O BARCO INVISÍVEL MISSÃO NUCLEAR Vol. II
Cine-Book é um projeto cultural que reúne a dramaturgia, a criação de trilhas e canções e que agrega ao livro um trailler, pequenos vídeos distribuídos pelos capítulos e um vídeo-clip da trilha sonora exclusiva. Este material transforma parte do livro em audiovisual, assemelhando-o a um filme e ainda ajuda a divulgar novos atores e cantores.
Este livro foi registrado na Biblioteca Nacional em nome do autor e está disponível gratuitamente para leitura apenas aqui neste site
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
VIVENDO NA CADEIA

CAPÍTULO XXIII
EM TERRITÓRIO INIMIGO

CAPÍTULO II
O CONCEITO DA GUERRA

CAPÍTULO XXIV
EU, ROBÔ

CAPÍTULO III
A INVASÃO DA BASE SECRETA

CAPÍTULO XXV
ARMADILHAS NO TAEDONG

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XXVI
CAÇA E CAÇADOR

CAPÍTULO V
INFILTRANDO-SE NAS FARC

CAPÍTULO XXVII
O RETORNO DO FANTASMA

CAPÍTULO VI
VIAJANDO DE AVIÃO

CAPÍTULO XXVIII
NA TEIA DO INIMIGO

CAPÍTULO VII
A CAMINHO DO INFERNO

CAPÍTULO XXIX
CADEIA NACIONAL

CAPÍTULO VIII
DE VOLTA AO LAR NAVAL

CAPÍTULO XXX
CONSPIRAÇÃO

CAPÍTULO IX
LEMBRANÇAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXI
PASSEANDO NO INFERNO

CAPÍTULO X
CONFRATERNIZANDO

CAPÍTULO XXXII
A INTELIGÊNCIA É ARTIFICIAL

CAPÍTULO IV
REUNIÃO PARA A GUERRA

CAPÍTULO XI
SEGREDOS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIII
O ATAQUE FANTASMA

CAPÍTULO XII
MANUTENÇÃO EM ALTO-MAR

Estou eu, Fernando, e os dois cabos, chegando finalmente ao escritório do almirante Figueiredo, para uma reunião sobre a nossa próxima missão, antes de descansarmos. Entramos pela porta e seu assessor nos recebe:

- Olá, senhores! (diz o assessor).

Os dois cabos fazem continência para o assessor que responde da mesma forma.

- Por favor! Vamos entrar. Vou informar ao almirante que vocês chegaram.

Nós nos sentamos no sofá, que estava ali disponível, enquanto o assessor liga rapidamente para a sala do militar de alta patente. Rapidamente a porta do general se abre e eu olho nesta mesma direção, quando vejo lá dentro uma mulher cujos longos cabelos cobrem seu rosto. Eles são ligeiramente aloirados..., ou talvez fossem luzes..., ou reflexos..., sei lá! Não entendo destas coisas...!

Só sei que eu a vi muito rapidamente, porque a porta da sala foi se fechando automaticamente e não pude notar mais detalhes. Mas uma coisa percebi! Ela, antes concentrada na leitura de alguns documentos sobre a mesa, desviou o olhar em minha direção também. Me olhou diretamente nos olhos! Era uma lindíssima mulher oriental!

Um enorme calor dominou todo o meu corpo! Nunca tinha visto uma mulher asiática tão linda em minha vida! Sua pele tinha um tom maravilhoso! Seus cabelos, encantadores davam a ela um ar incrivelmente sexy e atraente. Foi impossível não perceber a feição de preocupação da tal moça! Mas, infelizmente, a porta se fechou enquanto nossos olhares se cruzaram por aquele breve período de tempo. O almirante agora para diante de nós três. Sabino e Everardo já estavam de pé, no momento em que a porta se abriu, e faziam a continência ao general, que respondeu rapidamente aos dois. Mas eu, em estado de torpor, continuava sentado naquele sofá, imaginando quem poderia ser tão bela mulher, lindamente acomodada e tão preocupada na sala do almirante.

CAPÍTULO XXXIV
INVASÃO E EVASÃO

CAPÍTULO XIII
VOLTANDO AO INFERNO

CAPÍTULO XXXV
FOGO AMIGO

CAPÍTULO XIV
SOBREVOANDO O PANAMÁ

CAPÍTULO XXXVI
ASSUMINDO A ASSESSORIA

CAPÍTULO XV
AS FARC NO BRASIL

CAPÍTULO XXXVII
HOLOCAUSTO DIVINO

CAPÍTULO XVI
VIAGEM PELO PACÍFICO

CAPÍTULO XXXVIII
PULVERIZAÇÃO

CAPÍTULO XVII
O MENSAGEIRO DA MORTE

CAPÍTULO XXXIX
A ORDEM ESTABELECIDA

CAPÍTULO XVIII
O PACÍFICO VIOLENTO

CAPÍTULO XL
O RETORNO DO SOLDADO

CAPÍTULO XIX
O ATAQUE DO EXÉRCITO

CAPÍTULO XLI
NOTÍCIAS DO FRONT

CAPÍTULO XX
A INVASÃO DA COREIA

CAPÍTULO XLII
O ÚLTIMO CAMPO

CAPÍTULO XXI
BASE AMERICANA NO BRASIL

CAPÍTULO XLIII
FUNCIONÁRIO-FANTASMA

CAPÍTULO XXII
PERDIDOS NA FLORESTA

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

- Bom dia, senhores...! Eu gostaria de conversar com vocês... Hã...! Fernando? Tem alguma coisa errada?
- Hã...? Quê...? O que o senhor me perguntou?
- Você está bem, Fernando? (questiona novamente o almirante a mim).

Agora que a “ficha caiu”, me levanto rapidamente e estendo a mão direita ao almirante para cumprimentá-lo.

- Ahhh! Sim, senhor! Estou bem! Como tem passado?
- Devido aos últimos acontecimentos... nada bem, Fernando! Eu preciso conversar rapidamente com vocês três antes de entrarmos naquela sala!
- Vamos entrar naquela sala, senhor? (questiono eu, de forma inesperada, até mesmo para mim).

Eu estava excitado pelo fato de poder conhecer aquela linda mulher.

- Sim, Fernando! Daqui a pouco. Mas não sei se me ouviu... preciso antes falar com vocês três.
- Ahhh...! Sim...! Tudo bem...! Sou todo ouvidos...!
- Tudo bem, então! (comenta o almirante estranhando um pouco a minha estranha reação). Lá dentro de minha sala está a embaixadora da Coreia do Sul. Ela irá com vocês na missão!
- Conosco, senhor? (indaga Sabino, de modo preocupado).

- Sim, cabo! A Coreia do Sul nos fornecerá o apoio com todos os suprimentos necessários antes da invasão à Coreia do Norte. A embaixadora também conhece muito bem toda a região e servirá de intérprete para os contatos com os inimigos ou com o povo local, se for necessário. Mas tem um problema. Ninguém na Coreia do Sul, e isso inclui a embaixadora, sabe que nossa embarcação pode ficar invisível. Ela viajará dentro do barco com vocês e não pode saber nada sobre isso e nem quanto aos detalhes secretos do funcionamento geral da embarcação. E você, Fernando, terá que ciceroneá-la, porque Sabino e Everardo estarão ocupados em seus postos de trabalho.

- Senhor! Como poderemos fazer nosso trabalho, com a embaixadora tão perto de nós, sem que ela saiba de tudo? (indaga Everardo).
- Depois conversaremos detalhadamente sobre isso, cabo! Agora todos nós precisamos entrar lá para discutirmos sobre os detalhes da “missão nuclear”.
- Então ela irá conosco durante a viagem? (questiono eu, Fernando, novamente ao almirante).
- Você está bem, Fernando? Parece meio lerdo hoje? A missão anterior lhe fez mal? (indaga já preocupado, o almirante).

- Mal...? Não, senhor...! Estou bem...! Mas é que uma mulher conosco..., naquela embarcação apertada..., beliches apertados... e todos no mesmo quarto..., pouca comida disponível..., banheiro único..., sem uma área isolada... de recreação, por exemplo, para ela..., ainda tenho que fazer o meu trabalho jornalístico..., ciceroneá-la e esconder dela a invisibilidade... e o restante da tecnologia também...! Está parecendo mais uma missão impossível, senhor!

- Não se preocupe, Fernando! Vocês irão se virar bem. Ela parece ser alguém de fácil comunicação e também amistosa. Mas não se enganem, a península coreana está vivendo seus piores dias. Estão à beira de um confronto nuclear e dependem de nós para impedir que o inferno se instale na região. Tratem-na com o maior respeito e acatem as sugestões que ela e a Coreia adotarem, quando estiverem dentro do território norte-coreano. Não queremos mais um incidente internacional! Ainda precisamos traçar nossas metas de trabalho antes da viagem. Agora vamos entrar naquela sala e finalizarmos os detalhes da missão que acontecerá nos próximos dias.

Enquanto nos dirigíamos para a sala do almirante, penso eu que isto é mais uma coisa que não estava em meus planos! Uma mulher durante uma longa missão dessas? Teremos que atravessar metade do planeta com ela a bordo! Não sei como poderei me concentrar em meu trabalho tendo que ciceronear uma embaixadora..., tão linda..., tão encantadora...! Com farei isso????

Agora entramos na sala. Fiquei por último, ainda meio aturdido com as novidades que estão sempre me pegando de surpresa. O almirante abre a porta e vai logo apresentando a nossa equipe. Mais uma vez o meu olhar se cruza com o da embaixadora, que agora se levanta da cadeira para nos cumprimentar.

Notei que ela fitou o meu olhar por tempo maior do que o que normalmente fazemos num momento desses! Talvez aquela mulher tenha percebido que eu estava um pouco desconcertado e desconfortável diante dela.

- Embaixadora! Este é o cabo Sabino! Nosso militar responsável por toda a eletrônica e programação do computador de bordo do barco Stealth brasileiro.

- Olá, cabo Sabino! (declara ela olhando diretamente nos olhos de Sabino. Um olhar intimidador, forte e dominador). É um prazer conhecer um dos homens que tornou possível criar a embarcação brasileira que poderá entrar em território tão hostil, sem que o nosso povo do norte possa vê-la.

- Olá, madame! Será um prazer tê-la a bordo de nosso barco especial! (comenta Sabino estendendo a mão para cumprimentá-la. A embaixadora retribui o cumprimento).
- Embaixadora! Este é o cabo Everardo! (declara o almirante). Nosso militar responsável pela construção mecânica e elétrica da embarcação.
- Olá, madame! Como tem passado? (questiona Everardo).

- Já tive dias melhores, cabo! O momento não é nada agradável para alguém que tem a responsabilidade de manter a paz. Como embaixadora de meu país, será muito difícil ver de perto uma guerra acontecendo novamente dentro de nossa casa. Mas eu estou muito curiosa para saber mais informações de vocês dois que construíram esta embarcação. Os americanos insistiram muito para que esse barco brasileiro seja aquele que penetrará no território norte-coreano. Por quê? O que vocês têm de tecnologia que os Estados Unidos ainda não têm?

Todos os militares presentes olham uns para os outros, sem saber o que responder, quando eu, Fernando, entro no meio da conversa e comento o fato:

- Bem, embaixadora! Como a senhora vive aqui no Brasil, deve saber que nós brasileiros somos muito criativos e sempre temos um... “jeitinho especial...” para fazermos nossos trabalhos!

O almirante engole em seco após ouvir a minha infeliz observação. Ele parece preocupado em ter me nomeado como cicerone de uma embaixadora durante uma crise nuclear internacional. Mas agora não tem mais jeito! Não há espaço para uma quinta pessoa, mais preparado do que eu, no interior do barco invisível. Portanto, sobrou pra mim mesmo! Ela terá que me “engolir” a viagem toda! (aqui me lembrei de Zagalo, técnico da seleção brasileira de futebol, multicampeão mundial!).

- Embaixadora! Este é Fernando Dias, nosso jornalista que cobre as missões secretas da marinha brasileira (apresentou-me o almirante).
- É um prazer, Fernando! Meu nome é Chin-Mae! O almirante falou muito bem de você durante nosso curto batepapo aqui! Será meu cicerone nesta viagem, não é?
- Sim, madame! (respondo eu).
- Estou muito curiosa para saber como é ser um jornalista documentando missões secretas!
- Ahhh! É... muito... fácil..., às vezes... difícil..., mas... sempre excitante... e inesperado... como agora!

Ela olha para mim! Ergue as sobrancelhas e comenta, para meu espanto:

- Está dizendo que me conhecer é inesperado... ou excitante?

- Hã...? Quê...? Não...! Digo...! Quer dizer...! Eu não disse que a senhora é excitante... (digo eu, quando percebo que as sobrancelhas dela novamente se ergueram, porque achou que minha observação agora era que ela não era alguém interessante). Quero dizer... a senhora é... uma pessoa... uma embaixadora...! Enfim...! Eu quis dizer que as missões são muito excitantes... e inesperadas..., e não... outra coisa... além disso!

- Então acha excitante ver a morte de pessoas durante missões militares? (indaga a embaixadora a mim para meu total desconserto).
- Matar...? Não... Não acho excitante a morte...! Eu sou da paz... e acho importante a vida... a beleza... a natureza...
- Bem! Senhora e senhores vamos nos sentar e discutir os detalhes da missão (interrompe o almirante, já me olhando de forma não muito agradável). Nosso tempo é muito curto! E vocês precisam se preparar para esta viagem!

O almirante senta-se numa das pontas da mesa. Sabino e Everardo aceleraram o passo e sentam-se juntos de um dos lados da mesa, restando-me a mim ficar ao lado da embaixadora e, por conseguinte, do outro lado da mesa. Mas eu achei melhor ficar na outra ponta da mesa. Não queria ficar tão próximo assim dela. A embaixadora aciona seu notebook e com isso o projetor de imagens é acionado, acertando diretamente meus olhos. O almirante pede para que eu saia dali:

- Fernando! Não seria melhor sentar-se ao lado da embaixadora para que você também possa ver o que ela tem para nos mostrar e para que todos nós aqui também possamos ver a imagem projetada na tela?

Com as mãos nos olhos, por causa da forte luz do projetor, me levanto dali.

- Ahhh...! Sim, senhor...! Tem razão...! Ao lado da embaixadora, né...? Certo...! (digo eu, todo atrapalhado).

Eu me levanto dali enquanto a embaixadora Chin-Mae sorri para mim. Ela digita a senha e procura as fotos de satélite da Coreia do Norte. Senti aquele incrível e maravilhoso perfume..., que imediatamente... me fez espirrar. Tenho rinite! Sou alérgico a perfumes femininos.

Apesar disso pude notar aquelas belas mãos, finas e longas que digitavam com suavidade o teclado, como se uma pianista estivesse tocando sua encantadora música. A voz daquela sereia oriental me enfeitiçou com sua presença. Ela agora começa a falar de como entraremos no país inimigo!

- Bem, senhores! Nenhum de nossos aliados poderá se posicionar no campo de batalha para atacar, antes de desligarmos a torre de transmissão norte-coreana (comenta ela). Se a frota aliada cercar a Coreia do Norte por todos os lados neste momento, isto será considerado pelo inimigo uma declaração explícita de guerra! Portanto, deveremos chegar ao centro do país inimigo e avisarmos nossos aliados que comecem o ataque.

- Onde fica a torre de transmissão que devemos atacar? (questiono eu, Fernando).

- É isso que lhes mostrarei agora! Existe um grande rio central na Coreia do Norte, o Taedong, que é a única forma de um barco penetrar até bem fundo no coração daquele país (informa Chin-Mae, à embaixadora). Mas existe um longo bloqueio de concreto que impede navios e submarinos de passarem por ali. É preciso ter autorização por escrito do exército local para entrar. Existe um apertado funil de passagem, com enormes portas de contenção, que impedem a passagem até que tudo esteja devidamente autorizado. Os soldados estarão muito bem armados por todos os lados e por toda a extensão da barreira de concreto existente. Não sei que tecnologia possibilitará que vocês possam entrar por aqui sem serem vistos. A não ser que possam voar ou ficarem totalmente invisíveis!?!?

Eu, Fernando, espirro novamente, por causa do perfume de Chin-Mae.

- Fique tranquila, embaixadora! Nós conseguiremos entrar sem sermos vistos (declarou com firmeza o almirante).

- Uma vez que consigamos passar por ali, o caminho estará aberto para a fase final da missão (continua ela). As principais cidades norte-coreanas ficam às margens deste rio de mais de quatrocentos quilômetros em que estaremos. Uma enorme quantidade de militares armados estarão espalhados pelas duas margens durante nossa passagem. Depois teremos que chegar até a primeira barragem, que fica a alguns quilômetros depois da cidade de Kanch’am. Mas aqui as águas começam a ficar muito rasas e barcos maiores poderão facilmente encalhar, destruindo a chance da missão dar certo.

- Isso também não será um problema, embaixadora. Nosso barco também é hovercraft e por isso pode flutuar sobre um colchão de ar, o que nos possibilita andar até mesmo sobre a terra plana (declara o almirante Figueiredo).

- Dali para frente somente á cavalo ou de moto até a região montanhosa onde se encontra a torre de ativação das armas nucleares que teremos que destruir! Porém o local é patrulhado por alguns militares armados. Perto da torre fica um posto fixo de guarda. Temos que eliminá-lo rapidamente para conseguirmos subir pela torre e destruir o dispositivo manualmente.

- Temos as motos no interior de nosso barco. Mas não seria melhor lançar um míssil diretamente na torre de transmissão sem que saiamos do interior do barco? (questiona Sabino).

- O local da torre é alto e encravado entre duas montanhas (declara a embaixadora). A torre foi posicionada de forma a ficar diretamente apontada para o gabinete do ditador Kim Jong-un. Especificamente nesta região, e apenas aqui, existem diversos sensores que detectam a presença de mísseis vindos nesta direção. Qualquer tentativa de explodir a torre desta forma detonaria o lançamento do foguete nuclear contra os Estados Unidos. Precisaremos desativar o dispositivo manualmente.

Agora o telefone celular da embaixadora toca um conhecido sambinha brasileiro. Ela sorri docemente para nós e comenta:

- Adoro o samba brasileiro!

Chin-Mae retira o telefone de sua bolsa e observa o visor. Logo a seguir nos declara:

- Desculpe-me! Esta é uma ligação que tenho que atender. Há algum local mais reservado que eu possa ficar?

- Vá até a recepção e meu assessor abrirá a porta de uma saleta lateral (comenta o almirante já se levantando de sua cadeira e caminhando até a porta de sua sala. Ele a abre e aponta para a porta da outra sala lá fora). Fique à vontade ali, embaixadora.

Eu, Fernando, espirro mais uma vez.

- Com licença! (diz ela saindo de nosso ambiente).

O almirante olha diretamente ao seu assessor lá fora e com um gesto de mão diz a ele para abrir a saleta para a Chin-Mae. Não posso deixar de detalhar com meu olhar toda a silhueta escultural daquela linda oriental. Minha mente agora navega juntamente com o movimento dos quadris daquela mulher com quem ficarei horas e horas nos próximos dias. Será muito difícil me concentrar em minha ética e profissionalismo.

- Sabino! Aqui no ponto de desembarque, o caminho que a embaixadora propõe tem aproximadamente dez quilômetros de distância (informa Everardo). Se nós fôssemos de moto pelas estradas da região atravessando a ponte sobre o rio, e depois as estradas até próximo à torre de transmissão, andaríamos apenas uns oito quilômetros e poderíamos rebocar o soldado-aranha atrás da moto, como o Fernando fez em Tabatinga.

Neste meio tempo o general volta para a mesa, já prestando atenção à conversa dos dois cabos.

- Tem razão, Everardo! (concorda Sabino). Mas mesmo assim a distância seria grande. É provável que as baterias do soldado-aranha não aguentem tanto tempo! Teremos que levar por segurança uma bateria adicional!

- É uma boa ideia, Sabino. Se tivéssemos também uma arma leve, como o canhão eletromagnético de nosso barco, não precisaríamos escalar a torre de transmissão. Bastaria atirar contra ela com esta arma e assim teríamos destruído o circuito do tal dispositivo. Um trabalho rápido, fácil e discreto, já que tal arma não faz um barulho muito alto. É apenas um baixo zunido!

- Que bom que comentou sobre a necessidade dessa arma, Sabino! (declara o almirante). Por coincidência acabamos de desenvolver algo deste tipo que será instalado no soldado-aranha. Mas já que precisa dele agora, terá que instalá-lo você mesmo durante a viagem. Não teremos tempo de fazê-lo e testá-lo antecipadamente. O barco não parará até chegar à Coreia do Norte!

- Esta arma já foi testada, senhor? (indaga Everardo).

- Sim. Ela funciona numa distância limitada, cabo! (declara o almirante). Eu pedirei que nossa equipe, de trabalhos externos, leve este e outros materiais e dispositivos novos até o barco invisível, quando da passagem dele por Manaus. Os soldados ficarão a bordo da embarcação até o encontro com vocês perto da foz do Rio Amazonas, no Pará! Assim eles adiantarão a instalação de algumas dessas novidades para a viagem.

- Ótima ideia, senhor! (declara Sabino).
- Mais uma coisa, pessoal! (informa agora o almirante). Dois espiões norte-coreanos tentaram invadir nossa base secreta de controle do barco invisível. Um foi morto e o outro capturado. Ele está sendo interrogado neste momento. Queremos saber como eles descobriram a localização de nossa base. Mas uma coisa nós já sabemos! O país deles sabe da existência do barco invisível e que estamos a caminho da missão nuclear.

- Droga! Isso não é nada bom! (declaro eu, Fernando). Nossa missão pode já estar comprometida!

Agora a embaixadora entra novamente em nossa sala e comenta:

- Senhores. Tenho péssimas notícias! A Coreia do Norte está mobilizando todo o seu exército, marinha e aeronáutica para a guerra. China, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos estão prevendo que em quinze dias, no máximo, um conflito armado poderá se iniciar em todas as fronteiras terrestres e náuticas. Mas desta vez não seremos nós que a provocaremos. A missão pode não ser mais viável depois disso. Temos que chegar lá antes do início de tal conflito generalizado.

- Com a propulsão normal não conseguiremos chegar antes disso! (declara Sabino).

O almirante Figueiredo pensa um pouco sobre o assunto e demonstra não querer falar sobre o que irá dizer, mas ele agora não tem mais escolha. A situação exige medidas drásticas:

- Madame! Temos uma forma de reduzir muito o nosso tempo de chegada até a Coreia do Norte (comenta o almirante). Nosso barco tem um foguete instalado na parte traseira que pode nos impulsionar em altíssimas velocidades! Assim chegaríamos em poucas horas até a zona de conflito.

- Que bom, almirante! (alegra-se a embaixadora). Isso seria decisivo para que possamos evitar o pior! Assim não precisaremos mais que as marinhas e exércitos aliados permaneçam escondidos, já que a ameaça está vindo diretamente de Kim Jong-un. Podemos colocar nosso plano original em prática, cercando militarmente os norte-coreanos sem que eles desconfiem de uma invasão ao território. Se o que o senhor está sugerindo for mesmo possível, poderemos ainda salvar a missão!

- Senhor! Ainda não testamos o suficiente o sistema de empuxo por foguete! (declara Everardo). Ele poderá se superaquecer e explodir, matando todos nós e destruindo a chance de evitarmos o conflito na região asiática.

- Eu sei disso, cabo! (confirma Figueiredo). Mas se as coisas estão saindo do controle na região, temos que chegar até lá antes do prazo combinado. Além do mais existe um vazamento de informações secretas, que não sabemos qual é a origem. Se o foguete funcionar bem no Oceano Pacífico, por algumas horas seguidas, reduziremos nosso tempo e surpreenderemos até mesmo nossos aliados, o que nos colocará em vantagem contra os norte-coreanos! Quando eles fecharem suas portas para o mundo exterior, já estaríamos lá dentro como se fôssemos a vacina contra a doença ditatorial!

- Vale à pena tentar! (declara Sabino).
- Eu discordo! (negativa Everardo). Não temos garantias de que teremos sucesso com isso! O risco é grande demais para nós!
- A região asiática está correndo um risco muito maior do que o nosso, cabo! (relembra o almirante). Se pudermos surpreender a todos, aliados e inimigos, poderemos evitar o pior para milhões de pessoas.

Everardo pensa um pouco sobre o assunto e declara:

- Tudo bem! Mas teremos que monitorar o funcionamento do foguete segundo a segundo. Caso algum parâmetro saia fora de controle eu desligarei imediatamente todo o sistema. Enquanto estiver funcionando tudo irá vibrar e chacoalhar! E você, Sabino, terá que fazer as outras melhorias sozinho, enquanto estivermos em alta velocidade. Será pior do que estar em um ônibus desgovernado em alta velocidade correndo pelas ruas esburacadas de uma cidade. Não será fácil para você trabalhar nestas condições.

- É! Eu já imaginava isso! Mas podemos acionar o outro sistema secreto e evitar tal coisa (sugere Sabino). Estaríamos suavemente atravessando o oceano.

- Ahhh não! Testar dois novos dispositivos juntos, que nunca foram postos a prova, por horas seguidas conosco lá dentro... Isso já é demais!
- Pense positivo, Everardo! (sugere Sabino). Se alguma coisa sair muito errada, nem saberemos que morremos! Será tudo muito rápido.
- Se isso é uma tentativa de me deixar melhor... não está dando certo! (declara Everardo).
- De quanto tempo estamos falando em ganhar com o uso destes novos dispositivos? (indaga a embaixadora).

Marcelo Henrique
como jornalista Fernando Dias

Andréia Mayumi
como Embaixadora Chin-Mae

- Isso dependerá de quanto tempo pudermos manter todo o sistema funcionando...! (informa Everardo). Poderemos manter velocidades superiores a quinhentos quilômetros por hora. Portanto, a cada hora, com tudo ligado, reduziremos entre quatro a seis horas nossa viagem, se o vento estiver a favor!

- Bem, senhores! Está decidido! (decreta o almirante). Ponham em ação nossas tecnologias ainda não testadas e monitorem estes resultados bem de perto. Quero relatórios a cada seis horas durante toda a viagem. Mais uma coisa! Façam uma lista individual de tudo o que acreditam que necessitarão durante esta viagem e também para a realização da missão em território inimigo! Não exagerem nos pedidos porque não há muito espaço interno disponível na embarcação! Isso vale para a senhora também, embaixadora! Quero a lista de todos os tripulantes o mais rapidamente possível, senhora e senhores. Temos que transformar tudo isso em realidade nas próximas horas. Sabino e Everardo! Lembram-se daquele descanso que prometi antes desta missão?

- Sim, senhor! Estamos realmente precisando relaxar um pouco! (responde Everardo).
- Esqueçam! Vou pedir para o comandante Severo para aumentar a velocidade média de nosso barco para adiantarmos todo o nosso cronograma. Se ninguém tem mais nenhuma dúvida... considerarei encerrada esta reunião...

Como nenhum de nós se pronuncia, o almirante “bate o martelo” sobre o assunto. Mas antes ele comenta a respeito de três pequenas caixas que estão sobre a mesa de reunião.

- Senhores! Antes de partirem, tenho algo a lhes dar. Tenho aqui três medalhas, que vocês, Fernando, Sabino e Everardo conquistaram por terem completado a missão com bravura, profissionalismo e capacidade de improvisar diante de circunstâncias adversas. Suas atitudes, durante a missão-fantasma, demonstraram que são as pessoas certas para a realização da próxima e mais perigosa missão.

Ele então oferece as três caixas a nós. Eu a abro e vejo em seu interior uma linda medalha com a imagem metálica do barco invisível em alto relevo, estilizada e na cor dourada.

- Ahhh! Obrigado, general! (declaro eu, Fernando). Agradeço o presente!
- Não é um presente, Fernando! Esta medalha é por merecimento! Sem vocês, que estavam no interior do barco a missão anterior não poderia ter sido completada.
- Obrigado, almirante! (comentam os dois cabos, o Sabino e o Everardo).
- Muito bem, então! Boa sorte a todos nós em nossa missão nuclear (deseja o almirante Figueiredo).

Ao dizer isso ele se levanta de sua cadeira, assim como todos nós. Agora o idoso militar dirige-se diretamente à embaixadora da Coreia do Sul, que já estava de pé ali ao lado.

- Madame! Não sei quais serão suas expectativas de disponibilidades dentro de nosso barco de guerra, mas quero adiantar que não temos ali muito espaço disponível, nem guarda-roupas exclusivo, nem banheiro feminino privativo, o chuveiro é coletivo e o quarto também. Além disso, temos pouca disponibilidade de água potável a bordo, o que limita o tempo dos banhos! Não temos máquina de lavar roupas ou varais para secá-las. Temos a bordo apenas uma tábua de passar roupas, que é comunitária e pequena. Além disso, temos uma grande limitação de espaço físico para andar por lá. Tomar sol é proibido, já que a embarcação é totalmente fechada, mas o ar condicionado funciona muito bem! Também aconselho a senhora a evitar o uso de perfumes e cremes com fortes odores, porque já percebemos que seu cicerone é alérgico aos bons odores.

- Almirante! Sou uma pessoa de origem simples! Vivi nas ruas quando criança e comi o pouco de comida que conseguíamos. Sempre fui muito pobre. Mas um dia a sorte me ajudou, pude estudar muito e consegui em fim este emprego aqui no Brasil como embaixadora. Não tenho problemas em viver com pouco luxo! Não sou claustrofóbica e conviverei bem com seus rapazes durante a viagem. O importante é impedirmos o holocausto nuclear em meu país e em nossos vizinhos. Todo o restante é temporário e suportável.

- Que bom ouvir isso da senhora! Porque não será nada fácil tornar tudo isso possível. Agradeço a compreensão!
- Almirante! Quero pedir apenas uma coisa!
- Diga, madame! Farei o possível para lhe atender.

- Almirante! Quero o mínimo possível de mortes entre os norte-coreanos. Eles são parte de nosso povo, que foi separado de nós por causa de uma guerra sangrenta e sem sentido no passado. Depois dessa missão voltaremos a ser uma única nação.

- Madame! Nenhuma guerra faz sentido! Mortes serão inevitáveis num conflito como este!

- Almirante! A maioria dos militares norte-coreanos são pessoas simples, fazendeiros, jovens, mulheres, velhos e alguns doentes. Esse povo, totalmente destreinado, apenas segura armas sem balas. Muitos nem sabem atirar. E talvez muitos nem saibam que suas armas são falsas. Eles são obrigados a servir ao governo e não estão ali para guerrear. Estão ali apenas para fazer número. Criando uma guerra, Kim Jong-un, o ditador, deseja apenas aumentar o número de baixas de ambos os lados durante um conflito armado. Ele já declarou certa vez que precisa apenas que trinta por cento da população norte-coreana continue viva para poder servi-lo! O número de pessoas cresceu demais nos últimos anos. Isso atrapalha os objetivos ditatoriais. Com um número menor de pessoas fica mais fácil conter revoltas populares. E se a maioria desse povo já faz parte da folha de pagamento governamental, então fica tudo sob controle! Se houver um conflito dentro de seu país, o governo espera que muitos de seu povo sejam eliminados. Mas ele lutará contra os invasores usando bombas convencionais e nucleares. Kim Jong-un é tão cruel que poderá atirar contra seu próprio povo, se isso matar também os inimigos invasores. Os verdadeiros militares bem treinados que servem a ele são poucos e o protegerão com a própria vida se for necessário. Por isso, peço-lhe novamente que poupe ao máximo a vida das pessoas. Mesmo a vida daqueles que se pareçam e se vistam como militares inimigos!

Consternado com o cenário apresentado pela embaixadora sul-coreana no Brasil, Figueiredo compreende a preocupação dela em reduzir ao mínimo as mortes durante o conflito. Mas conseguir fazer tal coisa em tempo de guerra e conflitos armados torna-se uma missão quase impossível!

- Faremos o que pudermos, senhora! Avisarei meus comandantes militares para agirem com o máximo de cautela!

Embaixadora! Existe alguma forma de dizermos a este povo para largarem suas armas durante o conflito? Ela pensa um pouco sobre o assunto e declara ao almirante que a indagou:

- Se pudéssemos desativar a torre de transmissão e a seguir eliminarmos a guarda pessoal de Kim Jong-un para o pegarmos vivo, Poderíamos mostrar ao povo que ele não manda mais no país... talvez conseguiríamos dizer a todos que o medo acabou... que a tortura não será mais usada... que a época de violência chegou ao fim...! Mas acho que isso seria bom demais para ser verdade.

- Continue acreditando nisso, madame. Vou falar com os outros aliados para localizar o líder norte-coreano.

Quem sabe possamos conseguir o seu milagre e evitarmos tantas mortes! Afinal de contas, a União Soviética se desintegrou
em diversas outras repúblicas menores e nenhum tiro foi disparado!

- Se o senhor conseguir reduzir ao máximo o número de mortos neste conflito eu poderei chorar de felicidade, apenas por isso!
- A sua lista de necessidades, madame, é a melhor de todas: a cabeça do ditador sem uma gota de sangue do povo! (comenta o almirante). Quem sabe nós conseguiremos tudo isso para a senhora e seu povo!

Ela sorri, agradece com um longo movimento afirmativo de cabeça, acompanhado de uma pequena inclinação frontal de sua coluna na direção de Figueiredo. Um gesto tipicamente oriental.

- Obrigada, almirante! Sua equipe e seu povo serão eternamente lembrados no dia em que todos os coreanos se unirão novamente numa única nação!

Todos nós agora saímos da sala para ir a um hotel reservado aqui mesmo em Brasília. Mas o almirante me chama antes que eu saia:

- Fernando! O que está acontecendo?
Eu estranho a pergunta e o indago de volta:
- Não está acontecendo nada, senhor!
- Você está agindo de forma estranha! Aconteceu alguma coisa de diferente com você!
- Do que especificamente está falando, almirante?
- Seu comportamento, rapaz! Está agindo como se estivesse com medo da embaixadora!
- Medo...? Eu...? Senhor... enfrentei dezenas de traficantes que atiravam em mim o tempo todo! Os cinco avatares e o computador do barco invisível queriam me matar quando o sistema deu defeito! Estou indo em direção a um conflito nuclear! Como posso estar com medo de uma embaixadora coreana?

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- Fernando! É normal um jovem de trinta anos ficar meio... incomodado... diante de pessoas poderosas como eu e a embaixadora. Mas preciso do Fernando que conheço para encarar de frente esta nova missão! Preciso do jornalista profissional que participará de um momento único na história humana. Preciso que olhe para a embaixadora como um homem... e não como uma mulher! Trate-a bem. Atenda às necessidades que ela eventualmente terá dentro daquele barco apertado. Eu sei que a privacidade individual será complicada para todos vocês pelos próximos dias! Mas pense que isso tudo é algo pequeno, diante da possibilidade de uma bomba nuclear explodir naquela região do mundo, uma das mais populosas, inclusive! Encare tudo isso como um grande trabalho a ser feito. Eu sei que você poderá fazer melhor do que me mostrou hoje aqui.

- Sim, senhor! Farei o possível para ajudar a embaixadora e nas horas vagas farei meus relatórios de trabalho.
- Faça isso, Fernando! Quero também que finalize o documentário sobre a missão anterior durante esta viagem!
- Fique tranquilo, senhor! Meu trabalho será finalizado ainda na viagem de ida para a Coreia.

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