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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
INIMIGO OCULTO

CAPÍTULO XXIV
A REPÓRTER É A NOTÍCIA

CAPÍTULO XXXV
SOZINHO NA MULTIDÃO

CAPÍTULO II
POSSE CIBERNÉTICA PÚBLICA

CAPÍTULO XXV
BALAS POR ARMAS

CAPÍTULO III
REUNIÃO DE GUERRA

CAPÍTULO XXVI
FAMÍLIA EM PÂNICO

- Pedro! Quero que você tome este remédio! (declara a psicoterapeuta ao tenente da marinha entregando-lhe uma receita e uma caixa de amostra grátis).
- Por que preciso disso? (indaga ele ainda sentado numa cadeira e olhando de frente para a doutora).
- Você está com depressão! Precisa se cuidar neste momento para que isso não se transforme em alguma doença mais grave!
- Mais grave?

- Sim, tenente Pedro! A depressão nos força a ver a vida de um modo diferente. Neste estado uma pessoa pode ter a impressão de que tudo está errado e de que nada que faça poderá tornar melhor o mundo ao redor! O remédio irá ajudá-lo a interpretar tudo de uma forma diferente. Seus neurônios estão com problemas de "comunicação"! Seus níveis de serotonina estão muito baixos. Temos que equilibrar esta química novamente.

- Doutora! Não acho que eu precise de remédios! Sei qual é a origem de meu problema! Só não sei como me livrar disso!
- A saída, Pedro, está na receita que acabo de lhe dar! Siga meus conselhos e dentro de no máximo um ano você voltará a ver toda a beleza da vida novamente.
- Doutora! A vida não é bela! Nos últimos anos vi mais mortes acontecerem do que o necrotério da cidade. E o pior! A maioria destas mortes foram causadas por mim!
- Morrer é algo natural, tenente! Temos que encarar isso como algo que faz parte da vida!
- Não discuto isso, doutora! O que me incomoda é a forma como as coisas aconteceram! Muitas pessoas não merecem morrer!
- Você é religioso, tenente?
- Eu? Já fui mais! Hoje não acredito que haja alguém que cuide de todos nós!
- Talvez devesse frequentar uma igreja! Fazer as pazes com Deus!
- Não tenho que fazer as pazes com ninguém! Acho que preciso retornar para a floresta e terminar o que comecei!
- Acho que deveria aproveitar a sua vida para encontrar um novo amor..., criar novos filhos..., curtir os presentes que a marinha brasileira lhe deu...!

Pedro sorri sem mostrar os dentes, se levanta da cadeira e estende a mão para a médica, que também se levanta e o cumprimenta.

- Obrigado, doutora! Por enquanto vou ficar apenas em meu quarto luxuoso e curtir o que a senhora chama de... vida...!

- Pedro! As coisas não acontecem sempre como queremos! Sua perda anterior o forçou a fazer algo que está trazendo um grande bem à sociedade brasileira! Tente enxergar a vida com outros olhos! Nem tudo o que aconteceu foi ruim!

- Para a senhora é fácil dizer isso! Não estava lá... quando todos eles... morreram! A vida não vale nada! O sucesso das missões não significa que tenha acontecido algo bom! Neste momento... dezenas..., talvez centenas de colombianos inocentes... podem estar perdendo as suas vidas... por balas perdidas..., por novos sequestros..., ou porque estão simplesmente em meio a uma guerra civil generalizada. Diga a estas pessoas que a vida é boa e que meu trabalho deu a elas uma visão diferente do mundo e que a nossa sociedade brasileira está neste momento vivendo bem melhor agora que o país deles está se deteriorando dia a dia!

- Sempre podemos ver o mundo de duas formas, tenente...! Normalmente fazemos isso imaginando que tudo é apenas um simples cara ou coroa...! Uma coisa boa de um lado e ruim do outro. Mas o mundo e a vida são muito mais complexos do que isso! Enquanto não se livrar da culpa e de suas perdas... será sempre você que estará pagando pelos problemas do mundo...! Pense nisso! Imagine que num futuro não muito distante... a própria sociedade colombiana estará feliz por tudo um dia ter terminado bem...! As perdas fazem parte da vida...! Temos que olhar para os resultados de uma forma mais abrangente...! Pensando mais nas vantagens que todos terão no futuro. A segunda guerra mundial foi horrível. Mas deu à Europa uma chance de olhar para o futuro com esperança, com união, com maior respeito aos países vizinhos. A queda do World Trade Center em Nova York foi uma lástima, mas deu a chance do mundo se unir de uma vez por todas contra o terror de uma forma como nunca acontecera antes. Nem tudo na vida é só ruim ou só bom! Cabe a cada um de nós conseguir enxergar todos os lados dos eventos que acontecem. Espero você, de volta aqui, dentro de dois dias!

- Está bem, doutora!

Pedro deixa o consultório, desce as escadas e, com aparência meio triste, entra em seu belíssimo veículo esportivo conversível branco chamado "Warrior". Ele olha para cima em direção ao prédio do ministério da marinha e vê a psicoterapeuta olhando lá de cima em sua direção. Sem expressão o tenente pega em seu painel um par de óculos escuros, coloca em seu rosto, insere a chave eletrônica no contato, engata a ré e lentamente se posiciona para sair do estacionamento local. No caminho Pedro continua pensando em sua vida, cheia de opções, mas que para ele não está fazendo muito sentido neste momento.

Ele olha na direção do assento ao seu lado e vê a caixa de remédio que recebera da psicoterapeuta. O angustiado homem retorna o olhar para a pista à frente. A velocidade do lindo veículo aumenta lentamente. Quase podemos ouvir uma música triste de fundo quando do rosto do jovem herói desce uma lágrima por detrás dos óculos escuros!

O forte vento, gerado pelo movimento do carro, balança seus cabelos de fios grossos, típicos do povo indígena e seus descendentes. Rapidamente a lágrima que escorrera se seca! Ele para num semáforo de uma única lâmpada grande, redonda e vermelha! Ao seu lado outro veículo conversível com aquela sua bela vizinha da mansão no Lago Norte. A mulher sorri para ele, que repete o gesto, erguendo apenas um dos lados de sua boca tal qual uma Monalisa na versão masculina! A lâmpada vermelha do semáforo muda de cor, se tornando verde agora.

Pedro acelera indo em direção à sua própria casa. A mulher o segue de perto. No longo percurso ela continua atrás dele. Ao chegar em frente à mansão branca, Pedro para sobre uma plataforma redonda de concreto e a vizinha também atrás dele. Ambos descem dos carros e ela se aproxima rebolante, sexy e sorridente.

- Achei que iria me procurar ontem! (declara ela chegando bem perto do tenente e retirando os óculos, enquanto olha de forma insinuante).
- Eu ando um pouco ocupado! Ainda estou me reintegrando a esta cidade.
- Eu posso te ajudar a conhecer melhor as coisas boas desta cidade.
- Agradeço, senhorita!
- Senhora...! Sou casada!
- Ahhh! (declara Pedro, chocado com o que ouvira). Ok!
- O que fazia no ministério da marinha agora há pouco?
- Está me seguindo?
- Não! Meu marido é militar da marinha e eu estava passando por lá.
- Ahhhh! (declara chocado mais uma vez o tenente). Com licença! Tenho um compromisso... lá dentro...! (diz ele apontando para a própria casa).
- Que pena...! Meu marido vai demorar para chegar em casa...!
- Então não se esqueça de trancar a porta! (responde ele enquanto se vira de costas e caminha em direção à porta de entrada de sua mansão).
- Curioso! Você comprou a casa, toda a mobília interna e também este belíssimo carro do político que morava aqui! Você deve ter muito dinheiro mesmo!
- As aparências às vezes enganam, senhora! Nem tudo é o que parece ser.

O perturbado e infeliz oficial da marinha se vira de costas para ela e caminha para entrar em casa, enquanto aperta um botão na chave eletrônica de seu veículo. O carro pisca o farol duas vezes, dá uma pequena e rápida buzinada e do interior do solo se ergue uma enorme cúpula arredondada que se articula de baixo para cima, envolvendo o lindo veículo num semicírculo prateado de proteção contra roubo. Toda a plataforma redonda de concreto é recoberta agora. A vizinha olha para ele, ainda de forma sexy, acreditando que ainda terá uma chance com o deprimido homem.

Pedro entra em casa, fecha a porta e, chateado, se senta no lindo e macio sofá. Ele joga seus óculos escuros na poltrona ao lado e seu olhar se perde no vazio. Por diversos minutos ele nada pensa, nada demonstra, nada quer! Então se levanta dali e vai em direção ao quarto onde dorme. Ali, no meio do ambiente, da parte debaixo da gigantesca cama de casal brotam arcos circulares que envolvem e se cruzam na parte de cima central do caríssimo móvel, transformando-o numa coroa real gigantesca.

O tenente se deita ali sem retirar seus sapatos. Diversos minutos se passam e as lágrimas correm novamente pelo seu rosto. Ele olha de lado para a cômoda colada ao colchão! Pedro se estica! Abre a gaveta! Dali pega uma arma negra e trás o perigoso equipamento para perto de seu corpo. Deita-se novamente na mesma posição que antes estava na cama! Com a mão direita ele segura a arma posicionando o dedo indicador sobre o gatilho! Com a outra mão o tenente agarra o cano negro envolvendo-o completamente no interior da palma! Suas lágrimas continuam escorrendo pelo rosto enquanto ele pensa no que fará com aquela arma.

O entristecido homem olha fixamente para o perigoso equipamento. Ele libera a mão esquerda e aponta o cano da arma em direção aos olhos para ver o interior do buraco negro de saída das balas. Ainda chorando ele aproxima a arma na direção de sua testa enquanto fecha os olhos! Pedro esfrega aquele cano perigosamente para cima e para baixo em sua testa. De olhos fechados ele pensa no que deve fazer. A imagem de sua própria morte se repete em sua mente. Ele se lembra do filho e dos amigos que perdera recentemente.

A vingança não lhe trouxe a paz de espírito que esperava. Ainda restou uma completa desilusão e um vazio interior. Num ato rápido ele para de chorar e de coçar a testa com o cano da arma e a aponta definitivamente em direção à fronte. O homem está decidido a se suicidar! Ele respira fundo uma..., duas..., três vezes...! Não consegue puxar o gatilho...! Ele tenta novamente e ainda não consegue se matar!

Inesperadamente o telefone toca. Pedro abre os olhos! Tenta mais uma vez atirar na própria testa, mas o telefone toca novamente. Ele espreme os lábios, porque não consegue resolver seu caso. O telefone toca pela terceira vez! O tenente olha de lado para o telefone, estica o braço e pega com raiva o telefone sem fio sobre a cômoda.

-
Alô! (diz Pedro nervoso e gritando).
-
Liguei em má hora? (indaga a voz do outro lado da linha. Pedro a reconhece e se recompõe, enxuga as lágrimas com a manga da camisa para continuar a conversa).
- Não, general...! Estou sempre disponível para o senhor e para a marinha brasileira!
-
Que bom! Porque vou precisar mais uma vez de seus serviços (informa o general Figueiredo).
- Serviços? Que tipo de serviços?
-
Dos grandes, tenente! Preciso que você acompanhe um colega de trabalho em diversas missões! O trabalho é grande e você ficará muito ocupado, sem tempo para curtir muito a sua nova casa!
- Isso não será um problema, senhor! Estou mesmo precisando de ação!
-
Venha até aqui amanhã no fim da tarde, tenente! Não posso falar sobre este assunto por telefone!
- Sim, senhor! Estarei aí bem cedo! Obrigado!
-
Não me agradeça ainda, tenente! O que vou lhe pedir não será nada fácil.
- Não se preocupe, general! Não há nada que me faça recuar de um trabalho. Até amanhã.

O general desliga o telefone e também Pedro. A seguir termina de enxugar as lágrimas e olha novamente para a arma. O tenente se estica sobre o colchão e coloca a arma de volta na gaveta da cômoda ao lado da cama.

-
O que poderá ser esta nova missão? (imagina Pedro). Será que retornarei para a floresta? Precisarei novamente me infiltrar entre os membros de uma guerrilha? (muitas dúvidas pairam na mente do perturbado rapaz). Talvez eu possa continuar a minha vingança pessoal! Depois de amanhã saberei a verdade!

CAPÍTULO IV
PEDRO E O LOBO

CAPÍTULO XXVII
LAR DAS ONÇAS

CAPÍTULO V
FANTASMA URBANO

CAPÍTULO XXVIII
O INFERNO CONTRA-ATACA

CAPÍTULO VI
PIRATAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XXIX
ATAQUE AO LITORAL

CAPÍTULO VII
ENTRANHAS DO PODER

CAPÍTULO XXX
NOVOS POLÍTICOS

CAPÍTULO VIII
FRONTEIRAS DA GUERRA

CAPÍTULO XXXI
LEMBRANÇAS ANTIGAS

CAPÍTULO IX
BALAS ASSASSINAS

CAPÍTULO XXXII
O DONO DO INFERNO

CAPÍTULO X
FICHA LIMPA OU ROUPA SUJA

CAPÍTULO XXXIII
AGULHAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XI
PIRATAS EM REUNIÃO

CAPÍTULO XXXIV
VISITA INTERNACIONAL

CAPÍTULO XII
PRESSÃO POLÍTICA

CAPÍTULO XXXV
SOZINHO NA MULTIDÃO

CAPÍTULO XIII
GUERRA SEM-FIM

CAPÍTULO XXXVI
GUERRA DE INVISIBILIDADE

CAPÍTULO XIV
NAS PISTAS DE UM COMBATE

CAPÍTULO XXXVII
VERDADE DOS FATOS

CAPÍTULO XV
ENTREVISTA COM O DEMÔNIO

CAPÍTULO XXXVIII
PALAVRA DE PRESIDENTE

CAPÍTULO XVI
MOGADÍSCIO

CAPÍTULO XXXIX
O ENCONTRO COM O MAL

CAPÍTULO XVII
O AMANHÃ COMEÇA HOJE

CAPÍTULO XL
TIRO NO ESCURO

CAPÍTULO XVIII
MORTE NA ALDEIA

CAPÍTULO XLI
PARCERIA INUSITADA

CAPÍTULO XIX
FRONTEIRA DO PODER

CAPÍTULO XLII
ESPELHO QUEBRADO

CAPÍTULO XX
FALSO FANTASMA

CAPÍTULO XLIII
O NOVO CÂNCER

CAPÍTULO XXI
LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

CAPÍTULO XLIV
LEMBRANÇAS DO VIETNÃ

CAPÍTULO XXII
DOMÍNIO DO ÓBVIO

CAPÍTULO XLV
A VERDADEIRA DEMOCRACIA

CAPÍTULO XXIII
CORONEL SEM ESTRELA

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