O Anjo-Vampiro

Na casa de Vilma, a bruxa para quem Tábata ligou, estão alguns poucos bruxos reunidos e esperando aquela que pediu a reunião.

- Não estou entendendo, Vilma! Onde está a Tábata? Ela convocou esta reunião e não aparece?! (reclama um dos homens bruxos).
- Calma, Silvestre! Se ela ainda não veio é porque aconteceu alguma coisa! Vamos aguardar mais um pouco.
- Não gosto deste tipo de atitude! Se marcou o horário, então tem que cumprir! (reclama mais uma vez, Silvestre).
- E quanto aos vampiros? Alguém teve algum contato com eles? (indaga uma bruxa idosa aos outros).
- Não, Suelen! Até agora eles têm se mantido bem longe de nós. Nenhum de nossos familiares mais próximos também viram ou souberam de algum caso de ataque deles.

- Mas numa cidade próxima daqui teve um ataque de dezenas de demônios, que quase destruíram toda a cidade (comenta Elvira). A minha prima bruxa mora lá, a Rosa e teve que acabar com alguns deles para não ser atacada. Ela estará aqui daqui a pouco para falar sobre isso conosco. Algo estranho está acontecendo! Nunca soubemos de um ataque dos seguidores de Lúcifer tão violento e visível por todos.

Tábata aparece finalmente na reunião e se desculpa:

- Desculpem-me o meu atraso!
- Poxa! Até que enfim, Tábata! (reclama Silvestre, gesticulando muito o seu descontentamento com as mãos). Todos aqui temos responsabilidades em nossas vidas e não podemos ficar esperando quando alguém marca uma reunião e não aparece na hora!
- Sinto muito por isso... Ué...! Onde estão os outros bruxos...? Só vieram vocês...?
- Infelizmente muitos estão ocupados! Cada um tem um problema e me pediram para que eu transmitisse depois as informações que trataremos aqui hoje!
- Bom... marquei esta reunião com a Vilma porque tinha uma informação importante para tratar com todos vocês, mas no momento em que eu estava me preparando para vir para cá aconteceu uma coisa que piorou muito a nossa condição de bruxos.
- Nossa! Como assim? O que houve? (indaga, preocupada, a idosa bruxa Suelen).
- Vou começar do início. Recebi em minha casa hoje mais cedo, uma visita inusitada! Um anjo, sua protegida e um vampiro!
- O quê?! Como assim?! Você eliminou o sanguessuga, né? (indaga, nervosa, Suelen).
- Claro que sim! Logo que desconfiei dele, mas a protegida do anjo o ressuscitou!
- Isso é possível? Uma humana não pode ressuscitar um vampiro? (relembra Silvestre). Tem certeza de que ela era humana?
- Sim! Ela tem o dom da Curandeira! (responde Tábata).

Todos se entreolham assustados com este fato!

- Mas isso não é o pior, pessoal!
- Como assim, Tábata? (reclama Vilma). Se a Curandeira está mesmo entre nós, Lúcifer não irá desistir até conseguir pegar o dom da cura para ele! Precisamos ficar longe de tudo isso. Não devemos interferir nesta história dos anjos.
- O anjo protetor veio pedir a ajuda de todos os bruxos para lutarmos contra Lúcifer e impedi-lo de conseguir o que quer.
- Os anjos podem pedir o que quiserem! (relembra Silvestre). Não iremos interferir de forma alguma! E o vampiro? O que ele tem com isso? (indaga, preocupado, Silvestre).
- Os vampiros irão ajudar nesta guerra! Teremos que lutar lado a lado com eles!
- NÃO! NÃO E NÃO! (grita alto e forte Suelen contra esta opção).

A casa, em que estão, treme perante o ódio da bruxa anciã. Alguns objetos vêm ao chão! Todos arregalam os olhos para a observação de Tábata.

- Isso jamais acontecerá! (continua ela). Deixe este assunto para os anjos tratarem. Eu jamais ficaria lado-a-lado com um sanguessuga!
- Calma Suelen! A coisa não é tão simples assim! Os anjos não lutarão contra Lúcifer.
- O quê?! Mas Lúcifer é um deles! (relembra Silvestre). Isso é um assunto celestial! Não podemos nos envolver!

- Somente um anjo veio a Terra para combater Lúcifer! (informa Tábata). Os outros têm assuntos importantes para tratar e não podem se ausentar. Eliseu está nos pedindo ajuda e também aos vampiros. Ele também foi falar com as fadas. Temos todos que ajudar, do contrário a humanidade desaparecerá sob o império de Lúcifer, e o fim também virá para vampiros e bruxos.

- Fadas?! (exclama Silvestre). Histórias da carochinha não irão assustar Lúcifer e seu exército de demônios.
- O anjo Eliseu me garantiu que fadas existem e serão uma força adicional nesta guerra (explica Tábata).

Agora surge no meio da sala mais uma bruxa, Rosa, a prima de Elvira!

- Olá! Desculpe-me o atraso! Nossa cidade ficou um caos. O exército e a guarda nacional foram para lá. Estão desconfiados de que alguma coisa paranormal está acontecendo. Mal sabem eles que são os demônios que ficaram loucos.
- Chegou bem na hora, Rosa! (comenta Tábata). Tudo o que eu disse até agora não é o pior, pessoal! Eu me atrasei porque o próprio Lúcifer esteve em minha casa pouco antes de eu vir para cá.
- Oh, Meu Deus! Que diabos ele quer agora? Mais um feitiço de presente? (indaga Elvira).
- Não! Ele quer que os bruxos eliminem todos os vampiros do planeta em sete dias!
- Não pode estar falando sério? (indaga Silvestre). Sete dias é muito pouco tempo! Nem sabemos quantos deles existem e nem onde estão se escondendo!
- Preste atenção, Silvestre! (ordena Tábata). Os bruxos não deveriam se meter neste assunto, mas os dois lados desta guerra estão nos convocando. Não poderemos mais ficar de fora disso!
- É você quem não está percebendo, Tábata! (comenta Silvestre). Temos que nos afastar de ambos os lados! Se apoiarmos o tal de Eliseu, estaremos enfurecendo Lúcifer contra nós. Se fizermos o contrário sofreremos com a ira de Deus no futuro.

- Eu sei de tudo isso, Silvestre! Mas se nos afastarmos de tudo agora, teremos a ira dos dois lados contra nós. Como em toda guerra que se espalha, aqueles que não a querem serão as primeiras vítimas do conflito. Estamos encrencados e bem no meio desta confusão! Precisamos tomar um partido e rápido. Lúcifer prometeu voltar amanhã à minha casa. Ele já quer resultados imediatos do contrário eliminará todos os bruxos pessoalmente.

- Vamos juntar todos os nossos, criar uma poção para alterar a nossa fisionomia aos olhos das outras pessoas (sugere Rosa). Todos desapareceremos entre os humanos.

- Não pode estar falando sério (reclama Tábata). O mundo está prestes a acabar e você quer se esconder? Esta opção não resolve nada. Lúcifer destruirá a humanidade só para ofender a Deus. Por quanto tempo acha que sobreviveremos com as bombas caindo sobre as cabeças de todo mundo?

- Então você já tomou a sua decisão? (indaga Suelen). Prefere combater os demônios ao lado dos vampiros?

- Olha! Se a decisão fosse fácil não precisaríamos desta reunião! (declara Tábata). Não gosto e não quero lutar lado a lado com os vampiros. Mas também não gosto de Lúcifer. Ele é poderoso e perigoso. Já nos traiu e se o deixarmos aumentar seus poderes, se tornará invencível. Depois de vencermos o anjo caído, poderemos nos unir e eliminar de vez os vampiros. Mas agora precisamos deles! E a humanidade precisa de nós.

- Estou me lixando para a humanidade! (declara Suelen). Se eles soubessem que ainda hoje existem bruxos, nos queimariam em fogueiras novamente. Sou a favor de falarmos com Lúcifer e fazer um acordo com ele para nos poupar de sua ira. Então o ajudaremos contra os vampiros.

- Quer fazer um novo acordo com Lúcifer?! Já se esqueceu de que ele traiu os vampiros e também matou um dos nossos só para aprender um feitiço? É com ele mesmo que quer fazer um novo acordo?
- Precisamos falar com mais bruxos! (comenta Vilma). Temos que votar e nos decidir.
- Ou talvez possamos apoiar ambos os lados! (sugere Tábata).
- Como assim?! Como fará a mágica de apoiar ambos os lados e enganá-los ao mesmo tempo? (indaga Silvestre).
- Somos bruxos! Se nós não pudermos fazer tal coisa, ninguém poderá! Vou detalhar para vocês a minha ideia. Depois votaremos.

Tábata se aproxima mais dos colegas e começa a falar bem baixinho detalhando a sua ideia e a forma como deverão os bruxos ficarem neutros, mas apoiando ao mesmo tempo ambos os lados.