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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
INIMIGO OCULTO

CAPÍTULO XXIV
A REPÓRTER É A NOTÍCIA

CAPÍTULO XVIII
MORTE NA ALDEIA

CAPÍTULO II
POSSE CIBERNÉTICA PÚBLICA

CAPÍTULO XXV
BALAS POR ARMAS

CAPÍTULO III
REUNIÃO DE GUERRA

CAPÍTULO XXVI
FAMÍLIA EM PÂNICO

O barco invisível brasileiro segue rio acima e encontra mais destruição perto da cidade de São Gabriel da Cachoeira:

-
Soldado Ricardo! O que é aquela fumaça vinda do meio do mato? (indaga o comandante Severo).

Ricardo dá um zoom com a lente do Satélite aproximando assim a imagem. Agora todos percebem o que aconteceu:

-
Senhor! Era uma aldeia indígena! Aparentemente estão todos mortos neste lugar! (comenta o soldado Ricardo).

Percebem todos que muitos dos mortos apresentam sinais de tiros no corpo de onde o sangue escorre até o solo da floresta. As imagens mostram índios, índias, crianças e animais domésticos mortos no local. As residências de palha e folhas foram queimadas! Não restou nada no lugar!

-
Quem faria uma coisa destas? (indaga a major Margarida, horrorizada com a cena).
-
Parece que trouxemos uma guerra sem-fim para esta região! (sugere Severo). Por nossa causa todos os moradores daqui pagarão um alto preço!
- Senhor! Não poderíamos prever que isso tudo aconteceria desta forma! (declara Sabino observando também as imagens que assiste na própria cabine de controle).
-
Deveríamos ao menos ter imaginado a possibilidade... e procurado evitar que isso acontecesse! (comenta o comandante Severo). Vou avisar a FUNAI sobre isso! Mostre-me as coordenadas deste lugar, piloto. Pedirei que venham até aqui para avaliar a situação.
-
Espere um momento! (requisita João, responsável pelas câmeras externas da embarcação).
-
Tem alguém escondido no meio do mato...! Está totalmente imóvel...! É uma criança, senhor...! Uma indiazinha...!
-
O que faremos agora, senhor? (indaga a piloto e major Margarida). Ela poderá morrer sozinha na selva! É muito pequena!

O comandante Severo pensa um pouco sobre o assunto e toma uma decisão:

-
Fernando! Vá lá fora e traga esta garota para dentro de nosso barco!
- Por que eu, senhor? (indago eu, Fernando). Não sou bom com crianças!
-
Você não é militar ou guerrilheiro! A menina lá fora está assustada e talvez até mesmo em estado de choque! Sabe-se lá o que ela deve ter presenciado naquele lugar. Você é um pouco ingênuo, de aparência confiável e calmo! Crianças são espertas e eu acredito que ela saberá ver algumas destas coisas em você. Traduzindo: é possível que ela confie mais em você do que em Sabino ou Everardo!

-
Concordo com o senhor, comandante! (declara a voz feminina da inteligência artificial). Acho que ele deve levar também o filhotinho de onça numa coleira! A menina pode ser seduzida por isso e acompanhar Fernando de volta até aqui.

-
Boa ideia, computador! (concorda o comandante). Cabo Everardo! Leve um soldado-aranha logo atrás do Fernando! Não sabemos que perigos pode ainda haver lá fora!
-
Não há ninguém lá fora além da pequena indiazinha, senhor! (informa o soldado Ricardo, responsável pelas imagens de satélite).

-
Tudo bem! Mesmo assim vamos proteger Fernando de qualquer eventual ameaça! Cineasta! (chama Severo ao soldado Carlos, responsável pelas imagens de vídeo projetadas na estrutura externa da embarcação invisível). Temos alguma imagem infantil para deixar a nossa futura visitante mais alegre?

-
Hã...! Mais ou menos, senhor...! (responde Carlos).
-
O que isso quer dizer, soldado! É um sim ou um não? (indaga o comandante).
-
Podemos chamar a dança do ventre de algo infantil, senhor?
- Claro que não, não é soldado?


-
É que neste banco de vídeos não temos nada... especificamente infantil! Talvez eu possa mostrar a ela a mesma sereia amarela que voa como um anjo. Nós mostramos esta imagem para o Fernando quando ele nos viu pela primeira vez! (sugere Carlos).

- Está dizendo que me enganou como se eu fosse uma criança? (indago eu ao soldado Carlos, que acha graça da brincadeira).

-
Tá...! Vamos tentar esta imagem (concorda o comandante). Se enganamos um jornalista podemos enganar uma criança também. Libere a imagem na lateral esquerda da embarcação, assim que Fernando trouxer a menina mais para perto de nós. Piloto Margarida! Acione o sistema hovercraft e pouse de lado naquela pequena praia ali na margem esquerda!

-
Sim, senhor!

A embarcação aproxima-se lentamente da margem do rio com o sistema hovercraft acionado e o barco, ainda invisível pousa suavemente erguendo pó e água para todos os lados. A porta da lateral esquerda se afunda na estrutura e desliza para dentro. Os degraus se articulam para fora, se rotacionando até ficarem paralelamente posicionados criando uma escada de acesso à praia. Eu, com um filhote de onça no colo e usando o sistema de comunicação auricular, desço pelos degraus, atento aos perigos da floresta amazônica.

Do segundo andar também se abre a porta de acesso do soldado-aranha. Em poucos segundos o enorme robô invisível também está ali na praia! Nós dois começamos a andar na direção da aldeia indígena. Por rádio o supercomputador me informa sobre a direção a seguir. Rapidamente chego ao local da chacina! Estou horrorizado! Há muito sangue espalhado! Moscas, formigas e outros insetos que estão sobrevoando os corpos caídos por ali. O filhote está agitado em meu colo! Ele parece sentir o cheiro da morte ao nosso redor. Continuo caminhando entre os mortos. Ouço o som de alguma coisa se mexendo na mata.

-
Fique calmo, Fernando! (aconselha-me por rádio a voz feminina do supercomputador). São macacos e outros pequenos animais que também sentiram o cheiro dos mortos! Eles irão se alimentar assim que você e a indiazinha saírem daí.

Eu me aproximo cada vez mais do local ligeiramente escondido onde a pequena órfã se encontra! Sob um tronco caído de árvore, sentada no chão e toda encolhida a menina está com a cabeça coberta pelos próprios braços e mãos que afagam seus cabelos, numa tentativa solitária de acalentar a própria alma, diante de um choro silencioso e sofrido.

Eu a vejo, me agacho, mas ela nem me percebe, entregue que está ao seu próprio desespero! Libero no chão o filhote de onça, que imediatamente reconhece na indiazinha a mesma dor que ele também sente, porque perdera a única família que ele conhecia: a própria mamãe onça! A menina, ao sentir o toque quente e macio dos pelos do animal, toma um susto, que rapidamente se transforma em carinho mútuo.

Ela o pega nos braços e o abraça forte. Por alguns segundos tive a impressão de que ambos choravam juntos as suas perdas! A menina abre lentamente os olhos e agora me vê agachado no chão e segurando a cordinha que está presa no pescoço do animal que ela agarra.

Eu sorrio levemente de volta, porque o momento não é de alegria, mas sim de muita tristeza. Apática, a pequena órfã não parece se assustar com a minha presença! De fato, pareceu-me estar ela vendo através de mim, como se eu fosse invisível!

- Você está bem? (indago eu a ela, que não emite nenhuma resposta). Eu sou jornalista e encontrei este filhotinho ao lado da mãe que também foi morta!

Ela esboça um olhar de pena ao filhotinho, o que me indica que ela deve entender o que eu digo.

- Preciso de ajuda para cuidar dele! Não entendo nada de onças! Você entende?

A menina balança a cabeça negativamente de forma lenta, confirmando que entende o que eu digo!

- Você fala a minha língua?

Ela balança novamente a cabeça, agora concordando!

- Estou viajando num barco invisível ali no rio e...! (digo eu enquanto noto que ela arregala os olhos). Não está acreditando que eu tenho um barco invisível?

A indiazinha balança negativamente a cabeça.

- Eu preciso levar este filhotinho para um lugar onde ele possa ser bem tratado para que possa retornar forte e grande para a floresta onde ele viverá para sempre no futuro. Quer me ajudar a levá-lo para este lugar?

A garota se arrasta dali debaixo para fora e fica de pé com o filhotinho de onça no colo. Ela para ao meu lado olhando para mim. Percebo que ela concordou em me acompanhar. Levanto-me dali e começo a andar de volta para o rio. A menina me acompanha de perto.

-
Parabéns mais uma vez, Fernando! Você decididamente será um bom pai! (informa a inteligência artificial, falando pelo meu dispositivo auricular).

Eu caminho pelo meio da aldeia onde alguns animais, como roedores, lagartos e aves estão sobre alguns corpos dos índios da tribo. Olho para a menina que não parece estar vendo o mesmo que eu. Estou horrorizado com a cena, mas ela parece não ver o que está acontecendo. De repente ela olha de lado e vejo que ali está o soldado-aranha invisível. Sei disso por causa das marcas das pegadas das seis patas mecânicas que ele deixa no solo quando anda.

- Ahhh! Este é meu amigo invisível! Ele me protege quando alguma coisa está errada!
- O que é ser invisível? (indaga ela, falando-me pela primeira vez).
- Ahh! Você fala a minha língua...! (digo eu a ela, parando de andar e me agachando ao lado da pequena pouco falante). Ser invisível é quando você sabe que tem alguma coisa ali, mas não pode ver tal coisa. Entende?
- Para mim tudo é invisível! Não enxergo nada!

O que ela disse me chocou...! Fiquei paralisado ao saber de algo que eu não tinha percebido...! Balancei minha mão de um lado para o outro diante dos olhos dela...! Nenhuma reação...!

- Como você estava me seguindo se não está enxergando?
- Você estava me puxando... eu só andava!

Fiquei muito chateado ao saber disso...! Fui negligente com ela...! Estava puxando-a como se fosse um animal pela corda..., sem me preocupar com o estado geral de saúde da criança...! Eu a pego em meu colo, enquanto ela carrega também a oncinha no dela...! Acelerei meus passos para chegar rápido até o barco invisível! Os pequenos animais, que estavam já se alimentando sobre os corpos dos familiares indígenas, agora fogem rapidamente dali. Passo acelerado por todos eles... Chego até a embarcação militar e subo as escadas correndo!

- Preciso de ajuda...! Preciso de ajuda...! (digo eu, desesperado com a situação dela).
-
Calma, Fernando! Não temos um médico a bordo! (declara a inteligência artificial). Mas eu tenho diversos conhecimentos nesta área que podem ajudar com os conhecimentos básicos de Sabino e Everardo!

Eu a levo até o quarto e a coloco deitada sobre o beliche.

-
Qual o seu nome? (indaga a inteligência artificial).
- Poti!
-
Há quanto tempo você não enxerga, Poti? (indaga voz feminina do supercomputador).
- Desde que mataram todos de minha tribo!
- Eles lhe fizeram algum mal? (indago eu, Fernando).
- Mataram a minha família!
-
O Fernando quer saber se tocaram em você? (indaga a inteligência artificial).

Ela balança a cabeça negativamente! Neste momento chega Everardo no quarto com um kit de primeiros socorros!

- Preciso de espaço para examiná-la, Fernando! Não cabemos nós dois ao mesmo tempo entre os beliches!

Saio acelerado dali liberando o diminuto espaço para ele, que abre o kit e retira uma pequena caneta em forma de lanterna. Everardo acende a luz e a joga nos olhos dela!

- Está enxergando esta luz?

A indiazinha balança a cabeça negativamente. Everardo olha para mim de volta e sai do quarto para me falar em particular!

- Eu não sou especialista e nem médico, mas... me parece que ela está sofrendo de algum trauma psicológico por ter visto toda a família e a tribo morrer em mais um ataque brutal dos guerrilheiros!

- E o que faremos agora? (indago eu).
- Temos que levá-la o mais rapidamente possível a um médico pediatra e talvez a um psicólogo! (responde Everardo).
- E onde no meio da floresta amazônica encontraremos um médico de crianças? (indago eu, já nervoso com tudo isso).
-
Manaus! É o único local onde existe um médico confiável neste momento! (fala a doce voz feminina do supercomputador).
-
Temos que primeiro salvar o sargento Pedro (comenta o comandante Severo).
-
Fernando! Você terá que cuidar de dois filhotes agora! (comenta a inteligência artificial).
- Eu?!?! Não é possível! Não posso fazer o meu trabalho, cuidar de um filhote de onça e de uma criança doente! Sou jornalista!
-
Você se sairá bem, Fernando! Eu posso ajudá-lo enquanto administro a missão junto com o restante da equipe!
- Como irá me ajudar? Dando dicas e sugestões?
-
Isso mesmo!
- Estou ferrado!

CAPÍTULO IV
PEDRO E O LOBO

CAPÍTULO XXVII
LAR DAS ONÇAS

CAPÍTULO V
FANTASMA URBANO

CAPÍTULO XXVIII
O INFERNO CONTRA-ATACA

CAPÍTULO VI
PIRATAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XXIX
ATAQUE AO LITORAL

CAPÍTULO VII
ENTRANHAS DO PODER

CAPÍTULO XXX
NOVOS POLÍTICOS

CAPÍTULO VIII
FRONTEIRAS DA GUERRA

CAPÍTULO XXXI
LEMBRANÇAS ANTIGAS

CAPÍTULO IX
BALAS ASSASSINAS

CAPÍTULO XXXII
O DONO DO INFERNO

CAPÍTULO X
FICHA LIMPA OU ROUPA SUJA

CAPÍTULO XXXIII
AGULHAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XI
PIRATAS EM REUNIÃO

CAPÍTULO XXXIV
VISITA INTERNACIONAL

CAPÍTULO XII
PRESSÃO POLÍTICA

CAPÍTULO XXXV
SOZINHO NA MULTIDÃO

CAPÍTULO XIII
GUERRA SEM-FIM

CAPÍTULO XXXVI
GUERRA DE INVISIBILIDADE

CAPÍTULO XIV
NAS PISTAS DE UM COMBATE

CAPÍTULO XXXVII
VERDADE DOS FATOS

CAPÍTULO XV
ENTREVISTA COM O DEMÔNIO

CAPÍTULO XXXVIII
PALAVRA DE PRESIDENTE

CAPÍTULO XVI
MOGADÍSCIO

CAPÍTULO XXXIX
O ENCONTRO COM O MAL

CAPÍTULO XVII
O AMANHÃ COMEÇA HOJE

CAPÍTULO XL
TIRO NO ESCURO

CAPÍTULO XVIII
MORTE NA ALDEIA

CAPÍTULO XLI
PARCERIA INUSITADA

CAPÍTULO XIX
FRONTEIRA DO PODER

CAPÍTULO XLII
ESPELHO QUEBRADO

CAPÍTULO XX
FALSO FANTASMA

CAPÍTULO XLIII
O NOVO CÂNCER

CAPÍTULO XXI
LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

CAPÍTULO XLIV
LEMBRANÇAS DO VIETNÃ

CAPÍTULO XXII
DOMÍNIO DO ÓBVIO

CAPÍTULO XLV
A VERDADEIRA DEMOCRACIA

CAPÍTULO XXIII
CORONEL SEM ESTRELA

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A imagem da linha amarela mostra o caminho do Barco Invisível brasileiro. A aldeia da indiazinha Poti fica perto da cidade de São Gabriel da Cachoeira no Amazonas!
A tribo é da etnia Baniwa, povo conhecido pela produção e comercialização de cestaria de arumã, planta típica da região. Eles têm blogs:

http://pib.socioambiental.org/pt/povo/baniwa
http://www.artebaniwa.org.br