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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
INIMIGO OCULTO

CAPÍTULO XXIV
A REPÓRTER É A NOTÍCIA

CAPÍTULO XXVIII
O INFERNO CONTRA-ATACA

CAPÍTULO II
POSSE CIBERNÉTICA PÚBLICA

CAPÍTULO XXV
BALAS POR ARMAS

CAPÍTULO III
REUNIÃO DE GUERRA

CAPÍTULO XXVI
FAMÍLIA EM PÂNICO

- Para onde estamos indo? (indaga a repórter Ângela aos dois policiais que a levam de carro).

Os dois se entreolham e o que está ao lado do motorista responde:

- Não se preocupe com isso, madame! Ficará segura e incomunicável para que ninguém a rastreie.

O celular dela vibra! Recebera uma mensagem! Discretamente Ângela abre a bolsa, pega o telefone e dá uma olhada na mensagem:

- "
Os dois policiais que a estão levando estão envolvidos num plano para raptá-la! O delegado de polícia é o chefe da quadrilha e já foi preso."

Discretamente ela envia uma mensagem em resposta ao comunicado que recebera:

- "
Quem é você e como sabe disso?".

Imediatamente vem a resposta numa nova mensagem.

- "
Eu sou o fantasma e em breve eu a libertarei das mãos deles. Existe um grande plano de conspiração para forçar o presidente do Brasil a retirar os ACMPRs do poder! Somente ele poderá revogar a lei que promulgou. Depois este grupo forçará a renúncia do chefe-de-estado ou o matarão! Tente descobrir mais sobre o plano deles".

Ela olha para a mensagem estranhando a informação e ainda se pergunta em pensamento:

- "
Como ele consegue digitar tão rapidamente?"

Ângela resolve arriscar o confronto contra os policiais:

- O que sabem sobre o tal fantasma que vem assassinando políticos corruptos? (indaga ela aos dois).
- É um grupo de extermínio, que em breve será eliminado! (responde o policial motorista).
- Em tenho um amigo repórter que faz o contato direto com o fantasma! É assim que consigo falar com ele.

Os dois se entreolham e o passageiro vira-se de frente para ela:

- Madame! Preste muita atenção! Este grupo é muito perigoso. Eles conseguem entrar em festas privadas e ainda não sabemos como elimina seus alvos! Seu amigo repórter precisa ser protegido, do contrário terá o mesmo fim dos que já morreram!

- Eu já conversei pessoalmente com o fantasma que me disse existir um grande plano de conspiração para forçar o presidente a retirar do poder os ACMPRs e depois o retirarão do poder!
Novamente os dois policiais se entreolham!

- O que mais ele lhe disse?
- Disse que seu chefe de polícia é o líder do bando que pretende fazer isso!
- A senhora acredita nessa besteira?
- Não sei! Diga-me você!
- Qual é o nome de seu colega de trabalho! Vou enviar alguém para trazê-lo para o mesmo local seguro em que você ficará!
- Qual é o tamanho disso tudo? Até onde vai a rede de corrupção infiltrada no poder? (indaga a repórter).
- Chegamos! (declara o policial que dirige a viatura).

O veículo para e Ângela observa tudo ao redor! Ela percebe que existem ali diversos homens armados e a maioria não está usando farda!

- O que está acontecendo aqui? (indaga ela). Quem são estes homens? Eles não são da polícia...?
- Pare de fazer tantas perguntas como repórter e fique quieta! (declara o policial que desce do veículo e abre a porta para ela sair dali de dentro).

Ele a pega pelo braço e a puxa para o interior da residência que o grande grupo armado está protegendo.

-
Me larga! Me larga! O que pretendem com isso? Sequestrar-me não mudará nada em lugar algum! Me larga!

Sérgio se aproxima com o carro roubado e passa direto pelo local onde Ângela fora sequestrada! Ele para o carro logo depois de virar a esquina e fica invisível saindo de dentro dele. O androide caminha pela calçada e aproxima-se lentamente do local onde todos estão protegendo. Ângela tem a sua bolsa arrancada das mãos e é empurrada para o interior de uma sala onde é amarrada a uma cadeira onde existe um estranho dispositivo eletrônico.

- O que é isso? Uma bomba? (indaga ela).

O policial sorri e vai em direção à saída da sala sem dizer uma palavra sequer! Ele pendura um dispositivo na maçaneta e um timer com um digital começa a fazer a contagem regressiva! Ela não sabe o que esperar disso!

- Não nos veremos mais, Ângela! (declara o policial que está saindo da sala). De fato... ninguém mais a verá viva novamente. Talvez você encontre o fantasma depois de morrer! Adeus!

Ele apaga a luz e fecha a porta. A única coisa visível ali é o digital, que finaliza a contagem regressiva: 5..., 4..., 3..., 2..., 1..., 0...! Ângela fecha os olhos e faz uma careta se encolhendo, aguardando a explosão que a mataria. Mas... nada acontece! Apenas um suave apito. A moça abre os olhos e percebe que no digital agora está escrito: "armado". Então ela entende que o timer tinha a função de sair de dentro do ambiente. A repórter sabe que a próxima pessoa que entrar ali estará decretando a sua morte.

Lá fora todos os homens estão usando óculos especiais. São lentes que detectam calor, radiação, campos magnéticos e fontes de energia com apenas o pressionar de um botão. Um dos homens, usando paletó preto, está sentado no interior de um veículo do outro lado da rua. No teto existe uma antena de radar que gira em todas as direções. Sérgio percebe que estão tentando "enxergá-lo" usando diversos recursos eletrônicos!

- Pessoal! Estou detectando um corpo humano invisível se aproximando de vocês pela calçada da rua! (declara o sujeito dentro do carro).

Todos se viram em direção a Sérgio que agora sabe que o localizaram.

- Consegui uma imagem térmica do sujeito! (declara um dos homens que está na calçada, do lado de fora da casa, pressionando o ponto em seu ouvido). Ele está a leste de vocês.

Seus colegas pressionam um botão em seus óculos e todos agora estão usando visão térmica. Agora Sérgio não está mais invisível para nenhum deles, que começam a atirar em sua direção! O androide enfia as mãos no interior de seu paletó e saca duas armas. Ele também atira contra os sujeitos acertando-os com apenas uma bala cada um. Diversos homens morrem e outros são gravemente feridos! O grupo sobrevivente se afasta dali caminhando de costas em direção ao interior da casa onde Ângela fora presa, ao mesmo tempo em que atiram no poderoso oponente.

Mais no final da rua de um enorme jipe tipo Land Rover ergue-se um pequeno míssil. Sérgio de longe percebe a manobra, graças aos seus sistemas de defesa contra ataques militares. Ele se apressa em mirar contra o dispositivo a distância e atira para destruir o projétil. Mas este já fora lançado contra seu corpo recoberto por leds. O androide salta de lado e corre em ziguezague para despistar. O míssil cai no meio da rua explodindo tudo no local. Diversos imóveis são atingidos quebrando vidros que se estilhaçam devido ao enorme e violento deslocamento da onda de choque da explosão.

O corpo de Sérgio é atirado contra uma das residências também! Ele atinge uma porta e a derruba caindo dentro de casa. Ali um casal de idosos assustados está de boca aberta para a incrível cena. Muitos leds de seu corpo deixaram de funcionar. Outros tantos estão piscando ininterruptamente. Alguns ainda funcionam dando a ele a estranha aparência de um corpo parcialmente visível de homem que se levanta lentamente do chão. O lado direito de seu corpo foi danificado com a explosão. Ali nenhum led está funcionando e a forma lisa de cor uniforme de um corpo humano se destaca. A metade esquerda ainda está invisível! Em seu peito, costas e rosto muitos leds piscam em diversas cores diferentes. Um psicodélico ser está ali se preparando para revidar o ataque. O androide se levanta e percebe que uma das placas de leds, de seu braço danificado, se soltou, expondo o interior de circuitos, fios e músculos hidráulicos. Sérgio questiona o casal morador do local, que se encontra sentado no sofá da sala ali ao lado:

- Existe uma saída pelos fundos desta casa? (falando com voz normal para não assustá-los mais do que já estão).

O casal aponta na direção da porta da cozinha. Sérgio está à procura de um caminho alternativo para invadir a casa próxima onde Ângela se encontra. Ele chega ao quintal cheio de plantas e vê um muro alto ali. O cachorro da família se aproxima dele rosnando e latindo muito. O cibernético olha para baixo em direção ao cão que percebe que ele não é humano! Ainda ameaçador o animal caminha de ré, enquanto o androide aproxima-se. Inesperadamente o animal dá um salto de lado e corre para se esconder em meio à vegetação local. De lá ele late e continua rosnando! Sérgio sorri e aproxima-se do muro e olha para cima, quando recebe uma informação de seu sistema interno:

-
Perigo de superaquecimento! Diversos danos externos estão prejudicando o sistema de invisibilidade, que não está funcionando bem! Sugestão: parada total e acionamento da equipe de manutenção.

- Agora não! Preciso terminar uma missão urgente! (declara Sérgio). Adiar o acionamento da equipe de manutenção! Contornando os protocolos de segurança e ativando o sistema de resfriamento rápido.

Ele dá um forte soco no muro fazendo um buraco do tamanho de seu pulso. Sérgio olha através do furo para ver o que há do outro lado. Do interior de suas pernas nitrogênio líquido é injetado entre as paredes internas de seu corpo para resfriar mais rapidamente o excesso de calor. A sua pele agora começa a suar como uma garrafa de refrigerante supergelado! Ele fica todo molhado parecendo estar suado, mas está, na verdade próximo, do congelamento! No interior do imóvel onde Ângela fora aprisionada os sequestradores estão se entrincheirando. Um pequeno grupo volta lá para fora a pedido de um dos ocupantes dos veículos deles:

- O míssil atingiu o alvo. O corpo do fantasma foi arremessado longe com a explosão! Acho que o pegamos. Vão até lá para avaliar.

O grupo de quatro homens fortemente armados e usando os óculos especiais entram com cuidado pela porta arrombada e encontram o casal ainda sentado no sofá, atônitos como os últimos acontecimentos.

- Vocês viram alguma coisa estranha por aqui? (indaga um dos homens).

O casal aponta para a porta da cozinha e caminham com cuidado por ali. Não estão vendo nada no local. Chegam até o quintal e nada veem ali também! Um deles percebe diversos furos no muro que vão do chão até o topo. Sérgio fizera uma escada de buracos para chegar ao quintal do vizinho.

Enquanto os homens chegaram ao fundo do imóvel, o cibernético já estava saindo pela frente do imóvel ao lado retornando para a rua onde ele quase o atingira em cheio. Mas agora não repetirá o mesmo erro. O androide saca a sua arma e atira contra o tanque de combustível do veículo que lançara o míssil. O veículo explode, matando seus ocupantes. O enorme barulho põe todos em alerta novamente. Sérgio atira agora contra o veículo com o radar que gira sobre o teto. Este também tem o mesmo fim! Uma enorme bola de fogo se espalha no local.

A equipe que invadira a casa vizinha agora sai correndo para fora. Seus óculos veem o enorme calor dos veículos em chamas e eles precisam retirar os óculos. A forte luz, amplificada pelo equipamento ocular, quase os cegou. Os homens não estão enxergando nada a não ser uma forte "bola" branca sobre a retina. Isso acontece quando olhamos em direção ao sol por algum tempo.

O androide aproveita a momento, vira-se de costas e atira contra os quatro homens, matando-os sem nenhuma retaliação desta vez. O androide agora pode identificar os homens mortos. São assassinos de aluguel e policiais corruptos que se ligaram ao crime organizado.

Sérgio caminha seguro agora em direção à casa onde Ângela está aprisionada a duas residências dali. No interior do local os homens se protegeram contra o ataque do fantasma. Diversas armadilhas estão ali aguardando.

O androide caminha até a entrada do local e percebe que não há ninguém por ali do lado de fora. Ele desconfia do que poderá acontecer e resolve fazer outro caminho. Um que seja inesperado até pelos próprios especialistas em armadilhas.

O cibernético olha para cima e para o lado. Um muro baixo e uma grade acima dele servirão de escada para o telhado do imóvel. Seu corpo está ainda na mesma condição anterior: metade visível, metade invisível e entre um e outro diversos leds piscam cores diferentes continuamente.

Presa num quarto escuro a repórter Ângela está amarrada a uma cadeira com uma bomba presa à maçaneta da porta de entrada do quarto. Ela está entrando em pânico. Seu corpo todo sua frio! Pensamentos negativos consomem suas esperanças! Ela sabe que a qualquer momento alguém poderá abrir aquela porta e será seu fim antes mesmo dela saber quem estará ali. Sua mente começa agora a pensar em possibilidades de fuga. Como escapar dali. Mãos e pés amarrados a uma cadeira aparafusada no chão! Como fugir dali? Ela força as cordas para um lado, para o outro, para cima e para baixo. Caretas e sons emitidos pelo excesso de esforço. Nada! A moça não consegue escapar dali. Ela ameaça chorar em desespero, mas ainda continua forçando as cordas.

Lá fora carros de polícia e bombeiros, acionados pelos vizinhos, chegam ao local das explosões! Sérgio já está no teto do local. Ele usa seu supercomputador interno para acessar o site da prefeitura onde existe uma planta de engenharia de todos os imóveis da cidade.

Estudando a planta digital do local o cibernético percebe que existem diversos cômodos internos. Ele avalia as possibilidades e decide penetrar na residência exatamente pelo cômodo mais central: um corredor de acesso a diversas outras salas. De longe a polícia vê o androide caminhando sobre o telhado e estranham o corpo semivisível e parcialmente brilhante de Sérgio.

- O que é aquilo? (indaga um policial para o outro).
- Sei lá! Vamos impedi-lo de continuar fazendo, seja lá o que esteja aquilo fazendo!

Ele lhe dá voz de prisão:

-
Ei! Você no telhado! Desça daí com as mãos para cima! (grita um dos militares da Rota enquanto saca a arma e aponta para ele).

O androide não lhe dá atenção e se agacha socando com força a laje. A casa inteira vibra com o impacto. Os homens lá dentro olham para cima e não sabem o que está acontecendo. Da grossa laje cai um pó fino sobre todo o local. Os sequestradores abaixam a cabeça para que seus olhos não sejam afetados. Com poucos socos Sérgio faz um rombo no concreto e salta para dentro.

A polícia se aproxima da entrada do imóvel enquanto os bombeiros começam a apagar o fogo causado pelos carros que explodiram. Os homens da Rota veem os corpos na calçada daqueles mortos pelo androide.

- O que está acontecendo aqui? Parece uma zona de guerra! (declara um dos policiais que chegaram ao local).
- Vamos invadir o imóvel! Tem alguma coisa estranha acontecendo ali (declara o líder e sargento dos policiais). Vamos nos dividir. Eu quero dois subindo no telhado, um grupo vai por trás e outro pela frente. Me dê o megafone!

O militar passa o megafone para o líder:

-
Vocês no interior deste imóvel! Saiam todos de mãos para cima, do contrário invadiremos o local! Não pedirei novamente!

Lá dentro Sérgio começa a andar pela casa e encontra alguns sequestradores. A estranha visão de seu corpo deixa claro que ele não é alguma coisa viva! Os inimigos atiram em seu corpo e são mortos logo a seguir! Um a um vão sendo eliminados até que o cibernético encontra apenas portas fechadas. Ele analisa a planta da casa e vê que ali existe um banheiro. O cibernético caminha até a próxima porta e ali existe um quarto. Sérgio dá mais um passo e desfere um forte soco na parede! Um rombo surge ali. Diversos socos são dados criando uma nova porta no local. De lá de dentro tiros são disparados contra o androide que revida disparando e matando os três homens que estão ali dentro.

Os policiais aproximam-se da porta da frente e a arrombam. O local explode matando os policiais. Sérgio percebe o que aconteceu e teme pela vida da repórter. Tudo ali fora produzido para eliminar o fantasma. Ele tem que encontrar rapidamente a repórter e libertá-la antes que uma destas explosões seja fatal para ela.

Pelo teto, por um buraco feito pelo androide, dois policiais observam o ambiente interno e não veem ninguém ali. Resolvem saltar para o interior do imóvel. Sérgio, escondido ali ao lado os recebe, pegando os dois pelo colete a arremessando-os para fora, pela porta de entrada que explodira anteriormente.

-
Ahhh! (gritam ambos ao serem arremessados).

Os outros policiais lá fora observam a cena e estão perplexos com o ocorrido! No interior da casa Sérgio percebe que outros militares estão tentando entrar pela porta do fundo. Ele se dirige para lá e vê um novo artefato explosivo preso ali. O cibernético militar usa seus conhecimentos especiais. Agacha-se diante da bomba para desarmá-la. Sob uma de suas unhas artificiais uma pequena lâmina muito cortante avança para frente. Com ela o androide corta alguns fios e assim o material não explodirá mais.

O fantasma caminha agora rapidamente em direção à outra sala fechada do ambiente. Soca a parede e faz um buraco no local. Abaixa-se e vê Ângela sentada ali. Ela também o vê e percebe que ele está diferente. Metade de seu corpo invisível e a outra metade mostra parte de um rosto escuro sem detalhes.

Mas uma nova surpresa acontece. De outra sala saem diversos homens armados portando bazucas, metralhadoras e fuzis de grosso calibre. Sérgio não poderá suportar um impacto direto de armas tão pesadas. Seu corpo seria destruído e a radiação se espalharia por todos os lugares. O androide se joga contra a parede que socara anteriormente e derruba parte dela caindo junto à cadeira onde a repórter está presa. Lá fora os sequestradores se aproximam lentamente do buraco na parede feito pelo poderoso cibernético!

-
Ai! (grita ela). Quem diabos é você?

O androide se levanta do chão e desamarra os braços e pernas de Ângela. Ele vê o dispositivo preso à cadeira. É um explosivo acionado pelo equipamento pendurado na maçaneta da porta. O cibernético pensa rápido! Pega o tal dispositivo e o joga pelo buraco por onde entrou na sala em direção aos sequestradores fortemente armados.

Quando eles percebem o que está acontecendo, correm na direção contrária para escapar da explosão. O androide Sérgio agora abre a porta, o que detona o explosivo lá fora, matando todos os inimigos. A polícia agora não avança mais, devido ao grande número de bombas no local. O departamento antibombas já fora chamado para desarmar eventuais outras.

- Quem é você? (indaga a moça).
- Cale-se! Temos que ir embora daqui! Alguém poderá ainda explodir todo este lugar! (declara Sérgio sem a voz tenebrosa).
- Você não é um fantasma de verdade, não é? Parece ser uma... estranha máquina humanoide...

Ele olha para ela, que ergue as sobrancelhas, preocupada com uma potencial reação violenta do androide. Então a moça tece novo comentário:

- Uma máquina muito bem construída, por sinal!

Sérgio se vira de costas e caminha para fora do ambiente em que ambos estão. Ele busca uma nova rota de fuga. Analisa novamente a planta da casa em seu sistema computacional e vê uma garagem subterrânea na planta do imóvel.

- Siga-me! (declara ele caminhando rapidamente entre os escombros do lugar).

Ângela o segue e continua fazendo incansáveis perguntas, como boa repórter que é:

- Por que me salvou? O que o motiva para tudo isso? Quem é seu chefe... ou dono?
- Ajudaria mais se soubesse cavar túneis ao invés de viver interrogando as pessoas! (declara Sérgio).

Ele usa um recurso que ainda não havia usado antes. Sob seus pés existe um sistema de detecção de falhas do terreno abaixo de seus pés. Um pé emite um sinal sonoro de baixa amplitude que simula uma onda sísmica. Este sinal penetra alguns metros no solo até encontrar alguma coisa sólida como rochas, concreto ou metais pesados. No outro pé ele recebe de volta o sinal com a velocidade e trajetória alterados. Com isso ele constrói um tipo de mapa que mostra tudo o que encontrou por ali. A casa vibra com a emissão do sinal. O pó fino do chão treme e algumas partes do teto e paredes caem perto deles. Lá fora os policiais também sentem a forte vibração e olham ao redor para tentar descobrir o que é que está acontecendo ali.

- O que está ocorrendo? (indaga Ângela). É um terremoto?!?!
- Existe um túnel cavado aqui em baixo que atravessa o imóvel em direção aos fundos, mas eu não sei até onde vai dar! (declara o androide). Se não houver saída do outro lado... ficaremos encurralados.
- Como pode saber disso? (indaga ela tocando no ombro visível do cibernético que já se agacha para tentar encontrar um modo de entrar ali). Nossa! Você está congelado!!!! Do que é feito?

Sérgio dá um forte soco no solo que se quebra trincando e afundando ligeiramente. Ângela afasta-se dali, com medo do que acontecerá a seguir. O androide desfere outro soco na laje que se parte de vez, levando o cibernético para baixo junto com parte do concreto. Ele cai dois metros para baixo enquanto a repórter grita de susto:

-
Ahhh! Você está bem?

Sérgio se levanta do chão e seu lado invisível agora se acende em fortes luzes brancas vindas de cada um de seus leds que ainda funcionam bem. A moça lá em cima se espanta mais uma vez com isso!

- Você está começando a me assustar de verdade!
- Venha logo! (diz ele esticando os braços para cima para ajudá-la a descer ali). O túnel é longo e em breve toda a polícia estará aqui. Não posso ser visto por mais ninguém neste estado! Isso comprometeria toda a minha missão.
- Missão?!?! (indaga ela se sentando na borda da laje destruída).

Ângela estica seus braços para baixo e, ajudada pelo cibernético luminoso, consegue pular para baixo e ser amparada por ele.

- Puxa! Como você é forte! (declara ela).
- Vamos caminhar, Ângela!
- Bom! Já que não quer falar sobre você e sua missão, fale-me mais sobre quem são aqueles homens que me sequestraram e o que querem afinal!

- Eles são policiais, caçadores de recompensa, bandidos e assassinos que foram contratados por políticos corruptos, grupos infratores, fraudadores do INSS e bandos que ainda estão infiltrados no poder político deste país. Estão todos sendo descobertos por uma refinada auditoria feita pelos ACMPRs do Presidente da República do Brasil.

- Então os assessores cibernéticos descobriram uma enorme rede de larápios no poder? Novidade!!!! Isso existe há anos!

- Mas agora eles estão sendo excluídos do poder e muitos deles eu mesmo estou eliminando! (declara Sérgio caminhando continuamente pelo túnel escuro iluminado apenas pelo seu corpo de leds). Todos se uniram para acabar com o novo sistema governamental. Já tentaram assassinar o presidente, raptar a família dele e agora querem me expor à opinião pública para desencadear eventos que levem à renúncia do chefe-de-estado.

- Eles não querem o futuro que está se desenhando?
- Exatamente. Deste futuro nenhum deles poderá mais participar. Mas a sociedade não sabe até onde tudo está interligado com o crime organizado. A malha se estende até outros países, narcotraficantes, guerrilheiros, ditadores e pressão de outros países.
- E onde você se encaixa em tudo isso?

Sérgio para de andar e se vira na direção da repórter!

- Eu sou uma das peças que impedirá a destruição final da democracia como foi concebida. O que as pessoas estão vivendo não é mais um sistema político. É um sistema anárquico-terrorista financiado por grupos poderosos que mandam mais do que os presidentes dos países. O tamanho do rombo financeiro mundial é maior do que o PIB dos principais países evoluídos todos juntos. Mas não se pode simplesmente acusar e prender os culpados. Os sistemas jurídico, policial e político estão, em sua maioria, dominados por estes grupos, que se utilizam de brechas da lei para liberam seus comparsas de crimes. A democracia sozinha não poderá limpar do poder os culpados. Eles precisam ter medo! Precisam acreditar que algo maior e intocável os está assassinando. Algo maior do que dinheiro! Algo superior ao ser humano! Eu sou um predador de almas ruins! E por isso a sua matéria não pode ir ao ar. Não pode me colocar como uma máquina sendo manipulada por alguém para fazer o que venho fazendo. Mesmo porque isso não é verdade. Sou totalmente autônomo e tomo minhas próprias decisões. Mas os culpados usaram a sua inocência e a sua vontade de conseguir uma matéria exclusiva para chegar até mim. Eu não poderia deixá-la morrer assim. Eu a salvei para que saiba a verdade sobre mim e nunca diga nada disso a ninguém. Pelo menos não diretamente. Agora vamos embora daqui (declara o androide se virando de costas para ela e indo em direção ao fundo do túnel).

Ângela fica pensativa com toda a história contada pelo cibernético luminoso. Ela agora está em meio a um dilema: tem uma matéria exclusiva que pode lhe dar diversos prêmios nacionais e internacionais de melhor reportagem do ano, mas que, se revelada, também destruirá a chance de se eliminar de vez do poder a corja que domina todo o cenário nacional. O androide para de caminhar logo à frente e olha para cima!

- Encontrei! (declara Sérgio). Estou vendo a luz solar aqui acima de mim. Só não sei onde é aqui! Mas pela distância que percorremos acredito que estamos saindo num terreno baldio na rua de trás.

O androide dá um soco forte de baixo para cima e uma grande quantidade de terra cai sobre ele.

- Ahhh! Está bem? Como consegue continuar funcionando com tantos acidentes que causa contra você mesmo?
- Vamos sair daqui. Mas eu precisarei de sua ajuda!
- Como alguém como você pode precisar de minha ajuda?

- Não posso ser visto andando desta forma pelas ruas. Preciso de reparos urgentes. Não poderei manter o meu funcionamento por muito tempo. Por enquanto, estou controlando o excesso de temperatura interna com nitrogênio líquido de meu corpo nuclear...

- Nuclear?!?! Você disse... "nuclear"? (indaga ela apavorada).
- Sim! Mas não houve rompimento das paredes. Pelo menos ainda não!
- Ai meu Deus!!!!

- Está tudo bem, Ângela...! Está tudo bem...! Preciso que me leve de carro até um local específico aqui em Brasília...! Mas como o lugar é secreto... você terá que me deixar num endereço específico e ir embora...! Já estou entrando em contato com meus superiores que me aguardam.

- Tá! Mas como eu te levarei até lá? Não vim de carro até aqui!
- Não se preocupe! Eu consigo o carro e você me leva! Combinado?
- Claro! É o mínimo que posso fazer por você depois de ter me salvado e confiado informações que não poderei divulgar...!

O androide sorri em meio às luzes leds!

- Sei que fará a coisa certa, Ângela!

Agora o cibernético apaga as suas luzes, volta a ficar metade invisível e dá um pequeno salto para cima. Ele se esforça para sair do buraco e senta-se na borda do túnel vertical. Olha para fora e percebe que está em meio a um terreno vazio e cheio de mato na rua de trás em relação onde se desenrolou toda a violenta ação! O estranho robô estica agora o braço visível e puxa a repórter para fora do buraco com extrema facilidade. Sérgio se levanta e se dirige até um carro estacionado ali ao lado. Via sinal de rádio ele consegue desligar o alarme do veículo que dá o típico sinal duplo de confirmada a operação.

- Um controle remoto universal para qualquer alarme de carro?!?! Humm! (declara a moça ao androide). Ninguém irá acreditar se eu contar isso na TV.

Sérgio dá a volta no veículo, se senta na posição do motorista e faz uma ligação direta. O veículo é acionado e ele sai do carro, indo para o banco de trás.

- Você dirige! (ordena ele se abaixando para não ser visto por ninguém na rua).

Ângela sorri! Entra no carro e o dirige calmamente pela rua.

- Para onde vamos, senhor fantasma?
- Eu vou lhe indicando as ruas onde deve virar.
- Sem olhar?
- Tenho um GPS interno que mostra exatamente onde estou!
- Puxa!!! Impressionante...! Diga-me uma coisa...! Por que me salvou destes sujeitos? Se tivesse me deixado morrer lá... eu não poderia contar quem você é! Estaria livre de mim!
- Dobre na próxima rua à esquerda...! Não sou um assassino frio! Fui programado para ajudar as pessoas decentes. E eu sinto que você fará a coisa certa a meu respeito.
- Por que acha isso? Só porque me libertou?

- Não...! Dobre na próxima rua à direita e siga em frente por dois quilômetros... Ajudar-me-á porque é a coisa certa a fazer...! O mundo humano pode ser consertado, mas para isso é preciso eliminar da sociedade aqueles que estão destruindo o conceito de humanidade! Do contrário... num futuro não muito distante... tudo sucumbirá à ganância, à barbárie, à corrupção!

- Acha que eles continuarão vindo atrás de mim?
- Eles não terão tempo!
- Por quê?
- Porque serei consertado muito rapidamente e já sei quem eu devo procurar para desmantelar toda esta organização.
- Quem será a próxima vítima?

- Eu descobri uma lista de políticos brasileiros ligados às FARC! Já eliminei todos eles até agora! Resta ainda um. Ele é presidente de um partido e ocupa também o mais alto cargo político do governo entre os acusados.

- Pode me dar uma dica?
- Não! Mas em breve terá uma manchete para seu jornal! Depois disso haverá um desmantelamento completo da estrutura que penetrou no poder e se uniu para montar um governo paralelo. É o maior grupo de crime organizado deste país. Depois disso restarão apenas pequenos grupos infiltrados como o que havia no início deste século. Eu terei que combatê-los nos próximos quarenta e nove anos.

- Por que quarenta e nove anos?
- Depois disso meus arquivos ultrassecretos serão abertos ao público e minha missão terá se encerrado.
- Então você é um projeto do governo brasileiro?

- Jamais divulgue isso! Se o poder paralelo souber de tal coisa... haverá uma guerra civil interna e este país mergulhará em uma anarquia generalizada! Países vizinhos poderão tentar invadir o Brasil e iniciar também uma guerra com consequências imprevisíveis. O futuro nacional está agora em suas mãos! Faça a matéria de sua vida e decrete o fim de seu país, de sua vida e da imprensa livre.

- Você me deixou numa situação muito difícil agora!
- Eu sei! Este foi apenas um incentivo para que você entenda o tamanho do problema em que eu e você estamos envolvidos. Vire a esquerda na próxima via e ande mais dois quilômetros. Deixe-me ali no final deste trajeto.

Ângela chega ao local determinado por Sérgio. É um ponto meio deserto da periferia de Brasília, sem muitas casas, quase nenhum carro e nenhum pedestre à vista. O androide desce do veículo e aguarda a partida dela.

- Senhor Fantasma...! Eu não falarei nada a seu respeito e sobre tudo o que me contou...! Acredito em você e na boa intenção do governo em eliminar os corruptos infiltrados no poder... Espero que consiga atingir seus objetivos para o bem de toda a sociedade brasileira!

- Eu conseguirei! Não estou sozinho nisso tudo! Existem outros recursos tecnológicos que também estão agindo de formas diferentes e em lugares diferentes. O mundo irá mudar muito rapidamente nos próximos anos, Ângela! Você teve a sorte de poder conhecer parte da história muito antes de tudo ser oficialmente aberto ao público. Guarde bem este segredo!

- Eu o ajudarei a espalhar a história que vem disseminando sobre um fantasma do além! Quando tudo isso terminar me procure para um café! Eu gostaria de saber mais histórias que não podem ser contadas na TV!

- Eu não tomo café, Ângela!
- Tudo bem! Eu também não! Rsrsrs! Até breve!
- Adeus, Ângela...! Cuide-se...! Estarei muito ocupado daqui para frente! Não posso ficar salvando sua vida cada vez que se meter em encrencas...!
- Pode deixar! Depois de hoje... percebi que divulgar certas coisas pode não ser bom para a sociedade...! Adeus, amigo...!

A repórter acelera o veículo para retornar ao seu trabalho na TV. No caminho diversos pensamentos dominam a sua mente! Como poderá uma repórter viver com tantas informações que não pode divulgar? O que dizer agora para seu chefe, colegas e para o público que prometera uma reunião com o fantasma? Muitas questões para serem respondidas! Além do mais sua vida ainda corre perigo. Ela precisa dizer algo na TV que apague o alvo que pintara em sim mesmo com suas declarações anteriores. Poucos minutos depois da partida de Ângela o pessoal técnico da marinha chega em um carro não oficial.

- Você está bem danificado, hein, Sérgio? (declara o motorista do veículo).
- Você nem imagina o que aconteceu com os caras que me fizeram isso...! (informa Sérgio).

O motorista sorri para a máquina meio visível, meio invisível e com vários leds brilhando em diversas cores. Ele acelera o veículo e os dois vão em direção à base secreta da marinha, onde a equipe militar do barco invisível já o aguarda para os reparos.

- Precisamos chegar o mais rápido possível! (declara Sérgio). A contenção por resfriamento está funcionando, mas não durará por muito tempo. Como está a família do presidente?

- Está tudo bem agora! Graças ao soldado-aranha e a um segurança chamado João, a esposa e filho do presidente estão bem! Mas precisamos acabar logo com os líderes inimigos antes que levem o Brasil a um estado crítico.

- Sim! Eu concordo! Espero que me consertem logo! Preciso voltar à ativa rapidamente e acabar de vez com tudo isso!

O motorista acelera mais para evitar o rompimento das paredes externas do corpo do cibernético e para acelerar o processo de reconstrução do cibernético.

CAPÍTULO IV
PEDRO E O LOBO

CAPÍTULO XXVII
LAR DAS ONÇAS

CAPÍTULO V
FANTASMA URBANO

CAPÍTULO XXVIII
O INFERNO CONTRA-ATACA

CAPÍTULO VI
PIRATAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XXIX
ATAQUE AO LITORAL

CAPÍTULO VII
ENTRANHAS DO PODER

CAPÍTULO XXX
NOVOS POLÍTICOS

CAPÍTULO VIII
FRONTEIRAS DA GUERRA

CAPÍTULO XXXI
LEMBRANÇAS ANTIGAS

CAPÍTULO IX
BALAS ASSASSINAS

CAPÍTULO XXXII
O DONO DO INFERNO

CAPÍTULO X
FICHA LIMPA OU ROUPA SUJA

CAPÍTULO XXXIII
AGULHAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XI
PIRATAS EM REUNIÃO

CAPÍTULO XXXIV
VISITA INTERNACIONAL

CAPÍTULO XII
PRESSÃO POLÍTICA

CAPÍTULO XXXV
SOZINHO NA MULTIDÃO

CAPÍTULO XIII
GUERRA SEM-FIM

CAPÍTULO XXXVI
GUERRA DE INVISIBILIDADE

CAPÍTULO XIV
NAS PISTAS DE UM COMBATE

CAPÍTULO XXXVII
VERDADE DOS FATOS

CAPÍTULO XV
ENTREVISTA COM O DEMÔNIO

CAPÍTULO XXXVIII
PALAVRA DE PRESIDENTE

CAPÍTULO XVI
MOGADÍSCIO

CAPÍTULO XXXIX
O ENCONTRO COM O MAL

CAPÍTULO XVII
O AMANHÃ COMEÇA HOJE

CAPÍTULO XL
TIRO NO ESCURO

CAPÍTULO XVIII
MORTE NA ALDEIA

CAPÍTULO XLI
PARCERIA INUSITADA

CAPÍTULO XIX
FRONTEIRA DO PODER

CAPÍTULO XLII
ESPELHO QUEBRADO

CAPÍTULO XX
FALSO FANTASMA

CAPÍTULO XLIII
O NOVO CÂNCER

CAPÍTULO XXI
LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

CAPÍTULO XLIV
LEMBRANÇAS DO VIETNÃ

CAPÍTULO XXII
DOMÍNIO DO ÓBVIO

CAPÍTULO XLV
A VERDADEIRA DEMOCRACIA

CAPÍTULO XXIII
CORONEL SEM ESTRELA

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