O BARCO INVISÍVEL MISSÃO NUCLEAR Vol. II
Cine-Book é um projeto cultural que reúne a dramaturgia, a criação de trilhas e canções e que agrega ao livro um trailler, pequenos vídeos distribuídos pelos capítulos e um vídeo-clip da trilha sonora exclusiva. Este material transforma parte do livro em audiovisual, assemelhando-o a um filme e ainda ajuda a divulgar novos atores e cantores.
Este livro foi registrado na Biblioteca Nacional em nome do autor e está disponível gratuitamente para leitura apenas aqui neste site
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
VIVENDO NA CADEIA

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XXIII
EM TERRITÓRIO INIMIGO

CAPÍTULO II
O CONCEITO DA GUERRA

CAPÍTULO XXIV
EU, ROBÔ

A noite vem chegando ao acampamento guerrilheiro do comandante Xavier Rodrigues Paredes! E com a noite, boa parte dos dois mil combatentes "farqueanos" estão muito preocupados. Onde se escondeu o fantasma que os ameaça? Estão todos em alerta, resguardando os limites externos do enorme acampamento. Um dos sequestrados havia tentado fugir dali minutos atrás, achando que poderia, já que todos estão preocupados com o novo inimigo espiritual, mas o pobre rapaz foi rapidamente recuperado! Os guerrilheiros estão revoltados com o sujeito e começam a bater nele.

- Eu disse para você não tentar fugir, não disse? (grita um dos homens das FARC que o arrasta pelo chão com uma corda presa ao pescoço, que é a mesma que amarra também as mãos dele).

Outro guerrilheiro aproxima-se, abaixa-se e dá um forte soco no estômago do homem que fora recapturado.

- Vai aprender a não fugir mais! Vamos bater em você até pedir que lhe matemos! (informa o guerrilheiro que o puxava pela corda).

Uma guerrilheira se aproxima e dá um chute na perna do pobre homem, que se levantara com dificuldade e anda agora mancando. Um adolescente se aproxima e dá um tapa na cara do coitado que cai no chão novamente, sentindo dores por todo o corpo. Quando um quinto guerrilheiro se aproxima com uma faca para cortar o rapaz, que já nem abre os olhos de tanta dor, algo estranho acontece! O combatente que usa a faca para de andar diante do sequestrado e fica "congelado", ou seja, não se mexe. Seu rosto demonstra medo, pânico, terror. A faca cai de sua mão e ele leva as duas mãos ao pescoço, como se alguém estivesse tentando sufocá-lo. De fato ele começa a ficar vermelho. Um adolescente companheiro aproxima-se do colega:

- O que está acontecendo...? Diga homem...!

Ele nada diz! Está quase desfalecendo. O adolescente agora recebe um forte impacto em seu rosto e é lançado longe.

-
É o fantasma! (grita a guerrilheira das FARC que dera um chute na perna do homem sequestrado).

O guerrilheiro, que segurava pela corda o já machucado prisioneiro, o libera! Pega seu rifle para atirar, mas o colega já quase morto por sufocamento é arremessado com toda força contra ele. Ambos caem no chão úmido da floresta enquanto outros quatro guerrilheiros se aproximam armados dali. Todos começam a atirar sem parar contra o inimigo invisível. Mas acertam diversos outros colegas de luta que estavam do outro lado do enorme acampamento. Sérgio agacha-se no chão para não ser atingido pelas balas inimigas. Alguém ao fundo grita desesperado:

-
Parem de atirar! Estão matando nossos companheiros!!!!

Os guerrilheiros param de atirar e ficam olhando para todos os lados à procura do perigoso fantasma. Sérgio, invisível, dá um leve sorriso. Rapidamente se levanta do chão. Os leds de seu corpo o iluminam suavemente, mostrando aos inimigos a imagem de uma caveira de aparência terrível. Ele salta com força contra os quatro guerrilheiros que antes estavam atirando em sua direção. Os homens começam a atirar novamente enquanto Sérgio desaparece em pleno salto!

CAPÍTULO III
A INVASÃO DA BASE SECRETA

CAPÍTULO XXV
ARMADILHAS NO TAEDONG

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XXVI
CAÇA E CAÇADOR

CAPÍTULO V
INFILTRANDO-SE NAS FARC

CAPÍTULO XXVII
O RETORNO DO FANTASMA

CAPÍTULO VI
VIAJANDO DE AVIÃO

CAPÍTULO XXVIII
NA TEIA DO INIMIGO

CAPÍTULO VII
A CAMINHO DO INFERNO

CAPÍTULO XXIX
CADEIA NACIONAL

CAPÍTULO VIII
DE VOLTA AO LAR NAVAL

CAPÍTULO XXX
CONSPIRAÇÃO

CAPÍTULO IX
LEMBRANÇAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXI
PASSEANDO NO INFERNO

CAPÍTULO X
CONFRATERNIZANDO

CAPÍTULO XXXII
A INTELIGÊNCIA É ARTIFICIAL

CAPÍTULO XI
SEGREDOS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIII
O ATAQUE FANTASMA

CAPÍTULO XII
MANUTENÇÃO EM ALTO-MAR

CAPÍTULO XXXIV
INVASÃO E EVASÃO

CAPÍTULO XIII
VOLTANDO AO INFERNO

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XXXVI
ASSUMINDO A ASSESSORIA

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XXXVIII
PULVERIZAÇÃO

CAPÍTULO XVII
O MENSAGEIRO DA MORTE

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XVIII
O PACÍFICO VIOLENTO

CAPÍTULO XL
O RETORNO DO SOLDADO

CAPÍTULO XIX
O ATAQUE DO EXÉRCITO

CAPÍTULO XLI
NOTÍCIAS DO FRONT

CAPÍTULO XX
A INVASÃO DA COREIA

CAPÍTULO XLII
O ÚLTIMO CAMPO

CAPÍTULO XXI
BASE AMERICANA NO BRASIL

CAPÍTULO XLIII
FUNCIONÁRIO-FANTASMA

CAPÍTULO XXII
PERDIDOS NA FLORESTA

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

Usando seu peso e o impacto veloz de seu corpo robótico, o agente da marinha se lança contra os atiradores, deixando-os fora de ação, desmaiados em meio à lama do acampamento. Sérgio, ainda invisível, levanta-se novamente dali e corre pelo meio do mato escuro para que ninguém atire novamente contra ele. Do outro lado do enorme acampamento, diversos guerrilheiros atiram agora contra os que estão do lado de cá, acreditando que estavam sendo invadidos ou atacados por tiros inimigos. O "fogo amigo" está fazendo muitos estragos esta noite.

- Parem de atirar em nós! (grita mais um guerrilheiro).

Sérgio aproveita o momento de desespero dos guerrilheiros para retirar de seu corpo e de seus pés a lama que ficou grudada e que poderia denunciá-lo visivelmente aos inimigos. Neste momento aparece no local o comandante Xavier, com ar de revolta! Ele olha tudo ao redor para o rosto de seus companheiros e questiona:

- O que é que vocês estão fazendo? Ficaram todos loucos neste acampamento? Por quê estão tentando matar uns aos outros?
- Não, senhor! (responde um dos guerrilheiros). O fantasma apareceu aqui e nos atacou! O pessoal começou a atirar nele, mas só acertaram nossos companheiros!
- Este fantasma, novamente? (grita, nervoso, o comandante). Não percebem que ele apareceu aqui, bem no meio de nosso acampamento apenas para que matemos uns aos outros? Se isso continuar assim até amanhã de manhã não sobrará nenhum de nós para contar o final desta história! O que é que vocês têm na cabeça?

Um enorme silêncio se espalha pelo local. O comandante faz novos questionamentos:

- Como tudo isso começou, afinal?
- Este safado tentou fugir de nós, mas rapidamente o recapturamos! (comenta um dos guerrilheiros apontando para o prisioneiro recapturado). Alguns companheiros começaram a bater nele e o fantasma acertou todos que atacaram o fujão!

O comandante aproxima-se do sequestrado que está deitado no chão, cansado, faminto e muito machucado.

- Então o fantasma está tentando proteger nossos prisioneiros...?
É isso seu fantasma...? Está com peninha destes prisioneiros...? Então eu faço um acordo com você...! Libero um terço dos prisioneiros e você desaparece de nosso acampamento e não volta nunca mais...! Negócio fechado...?

Um grande silêncio continua em todo o acampamento! Nenhuma resposta é ouvida! De repente a uns cem metros dali começa um novo tiroteio entre os guerrilheiros. Obviamente o fantasma continua fazendo as suas vítimas. Todos agora se abaixam para não serem atingidos. Menos Xavier! Ele permanece em pé e agora, ainda mais revoltado com esta situação, corre em direção ao local onde está acontecendo o novo problema. Ele grita para os companheiros que estão atirando:

- Parem de atirar! É isso que o fantasma deseja! Parem de atirar, idiotas!

Ao chegar até ali Xavier vê mais seis guerrilheiros caídos no chão. Uns baleados, outros com ferimentos dos socos do fantasma, alguns com costelas quebradas e alguns rifles com seus canos dobrados. O líder abaixa-se, pega do chão os rifles que foram entortados... e olha desolado para aquela enorme demonstração de poder amaldiçoado!

- O que faremos comandante? (indaga um de seus homens com o olhar perdido e preocupado).

Xavier olha ao redor e decreta:

- Contem os mortos! Ajudem os feridos a se recuperarem! Não batam mais em nenhum dos prisioneiros! Não quero mais ninguém usando armas no interior do acampamento! Somente os companheiros que estão protegendo a área externa do acampamento é que portarão armas. Se vocês querem atacar este fantasma usem apenas as suas facas!

- Mas, senhor! Sem as armas não poderemos lutar contra ele.
- Com as armas vocês só matarão uns aos outros! Se vamos lutar contra uma maldição... vamos lutar no mano a mano...!
- Senhor! Isso é loucura! Viu o que ele fez com o cano de nossas armas! Não podemos lutar corpo a corpo contra ele!!!!
-
Tem alguma outra sugestão, companheiro? (indaga, revoltado, Xavier).
- Não, senhor! Não sei o que fazer!
- Quero que todos que estejam no interior deste acampamento larguem as armas. Formem grupos de quatro companheiros que ficarão um de costas para o outro, protegendo assim todos os lados ao mesmo tempo! Usem suas facas mais afiadas para responderem aos ataques. Quero atiradores posicionados em cima de árvores. Se tivermos que atirar que seja de cima para baixo e não horizontalmente para matar nossos companheiros. Façam buracos no chão e cubram com folhas grandes. Quero estas armadilhas por todo o acampamento de vinte em vinte metros. Espalhem esta informação para todo o nosso exército. Vamos pegar esta alma penada antes que todos sejamos vítimas dele...! Rápido...! Por que ainda estão aqui me olhando...? Vamos trabalhar!

Todo o acampamento começa a executar as ordens do comandante. Sérgio percebe que agora ele poderá agir de forma mais fácil contra seus inimigos. Ele pega um galho que lembra uma lança. O androide aproxima-se lentamente de uma árvore, que tem sobre ela um combatente armado, e arremessa certeiramente a arma improvisada contra o peito do guerrilheiro empoleirado. Este grita e cai no chão para desespero dos colegas que estão desarmados no solo. Um dos que cavava o buraco pula dentro dele para se proteger do perigo. O fantasma se aproxima de um grupo de quatro companheiros e com um forte soco derruba todos ao mesmo tempo, matando um deles. De longe Xavier vê a cena que acaba de acontecer e um dos companheiros comenta com ele:

- Do jeito como estamos sendo atacados, comandante, estes buracos servirão apenas de túmulos para nossos companheiros.

O comandante olha de volta para o amigo de batalhas, espreme os olhos e os lábios, procurando uma forma de combater o inimigo invisível e impiedoso. Xavier não sabe mais o que fazer. A cena de contínuos ataques do fantasma se arrasta noite adentro. Ninguém mais conseguirá dormir pelas próximas horas! Os sequestrados começam a comemorar cada vez que ouvem um grito de desespero ou a confirmação da morte de alguns guerrilheiros. Em pouco tempo os prisioneiros estão gritando juntos o nome: "Fantasma". Xavier olha para eles revoltado e ainda sem saber como resolver tal situação. Nas fronteiras extremas do acampamento alguns combatentes armados começam a debandar! Eles correm para dentro da floresta para fugir em desespero. Outros pegam as lanchas do bando e seguem rio acima para escapar o mais rápido possível dali. Na fronteira da Colômbia com o Brasil, ali perto, os militares brasileiros e americanos percebem que algo estranho está acontecendo. Todos ali ouviram diversos tiroteios durante a noite. Eles percebem a movimentação anormal de guerrilheiros subindo o rio, outros correndo pela mata chegam até eles desesperados com a ação do perigoso fantasma. O tenente brasileiro conversa com o companheiro americano:

- Aquele sujeito que chegou aqui ontem de avião fretado, avisou que algumas destas coisas estranhas iriam acontecer. Será coincidência?
- Não acredito em coincidências, tenente! Aquele sujeito parece estar criando pânico entre os guerrilheiros das FARC. Mas estranhamente agora os tiros pararam!
- O que será que está realmente acontecendo por lá?

Amanhece no acampamento superpopuloso das FARC. Uma verdadeira cidade com mais de duas mil pessoas, num local pequeno e sem nenhuma infraestrutura adequada. Um dos militantes aproxima-se do comandante Xavier com uma lista atualizada de baixas que é declarada agora:

- Comandante! Já tenho a contagem das vítimas do fantasma! São cinquenta deserções, vinte feridos gravemente, trinta e oito feridos levemente, oito quebraram uma perna ou um braço por caírem nos buracos e armadilhas que eles mesmos fizeram, doze estão em estado muito grave e acredito que morram nas próximas horas e vinte e sete foram mortos por tiros ou ataques diretos do fantasma! Tudo isso apenas nesta noite, senhor!

Xavier faz uma expressão de quem não está acreditando que isto está acontecendo e comenta:

- Lutamos há décadas contra o exército colombiano. Já tivemos muitas baixas em combates! Mas o que está acontecendo aqui está nos deixando numa situação constrangedora! Nada que fazemos está funcionando!
- E agora, comandante?

Xavier respira fundo e pensa um pouco sobre o assunto. Resolve tomar uma nova decisão radical:

- Gutierrez! Reúna quarenta homens muito bem armados e mande que mantenha todos os prisioneiros juntos sob a mira destes atiradores.
- O que pretende, senhor?
- Vamos ameaçar a vida dos prisioneiros e começar a matar um por um até que o tal fantasma resolva nos deixar em paz.
- Senhor! Acha mesmo que ele se importa com os prisioneiros...? E se ele se importar... o que garante que todos nós sobrevivamos depois dessa ameaça...? Acho que não devemos ameaçar um espírito tão cruel e vingativo!
- Olhe ao seu redor, Gutierrez! Ele não está facilitando para nós! Estamos sendo massacrados dentro de nosso lar! Um por um! Estamos sendo humilhados! Este fantasma está nos fazendo de idiotas diante dos prisioneiros que comemoram a vitória na nossa cara a cada companheiro morto ou ferido! Não temos mais nada o que perder! Só nos restou tentar barganhar pela nossa vida, usando os prisioneiros como escudo! Não estou vendo outra forma de continuarmos sobrevivendo por aqui!

Gutierrez olha fixo para seu irado comandante e nada mais comenta sobre este assunto. Resolve apenas atender ao seu líder:

- Vou reunir os homens e os prisioneiros, comandante!
-
Faça isso, homem! Faça isso...! E rápido...! Antes que mais mortes aconteçam!

Neste momento Xavier ouve ao longe mais gritos de pânico de alguns de seus homens e logo depois gritos de alegria dos prisioneiros por mais algumas baixas entre os guerrilheiros. O comandante coloca as duas mãos na cabeça e as desliza até a nuca, percorrendo com os dedos abertos toda a parte de cima de seus cabelos volumosos, negros e de fios espessos, como é comum daquela gente colombiana, descendentes de indígenas regionais. É nítido que o líder do enorme bando, de mais de dois mil homens, está sem opções e entrando em desespero! Lentamente Xavier está perdendo o status de chefe das operações, porque não consegue se impor diante de seu poderoso inimigo que inflige baixas a todo o momento entre seus homens. O moral dos subalternos está à míngua! As deserções só aumentam! Esta enorme célula guerrilheira está para se esfacelar diante da impotência em se combater um inimigo invisível, cruel, muito forte e aparentemente, para os homens das FARC, invencível! De longe Sérgio percebe a nova manobra dos guerrilheiros. Os prisioneiros, de mãos amarradas e literalmente com uma corda no pescoço, estão sendo reunidos num enorme grupo junto aos limites do acampamento guerrilheiro. Nosso agente brasileiro percebe que um grupo de farqueanos estão novamente armados com rifles e muitas balas. Sérgio não gosta do que vê e se apressa indo para a tenda onde os guerrilheiros guardam muita de sua munição e armas poderosas. O androide entra na tenda discretamente e ali pega uma metralhadora de mão, do tipo Uzi de fabricação israelense, e muita munição, além de uma arma de mão. Esconde tudo isso sob seu casaco de leds para passar invisível pelos guerrilheiros. Pega um galão de combustível e espalha o inflamável líquido por todo o interior da tenda de armas. O androide se afasta invisível dali e de longe dá um único tiro contra a tenda, que se incendeia imediatamente. O androide começa a correr rápido para salvar os prisioneiros. Do outro lado do acampamento Xavier organiza o pelotão de fuzilamento. Um clima pesado se abate entre os prisioneiros. Todos percebem que dificilmente sobreviverão a este novo evento! Os guerrilheiros também estão apreensivos porque sabem que podem ser mortos apenas por estarem portando aquelas armas. Além do mais, não há nenhuma garantia que o tal fantasma irá ceder a estas novas ameaças. Mas o fato é que estão todos desesperados! Ninguém sabe o que irá acontecer de agora em diante. A sorte está lançada. O cheiro da morte está no ar, antes mesmo de mais alguém ser morto! Entre os prisioneiros alguns caem no chão, exaustos, doentes, famintos e com sede!

- Quero todos os prisioneiros de pé! Só quero vê-los no chão depois que eu atirar! (grita Xavier).

Alguns dos que caíram tentam se levantar. Uns poucos conseguem, mas a maioria dos que caíram simplesmente não podem mais suportar tanto tempo de maus tratos e falta de condições mínimas de sobrevivência. Xavier aproxima-se de um dos prisioneiros caídos e ordena novamente a ele apontando-lhe uma arma na cabeça:

- Eu mandei que se levantasse! Está surdo?

O prisioneiro caído é ajudado por seus magros e debilitados colegas para que ele não fosse morto. Com dificuldades os colegas de calvário se auxiliam e põem todos os outros novamente de pé.

- Para comemorar a nossa desgraça, vocês têm força ainda, não é? (indaga de forma irônica o comandante Xavier olhando para os prisioneiros).

O comandante agora vira-se de costas para os prisioneiros e caminha para se posicionar atrás do pelotão de fuzilamento. Ao longe todos ouvem diversos e continuados tiros. Um guerrilheiro envia uma mensagem de rádio para o seu líder:

- Comandante! Nossa tenda de armas pegou fogo e a munição está explodindo para todos os lados.
-
Maldito fantasma! (reclama Xavier).

Sérgio continua andando rápido entre os guerrilheiros, mas está ainda do outro lado distante do enorme acampamento. Ao passar por dois deles ouve a conversa:

- O comandante vai matar todos os prisioneiros?
- Não sei! Acho que sim!

Isso foi terrível para o androide. Ele não podia deixar que tal coisa acontecesse. Então decide correr e com isso todos os guerrilheiros armados apenas com facas, por ordem de seu comandante, se apavoram com a sua passagem violenta, destruindo tendas e levantando as folhas do chão! Diversos combatentes são atingidos pelo corpo forte e rígido do androide em movimento rápido pelo acampamento. Muitos são arremessados longe, machucando outros que estavam distraídos.

- Muito bem, senhor fantasma! (grita Xavier olhando para todos os lados). Estou aqui para fazer um acordo! Deixe o nosso acampamento de uma vez por todas... e eu não matarei mais nenhum prisioneiro. Dou a minha palavra!

Sérgio continua correndo invisível pelo acampamento para tentar chegar a tempo de salvar os prisioneiros da morte.

- Mas se eu não ouvir nenhuma palavra sua, concordando com a minha proposta, matarei todos eles de uma só vez...! (continua gritando Xavier ao vento). E então...? Como vai ser...? Senhor fantasma...?!?! Não irá responder...?

O androide se apressa e continua derrubando diversos guerrilheiros pelo caminho. Alguns deles tentam usar a enorme faca para acertar o androide na passagem, mas são arremessados longe ou são atingidos de lado, o que os fazem girar como um peão, caindo tontos no solo logo depois. Sérgio salta ou desvia dos inúmeros buracos feitos no chão pelos guerrilheiros e continua correndo rápido em direção ao outro lado do acampamento!

- Eu sou um homem paciente, senhor fantasma, mas confesso que agora não quero mais esperar...! (grita o comandante). Como vai ser...?

Sérgio acelera ainda mais a velocidade de sua corrida e agora já saca sua metralhadora, escondida sob o paletó invisível. Os leds de seu corpo vão clareando e formando a imagem de uma terrível caveira. Os guerrilheiros, que ainda estão à sua frente agora podem vê-lo correndo como um demônio enraivecido com a metralhadora em punho! Todos abrem espaço para evitar o confronto direto indesejado. Sérgio encontra à frente a enorme roda de combatentes que estão de costas para ele porque olham para Xavier, o pelotão de fuzilamento e os prisioneiros já desesperados. Muitos deles estão rezando neste momento. O cruel comandante comenta o momento:

- Estão rezando para quem? Para Deus ou para o demônio que vêm matando meus homens? Vou finalizar a minha proposta, senhor fantasma! Dou-lhe uma... Dou-lhe duas...

Sérgio salta forte sobre aquele enorme grupo de guerrilheiros que cercam seu líder "farqueano"! Ele cai em pé e dá uma cambalhota, girando pelo solo e parando agachado já próximo do grupo de fuzilamento. Ainda visível como uma caveira sedenta de sangue, começa a disparar a sua metralhadora, eliminando todo o pelotão armado que dispara a esmo enquanto todos caem mortos ou feridos no chão. Diversos dos sequestrados e outros guerrilheiros colegas são atingidos pelas balas perdidas. Xavier nem sequer se abaixa. Coragem, loucura ou excesso de idealismo retiram dos adoentados destes males o interesse pela própria vida. O fantasma se ergue lentamente do chão, enquanto a roda de guerrilheiros ao redor dali se desfaz. Eles começam a correr em todas as direções para longe do perigo iminente. A assombração está superaquecida neste momento. De seu corpo visível sobe um calor abrasador! Ele começa a andar na direção de Xavier que não se abala com esta nova investida de Sérgio. O líder da supercélula das FARC permanece firme diante da morte que está cada vez mais próxima dele. Do cano da metralhadora do androide de leds ainda sai uma pequena fumaça que sobe em direção ao rosto daquela caveira demoníaca. Os companheiros de guerrilha mais fiéis sacam suas armas, mas não atiram e nem as apontam para o fantasma, com medo da retaliação. Sérgio chega bem perto de Xavier, que se sente como se estivesse diante de um forno aberto. O fantasma declara com uma voz que mais parece vinda do próprio demônio em pessoa:

-
SE AMEAÇAR ESTA GENTE NOVAMENTE... EU MATAREI TODOS VOCÊS BEM LENTAMENTE... ARRANCAREI CADA DEDO, BRAÇO, PERNA, ORELHA, NARIZ E OUTROS APÊNDICES... UM POR UM... DE CADA UM. SERÁ UMA MORTE LENTA E MUITO... MUITO DOLOROSA!

-
Mate-me logo, abominação! Mas deixe em paz meus homens! (ordena Xavier à "criatura infernal").

O fantasma olha ao redor, ergue a metralhadora na direção do comandante e com a outra mão entorta o cano da arma com extrema facilidade. Logo depois joga-a aos pés de Xavier.

-
EU MATAREI TODOS OS GUERRILHEIROS DAQUI..., MAS VOCÊ... SERÁ O ÚLTIMO... E TE GARANTO..., VAI DOER MUITO!
- Por que está nos atacando? Não fizemos nada contra você? (indaga Xavier).
-
SÓ ESTOU DEVOLVENDO O MAL... PARA QUEM DISTRIBUIU O MAL...!
- Então acabe primeiro com os governantes da Colômbia que começaram tudo isso há décadas! Eles matam até hoje nossos companheiros e oprimem nosso povo!
-
E VOCÊ SABE BEM O QUE SIGNIFICA OPRESSÃO, NÃO É, XAVIER? FEZ ISSO TODOS OS DIAS DE SUA VIDA!

Ao dizer isso, Sérgio desaparece diante dos olhos de todos. Xavier continua olhando feio para aquele que não está mais visível ali. Apenas o calor que emana de seu corpo ainda pode ser sentido. Lentamente Sérgio afasta-se para se esconder em meio à mata e poder se resfriar antes que os circuitos internos se queimem.

- Prendam novamente estes prisioneiros! (grita o comandante aos companheiros). Gutierrez! Venha até aqui! Precisamos conversar!
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Ele vira-se de costas e volta para o interior de sua tenda improvisada. Os guerrilheiros, que ainda estavam ali por perto, olham uns para os outros sem saber o que devem fazer agora. O comandante entra em sua tenda e Gutierrez o faz logo depois.

- Gutierrez! Divida os homens em grupos de cinquenta companheiros! Peça a cada grupo que se afaste ao máximo uns dos outros no interior da floresta. Nossa célula atual é grande demais e um banquete para este fantasma, que não está nem precisando se esforçar para nos destruir! Cada célula nova deve levar apenas um dos prisioneiros. Eles são a nossa barganha para sobreviver contra o exército colombiano. Faça isso rápido, ou não teremos mais companheiros para compartilhar nossa luta. Não grite minhas ordens para todos. Não quero que o fantasma nos ouça. Transmita as minhas ordens ao pé do ouvido de cada companheiro que possa ser um líder de bando e peça que ele escolha os homens que quiser levar para seu novo grupo.

- Sim, senhor! Imediatamente! (declara Gutierrez saindo rápido dali).

Xavier demonstra preocupação e angústia com a situação. O fantasma conseguiu dividir todo o exército de companheiros de luta armada.

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