O BARCO INVISÍVEL MISSÃO NUCLEAR Vol. II
Cine-Book é um projeto cultural que reúne a dramaturgia, a criação de trilhas e canções e que agrega ao livro um trailler, pequenos vídeos distribuídos pelos capítulos e um vídeo-clip da trilha sonora exclusiva. Este material transforma parte do livro em audiovisual, assemelhando-o a um filme e ainda ajuda a divulgar novos atores e cantores.
Este livro foi registrado na Biblioteca Nacional em nome do autor e está disponível gratuitamente para leitura apenas aqui neste site
VOLTAR À PÁG. DA COLEÇÃO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
VIVENDO NA CADEIA

CAPÍTULO XXIII
EM TERRITÓRIO INIMIGO

CAPÍTULO II
O CONCEITO DA GUERRA

CAPÍTULO XXIV
EU, ROBÔ

CAPÍTULO III
A INVASÃO DA BASE SECRETA

CAPÍTULO XXV
ARMADILHAS NO TAEDONG

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XXVI
CAÇA E CAÇADOR

CAPÍTULO V
INFILTRANDO-SE NAS FARC

CAPÍTULO XXVII
O RETORNO DO FANTASMA

CAPÍTULO VI
VIAJANDO DE AVIÃO

CAPÍTULO XXVIII
NA TEIA DO INIMIGO

CAPÍTULO VII
A CAMINHO DO INFERNO

CAPÍTULO XXIX
CADEIA NACIONAL

CAPÍTULO VIII
DE VOLTA AO LAR NAVAL

CAPÍTULO XXX
CONSPIRAÇÃO

CAPÍTULO IX
LEMBRANÇAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXI
PASSEANDO NO INFERNO

CAPÍTULO X
CONFRATERNIZANDO

CAPÍTULO XXXII
A INTELIGÊNCIA É ARTIFICIAL

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XI
SEGREDOS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIII
O ATAQUE FANTASMA

O presidente brasileiro fora convidado para passar o final de semana na fazenda de seu amigo, o chefe da casa civil. Eles iriam aproveitar para discutir diversos assuntos técnicos e o presidente então resolveu aceitar. Sábado de manhã ele chega com o seu carro oficial, um enorme veículo preto, esticado para se transformar em uma limusine. Logo atrás vem um veículo militar, um caminhão-guincho, que para ali por perto. O transporte não tem motorista e é um dos novos modelos que se dirigem sozinhos por um computador a bordo e guiado por satélite. Diversas motos com policiais comboiavam o presidente também param ali perto. Ducílio Dutra Oliveira, o chefe da casa civil, aproxima-se usando um calção longo até o joelho e uma camiseta pólo já meio surrada. O líder máximo do Brasil abre a própria porta de trás da limusine e é cumprimentado pelo amigo:

- Olá, senhor presidente! Bom dia! (deseja Ducílio).
- Olá, meu amigo! Já está bem à vontade, não é? (indaga o presidente ao colega).
- Sim, presidente! Este é um lugar para relaxar e apaziguar as mentes!
- Então neste caso, quero que me chame pelo nome e não pelo meu título (declara o presidente).
- Está bem, meu amigo...! César! Diga-me uma coisa...! Por que trouxe este caminhão para acompanhá-lo até aqui?

O presidente vira-se para trás, sorri e retorna o olhar para o amigo:

- É apenas uma precaução! Se a limusine atolar ou quebrar posso continuar a viagem de caminhão-guincho!
- Rsrsrs! Não irá atolar...! Viu como a estrada até aqui está boa...?
- É verdade! Foi você quem pediu para colocarem estas pedras no caminho?
- Eu? Não! Era uma reivindicação antiga dos moradores daqui. Depois que eu comprei o imóvel o prefeito local resolveu atender aos condôminos! Rsrsrs!
- Tá legal! Vou fingir que acredito nisso...! Rsrsrs!

CAPÍTULO XII
MANUTENÇÃO EM ALTO-MAR

CAPÍTULO XXXIV
INVASÃO E EVASÃO

CAPÍTULO XIII
VOLTANDO AO INFERNO

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XXXVI
ASSUMINDO A ASSESSORIA

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XXXVIII
PULVERIZAÇÃO

CAPÍTULO XVII
O MENSAGEIRO DA MORTE

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XVIII
O PACÍFICO VIOLENTO

CAPÍTULO XL
O RETORNO DO SOLDADO

CAPÍTULO XIX
O ATAQUE DO EXÉRCITO

CAPÍTULO XLI
NOTÍCIAS DO FRONT

CAPÍTULO XX
A INVASÃO DA COREIA

CAPÍTULO XLII
O ÚLTIMO CAMPO

CAPÍTULO XXI
BASE AMERICANA NO BRASIL

CAPÍTULO XLIII
FUNCIONÁRIO-FANTASMA

CAPÍTULO XXII
PERDIDOS NA FLORESTA

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

- Pode não parecer, César, mas eu não fiz nada para mudar esta situação! Nem sequer venho muito aqui! Acho que os moradores argumentaram em meu lugar e quando eu voltei nesta semana vi a melhoria da estrada... César! Por que não libera sua comitiva. Afinal, vamos ficar por aqui dois dias! A segurança do condomínio é enorme, porque aqui tem muitos juízes, promotores, deputados e grandes empresários morando.

- Tem razão, Ducílio! (comenta o presidente voltando-se para trás e dando um sinal de positivo com uma das mãos ao líder dos policiais e logo a seguir um até logo).

Os policiais entendem o recado, ligam as motos e retornam para estrada de onde vieram, deixando apenas o motorista oficial do presidente no local. O chefe da casa civil faz também um sinal para um de seus capatazes para ciceronear o motorista presidencial aos seus aposentos. Ducílio agora se aproxima do caminhão-guincho para observá-lo melhor.

- Este é o novo modelo, não é? (diz o chefe da casa civil passando a mão sobre a superfície da cabine do transporte militar).
- Sim! Ele dirige melhor do que a minha esposa! (declara o presidente).

Ambos caem na gargalhada!

- Então ele deve dirigir muito bem, porque eu sei que a primeira-dama gosta de andar de carro e pelo que sei nunca tomou uma multa sequer, apesar de ter sido piloto de corrida!
- É verdade! Ela é muito cuidadosa e talvez por isso nunca tenha chegado a um pódio sequer! (declara o presidente sorrindo).
- Sempre muito espirituoso, meu amigo...! Como funciona este caminhão, César?
- Por que a pergunta?
- Nada demais! Apenas curiosidade!
- Bom... ele pode ser comandado via satélite, tem GPS, sensores de aproximação, sensores de estacionamento, câmeras de vídeo e um computador que dirige o veículo de diversas formas. Ele pode ser tanto agressivo ao volante quanto tranquilo e sereno. A situação de momento determina como ele funcionará.
- Hum! Interessante! E ele tem comunicação direta com a sua segurança...? Digo... para a sua proteção...?

O presidente olha para ele com alguma desconfiança neste momento e logo depois responde à questão:

- Não posso revelar detalhes de minha segurança para ninguém... Não me leva a mal...
- Claro...! Claro...! Não precisa me contar nada...! Eu entendo...!
- Meu chefe de segurança é meio neurótico, sabe? Ele vive me criticando! Falou muito em meus ouvidos antes de eu vir para cá! Disse que este é um local muito aberto..., que não tem seguranças o suficiente para me proteger..., que posso ser alvo de um assassinato...! Estas baboseiras que todos os homens na profissão dele vivem preocupados. Mas se você observar bem, verá que poucos presidentes foram mortos até hoje! Isso pode ter dois significados: ou os chefes de segurança estão fazendo um bom trabalho... ou não existem tantos assassinos de presidentes pelo mundo!

- Rsrsrs! (sorri Ducílio para a brincadeira do presidente). Vamos entrar, meu amigo! Lá dentro não levará nenhum tiro! Eu garanto!
- Assim espero! Depois do último decreto que assinei, estou começando a achar que meu chefe de segurança não é tão neurótico, afinal!

Ambos sorriem e se dirigem ao interior, à residência principal na fazenda do chefe da casa civil. Ducílio aproveita a descontração do presidente e o olhar perdido ao longe do amigo e vira a cabeça para trás, observando, preocupado, todos os arredores. O motorista presidencial se deslocou, juntamente com o capataz da fazenda, para uma residência secundária ali ao lado. O caminhão-guincho de repente, e estranhamente, se balança lateralmente. Algo estranho aconteceu ali, mas não havia nada nem ninguém por perto dele. Seria o vento? Um defeito no computador de bordo? Todo o local ao redor da casa principal está agora deserto, tranquilo, isolado do mundo! Marcas redondas de enormes patas começam a aparecer, afundando a grama onde são pisadas! Elas aparecerem primeiro junto à lateral do caminhão-guincho e caminham lentamente em direção à janela da residência onde o presidente se encontra. Olhando de fora para dentro pode-se ver os dois amigos conversando lá dentro. No interior da residência o presidente aprecia as obras de arte disponíveis, quadros famosos e esculturas valiosíssimas!

- Você tem bom gosto, Ducílio!
- Para ter bom gosto é preciso ganhar muito bem, César! Meus investimentos de uma vida inteira me proporcionaram conquistar tudo o que tenho hoje!
- Está me pedindo um aumento, meu amigo? (indaga o presidente).
- Eu? Não, senhor! Estou feliz com o que possuo e com o que ganho!
- Relaxe, Ducílio! Estou apenas brincando com você!
- Eu sei! Eu sei! Vamos nos sentar? Quer beber alguma coisa? Um vinho...? Cerveja...?
- Um vinho, por favor! (comenta o presidente sentando-se na confortável poltrona da ampla sala).

O chefe da casa civil vai até um canto da sala e digita uma senha num pequeno painel e uma parte da parede desliza lateralmente expondo uma adega com os melhores vinhos da casa. Ele seleciona um deles e serve em dois copos que estavam ali dentro da adega também.

- Hum! Que chique...! Uma adega com senha...! Por quê? Tem medo que seus funcionários provem do melhor vinho da casa...?

Ducílio olha para o presidente e concorda com a cabeça enquanto responde à pergunta!

- Pois é, César! É difícil encontrar pessoas confiáveis hoje em dia! Veja o caso do ministro da fazenda...! Tão confiável... e por trás... roubava dinheiro público!
- Obrigado! (agradece o presidente ao copo de vinho que acabara de receber das mãos de Ducílio). Na verdade, meu amigo! Ainda não foi confirmado se ele era conivente ou apenas incompetente!

César, o presidente, posiciona o copo de vinho que recebera do amigo sobre o braço da poltrona, enquanto conversa. Um laser de cor avermelhada, muito sutil, analisa o conteúdo do copo de vinho. Ele vem da janela, do lado de fora, e é rapidamente desligado. O presidente logo depois bebe o vinho, saboreando-o!

- Pois é, presidente! Parece que seu decreto o ajudará a descobrir todos os corruptos, coniventes e incompetentes de plantão em seu governo...! Acha mesmo que foi necessário implantar uma solução tão radical como esta...? Quero dizer...! Usar um assessor cibernético trabalhando junto aos políticos... parece ser uma forma de destruir todas as alianças políticas que o senhor conquistou em seu primeiro mandato!

- Rsrsrs! A tecnologia evoluiu muito nos últimos tempos, Ducílio! Os militares de todo o mundo estão investindo pesado em novas técnicas e equipamentos...! Aqui mesmo no Brasil temos estes novos supercomputadores que produzimos em sigilo e que tornaram possível que façamos coisas impensáveis até há vinte anos atrás. Os androides, funcionando como avatares dos supercomputadores, podem hoje substituir pessoas em qualquer nível profissional. A era dos insubstituíveis acabou! A era dos corruptos vai chegar ao final em pouco tempo também. A vida humana será bem melhor muito em breve. A aplicação dos impostos será feita exatamente onde precisa ser feita. Acho que sobrará tanto dinheiro depois disso, que poderemos recuperar a natureza, acabar com a pobreza, resolver o problema da saúde pública e levar a todas as pessoas do Brasil as melhores condições de vida digna!

- Você sempre foi um sonhador, Celso! Desde a época da faculdade, quando estudávamos juntos.
- É verdade! Tem razão! Sempre achei que um dia como este chegaria.
- Foi este sonho que o fez assinar tal decreto?
- Na verdade..., não...! Eu não deveria comentar isso com ninguém..., porque não há provas...! Mas acho que posso dizer a você...!
- Claro que sim, César! Conhecemos-nos há mais tempo do que você a sua esposa ou eu à minha! Pode confiar em mim!
- Recebi uma lista inesperada de nomes... que ligam diversas lideranças nacionais à cúpula das FARC, na Colômbia!

A expressão de Ducílio, sentado na poltrona ao lado e tomando o vinho, muda! Ele demonstra preocupação com o fato:

- É mesmo, César? E quem está nesta lista?
- É melhor que não saiba de nada ainda sobre isso! Como eu disse antes... não tenho nenhuma prova e nem ninguém que confirme tais nomes. Na verdade foi um líder das FARC que confessou sob tortura. Como já sabe, sob tortura as informações são naturalmente descartadas como provas, o que invalida todo e qualquer valor da tal lista. Mas o que me espantou é saber que nomes importantes de pessoas, que há muito tempo vem exercendo a vida pública neste país, possam estar envolvidos! É muito triste isso tudo!

Roger Barcellos
como Presidente do Brasil

- É verdade...! Mas..., o que senhor pretende fazer agora? Digo...! Sabendo de tudo isso...! Como consegue se sentar ao lado de pessoas com um passado assim...?

O presidente fica sério... olha bem no fundo dos olhos do amigo e lhe responde:

- Você me conhece há muito tempo, Ducílio! Sabe que nunca fui alguém político. Sempre fui meio extremista quando se trata de bandidos, assassinos e corruptos...! Coisas da época de minha juventude...!
- Sim, eu sei! Na verdade... vou lhe confessar algo...! Nunca achei que seria um bom político, César! Faltava-lhe traquejo para o cargo...! Um jogo de cintura que nunca percebi em você...! Desculpe-me a franqueza, senhor...!
- Não há problema em me dizer isso...! É a verdade...! Mas..., o tempo passou! E vamos todos ficando mais velhos...! Aprendi a disfarçar meus sentimentos e reprimi-los...! Na verdade... me tornei aquilo que sempre odiei nas outras pessoas: tornei-me um político...! E muito bom, sabe...? Agora mesmo... estou tomando este delicioso vinho calmamente e feliz aqui ao seu lado... mesmo sabendo que seu nome faz parte daquela... lista!

Ducílio abaixa as sobrancelhas, para de beber o vinho e olha para o presidente, estranhando a informação:

- Lista? De que lista o senhor está falando...? Ahhh...! Está dizendo que meu nome fazia parte da lista de políticos ligados às FARC?!?! Mesmo?!?! Tem razão, César, em não ter se precipitado em acreditar piamente nesta lista...! Imagine só...? Eu, ligado a guerrilheiros...? Nunca fui visitar a Colômbia, Bolívia ou qualquer outro país que seja exportador de drogas...!
- É verdade! Verifiquei o itinerário de vida de todos os listados! Você nunca foi visitar estes países em sua vida! Mas isso não quer dizer que não tenha relações com eles...! A comunicação e a globalização trouxeram tudo para o quintal de nossas casas! Tudo o que se faz no mundo está disponível e bem perto de nós! Tudo o que é bom e o que é ruim também!

O chefe da casa civil continua bebendo calmamente seu vinho, mas sério e preocupado.

- Não pode estar falando sério, presidente! O senhor me conhece muito bem! Sabe de minha integridade moral!
- Sim, eu sei! E é em prol disso que estou aqui para lhe perguntar uma coisa.
- Pergunte o que quiser! Se desejar libero todas as minhas contas particulares, além das dos meus filhos e esposa para serem analisadas pelo seu assessor cibernético.

O presidente toma mais um gole de vinho e sorri levemente.

- Ele é muito eficiente! Todos os dias fico impressionado com a capacidade de antecipação deste supercomputador. O ACMPR trabalha vinte e quatro horas por dias fazendo diversas coisas ao mesmo tempo. E, por causa disso, descobriu uma rede gigantesca de conexões inapropriadas. São montantes gigantescos de dinheiro que saem e entram em nosso país todos os dias, que se fossem somados... poderiam trazer todo o povo do continente africano direto para o primeiro mundo e sem escalas! É muito dinheiro, Ducílio! Mas o nosso assessor cibernético não parou por aí. Ele começou a analisar também as contas em paraísos fiscais e lá encontrou seu nome numa delas e uma fortuna quase incalculável em seu nome!

O chefe da casa civil agora demonstra espanto com a informação vinda do presidente da república. Lá fora um pequeno grupo armado de quatro pessoas, com os rostos cobertos, todos vestindo uniformes verdes para se confundirem com a mata natural da fazenda, aproximam-se sorrateiramente da casa onde o presidente se encontra. As seis marcas de patas redondas, que pararam lá fora diante da janela da sala, agora se movimentam numa rotação de cento e oitenta graus para se posicionarem de frente para a aproximação daquele grupo de ataque.

- É mesmo, Celso? Puxa! Quem será que está usando meu nome para isso...? (indaga Ducílio com os olhos arregalados).

O presidente olha para ele com ar de pouco caso! E imediatamente o chefe da casa civil o indaga por isso!

- Não...! O senhor não pode estar achando que esse dinheiro é meu...? Alguém esta usando meu nome para fazer isso...! Se seu assessor robótico é tão eficiente, deve ter percebido que meu patrimônio é compatível com o que eu ganho! Não esbanjo dinheiro e nem tenho propriedades que confirmem tal coisa.
- É verdade! Já sabemos de tudo isso! Não há como ligá-lo de forma alguma às FARC. A lista não serve de prova! O dinheiro na Suíça nunca foi mexido! Seu patrimônio no Brasil é compatível com o que ganha! Nada nos leva a crer que está envolvido em coisas ilícitas.

- Quem bom que o amigo reconhece isso...
- Mas... ainda assim... existe algo que me intriga...!
- É mesmo, César? E o que seria?
- Por que é que seu nome sempre aparece em todo tipo de listas de corrupção?

- Não percebe, César...? Intriga da oposição...! Eles sabem que sou honesto e tentam sempre me envolver em escândalos e falcatruas! Assim como você, eu nunca me envolvo diretamente com pessoas sem pudor ético e moral. Vou falar com meu contador para retirar este dinheiro em meu nome na Suíça e distribuí-lo para entidades carentes e ONGs! Assim o verdadeiro dono irá perder o dinheiro roubado e estarei fazendo uma coisa boa com este montante.

- Sabe que não pode fazer isso, Ducílio!
- Por que não? É um dinheiro sujo! Vamos fazer algo de bom com ele!
- Se sacar aquele montante, meu amigo, estará confirmando, aos olhos da lei, de que ele é seu!
- Se fosse meu, jamais distribuiria tal valor desta forma! Por que alguém roubaria milhões para distribuí-lo aos pobres e carentes.
- A primeira coisa a fazer com tal dinheiro é repatriá-lo aos cofres públicos brasileiros. A segunda coisa é saber quem o depositou em seu nome no exterior! A terceira é você renunciar ao seu cargo público atual...!

Lá fora os homens se aproximam um pouco mais e um deles sobe numa árvore e começa a fazer mira contra a janela, onde as seis patas estão posicionadas. Do alto o atirador e seu rifle de longa distância podem nitidamente ver a cabeça do presidente sentado na poltrona conversando com o amigo.

- O quê?!?! Renunciar?!?! (indaga indignado Ducílio). Por que alguém honesto e sem rabo-preso com ninguém faria tal coisa?
- Por que é a coisa certa a se fazer! Quem não é culpado não aceitaria ter seu nome manchado por algo que não fez...!
- Mais um motivo para eu não sair do cargo! Vou usar a máquina pública para encontrar os culpados que querem jogar meu nome na lama...! Mas... você não acredita em minha inocência, não é mesmo?
- Não vim aqui para julgá-lo! Mas sim... alertá-lo...! O cerco fiscal e político está se fechando, meu amigo! Muito em breve não restará ninguém com passado sujo trabalhando no governo brasileiro. Mas neste momento... diversos perigos aguardam todos aqueles que são honestos neste país. Os poderosos não entregarão o osso sem rosnar, latir ou atacar aqueles que os ameaçam. Uma fera encurralada é muito mais perigosa!
- César! Não deveria ter levantado este tapete! A sujeira sob ele pode ser maior do que imagina! Todo o sistema econômico-financeiro poderá ruir diante de tantos processos públicos. As pistas levantadas poderão caminhar em direção ao exterior e envolver diversos países e comunidades internacionais que não irão gostar de terem sido descobertos...
- Do que está falando, Ducílio? Sabe de algo que não sei?
- Não! Não sei de nada! Estou apenas extrapolando e imaginando que pessoas honestas, como eu e você, não conseguiremos sobreviver ao final disso tudo.
- Não precisamos sobreviver a tudo, meu amigo! A vida é passageira... para os corretos... e para os corruptos. O que precisa sobreviver são as soluções que, com o tempo, mostrarão quem são os verdadeiros destruidores do capitalismo brasileiro. Se morrermos por isso... terá sido em prol de um mundo melhor!

- Está errado, César! Se acontecer o que estou imaginando, a contaminação mundial não terá conserto. Os problemas do mundo não são verdadeiros. Todos os conflitos, guerras e crises, de uma forma ou de outra, são geradas apenas para beneficiar alguém ou pequenos grupos políticos-financeiros. Você sabe disso! Tem acesso direto aos líderes de todos os países! Duvido que em reuniões de estado nunca tenha percebido que o mundo é apenas um jogo de interesses! Ninguém está interessado realmente em ajudar os pobres e melhorar a vida da população! Os que articulam tais coisas... é porque serão beneficiados de alguma forma no futuro.

- Percebi a duras penas esta verdade que acaba de dizer! Sei disso muito bem! Já recebi presidentes, de países considerados evoluídos, que me fizeram propostas de suborno para vender seus produtos internos mais caros. Provavelmente eles receberam e aceitaram também subornos das empresas envolvidas nestes contratos. O mundo está podre, meu amigo! Mas depois de meu decreto... muitas destas coisas não ficarão impunes.

- Senhor! Se mexer com as pessoas erradas... o Brasil poderá se transformar na "bola-da-vez". Poderemos sofrer retaliações às quais nos levarão ao inferno na Terra. Podemos ser a próxima África em pobreza, fome e guerras!
- Acalme-se, Ducílio! Faça o que estou lhe pedindo! Renuncie ao seu cargo e vamos juntos encontrar os culpados!
- Não posso fazer isso, senhor! Este osso eu não posso soltar!
- Sinto muito, então! Não vejo como protegê-lo disso tudo, porque não sabemos quem são os verdadeiros culpados! Mas eles sim..., irão te jogar na lama...!

De repente um tiro é disparado, resfala em algo sólido e atinge a janela mas não acerta o presidente. O atirador estranha não ter acertado o alvo e prepara-se para uma nova tentativa. Enquanto faz a mira, um novo tiro é disparado! Mas desta vez ele é alvejado e cai morto de cima da árvore. A coisa invisível o acertou em cheio! Os outros membros do grupo, que já estão mais próximos da casa agora, percebem que o colega lá atrás fora atingido e morto. Eles se preparam para um confronto, sabe-se lá contra quem! De repente mais um deles é atingido e também cai morto. Os outros dois se abaixam e correm para escapar do tiroteio. Cada um vai para um lado e cercam a casa. A coisa invisível começa a andar aceleradamente para a direita, em direção a um dos dois homens que se esconderam por ali. O tal homem escondido, se ergue para entrar pelos fundos, mas é agarrado pelas costas e erguido no ar. Seu corpo é arremessado a distância e cai como uma simples pedra: totalmente inerte e inanimado! O outro homem aproxima-se da janela por onde antes tentaram matar o presidente. Ele rapidamente faz a mira, mas algo enorme o ataca, prendendo-o ao chão. O homem grita desesperado, porque não sabe o que está acontecendo. Sua arma, caída ao seu lado, agora flutua no ar e o cano dela é dobrado com facilidade.O presidente e o chefe da casa civil saem lá fora para saber por que o tal homem está gritando e percebem que ele está agora imóvel com a arma dobrada ao meio ao seu lado. O presidente quer se aproximar para avaliar de perto o problema, mas é impedido pelo amigo:

- Não vá, senhor! Tem homens mortos por todos os lados. Vieram aqui para matá-lo!
- Fique tranquilo! Meu soldado já resolveu a situação! (responde o presidente que se livra das mãos do amigo e corre para perto do atirador ferido próximo à janela da sala).
- Soldado? Que soldado? (indaga Ducílio, confuso com a situação).

O presidente chega próximo ao homem, quase desfalecido, abaixa-se e agarra o atirador pela gola do pescoço, erguendo-o um pouco do chão. O sujeito geme de dor ao ser confrontado pelo presidente:

- Ai! Meus braços! Estão quebrados!
- Quem mandou você aqui?
(indaga furioso o presidente da república chacoalhando-o).
- Não posso dizer o nome! (informa o atirador). Largue-me! Está doendo muito!
- Diga-me quem é o cabeça deste atentado? Quero saber ou o meu soldado irá quebrar todos os ossos de seu corpo até confessar!
- Eu não sei, senhor! Nos contrataram anonimamente para fazer este serviço! Nunca vi a pessoa que nos pagou tudo adiantado e em dinheiro!
------------------------------------------
-------------------------------------
O presidente libera o sujeito, jogando-o com força de volta ao solo.

- Droga! Existe um governo paralelo ao meu! (declara o presidente voltando-se agora para Ducílio). Mas ninguém poderá destruir a ordem estabelecida por mim! Meu decreto irá chegar a todos eles e no final vamos ver quem rirá por último.

Ducílio olha assustado e confuso para o amigo presidente. Ele não vê o tal soldado que César alega ter atacado os atiradores e fica também imaginando como tudo isso poderá acabar. Complôs, chantagem, corrupção, sonegação de impostos, contratos com guerrilheiros e traficantes e interesses políticos. Tudo agora está em jogo! A vida de todos está em risco, tanto dos bons quanto dos maus políticos. Daqui a dois dias os avatares públicos serão empossados como assessores para acompanhar cada ministro que está hoje no poder. A esperança é que com isso se reduza paulatinamente a corrupção e os desvios de verbas públicas do executivo. Os homens do poder paralelo não gostam disso, mas não há como evitar o avanço do futuro! O mundo mudou e irá mudar ainda mais!

Capítulo
Anterior

Próximo
Capítulo

----------------------------------
COMENTE SOBRE
ESTE LIVRO
CLICANDO AQUI