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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III
CAPÍTULO XV
ENTREVISTA COM O DEMÔNIO
Está acontecendo mais uma sessão no plenário da câmara dos deputados! Estão todos discutindo, antes da votação final, um tema de grande relevância para a sociedade brasileira: "O aumento de salário dos parlamentares". A discussão é se o aumento seria de cinquenta ou setenta por cento! A maioria quer setenta por cento, mas o governo é contra, diz que não é possível dar aumento tão expressivo! O orçamento da união não comportaria tanto! Nos bastidores uma repórter de TV, Ângela Jonas, está cobrindo a matéria.
- Estamos aqui ao vivo na câmara dos deputados em Brasília, acompanhando a cobertura da votação sobre o aumento do salário dos deputados. Lá fora nas ruas a população tenta invadir esta casa, mas está sendo barrada pela segurança! Aqui dentro as discussões estão acaloradas. O debate prossegue! Os líderes estão tentando convencer seus partidários a aceitarem o aumento de cinquenta por cento e mais vinte por cento no ano que vem, quando um novo orçamento será votado! Mas a maioria é contra!
Inesperadamente um dos deputados cai ao chão! Os outros, que estavam ao seu redor, tentam ajudar! A repórter da TV percebe o problema e continua a reportagem:
- Um momento...! Um momentinho...! Um deputado caiu ao chão...! Todos estão em polvorosa...! Alguns estão acenando, pedindo que chamem os médicos da câmara para atendê-lo, mas... um momento...! Outro deputado também cai agora ao chão...! E mais um...! Algo estranho está acontecendo. Continue filmando aí, Gustavo! (diz ela ao cameraman e logo depois a repórter desaparece).
Ângela Jones correu para o plenário para acompanhar de perto a situação! Com o microfone nas mãos a repórter aproxima-se de um dos deputados que está no chão. De repente algo chama a atenção de todos no local. O fantasma apareceu sobre o palco, diante do presidente da sessão que agora também desfalece diante da visão de um ser tão horrendo e perigoso. O fantasma se vira de frente agora para o plenário e declara:
- A corrupção e a impunidade chegarão ao fim! Não há mais como escapar de minha maldição! Todos os culpados irão pagar com a vida!
A repórter não perde tempo e corre até o palco com o microfone apontando na direção do fantasma:
- Senhor...! Por favor...! Uma entrevista...! De onde o senhor vem...?
O fantasma abaixa a cabeça e olha direta e assustadoramente na direção da corajosa mulher.
- Eu sou o representante da consciência de todos que não suportam mais aqueles que não representam a maioria da chamada espécie humana!
A repórter olha de lado e percebe que os seguranças do plenário vêm correndo na direção do fantasma. Ela olha de volta ao fantasma para uma nova pergunta, mas o fantasma já não está mais ali. A mulher faz uma expressão de decepção para o fim repentino da entrevista. Ela agora se volta em direção a um dos deputados caídos.
- O deputado está bem? O que aconteceu?
- Ele está morto! (declara um médico que acabara de chegar e checar a situação deste idoso homem).
O médico corre para ver o outro ali ao lado e o diagnóstico é o mesmo! A cena se repete e para todos que cairiam, incluindo o presidente da sessão, o óbito é a sentença. A repórter, antes de continuar falando, nota que ao lado de cada corpo existe um copo de água derramado ao seu lado. Ela estranha a coincidência! Agacha-se e pega um daqueles copos para análise da amostra do líquido. Ela aproxima o copo de seu nariz e não sente nenhum odor estranho! A moça se levanta, mantendo aquele copo numa das mãos, o microfone na outra e continua a reportagem olhando para cima em direção à câmera de sua TV.
- Acabamos de testemunhar ao vivo a morte de quatro deputados, incluindo o presidente da sessão! A entrevista com o fantasma foi... fria... assustadora...! E apesar de estar tremendo inteira eu consegui este furo de reportagem exclusivo. E... eu acredito... (diz ela olhando de frente para o copo que está em suas mãos), que em breve... terei mais notícias sobre a origem real deste fantasma! Maria Jonas ao vivo da câmara dos deputados!
Sérgio, invisível, percebe que a garota pode estar prestes a descobrir por que morrem aqueles que ele vem matando. Ela acelera o passo para se reencontrar com o seu cameraman que ficou lá em cima gravando as imagens. O androide Sérgio também acelera o passo e a acompanha de perto para saber o que ela planeja.
- Vamos lá, Valdir! (convida ela o cameraman). Acho que eu tenho uma boa pista de como os políticos estão morrendo! (comenta ela, mostrando o copo de plástico ao colega de trabalho).
Os dois saem do local público e entram no carro oficial da rede de TV. Ela atrás e o cameraman na frente, ao lado do motorista! De repente a porta traseira do outro lado se abre, o assento se afunda e a porte novamente se fecha. O fantasma aparece ali olhando para ela.
Assustada a moça pega novamente o microfone para continuar a entrevista, mas ele a impede com palavras, enquanto os dois homens sentados nos bancos da frente se apavoram!
- Ai, meu Deus!
- Fiquem todos calmos e quietos...! Não vim aqui para dar entrevistas...!
- O que quer, então? (indaga Ângela preocupada).
- O que pretende fazer saindo daqui?
- Como assim?
- Por que acha que este copo lhe dará alguma resposta sobre minhas ações?
- Não acho...! Estou pesquisando para saber como estão morrendo as pessoas que você anuncia que morrerão!
- Para quê? Não está satisfeita com a morte de pessoas corruptas e que sempre roubaram este país?
- Não estou aqui para julgar! A minha função é pesquisar, levantar informações verdadeiras e informar as pessoas!
- Então..., se nada encontrar neste copo... dirá a verdade ao público?
- Claro que sim! Do contrário eu não seria uma boa repórter...!
- Muito bem...! Neste caso...! Você pode levar este copo para análise!
- Por que está fazendo isso..., senhor fantasma?
- Porque desde que a democracia foi inventada poucos ou ninguém se prontificou a eliminar do poder aqueles que o destroem!
- Para quem você trabalha?
- Como eu disse antes... não vim aqui para dar entrevista...!
Agora ele desaparece enquanto abre a porta do carro e sai dali, fechando-a novamente!
- O que foi isso? (indaga Ângela ao motorista e ao cameraman Valdir).
- Isso... é uma informação exclusiva que mais nenhum repórter brasileiro tem!!!! (informa Valdir).
- Não...! Não foi isso que eu perguntei...! Quero dizer...! Por que um fantasma precisaria abrir a porta e sair do carro...? Se ele fosse de verdade, não bastaria... simplesmente... desaparecer...?
Valdir e o motorista se entreolham e entendem o ponto de vista dela, que continua sua avaliação sobre o que acontecera:
- E por que um fantasma se importaria com o que eu vou fazer com este copo? Talvez ele deseje que seu... "trabalho...", seja divulgado adequadamente...! É um marketing...!!!! Ele precisa do marketing entre os políticos e a população...! Então..., provavelmente, ele represente alguém...! Aquele que realmente está por trás destes assassinatos...!
- Calma aí, Ângela! (requisita Valdir). Está fazendo muitas deduções sobre pouca coisa...!
- É a partir de uma dedução que podemos, nós repórteres, correr atrás das provas que confirmem as nossas desconfianças...! Vamos voltar logo para o estúdio, Beto! (fala ela ao motorista, que liga o carro e acelera indo embora dali).
CAPÍTULO XV
ENTREVISTA COM O DEMÔNIO