O BARCO INVISÍVEL MISSÃO NUCLEAR Vol. II
Cine-Book é um projeto cultural que reúne a dramaturgia, a criação de trilhas e canções e que agrega ao livro um trailler, pequenos vídeos distribuídos pelos capítulos e um vídeo-clip da trilha sonora exclusiva. Este material transforma parte do livro em audiovisual, assemelhando-o a um filme e ainda ajuda a divulgar novos atores e cantores.
Este livro foi registrado na Biblioteca Nacional em nome do autor e está disponível gratuitamente para leitura apenas aqui neste site
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
VIVENDO NA CADEIA

CAPÍTULO XXIII
EM TERRITÓRIO INIMIGO

CAPÍTULO II
O CONCEITO DA GUERRA

CAPÍTULO XXIV
EU, ROBÔ

CAPÍTULO III
A INVASÃO DA BASE SECRETA

CAPÍTULO XXV
ARMADILHAS NO TAEDONG

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XXVI
CAÇA E CAÇADOR

CAPÍTULO V
INFILTRANDO-SE NAS FARC

CAPÍTULO XXVII
O RETORNO DO FANTASMA

CAPÍTULO VI
VIAJANDO DE AVIÃO

CAPÍTULO XXVIII
NA TEIA DO INIMIGO

CAPÍTULO VII
A CAMINHO DO INFERNO

CAPÍTULO XXIX
CADEIA NACIONAL

CAPÍTULO VIII
DE VOLTA AO LAR NAVAL

CAPÍTULO XXX
CONSPIRAÇÃO

CAPÍTULO IX
LEMBRANÇAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXI
PASSEANDO NO INFERNO

CAPÍTULO X
CONFRATERNIZANDO

CAPÍTULO XXXII
A INTELIGÊNCIA É ARTIFICIAL

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XI
SEGREDOS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIII
O ATAQUE FANTASMA

CAPÍTULO XII
MANUTENÇÃO EM ALTO-MAR

Na televisão um noticiário comenta sobre a prisão de representantes das FARC em Manaus. O almirante Figueiredo está assistindo a este programa.

- Três integrantes das FARC foram presos hoje em Manaus! Eles estavam negociando a compra de armas militares, exclusivas do exército brasileiro, com um grupo de traficantes que atuam localmente. Os guerrilheiros ofereciam um barco lotado de drogas em troca de armas de grosso calibre. A polícia vinha monitorando a ação da quadrilha de traficantes que haviam roubado as armas há poucos dias de um posto do exército. O delegado descobriu o envolvimento de um soldado do batalhão no crime e com isso conseguiu chegar até o ponto de encontro com os representantes das FARC. A operação bem sucedida recuperou as armas, recolheu a droga que vinha da Colômbia e ainda capturou traficantes e guerrilheiros em território nacional.

O almirante Figueiredo faz agora uma ligação telefônica e fala com um agente naval:

- Sérgio...! Preciso que vá imediatamente para Manaus...! Capturaram três membros das FARC que queriam trocar drogas por armas pesadas brasileiras! Quero que fale com eles e descubra para qual célula guerrilheira o material seria destinado. Pressione-os se for preciso, mas descubra o que puder...! Muito bem! Aguardo seu contato de volta.

Poucas horas depois um homem extremamente musculoso e alto, vestindo um paletó escuro, chapéu que cobre os olhos e usando óculos escuros entra na delegacia para falar com o delegado:

- Meu nome é Sérgio e sou representante da marinha brasileira. O almirante Figueiredo me enviou aqui para falar com os três guerrilheiros das FARC.
- Sim, Sérgio! O almirante Figueiredo me ligou há poucos minutos e pediu que eu liberasse os prisioneiros para conversar com você.
- Eu quero conversar sozinho com os três ao mesmo tempo numa sala reservada.

CAPÍTULO XXXIV
INVASÃO E EVASÃO

CAPÍTULO XIII
VOLTANDO AO INFERNO

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XXXVI
ASSUMINDO A ASSESSORIA

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XXXVIII
PULVERIZAÇÃO

CAPÍTULO XVII
O MENSAGEIRO DA MORTE

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XVIII
O PACÍFICO VIOLENTO

CAPÍTULO XL
O RETORNO DO SOLDADO

CAPÍTULO XIX
O ATAQUE DO EXÉRCITO

CAPÍTULO XLI
NOTÍCIAS DO FRONT

CAPÍTULO XX
A INVASÃO DA COREIA

CAPÍTULO XLII
O ÚLTIMO CAMPO

CAPÍTULO XXI
BASE AMERICANA NO BRASIL

CAPÍTULO XLIII
FUNCIONÁRIO-FANTASMA

CAPÍTULO XXII
PERDIDOS NA FLORESTA

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

- Com os três ao mesmo tempo???? Isso é muito irregular!!!! Pode ser perigoso para você! Eles poderão te dominar e criar uma situação de risco aqui na delegacia.

Sérgio sorri para a observação do delegado. Ele retira os óculos escuros e guarda-os no bolso.

- Delegado! Não se preocupe com isso! Eles não terão a menor chance de me dominar! Eu me garanto! A propósito..., quero que os três estejam sem algemas!
- Senhor Sérgio! Não poderei permitir que tal coisa seja feita! Aqueles três guerrilheiros são faixa-preta em karatê! Não irei arriscar a fuga deles e ainda colocando a sua vida em risco!

Sérgio retira um papel de seu bolso, assinado pelo estado-maior da marinha e o entrega ao delegado, que o lê, fazendo uma careta por estranhar tal documentação.

- Nunca vi nada parecido com isso! Como alguém pode ser tratado desta forma?
- Delegado! Eu não sou uma pessoa comum! E se os guerrilheiros tentarem me dominar..., e por acaso conseguirem isso... o senhor tem o dever e o direito de atirar para matá-los e também a mim!
- Isso tudo é muito estranho..., mas diante de um documento militar que autoriza força letal contra você e os detidos no caso de uma tentativa de fuga... eu sou obrigado a aceitar tal absurdo!

Sérgio sorri para ele e indaga:

- Onde fica a sala de tortura?
- Não é uma sala de tortura...! É de interrogatório! (declara o delegado olhando para Sérgio de forma pouco amistosa).
- Como queira...! Onde fica?
- No final deste corredor, entre à direita na última sala!
- Eu quero privacidade total, delegado! Ninguém deverá entrar no local até que eu peça para abrirem a porta.
- Muito bem, senhor Sérgio! Só não os mate aqui em minha delegacia! Do contrário terei muitos problemas depois disso!

Sérgio sorri novamente e dirige-se calmamente para a sala, onde aguardará os detentos para uma “conversa”! Um a um os guerrilheiros são trazidos para o interior da sala. Sérgio aguarda-os imóvel e sentado numa das únicas cadeiras do local. Quando o terceiro guerrilheiro é trazido até ali, a porta é definitivamente fechada por fora e o líder dos três guerrilheiros encara de longe Sérgio e diz a ele:

- Devo admitir que você tem coragem de ficar a sós com nós três ao mesmo tempo. Ou é louco ou não tem a menor noção de com quem está lidando!
- Por que diz isso? (declara Sérgio enquanto se levanta da cadeira).

Os três observam aquele enorme e forte homem agora em pé. Sérgio tem pelo menos uns trinta centímetros a mais do que o mais alto dos guerrilheiros ali presentes.

- Somos das FARC e temos muitos amigos poderosos! Não ficaremos muito tempo aqui dentro! Essa delegacia será toda detonada e os policiais morrerão se não nos liberarem.

Sérgio aproxima-se lentamente dos três enquanto fala.

- Não precisam esperar que seus amigos venham até aqui! Eu prometo a vocês que ainda hoje os três estarão fora desta delegacia.
- É mesmo? E quem é você, então? Advogado?

Sérgio chega bem perto deles, sorri e declara:

- Não! Eu trabalho para a marinha brasileira! E estou aqui por que quero todas as informações que vocês possuem: para qual célula trabalham, planos futuros, com quem adquiriram a droga que transportavam etc, etc, etc!

Os três sorriem debochadamente de Sérgio, que também sorri. Logo depois o grande homem rapidamente agarra, com suas mãos enormes, na cabeça de dois traficantes, um da direita e outro da esquerda, forçando seus crânios violentamente contra a cabeça do terceiro homem que estava exatamente entre os outros dois. O violento impacto triplo leva os três ao chão que sofrem de muitas dores. Estão todos de barriga para baixo e gemendo de dor. Sérgio se agacha juntos a eles e requisita calmamente:

- Comecem a falar sobre o que quero saber! Ou sentirão ainda mais dores por todo o corpo!
-
Vai se ferrar, idiota! (declara um deles ainda no chão e massageando a própria cabeça pela enorme dor que está sentindo neste momento).

Sérgio desfere um forte soco num dos rins daquele que o xingou! O sujeito grita e se contorce ainda mais de dor no chão, quando os outros dois se levantam rapidamente na intenção de atacarem o representante naval para imobilizá-lo. Sérgio também se ergue do chão e novamente usa as duas mãos para segurar a cabeça dos dois em pleno ar, impactando uma contra a outra mais uma vez. Com dores ainda mais fortes ambos retornam tontos de volta ao solo frio da sala de interrogatório.

- Eu não tenho tempo para perder com vocês! Quero saber tudo o que sabem, ou vou começar a machucá-los de verdade!

Ambos estão agora de costas no chão, de olhos fechados, se movendo lentamente, gemendo e com as duas mãos na cabeça. Sérgio agarra um deles pelo pescoço e o ergue do chão. O sujeito enforcado flutua a poucos centímetros do solo. Ao mesmo tempo pisa com um dos pés na mão direita do outro que ficou caído.

-
Ahhhh! (grita de dor na mão o sujeito). Está doendo cara! Para!
-
Calma aí...! Calma aí...! (declara o guerrilheiro ainda sentindo fortes dores de cabeça e agora pendurado pelo pescoço). Eu conto, cara...! Somos da célula do coronel Conrado...! Estávamos aqui para adquirir armas pesadas... para lutar contra o fantasma que vem matando traficantes de drogas e guerrilheiros...! Só desejamos nos proteger daquele cruel e demoníaco ser...!
- De onde vem a droga que vocês trouxeram?
-
Da zona sul da Colômbia...! Mas temos plantações espalhadas por todo o país...!
- E quanto ao futuro? Onde e quem pretendem atacar no futuro?
- Estamos nos expandindo...! A Colômbia não comporta mais nossas operações...! Os americanos e o exército colombiano estão nos encurralando cada vez mais... Estamos lentamente conquistando um novo espaço nas florestas dos países vizinhos... Não há como impedir nosso avanço...! Muito em breve teremos um governo próprio e independente... em algum lugar da floresta amazônica... Neste dia nos declararemos um país independente...!

- Quais serão as pessoas a serem atacadas no futuro? Quero saber sobre o que acontecerá aqui no Brasil, na Colômbia e nos países vizinhos.
- Não temos acesso a tudo o que se planeja nas células colombianas..., mas eu sei que o Coronel Conrado pretende atacar em breve a nova base dos militares americanos na Colômbia... Eles estão se posicionando agora junto à fronteira com o Brasil... para uma atividade conjunta com seu país... Não podemos deixar que nos cerquem desta forma... O coronel quer acabar com todos eles...
- Então o armamento pesado também serviria para esta ação...! (comenta Sérgio). Eu tenho uma péssima notícia para você! Sua espécie está em extinção neste continente. E muito em breve traficantes e guerrilheiros da América do Sul serão apenas lembranças ruins do passado da humanidade!
- Isso é impossível...! Nossas células atuam de forma independente e em locais diferentes... Jamais nos encontrarão... Estaremos sempre atuando em algum lugar diferente...! Nunca nos pegarão...!
- Nós temos um informante infiltrado em cada célula de vocês! (declara Sérgio). Muito em breve todas as células serão destruídas de dentro para fora!

Ao dizer isso, Sérgio joga o sujeito com força contra o solo! Ele flexiona os joelhos, cerra os punhos das duas mãos e dá um forte golpe no peito de cada um dos dois guerrilheiros. Agora o brasileiro enorme se ergue novamente e vai em direção à porta de saída da sala, quando um dos guerrilheiros cobra-o de uma promessa que fez:

- Você prometeu que em breve estaríamos fora desta cadeia! Sérgio para de andar e vira-se para trás! Olha diretamente para ele e responde à questão:
- Sim! Em breve os policiais os levarão a um hospital! E quando isso acontecer eu também estarei por lá para lhes aplicar as injeções... letais! Como eu prometi antes... todos vocês estão prestes a serem extintos..., um por um!

O brasileiro bate suavemente na porta de saída que é aberta pelo policial que está ali fora. Ao sair Sérgio dirige-se calmamente à recepção e declara ao delegado:

- Delegado! Já acabei meu papo com eles! Foram muito prestativos por sinal! São todos seus agora! Leve-os agora ao hospital mais próximo daqui! Obrigado!

Sérgio é encarado, de baixo para cima, por um homem calvo de terno e gravata marrons, bem menor que ele. O tal sujeito aguardava ali na recepção da delegacia. O delegado fala a este novo cidadão presente ao balcão:

- Pode entrar agora, Doutor Munhoz! Seus três clientes colombianos o esperam lá dentro da sala de interrogatório.

O advogado caminha rapidamente, preocupado com a situação de seus clientes, após a saída do enorme Sérgio. Ao entrar ele percebe a cena de maus-tratos aos seus clientes!

-
Minha nossa! O que aconteceu com vocês? Foi aquele brutamontes, não foi?

Os três estão lentamente se levantando do chão com muitas dores e sentando nas cadeiras ali disponíveis. Mal conseguem respirar e quando o fazem segue-se um gemido curto e de baixo tom! Já lá fora, Sérgio entra em seu carro, que estava estacionado bem à frente da delegacia. Ele agora faz uma ligação para o general Figueiredo, mas sem utilizar um telefone. Aparentemente o automóvel tem um sistema embutido de comunicação:

- Almirante! Acabo de conseguir a informação! O contato deles é o coronel Conrado! Eles pretendem realmente formar um governo próprio dentro da floresta amazônica. Estão invadindo os países próximos da Colômbia e em breve atacarão a base americana que está se instalando junto à nossa fronteira...! Sim, senhor...! Eu até contei uma mentira para eles, dizendo que infiltramos um espião nosso em cada célula guerrilheira das FARC e que em breve todas elas serão destruídas...! O quê...? Eu não sabia que tínhamos um agente infiltrado na célula do coronel Conrado...! Me desculpe, senhor...! Sim, eu sei o que devo fazer agora...! Fique tranquilo, senhor...! Assim que eles forem internados eu os matarei rapidamente...! A informação que eu dei a eles não será transmitida para as FARC...! Sim, senhor...! Muito bem...! Eu o avisarei!

No interior da delegacia um dos guerrilheiros conversa com o advogado:

- Nossa saúde não é importante, doutor...! Preciso que avise ao coronel Conrado que existe um espião infiltrado em cada célula das FARC...! É preciso descobrir urgentemente quem são eles..., antes que o nosso movimento seja dizimado de dentro para fora!
- É verdade isso? (indaga o advogado). Mas e vocês? Vou entrar com um processo contra esta delegacia por maus-tratos! Vou acionar os direitos humanos! Eles sempre protegem traficantes e guerrilheiros e assim acho que conseguirei exonerar o delegado daqui.
- Espere! Mais importante é conseguir nossa transferência imediata deste lugar...! Aquele sujeito enorme é muito forte..., disse que assim que fôssemos para o hospital... ele acabaria conosco por lá! E..., francamente..., acho que quebrei algumas costelas aqui...!
- Isso é um absurdo! Eles pagarão caro pelo que fizeram a vocês!
- Preciso que faça estas duas coisas o mais rápido possível, doutor...! Nosso movimento não pode ser destruído...!

Se o governo colombiano vencer... o povo de nosso país pagará um preço alto demais...! Vá logo...! Saia desta delegacia e ligue imediatamente para o coronel... Peça para ele tomar muito cuidado com os novos companheiros!

- Está bem! Vou ligar para ele agora e depois eu volto aqui!

Ao dizer isso o advogado sai da sala! Passa pela recepção e sai da delegacia para fazer a sua ligação telefônica! Lá fora, na calçada, ele liga para o coronel:

- Coronel Conrado...? Sou eu, Doutor Munhoz...!
- Já liberou meus homens da cadeia? (indaga por telefone o coronel).
- Não! Eu acabei de chegar e ainda não pude liberá-los da prisão...
- O que está esperando, Munhoz? Este assunto é prioritário! Eles não podem ficar presos no Brasil!
- Sim... Eu sei coronel, mas...!
- Não tem “mas”! Quero os dois soltos imediatamente! Afinal, para que eu lhe pago?
- Senhor...! Temos um problema mais urgente do que liberá-los...!
- E o que poderia ser?
- Um agente brasileiro abriu o bico para seus homens e contou algo que duvido que possa ser verdade!
- Fale logo, doutor! O que está acontecendo?

No momento em que ele ia falar do que se tratava, o carro de Sérgio acelera e para ao lado do advogado, que está na frente da delegacia! O vidro da porta do passageiro, ao lado do motorista, se abre e Sérgio atira uma única vez bem na cabeça do advogado.

A arma tem um silenciador e ninguém da delegacia ouve o ruído. O advogado cai no chão e do outro lado da linha Conrado percebe que algo está errado. Sérgio fecha novamente seu vidro lateral e afasta-se lentamente dali desaparecendo no trânsito e nas ruas da grande Manaus!

- Alô...! Alô...! Munhoz...? O que aconteceu...? Qual é a informação...? Alô...!

Os gritos de algumas pessoas que passavam por ali atraíram a atenção e alguns policiais saem da delegacia para tentar ajudar o advogado, que já está morto, agora. Dentro da delegacia o delegado recebe a informação de um de seus homens:

- Mataram com um tiro na cabeça o advogado dos homens das FARC!

O delegado que estava sentado em sua sala privativa, retira um fone de ouvido e faz agora uma ligação telefônica!

- Coronel...? Eu sou o delegado que prendeu seus três homens aqui em Manaus! Espero que não se importe porque peguei seu número com meus prisioneiros colombianos.
- O que quer delegado? (indaga o coronel Conrado).

Régis Reis
como prisioneiro

Eduardo Villares
como Chefe das FARC

- Eu estava para liberar seus homens nos próximos dias porque não quero problemas com as FARC, mas eu não posso fazer isso neste momento! A imprensa está muito ligada neste assunto e a marinha vem demonstrando especial interesse também. Eu preciso primeiro que todos esqueçam um pouco disso tudo antes de soltá-los.

- Eu enviei um advogado até aí, o Munhoz, mas acho que ele está com algum problema! Parou de falar comigo e não sei o que aconteceu!

- Ele está morto, coronel! Alguém o acertou com um único tiro na cabeça! Ele estava para lhe contar um segredo importantíssimo!

- Eu sei! Pelo jeito morreu no momento em que ia me contar algo!
- Sim! Eu tenho uma escuta na sala de interrogatório! E ouvi tudo o que seus homens conversaram com o falecido Munhoz. Estou ligando para lhe informar que seus três homens o traíram! Contaram todos os seus planos futuros ao homem da marinha brasileira!
- Eles não falariam facilmente sobre estes assuntos. O sujeito..., da marinha..., torturou os três, não foi?
- Sim, ele os torturou! E pelo que ouvi... o sujeito é um animal...! O tal marinheiro, Sérgio, disse aos seus homens que existem traidores infiltrados em cada uma das células das FARC! Eu não acredito nisso! Acho que ele só queria criar um tumulto entre os guerrilheiros que acabariam, com isso, matando uns aos outros! Mas de qualquer modo, acho que seria bom o senhor tomar cuidado com os novos companheiros de seu grupo! É melhor investigá-los mais... apenas por precaução!

Na Colômbia, o coronel Conrado, em seu telefone celular via satélite, olha ao redor, imaginando qual de seus companheiros poderia ser um traidor. Ele vê o sargento Pedro conversando com os oito jovens que lhe foram destacados para combaterem o fantasma da floresta! Conrado espreme os olhos, imaginando que aquele homem poderia ser um agente brasileiro infiltrado! Mas o espanhol dele é tão bom...! A fisionomia de Pedro era tipicamente de um índio da região...! Ele fora muito elogiado pelo líder do cartel peruano quando tiveram um encontro no passado...! O coronel finaliza a ligação com o policial de Manaus:

- Muito bem, delegado! Não precisa mais liberar meus três homens! Eles me traíram! Não merecem ser soltos! E nem continuarem vivos! Acabe com eles assim que puder!
- Não será preciso, coronel! O militar naval brasileiro, o tal Sérgio, irá matar todos eles quando eu os enviar ao hospital mais próximo! Se quiser posso prender este sujeito e entregá-lo de bandeja ao senhor!
- Não! Prenda-o! Torture-o! Descubra tudo o que ele sabe! Depois o mate! Tenho coisas mais importantes para fazer agora!
- Espero que depois dessa nossa conversa o senhor nos perdoe! Não queremos problemas com as FARC!
- Tudo bem, delegado! Que tal me enviar as armas do exército que meus homens estavam para conseguir? Assim estaremos quites!
- Não posso ajudá-lo com isso, coronel! O exército brasileiro já as repatriou e estão sob poder deles neste momento!
- Tudo bem, delegado! Mas se eu precisar de alguma coisa do senhor..., lhe aviso.

O coronel Conrado desliga seu telefone e continua a observar Pedro conversando com os mais jovens da equipe de guerrilheiros. Ele relembra todas as conversas que teve recentemente e começa a duvidar da existência do tal fantasma. Conrado grita para alguns de seus homens chamando-os até ele. Agora o sargento brasileiro, infiltrado na célula do coronel, está correndo um risco maior ainda! O barco invisível precisa retornar o mais breve possível para esta região, antes que Pedro seja morto!

-
Esteban! Venha até aqui! (grita o coronel).

De longe Pedro desconfia de alguma coisa e pede para seus jovens pupilos se concentrarem e relaxarem como se fosse uma sessão de Ioga! Todos sentam-se no chão e fecham seus olhos.

- Quero que vocês se concentrem em nada! (requisita Pedro aos jovens). Pensem no vazio! Limpem suas mentes de qualquer pensamento! Imaginem o escuro! Vejam em suas mentes o céu estrelado noturno! Não pensem! Não falem nada pelos próximos dez minutos! Eu os aviso quando puderem falar.

O Sargento caminha ao redor do grupo e para de andar atrás deles. Ele senta-se num tronco de uma árvore derrubada e retira de seu bolso uma caneta, aparentemente normal! Discretamente Pedro retira a parte traseira dela e coloca-a em seu ouvido. Um fino fio une uma peça à outra. Do outro lado da esferográfica, onde se encontra a ponta para escrever, abre-se uma pequena parabólica flexível, quando o sargento empurra o corpo central da caneta na direção desta ponta. Sem chamar muito a atenção dos guerrilheiros do local, com uma das mãos ele aponta o sistema de escuta discreto e portátil, na direção do coronel. Pedro mantém tudo escondido sob o outro braço, enquanto continua olhando na direção de seus pupilos, que meditam neste momento. Ele começa a ouvir a conversa inesperada do líder guerrilheiro:

- Esteban! Conte-me em detalhes o que você realmente viu nas terras de Maldonado! (requisita o coronel).
- O senhor fala do fantasma?
- Sim! Claro! Como você pode ter certeza de que aquilo era realmente uma aparição?
- Coronel! Aquilo foi realmente assustador! O fantasma caminhou muito rápido pela mata, como se estivesse correndo. E depois mergulhou no rio! Quando ele apareceu..., senti um frio na espinha! Pedro tem razão! Se ele resolver nos atacar... muitos de nós seremos mortos e nem saberemos de onde o fantasma veio!
- Por que teria ele corrido por ali...? Justamente por ali...? Parece-me que queria que vocês o vissem!
- Pedro nos disse que ele está reconhecendo o ambiente e as pessoas que vivem por aqui, para decidir quem irá matar!

Neste momento um forte ruído de madeira se quebrando acontece próximo dali. Folhas se mexem na mata e depois um impacto forte no solo. Vários guerrilheiros sacam suas armas e as apontam na direção do ruído. Muitos falam baixinho o nome: “fantasma”! O Coronel Conrado, cético quanto à veracidade da existência desse tal de fantasma, saca sua arma e caminha sozinho na direção de onde o estranho som ocorrera. Uma tensão no ar acontece. O grupo de oito jovens que meditavam, agora desistem de continuar fazendo isso. Todos olham na direção para onde o coronel se dirige. Pedro resolve guardar seu equipamento de escuta, antes que alguém se aproxime e fale com ele. Ao retirar o fone do ouvido o fio é puxado automaticamente de volta para o interior da parte de trás do corpo da caneta. O sargento brasileiro agora empurra de volta para trás a parte da frente do corpo da caneta, recolhendo de volta a parabólica que se formara. O coronel chega bem perto do mato alto que escondia um perigo iminente e com uma das mãos afasta rapidamente os finos galhos. Ali estava um pedaço de tronco seco que caíra da árvore próxima. Conrado guarda sua arma e olha na direção de Pedro, buscando nele alguma informação sobre a presença do fantasma por ali. O sargento balança negativamente a cabeça, deixando claro que ele não sentira nada sobre isso.

- Essa história de fantasma está nos deixando malucos! Estamos vendo e ouvindo coisas que não existem! (comenta o coronel com Esteban).
- Senhor! Não seria melhor mudarmos o local de nosso acampamento para mais distante do rio? (sugere Esteban).
- Ainda não! Estamos aqui há pouco tempo e quanto mais longe ficarmos do rio, mais complicado será para fugirmos ou transportarmos nossos recursos! Assim que completarmos nossa próxima missão nos mudaremos daqui, rio acima!

Pedro percebeu que o coronel ainda não está acreditando muito na história do fantasma, mas o embuste que ele criara nas terras de Maldonado e a morte de todo o cartel peruano começou a mexer com a cabeça dos guerrilheiros. Agora é uma questão de tempo para que o medo se instale por completo! Quando o barco invisível atacá-los, destruindo esta célula guerrilheira, o pavor será a emoção mais comum entre todos os membros das FARC. Agora o coronel chama outro companheiro para uma nova e secreta missão.

- Alvarez! Preciso que faça uma coisa para mim!
- Sim, coronel! O que precisa?
- Quero que faça umas fotos do rosto de Pedro, sem que ele saiba disso! Depois envie estas fotos para o seu contato naquela delegacia de polícia. Quero saber quem é este Pedro! Cheque a identidade dele na Colômbia, Venezuela, Peru e Brasil. Se a identidade dele for falsa, eu mesmo acabarei com a raça desse homem.
- Sim, senhor! Considere o assunto resolvido! Trarei a informação o mais rapidamente possível.

Agora a vida de Pedro corre muito perigo! Se as FARC descobrirem que ele é sargento da marinha brasileira... seus planos irão por água abaixo!

Bruno Santos
como Sargento Pedro

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