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Introdução
XVI - O CONGRESSO DAS VASSOURAS
I - O CÉU
XVII - EXÉRCITO DE VIVENTES
II - O ANJO
XVIII - REENCONTRO
O Anjo-Vampiro
CAPÍTULO V - MAL ASSOMBRADA
III - O DOM
XIX - MAIS UMA NOITE
Já é final de tarde quando Elisabeth e seu anjo da guarda chegam a uma pequena cidadezinha a quase mil quilômetros de distância de onde partiram. Faltam poucos minutos para às dezoito horas e, portanto, o início da próxima e perigosa noite.

- Eliseu! Estou preocupada! Quando chegaremos?
- Já chegamos! Agora preciso encontrar aquele bar...
- Está acontecendo algo estranho! A sua silhueta brilhante está mais fraca. Já não o enxergo da mesma forma. Seu rosto está perdendo definição! O que isso quer dizer?

Eliseu começa também a se preocupar com isso, mas não responde à questão da moça.

- Ahhh! Encontrei o tal bar! Ele está bem ali.

O jovem estaciona seu veículo, desce, dá a volta e ajuda Elisabeth a sair. O casal caminha em direção ao bar. De rabo de olho, Eliseu percebe que o carro que os persegue também para logo atrás, a uns cinquenta metros de distância de seu carro. Eles estão a cada momento ficando mais próximos. Os dois entram no local, que é bem rudimentar, feito de tábuas velhas, com aparência antiga, meio escuro, sujo e com algumas poucos clientes meio mal-encarados sentados diante de pequenas mesas redondas. Eliseu e Elisabeth se aproximam do balcão de braços dados sob os olhares de todos no local, menos do dono do bar, que é um sujeito obeso, muito alto, bigodudo, com sobrancelhas grossas e continuamente abaixadas, parecendo que está muito bravo. Ele usa uma camiseta regata que expõe os grandes musculosos peitorais e dos braços todo recoberto por pelos negros. Em uma de suas mãos está um pano amarelado que limpa rapidamente diversos copos sujos sobre o balcão. Ele os coloca empilhados ao lado como se já estivessem limpos.

- Boa tarde! (deseja Eliseu).
- Boa tarde! O que desejam beber?

Eliseu olha para os copos mal limpos e para o pano sujo na mão daquele homem pouco preocupado com a higiene de seu estabelecimento.

- Eu estou com sede! (declara Elisabeth que não percebe as condições pouco propícias dali).
- Não seria melhor usar água para lavar estes copos ao invés de usar este pano sujo? (indaga Eliseu ao dono do imóvel, que continua não olhando para eles).
- Pensando bem, não estou com tanta sede assim! Obrigada (arrepende-se Elisabeth de seu pedido anterior).
- Estamos com falta de água na cidade (declara o dono do bar). O prefeito pediu para economizarmos. Estou fazendo a minha parte social.

O anjo faz uma cara de nojo ao olhar rapidamente para trás e percebendo a sujeira espalhado do chão ao teto daquele local.

- Preciso de uma informação (indaga Eliseu).
- Isso aqui é um bar e não um serviço público! Se não querem beber ou comer alguma coisa podem ir embora.

Eliseu sorri de forma irônica sem mostrar os dentes e faz a sua pergunta:

- Preciso falar com um vampiro!

O dono do bar para de limpar os copos e olha diretamente nos olhos do rapaz. Ele sorri e declara:

- Ahhh! Por que não disse logo?

O sujeito enorme pega um dos copos da pilha que está fazendo, coloca-o de cabeça para cima sobre o balcão, vira-se de costas e retira uma garrafa de vinho de seu vasto estoque visível, que até da porta por onde o casal entrou dá para se ver. Ele enche o tal copo com aquele líquido avermelhado, fecha novamente a garrafa e a deixa sobre o balcão, esperando que o jovem anjo beba-o.

- O que está fazendo? (indaga Eliseu ao dono bar).
- Você pediu o vinho especial de nosso bar: "Sangue de Vampiro". Aí está, pode beber!
- Não quero beber nada!
- Mas disse que queria ter um dedo de prosa com um vampiro! Aí está! São cinco reais!
- Acho que não entendeu! Eu quero conversar com um vampiro de verdade! Aquele que morde o pescoço das vítimas e chupa seu sangue. Tenho uma proposta para fazer a ele.
-
Tá brincando comigo rapaz? E quem vai pagar por esta bebida agora? (grita o musculoso homem).

Eliseu olha para o relógio da parede que mostra faltar apenas uns dez minutos para as
dezoito horas.

- Isso não é problema meu! Apenas diga-me onde encontro um vampiro. Estou com
muita pressa!
-
Já lhe disse que isso aqui é um bar! Não tenho que dar informações a ninguém!
- Eliseu, vamos embora daqui, ele não sabe de nada! (pede Elisabeth).
- Sabe sim! E vai me dizer agora! (Eliseu larga o braço de Elisabeth e esmurra com força
o balcão, rachando a grossa tábua, o que derruba no chão quase todos os copos limpos
e sujos disponíveis ali).
-
Eliseu! O que está fazendo? (grita Elisabeth que percebeu o acidente que seu protetor causara).

O dono do bar, pego de surpresa pela ação violenta do rapaz, rapidamente
ameaça pegar alguma coisa sob o balcão danificado. Mas o anjo
é mais rápido e saca de sua cintura a espada
brilhante que estava ali invisível até ser exposta
ao público e num golpe violento Eliseu corta ao
meio o balcão já quebrado por seu soco. O
dono do bar afasta-se para não ser atingido
e em uma de suas mãos está agora apenas
a metade de uma arma de mão. A espada
do anjo cortou-a também ao meio.

O balcão desmorona, caindo uma parte para cada
lado. Vidros se espalham para todos os lados.
Elisabeth põe as mãos na cabeça com medo do
que está acontecendo e agora volta a enxergar
novamente. Os poucos clientes do bar se
levantam assustados de suas cadeiras e fogem
do estabelecimento correndo pela rua a fora,
apavorados. Os demônios, de aparência humana,
no interior do carro, percebem que algo estranho
está acontecendo no bar. Um olha para o outro
e resolvem ir até lá para ver o que está
acontecendo. Seus rostos já estão se
modificando com a proximidade da noite.

Suas asas negras começam a se desdobrar
lentamente e algumas penas começam a
sair de trás de suas costas. Eles estão se
tornando demônios. Lá dentro Eliseu está com
a espada brilhante no pescoço do enorme homem.
Um dos clientes não fugiu e ficou ali ao lado acabando de tomar
a sua bebida. Ele não demonstra estar com medo e observa a cena inusitada, principalmente aquela espada brilhante que ilumina todo o interior do bar. Elisabeth grita com seu protetor:

-
O que está fazendo, Eliseu? Não pode matar as pessoas para obter uma informação.
-
É, Eliseu! Não pode matar só por uma informação! (declara o dono do bar também).
- Precisamos encontrar os vampiros agora! Ou muita gente irá morrer hoje à noite nesta cidade!
-
Não conheço nenhum vampiro! Não me mate, por favor! (grita o dono do bar com as mãos para cima e ainda segurando a metade da arma numa delas).

Agora o cliente solitário ali ao lado responde à questão:

- Por que quer tanto encontrar um vampiro, rapaz?

Eliseu olha na direção dele, ainda com a espada perto do pescoço do dono do bar. Ele percebe que o sujeito não é tão grande e nem tão forte, mas é corajoso o suficiente para não sair correndo dali.

- Sabe onde algum deles está?
- Sei! Todos aqui na cidade sabem sobre isso! Mas muitos não acreditam que a existência deles seja verdadeira. A maioria acha que é só boato.
- Pare de me enrolar! (exige Eliseu que retira a espada do pescoço do musculoso homem e a aponta agora para o cliente). Diga-me logo onde eles estão?
- Existe uma casa abandonada e mal assombrada no final desta rua à direita. Nem os bêbados ou usuários de droga se arriscam indo até lá. Dizem que esta casa é onde vivem aquelas criaturas da noite.
- Obrigado, pela informação! (declara Eliseu, agora mais calmo, quando guarda a sua espada de volta ao interior de seu longo casaco negro). Por que não fugiu junto com os outros clientes desta espelunca?
- Não tenho medo de gente com cara angelical! Mas se eu fosse você, temeria aqueles que pretende encontrar. Eles não serão tão legais, principalmente com a sua namorada (informa o cliente, olhando para Elisabeth que agora voltou a ficar cega).

Eliseu estranha a atitude do sujeito, mas pega no braço de sua protegida para levá-la para fora. Agora os dois demônios acabam de entrar no estabelecimento e "dão de cara" com o casal. Suas asas negras crescem rapidamente. Os olhos já estão quase totalmente vermelhos. Seus rostos pálidos olham friamente para o anjo protetor, que leva a mão de volta ao interior do casaco e ameaça sacar sua espada mais uma vez. Os dois demônios arregalam os olhos e mostram seus dentes numa clara mostra da disposição de lutarem pela posse de Elisabeth. O cliente, antes calmo ali ao lado, levanta-se da cadeira e olha feio para os dois seguidores de Lúcifer, que ficam incomodados com o que está acontecendo. Os dois começam a andar de costas e voltam para a rua. Eliseu olha novamente para o tal cliente e espreme ligeiramente seus olhos, notando que algo realmente estranho está acontecendo neste bar.

- Quem é você, afinal? (indaga Eliseu ao cliente do bar).
- Isso não importa! O que me estranha é essa sua espada brilhante! Só conheço dois tipos de seres que usam algo assim: cavaleiros Jedi e anjos. Mas sabemos que nenhum dos dois existe, não é?
- Dizem o mesmo sobre vampiros e demônios (declara Eliseu).
- E parece que você está com problemas com ambos! (declara o tal cliente). Acho que vocês dois não sobreviverão a esta noite! Seus inimigos são muitos e poderosos.
- É o que veremos! (declara Eliseu, ajudando Elisabeth a sair do bar).

Já lá fora o anjo olha atentamente para todos os lados e também para cima, procurando sinais da presença dos dois demônios que acabaram de sair dali. Os dois se dirigem para o carro enquanto Elisabeth o indaga:

- Por que fez aquilo tudo, Eliseu? Não o reconheci. Sua silhueta luminosa está desaparecendo rapidamente de minha visão artificial. O que está acontecendo?
- Estou tempo demais aqui. Um anjo não deve ficar num corpo humano e entre humanos por tantas horas seguidas.
- E o que isso quer dizer? Está se transformando em humano?
- Não! Estou perdendo meu foco! Preciso me concentrar mais no que tenho que fazer.
- O que posso fazer para lhe ajudar com isso?
- Você? Nada! Este é um problema meu!
- Se a minha vida está em suas mãos, então o seu problema é meu também.

Eliseu olha para ela e acelera o veículo em direção ao final da via. Ao chegar lá, ele vira à direita numa rua sem saída e vê de frente a tal casa mal-assombrada. De cima dos telhados das residências próximas, os dois demônios observam o casal se aproximando da tal residência e não gostam disso. Eles olham para cima e veem a Lua cada vez mais brilhante no céu, enquanto a noite começa a chegar. Ao mesmo tempo, dezenas estranhos seres alados cruzam os céus e veem diretamente em direção à casa dos vampiros. A cor negra de suas asas não deixa dúvidas, são muitos demônios que se aproximam. A guerra está prestes a começar. Elisabeth e Eliseu saem do carro sob os comentários da linda jovem:

- Não estou gostando de nada disso! Não seria melhor nos escondermos no alto de um prédio?
- Isso não adiantaria nada! Vampiros e demônios também podem voar, assim como os anjos. A nossa única vantagem é colocar uns contra os outros para termos uma pequena chance de vitória.
- Estou com mau pressentimento, Eliseu! Acho que as coisas irão sair de controle! Tenho a impressão de que não conseguiremos nada com os vampiros.

- Calma, Elisabeth. Os vampiros não são loucos, vou apelar para as consequências do que poderá acontecer, se não nos ajudarem. Eles irão entender e colaborar com a sua segurança!
O casal entra lentamente pela porta da frente, que está apenas encostada. Lá dentro um breu total impede a visão. Eliseu calça a porta com um pedaço solto de madeira, para que a pouca luz do dia ainda existente possa ajudá-los a enxergar parte do ambiente.

- Está vendo alguém ou alguma coisa? (indaga a moça).
- Quase nada! Vamos precisar de mais luz neste lugar (declara Eliseu retirando a espada do interior de seu casaco).

A luz brilhante ilumina todo o local. Agora Elisabeth também pode enxergar e o que ambos veem é um ambiente fúnebre, escuro, sujo, empoeirado e cheio de teias de aranha que praticamente impedem a passagem de alguém por ali.

- Ninguém entra neste lugar a muito tempo! Do contrário estas teias de aranha não estariam fechando a passagem.
- Então não existem vampiros vivendo aqui?
- Não foi isso que eu disse! Vampiros podem voar e só saem à noite! Então a entrada deles pode ser por uma janela no andar de cima.
- Como vamos chegar até lá? Vamos voar também?

Eliseu começa a andar e a cortar as teias com a sua espada, enquanto conversa com Elisabeth que o segue bem de perto.

- Não posso fazer isso à luz do dia! Alguém poderia me ver e isso seria uma quebra das regras.
- Por que demônios e vampiros podem quebrar regras e os anjos não?
- Eles não quebram tantas regras assim, do contrário a maioria das pessoas na humanidade saberia da existência deles. Estes seres procuram ser discretos, porque não querem uma caçada mundial. Poderiam perder tal batalha. Até porque, nós anjos também entraríamos no conflito para proteger a humanidade. Todos nós perderíamos se mais regras fossem quebradas.

Os dois caminham até uma escada de madeira que leva ao andar de cima. Ela está muito mal conservada e parece que irá despencar a qualquer momento. Elisabeth percebe isso e não quer subir por ali.

- Não dá para usar esta escada, Eliseu. Vamos cair se tentarmos.
- Esqueceu que sou um anjo? O seu anjo protetor?
Elisabeth sorri para ele porque entendeu o que ambos farão agora.
- Segure-se em meu pescoço. Vou levá-la em segurança lá para cima.

Ela faz o que Eliseu lhe pediu. Suas asas se expõem para fora do casaco, através de uma abertura que vai se alargando, conforme as asas se abrem. Ele começa a flutuar batendo sutilmente aquelas penas brancas. Seus pés tocam com cuidado os degraus que pouco rangem. Com a espada à frente, Eliseu vai cortando as teias de aranha enquanto sobem lentamente ao andar de cima. Em menos de um minuto estão os dois entrando pela saguão principal do andar superior. A luz de sua espada ilumina o ambiente e agora o casal vê diversos vampiros humanos parados ali com uma das mãos diante dos olhos.

- Ei! Quem ousa invadir nosso local de repouso? (indaga um deles).
- Eu sou o anjo Eliseu! E vim até aqui porque preciso da ajuda de vocês.
- Um anjo? (indaga indignado um dos vampiros).
- E veio nos pedir ajuda? (declara outro).
- Sabe muito bem que não gostamos de anjos! (informa outro vampiro).
- Sim! Esta é uma situação atípica e precisaremos unir nossas forças contra um mal maior.
- Mal maior?! Quero que se danem os problemas angelicais! (declara o primeiro vampiro que falou com Eliseu). Ninguém daqui irá ajudar um anjo novamente.
- Novamente?! Como assim? (indaga Elisabeth).

- Esta mulher humana tem um dom que Lúcifer deseja para aumentar o seu poder sobre a humanidade. Se isso acontecer é possível que nem os anjos possam garantir a segurança dos seres humanos e vocês perderão a sua principal fonte de alimento. Preciso que me ajudem a mantê-la viva até que eu possa impedir Lúcifer.

- Então a mulher é o problema? Entregue-a nós e a transformaremos em uma vampira! Assim tudo se resolve.
- Não! Se transformá-la terão que enfrentar a ira dos anjos. Mas se me ajudarem a mantê-la viva... poderemos acabar com Lúcifer! Não é o que querem?
- Como acha que poderá acabar com Lúcifer?
- Eu tenho um plano! Mas não posso falar sobre isso com vocês!
- Fazer um novo acordo com um anjo! Não gostamos dessa ideia!
- Vocês não têm opção. Nenhum de nós tem! Se Lúcifer a pegar, todos nós perderemos.

- Vocês anjos só nos trazem dor de cabeça! Impedem que peguemos os humanos de que precisamos, fazem acordos ruins conosco e agora novamente querem a nossa ajuda para limpar a bagunça que vocês e Deus promovem aqui na Terra.

- Tudo é uma questão de ponto de vista. Do nosso vocês é que são o problema! Mas agora Lúcifer está prestes a ter um domínio maior do que o dos vampiros e do Firmamento. Como acham que ficarão depois disso? Acham que Lúcifer os poupará depois de ter um poder maior?

- Claro que não! Aquele anjo não vale nada. Todos vocês anjos quando vêm aqui para o nosso ambiente ficam perigosos e ladinos!

- Se não me ajudarem terei que fazer um acordo com Lúcifer! E vocês não irão gostar do que oferecerei a ele como recompensa!
- O que ganharemos com isso se o ajudarmos?
- A possibilidade de continuarem vivendo como já estão.
- Isso não é um acordo! É um ultraje!
- É a única coisa que terão! A outra opção é passarem fome!

- Não gostamos desse seu acordo! Ou oferece algo melhor ou vamos matá-lo e ficar com a garota para um lanchinho matinal!
Eliseu para de flutuar e pousa no chão. Elisabeth se afasta um pouco dele e se esconde atrás de suas asas que vão se fechando lentamente.

- Tenham um pouco de bom senso! Estou lhes oferecendo a manutenção de sua espécie e a chance de se vingarem de Lúcifer!
- Acordos com anjos nunca foram bons! Não iremos fazer mais este.

Eliseu prepara-se para a luta contra dezenas de vampiros famintos pelo sangue jovem de Elisabeth.

- Estou com medo, Eliseu! (sussurra a moça junto ao ouvido de seu anjo).
- Eu também! (responde o anjo para o espanto da jovem). Mas tenho certeza de que eles temem mais ainda a minha espada.

Os vampiros começam a andar na direção do casal. A espada brilhante é rotacionada nas mãos do anjo para que a luz que ela emite possa atrapalhar a visão dos seres da noite, que protegem seus olhos e dão uma pequena vantagem a Eliseu. Eles continuam se aproximando e cercando os dois. Um deles pula sobre a garota, mas antes de agarrá-la o anjo gira seu corpo ao mesmo tempo em que salta em pleno ar para atingir a criatura, destruindo-a e transformando-a numa fumaça negra que cobre toda a moça. Ela grita de medo. Eliseu pousa novamente no chão e grita para os vampiros:

-
Menos um de vocês! Daqui a pouco os demônios estarão aqui em um bando enorme e acabarão com aqueles que eu não puder destruir! É isso mesmo que querem?

Outros dois vampiros saltam ao mesmo tempo sobre Eliseu, que gira em velocidade novamente a sua espada em pleno ar, cortando ambos ao meio. Eles também se transformam em fumaça negra e a luz natural da poderosa arma do anjo começa a enfraquecer em meio ao nevoeiro fino dos restos escuros das criaturas mortas.

- Quanto mais de nós eliminar, menos irá enxergar e no final venceremos! (declara um dos vampiros).
-
Eliseu! Vamos morrer! (grita Elisabeth, que abaixa-se junto ao solo).

As mãos da moça se apoiam no chão e se sujam com o carvão dos corpos dos vampiros. Então aquela fumaça negra começa a se transformar novamente em corpos inteiros. Os três que morreram voltam à condição anterior. Eles surgem deitados de barriga para baixo, junto aos pés da linda moça. Ela se levanta rapidamente e se afasta dos três, assustada. O acontecimento deixa todos atônitos. Eliseu, meio confuso, aponta a sua espada para a cabeça de um dos que estão deitados e se posiciona entre eles e Elisabeth. O ataque das outras criaturas cessa! Por alguns segundos ninguém entende o que aconteceu ali. Elisabeth olha novamente para as suas mãos que agora estão limpas.

- O que está acontecendo? Ninguém volta à vida depois de um golpe da minha espada (declara Eliseu).
- Eu acho que fui eu quem fez isso! (declara, impressionada, Elisabeth).
- O quê? Então você pode curar vampiros contra o ataque dos anjos? (declara feliz um dos vampiros).

Da janela vem voando um novo e grande vampiro que pousa com força em meio aos outros de sua espécie. Poeira e objetos caem ao chão com aquele impacto. Ele agora vai se levantando lentamente e ao mostrar seu rosto, Eliseu percebe que este é o sujeito estranho que estava a pouco no bar ali perto e que indicara esta casa para ele. Mas agora ele está supermusculoso e com quase dois metros de altura.

- Você...? É um vampiro...? (indaga Eliseu). Achei que todos estavam dormindo, por isso não imaginei que você pudesse ser um deles.
- Vocês anjos ficaram muito tempo afastados de nossa espécie. Não sabe que estamos evoluindo!
- Evoluindo?! Como assim!

- Descobri que ao morder um demônio, o líder-vampiro pode caminhar durante o dia e ficar mais forte. A propósito! A sua namorada nos será muito mais útil viva do que morta! Talvez, afinal, possamos fazer uma aliança entre vampiros e anjos contra os demônios. Mas vamos querer muito mais do que está nos oferecendo!

Eliseu, com a espada em punho, olha para ele preocupado, enquanto as três criaturas que voltaram à vida se levantam dali e se afastam do casal, juntando-se ao grupo de sugadores de sangue. Agora todos ouvem um forte barulho de centenas de patas pousando no telhado da casa dos vampiros. Madeiras se quebram, objetos vão ao chão, um fino pó acumulado por dezenas de anos naquele lugar sem limpeza, começa a se espalhar pelo ar. Elisabeth usa seu braço para proteger o nariz, enquanto respira com dificuldade.

- Eles chegaram! (declara Eliseu olhando para o teto). Os demônios estão aqui.
-
Vamos defender a humana! (grita o poderoso vampiro-líder). Aos seus postos.

Eliseu afasta-se para um canto do ambiente, deixando a sua protegida entre ele e a parede.

- Desliga esta espada! Vai atrapalhar a nossa armadilha para os demônios (sussurra agora o vampiro-líder).
- Preciso da luz para lutar!
- E nós da escuridão! Desliga isso! Vamos proteger vocês!

Eliseu titubeia um pouco, mas percebe que poderá por em risco a vida de todos no local sem a proteção noturna. Ele guarda a espada, mas continua à frente de Elisabeth para que não seja ferida, nem por vampiros e nem por demônios. Ela também deixa de enxergar tudo ao redor, mas seu equipamento de visão artificial dá a ela uma noção precisa de tudo o que há ao redor.

IV - A VIAGEM
XX - A FILA DA PROCURA
V - MAL ASSOMBRADA
XXI - BOA NOITE, CINDERELA
VI - BATALHA NOTURNA
XXII - FACÇÕES DA GUERRA
XXIII - NOVOS COMBATENTES
VII - PRIMEIRO ACORDO
VIII - A FUGA
XXIV - TRANQUILÓPOLIS
IX - VISITA INDESEJADA
XXV - A VIRADA
X - LANCHONETE
XXVI - A FROTA DO MAL
XXVII - SERES DA GUERRA
XI - A NOVA VIAGEM
XII - TÁBATA
XXVIII - A BATALHA FINAL
XXIX - A PAZ ETERNA
XIII - IMPASSE
PERSONAGENS
XIV - VERÔNICA
ANJOS, FADAS E BRUXAS
XV - SANGUINÁRIO
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