujeito resolve levantar rapidamente as mãos para cima. As pessoas na lanchonete começam a gritar de medo e muitas delas se abaixam ficando escondidas sob as mesas. O vampiro, não quer esperar que seu carro seja roubado, então começa a correr para fora da lanchonete para pegar os ladrões. O primeiro policial, que apontava-lhe a arma, atira. A bala atravessa o corpo do vampiro, que nem liga para o fato, e continua correndo. Afinal ele é um morto-vivo.

Eliseu arranca a arma das mãos do segundo policial e logo depois também a do primeiro numa velocidade muito grande de movimentos, deixando os homens da lei sem ação e desarmados. Lá no fundo o sujeito, que permanecia com as mãos para cima, percebe que agora poderá escapar. Ele pega a sua arma sob o paletó e atira na direção dos policiais e do anjo, que ainda está com as duas armas dos militares nas mãos. A bala disparada atinge um rapaz de uma das mesas. O pobre jovem cai ao chão. Rapidamente Eliseu lança uma das armas na direção do bandido, que é atingido com violência por ela. A força do impacto derruba o meliante que cai desmaiado. Eliseu aponta a arma que resta consigo na direção dos policiais. Ambos erguem os braços e pedem calma a ele.

Elisabeth, usando a sua visão eletrônica emitida pela tiara em sua cabeça, caminha rapidamente na direção do jovem que fora baleado. Ela percebe que o projétil acertou diretamente o coração da vítima. O sangue se espalha em grande quantidade ao redor. Elisabeth coloca uma das mãos sobre o peito do moribundo, que já revira os olhos, perdendo a consciência. Sua vida está no fim. Mas em poucos segundos, contradizendo todas as possibilidades, as pálpebras do morto se abrem novamente. E sem entender muito bem o que está acontecendo ele vê o sorriso daquela bela mulher que o salvara. As outras pessoas da lanchonete aproveitam o momento de calmaria e correm para fora.

Eliseu pega no braço de Elisabeth e os dois aceleram o passo para ir embora também dali. Os policiais se afastam do casal, diante da ameaça da arma nas mãos do anjo, enquanto caminha para fora da lanchonete. Já na rua o casal percebe que o vampiro tinha derrubado no chão os três demônios e agarrava um deles pelo pescoço, enforcando-o junto ao solo durante o interrogatório:

- Para onde pretendia ir com meu carro?
- Não tenho que lhe dizer nada!
- Se não disser vou arrancar seus braços e pernas com as minhas próprias mãos!
- Para que quer saber isso?


O vampiro pisa forte numa das pernas do demônio e pode-se ouvir alguns de seus ossos se quebrando. O sujeito grita de dor e ergue uma das mãos, pedindo para o sugador de sangue parar de machucá-lo.

- Eu digo! Eu digo! Temos que pegar um cara e uma garota. Precisamos ir até a próxima cidade, atrás de um amigo.
- Um amigo? Quem é ele?
- Ele é conhecido como O Sanguinário!

- Essa palavra me dá água na boca (declara o vampiro). Então vou lhe fazer um favor! Deixe que eu mesmo dou o seu recado! (ao dizer isso ele desfere um forte soco contra o demônio, que desfalece).

Eliseu e Elisabeth chegam perto do veículo para seguirem viagem.

-
Você está estragando tudo! (declara o anjo ao vampiro, que já se encaminha para o lado do motorista). Poderia ter ferido alguém lá dentro (reclama Eliseu ainda com a arma do policial em suas mãos).
- Salvar pessoas é prioridade sua! A minha é matá-las para sugar o sangue! Além do mais, sem documentos, aqueles policiais iriam nos prender. E não temos mais tempo para isso agora!
- Não deveríamos colocar a polícia também atrás de nós! Assim não vai dar para escapar dos demônios, porque algum deles pode estar infiltrado entre os militares.
- Achei que queria estar um passo à frente de nossos inimigos! Eu descobri uma coisa importante que se encontra na mesma cidade para onde vamos!

Eliseu joga a arma do policial, que ainda tinha nas mãos, na direção do carro de polícia ali ao lado e entra no carro do vampiro. O mesmo faz Elisabeth. De dentro da lanchonete saem os dois homens da lei. Um deles está com a arma em punho e começa a atirar no trio.

-
Mas que droga! O teto está riscado e agora vão furar a carroceria!
- Vamos logo embora daqui!
(grita Elisabeth).

O vampiro acelera forte e desaparece na estrada em poucos segundos. Os policiais correm na direção de seu veículo, mas percebem que os pneus estão destruídos, rasgados por uma faca. Um deles pega de volta a sua arma, que estava no chão ali ao lado.

- Não podemos persegui-los! Vou pedir apoio pelo rádio... (comenta um dos policiais, que percebe que seu equipamento de comunicação também foi destruído).

Os demônios fizeram isso, antes de tentarem roubar o carro do vampiro. O policial usa o próprio celular para ligar para seus colegas:

- Temos um problema! Precisamos de reforços! Os bandidos são fortes, rápidos, muito perigosos e estão indo na direção da cidade de Jangadeirópolis!

IV - A VIAGEM
XX - A FILA DA PROCURA
V - MAL ASSOMBRADA
XXI - BOA NOITE, CINDERELA
VI - BATALHA NOTURNA
XXII - FACÇÕES DA GUERRA
XXIII - NOVOS COMBATENTES
VII - PRIMEIRO ACORDO
VIII - A FUGA
XXIV - TRANQUILÓPOLIS
IX - VISITA INDESEJADA
XXV - A VIRADA
X - LANCHONETE
XXVI - A FROTA DO MAL
XXVII - SERES DA GUERRA
XI - A NOVA VIAGEM
XII - TÁBATA
XXVIII - A BATALHA FINAL
XXIX - A PAZ ETERNA
XIII - IMPASSE
PERSONAGENS
XIV - VERÔNICA
ANJOS, FADAS E BRUXAS
XV - SANGUINÁRIO
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Henri Versiani
como Eliseu

Majorie Gerardi
como Elisabeth

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