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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III
CAPÍTULO III
REUNIÃO DE GUERRA
CAPÍTULO III
REUNIÃO DE GUERRA
Chegamos a Brasília na sala onde o general Figueiredo nos aguardava! Entramos a pedido dele e rapidamente nos sentamos ao redor da mesa de reunião. O semblante daquele idoso militar demonstrava grande preocupação com os recentes fatos. Projetada na parede frontal está a imagem do comandante Severo diretamente da base militar secreta e ainda comandando o retorno ao Brasil de nosso barco invisível vindo da missão anterior na Coreia!
- Bom dia, general! Bom dia comandante Severo! (digo eu ao entrar na sala).
Os cabos Sabino e Everardo também o fazem logo depois de fazerem a típica continência militar a ambos os seus superiores!
- Bom dia, senhores (responde o general a nós). O comandante Severo está on line também aqui conosco neste momento para se inteirar da situação de nossa próxima missão! Quero primeiro aproveitar o momento e parabenizá-los pelo excelente trabalho de todos na Missão Nuclear! O país invadido tornou-se único novamente junto com a Coreia do Sul. A nova Coreia está vivendo um momento de pacificação e contato entre os povos, separados por dezenas de anos. Mudando agora de assunto...! Todos vocês receberam o e-mail que lhes passei sobre a atual situação na Colômbia, não é mesmo?
- Sim! (respondo eu e também Sabino e Everardo).
- Muito bem! Fizemos uma operação de emergência para evitar a invasão e conquista dos guerrilheiros das FARC sobre parte do nosso território na região de lá conhecida como Cabeça de Cachorro na Amazônia brasileira! A princípio consideramos a operação um sucesso com mais de duzentos guerrilheiros mortos, muitos feridos e uma enorme debandada e deserção de um sem-número deles. Isso evitou o ataque deles à nossa fronteira, ajudou o sargento Pedro a continuar a missão que nos facilitará destruir mais uma célula guerrilheira muito em breve e salvou as terras de diversas pessoas inocentes que nem imaginavam que seriam invadidos. Mas houve um efeito colateral que não havíamos imaginado antes. Com o enfraquecimento das FARC outros grupos da Colômbia resolveram se reposicionar para dominar a região. Agora temos um conflito generalizado e com consequências inimagináveis para os países vizinhos, incluindo o nosso! Não podemos dizer que o tiro saiu pela culatra, mas também não podemos cantar vitória em nossa missão! Vocês precisam urgentemente eliminar a célula terrorista do coronel Conrado, onde o sargento Pedro está infiltrado. Ele corre sério risco de vida vivendo entre eles neste momento. Depois disso terão que patrulhar invisíveis a fronteira brasileira. Os postos de fronteira estão nos informando sobre tentativas de invasão de nosso território e sobre diversos corpos que aparecem boiando nestes rios. A coisa só deve piorar nos próximos dias e apenas o barco invisível não será suficiente para combater as invasões em nossos onze mil quilômetros de fronteiras entre todos os países vizinhos. O maior problema se concentra na Colômbia e adjacências. Mas com a explosão deste conflito generalizado, descobrimos que os grupos terroristas e guerrilheiros daquele país já haviam se espalhado muito mais do que imaginávamos ou tínhamos informação. Nossa inteligência e os sistemas de informações vêm nos passando detalhes diariamente e os principais locais de invasão já fazem parte do plano de ação que foi enviado ao comandante Severo. Ele e sua equipe já estão traçando a rota mais eficiente de trabalho para eliminarmos os invasores. Não se enganem, senhores! Esta nova missão levará muitos anos para ser finalizada. Outros grupos terroristas retornaram a Tabatinga, onde vocês já haviam eliminado dali o inimigo. Para destruir um formigueiro matando formiga por formiga, a gente descobre que elas se multiplicam rápido demais e a tarefa se torna quase infindável.
- Como faremos para combater um formigueiro do tamanho da Colômbia, general? (indago eu, Fernando). Eles não têm uma sede para ser destruída!
- O comandante Severo e a inteligência artificial criaram algumas opções para se fazer isso! (informa o general Figueiredo). Estamos discutindo qual será a melhor, neste momento! Mas temos outro problema muito mais complicado de ser solucionado! Os norte-americanos nos enviaram um comunicado questionando por que o nosso barco invisível ainda se encontra neste momento na região das coreias? O fato é que já não estamos por lá há alguns dias!
- Como assim, senhor? (indaga Everardo).
- Não percebe...? O barco norte-coreano escapou incólume do Rio Taedong e continua navegando naquela região! Ele vem fazendo um lento ziguezaque no mar, parando de tempos em tempos em diversas ilhas. Parece que navegam lentamente para evitar serem descobertos.
- O que estão eles fazendo por lá ainda, senhor? (indaga Sabino).
- Estão roubando alimentos e água doce das maiores ilhas da região! Temos relatos de ataques piratas em Cheju-do, Fukue-jina, Tanega-shima e a mais recente em Okinawa. Eles preparam-se para uma guerra! (detalha Severo falando via alto-falantes da sala de reunião).
- Contra quem? (indago eu).
- Não sabemos ainda! (informa o general). Nossa inteligência está em dúvidas sobre o que pretendem. Eles desconfiam que os norte-coreanos poderão estar se armando e se abastecendo para depois negociarem com terroristas internacionais para ajudá-los em suas investidas. Outros acham que eles têm um objetivo mais perigoso contra nós... aqui no Brasil.
- Acha que pretendem nos atacar? Mas onde seria o ataque afinal? E que tipo de ataque seria? (questiona Everardo).
- Não temos a menor ideia! (declara o general). O fato é que o movimento sinuoso entre os alvos atacados por eles, os alvos atingidos e os relatos dos moradores destes locais, indica que os norte-coreanos estavam nitidamente sem recursos.
- Senhor! Se o movimento deles pode ser detectado pelos norte-americanos basta lançar um ataque com um míssil e destruí-lo! (sugere Sabino).
- Não é tão fácil assim, cabo! (declara o comandante Severo). Os norte-americanos só conseguem detectá-lo quando se encontra em uma ilha parado. Os saques são bem rápidos e bem coordenados. Quando são rastreados pelos satélites americanos eles já se afastam do local. Os norte-coreanos sempre avaliam muito bem o que devem fazer e rapidamente carregam as mercadorias roubadas. A CIA conseguiu prever com precisão onde seria o próximo alvo! Enviaram uma fragata de guerra para o local mais provável do ataque, que foi abatida sem dar um único tiro em retaliação. Os americanos disseram que somente um inimigo que estivesse muito perto poderia tê-los destruído. Eles têm sistemas de defesas que não puderam ser acionados devido à grande proximidade do ataque. Foram todos mortos à queima-roupa! Não há como deter um barco totalmente invisível e muito bem armado! E o pior: a fragata tinha quatro bombas nucleares a bordo e agora, senhores, já são mais de sessenta bombas atômicas espalhadas e perdidas pelos mares de todo o planeta por causa de navios, submarinos e aviões de guerra destruídos em missões desde o fim da segunda guerra mundial.
- E o que nós poderemos fazer agora, senhor? (indago eu).
- Neste momento...? Nada...! (responde o general). Este problema não nos compete! Vamos continuar nossa missão urgente nas fronteiras com a Colômbia. Os americanos tentarão combater o inimigo com a sua frota disponível na região. Mas, se isso também não der certo e o barco invisível norte-coreano realmente estiver vindo para cá, teremos que enviar vocês para combatê-los diretamente. Será uma difícil guerra de invisibilidades. Uma luta de foice no mais completo escuro! O resultado final será imprevisível.
- No Rio Taedong pudemos descobrir onde eles estavam, porque bastava avaliar com laser toda a região aquática até encontrá-los, mas no mar... esta técnica não será possível! (informa Sabino). Não há como cobrir uma região tão extensa.
- Nós sabemos disso, cabo! Mas não vejo outro modo de encontrarmos nosso inimigo invisível se não for usando esta tecnologia! (declara o general).
- Deixe-me pensar um pouco mais sobre este assunto, general! (requisita Everardo). Talvez conversando com mais calma possamos ter alguma ideia de forçá-lo a aparecer em nosso radar.
- Na missão no Taedong pudemos perceber que eles nos encontravam pelo ruído de nossos silenciosos motores. Não teremos tempo de torná-los ainda mais silenciosos..., mas poderemos fazer mais barulho na água, para confundi-los! (sugere Sabino).
- Como é que é, cabo? (indaga o comandante Severo). Qual é a sua ideia?
- Se eles acreditarem que existe uma frota inteira de barcos invisíveis brasileiros, não saberão em qual deles atirar!
- Não temos recursos financeiros, humanos e nem de tempo para construir uma frota inteira de barcos invisíveis! (declara o general).
- Não precisamos construir todo o barco invisível, senhor! Precisamos apenas de minissubmarinos baratos e não-tripulados, navegando próximos à superfície com motores que gerem a mesma frequência dos nossos. Isso os enganará! (sugere Sabino). Se tivermos uma pequena frota como esta nos comboiando no mar, teremos alguma proteção contra o inimigo!
- Essa foi muito boa! (declara Everardo, concordando com o colega). Eles não poderiam atirar sem que imaginassem sofrer uma retaliação imediata dos outros supostos barcos invisíveis!!!!
- Vamos pedir para o nosso pessoal técnico preparar algumas unidades destes minissubmarinos e deixá-los prontos para o caso do inimigo vir até nós aqui no Brasil (declara o general). Muito bem! É só isso, por enquanto, senhores! Alguém tem mais alguma pergunta ou ideia...? Não...? Então vamos trabalhar, senhores! Vocês partirão para Manaus assim que o nosso barco invisível estiver chegando até lá. Boa sorte, pessoal! E, por favor, tragam o sargento Pedro de volta. Ele não poderá mais se infiltrar naquela região. Vamos detectar o inimigo de outras formas!
- Deixe conosco, senhor! Vamos resolver isso tudo! (declara Everardo).
Levantamo-nos da mesa de reunião para retornarmos aos quartos de hotel, disponíveis para nós, em Brasília. O general me interpelou antes de irmos embora:
- Fernando! Sei de sua história com Chin-Mae na missão anterior! Não quero interferir nas decisões que tomará em sua vida pessoal! Mas enquanto estiver conosco, preciso que se concentre mais no trabalho para o qual foi contratado! Suas informações sobre o evento da Coreia estão atrasadas e agora teremos uma missão dupla pela frente: combater a invasão de nossas fronteiras e eventualmente eliminar o barco invisível inimigo! Acha que pode dar conta?
- Sim, senhor! Chin-Mae tem um longo caminho pessoal a ser trilhado neste momento. Ela participará dos trabalhos que reunirão as duas coreias. O reencontro com a família, há muito perdida, a forçará viver por lá agora! Enfim, há muita coisa a ser feita! Mesmo que eu e ela quiséssemos nos casar, isso agora seria impossível tanto para mim, quanto para ela. Não sei quando poderei vê-la novamente, senhor! Nenhum de nós tem muito tempo disponível neste momento!
- Peço-lhe então um favor, Fernando!
- Peça o que quiser, senhor!
- Informe-me assim que houver dúvidas de sua parte em continuar trabalhando conosco. Não posso colocar qualquer jornalista nesta função em que você se encontra! Lidamos com segredos militares e informações que não podem, de forma alguma, ser divulgadas agora. Se decidir nos deixar, precisaremos de um tempo para encontrar um substituto à altura!
- Compreendo, senhor! Fique tranquilo! Vou finalizar meu trabalho e partir para a nova missão! Eu dou conta! E no momento não tenho a menor intenção de deixar este trabalho!
- Muito bem, meu jovem! Conto com você!
- Fique tranquilo, senhor! Em breve terá meu relatório final e o material de apresentação da missão anterior.
- Que bom, Fernando! Faça o que puder! Muito em breve estarão retornando para o meio do inferno lá na fronteira!
Agora eu, Sabino e Everardo deixamos o local para nos dirigirmos aos quartos de hotel onde descansaremos um pouco da longa e estafante missão anterior!
Abaixo, em amarelo, a sequência de ataques piratas a quatro ilhas próximas do Japão, realizadas pelo barco renegado invisível norte-coreano.
São elas na sequência: Cheju-do ao sul da Coreia do Sul, Fukue-jina, Tanega-shima e Okinawa, as três últimas pertencentes ao Japão!