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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
INIMIGO OCULTO

CAPÍTULO XXIV
A REPÓRTER É A NOTÍCIA

CAPÍTULO XLI
PARCERIA INUSITADA

CAPÍTULO II
POSSE CIBERNÉTICA PÚBLICA

CAPÍTULO XXV
BALAS POR ARMAS

CAPÍTULO III
REUNIÃO DE GUERRA

CAPÍTULO XXVI
FAMÍLIA EM PÂNICO

Ansioso, Pedro chega ao escritório do general Figueiredo!
- Boa tarde, tenente! (declara o assessor do general na antessala).
- Boa tarde!
- Pode entrar! O general já está à sua espera!
- Ah! Obrigado! (declara Pedro aproximando-se da porta do escritório de seu chefe e bate suavemente com as articulações externas dos dedos de sua mão direita).

O tenente abre então a porta e encontra o general, Sérgio e a sua vizinha, sentados diante da mesa de reunião. Pedro é tomado pela surpresa com a presença daquela mulher ali e arregala discretamente os olhos!

- Boa tarde, tenente! (declara o general para o estupefato homem).
- Boa tarde, general! O que está havendo aqui? (indaga Pedro).

O general sorri, levanta-se de sua cadeira, aproxima-se de Pedro e o cumprimenta enquanto responde à questão:

- Quero lhe apresentar oficialmente uma colega sua de trabalho! Esta é Samantha! A sua vizinha no Lago Norte!
- Eu sei quem é ela, general! Mas... o senhor disse...
colega de trabalho?!?!
- Sim! A função dela é a de se infiltrar entre os políticos para descobrir quais são os honestos e os decentes. Ela faz em Brasília o que você fez em nossas fronteiras! Samantha é tenente da marinha brasileira!
- Então...! Você estava me sondando e me espionando como vizinha? (indaga Pedro à moça).

- Não, tenente! (declara a mulher sorrindo). Eu não sabia quem você era. Mas desconfiei quando o vi saindo daqui do ministério da marinha naquele dia! Conversei com o general sobre você e ele me contou sobre sua coragem ao se infiltrar entre guerrilheiros e traficantes em nossas fronteiras.

Pedro sorri sem mostrar os dentes e olha de volta para o general!

- O que fiz não foi coragem! Foi outra coisa!
- Pois é! Agora tenho outra missão para você! Mas esta não será tão fácil quanto a anterior... (declara falando sério, o general). Quero primeiro lhe apresentar oficialmente o nosso primeiro agente robótico de campo, Sérgio!
- Agente robótico de campo?!?! Já chegamos a este nível de tecnologia? (indaga Pedro aproximando-se de Sérgio, que se levanta da cadeira e o cumprimenta).
- É um prazer revê-lo, tenente! (declara Sérgio).
- Rever-me?!?! Eu não me lembro de tê-lo visto antes de hoje! (informa Pedro baixando as sobrancelhas na tentativa de se lembrar de alguma coisa).
- Nos encontramos no passado recente no interior da floresta colombiana! Eu era o fantasma que o ajudou contra o bando de Xavier Rodrigues!
- Você era o fantasma naquele dia?
- Sim! (declara Sérgio se transformando imediatamente na caveira fantasmagórica. A mesma que Pedro conheceu embrenhado na selva).

O tenente dá um passo para trás, se assustando com algo tão inesperado!

- Como pode ser isso? Achei que naquele dia eu falava com um soldado-aranha! Não imaginei que pudesse ser um... androide!?!? Quando construíram isso, general?

- Há muitas coisas que você não sabe, tenente! Temos diversos projetos secretos em andamento. O Sérgio é Top Secret! (depois do general dizer isso, Sérgio volta ao normal, aparentando um ser humano comum). Nós o enviamos para te ajudar na floresta, porque o barco invisível estava ocupado em outra missão! Ele iria começar a trabalhar com Samantha, mas surgiu algo novo e inesperado. Vamos nos sentar, pessoal! (ordena o general ao grupo presente).

Todos se sentam em seus lugares e o general começa a falar sobre a nova missão, enquanto o tenente continua olhando curioso para os detalhes corporais de Sérgio! Ele está impressionado com a incrível tecnologia! Sérgio o encara de volta e sorri para ele.

- O agente Sérgio descobriu que o vice-presidente do Brasil era na verdade o líder do submundo dos crimes políticos! (conta a história o general). Antes de ser conduzido a um local secreto, onde ficará recluso para sempre, o segundo homem mais importante de nosso país contou ao agente Sérgio sobre a existência de diversas células terroristas espalhadas pelo nosso território! Pedro....! Está prestando atenção...? (indaga o general, porque o tenente continua olhando para o androide impressionado com a existência de um robô invisível e que pode muda de forma).

- Hã...? Sim, general...! Estou ouvindo o que está dizendo! Nosso vice-presidente é o líder do submundo e "abriu o bico" sobre a existência de diversas células terroristas por todo o Brasil. Ele deu os nomes de todos os indivíduos?

- Não, tenente! A organização é muito bem elaborada! O mundo se transformou num lugar muito tecnológico e por isso bandidos e terroristas precisam ser mais expertos! O vice-presidente sabe apenas a cidade onde cada grupo vive e nos falou da existência de um código que varia de célula para célula. Pelo que sabemos do vice-presidente cada um destes grupos não tem contato com o outro! Assim se um membro for preso não poderá denunciar nada sobre seus colegas. A missão de vocês, Pedro e Sérgio, é localizar e destruir cada um dos membros destas células.

- Espere um pouco...! (declara Pedro). Eu irei trabalhar com um androide para me infiltrar entre terroristas?
- Não, tenente! (negativa o general). Vocês não irão se infiltrar na célula. Vocês só precisam descobrir quem são eles, quantos são e depois disso devem eliminá-los antes que tentem fazer contato com a próxima célula ou com algum possível centralizador de informações!
- Entendo! (declara Pedro). Mas se o vice-presidente está preso... ele deveria ser o centralizador de tudo, não é mesmo?

- Provavelmente sim! (confirma o general). Mas eles são muito bem organizados e não podemos deixar de imaginar que possa haver mais alguém envolvido abaixo ou acima do vice-presidente. Pode ser alguém vivendo no Brasil ou fora daqui! Não sabemos nada ainda sobre isso.

- Mas..., por que este androide precisa de mim? (indaga Pedro). Ele eliminou sozinho mais da metade dos dois mil homens de Xavier na Colômbia!!!!

- Sérgio é movido à energia nuclear, tenente! O corpo dele guarda um enorme perigo. Mas isso foi necessário para dar a ele grande autonomia de ações. Mas agora, devido à grande agitação de seu trabalho, o invólucro protetor está se desfazendo aos poucos e não temos tempo para fazer esta manutenção. O material radiativo pode ser exposto a qualquer momento se ele se agitar demasiadamente! Eu preciso que você, tenente, faça o serviço pesado, enquanto ele lhe dará a cobertura no modo invisível, eliminando qualquer um que tente matar você!

- Então posso ficar exposto à alta concentração de radiatividade se acertarem meu parceiro, terei que enfrentar pessoas que não têm amor à própria vida, além de estarem todos usando alta tecnologia, bombas e com armas provavelmente de última geração, além disso, serei o alvo desta missão...? (indaga Pedro).

- Exatamente, tenente! (concorda o general Figueiredo).
- Nada disso será um problema para mim, general...! Mas tem outra coisa que está me incomodando em tudo isso...!
- Do que está falando, Pedro?
- Estou dizendo que não estou acreditando que tudo é, como foi dito aqui!
- Pode ser mais claro, tenente? (indaga, sério, o general).
Pedro olha para Samantha de um lado e depois para Sérgio do outro lado e retorna ao seu chefe:
- General! Corrija-me se eu estiver errado!
- Pois não!
- Esta mulher estava ali para me espionar! Assim a minha terapeuta teria certeza de que estou bem! Correto?
- Finalize seu raciocínio, tenente! (ordena o general).
- Como ela percebeu que eu não estou... evoluindo... para um estado melhor em meu quadro depressivo..., o senhor foi acionado para me recolocar na ativa novamente! Estou errado em alguma coisa?

- Não vou mentir para você, tenente! (declara o general). Samantha está morando ali porque foi por causa dela que o dono anterior da casa onde você hoje mora foi preso! Achamos melhor ela continuar morando ali para não levantar suspeitas no círculo de amizades que ela já fez. De qualquer modo o bairro está cheio de políticos e pessoas influentes na vida nacional. Ela continua trabalhando infiltrada ali. Vigiá-lo foi apenas um serviço extra que sua terapeuta me sugeriu, para assim sabermos melhor sobre seu quadro evolutivo! Quanto à... "saúde tecnológica" do agente Sérgio..., bom... isso é verdade! Ele precisa de um novo corpo, mas isso leva tempo para ser feito! Não podemos ter partes de reserva deste androide. Ele é uma mistura de diversas tecnologias atuais que juntas somam uma quantia maior do que levar um ônibus espacial à Marte! Mas não podemos nos dar ao luxo neste momento de consertá-lo. Ele precisa agir em surdina. Precisamos mesmo de você à frente desta missão, tenente. Aceita meu convite...?

- Não posso negar que estou chocado em saber que estava sendo vigiado! Não consigo acreditar que este... androide... é real..., ao mesmo tempo... pode se transformar em uma caveira... e também ficar invisível...! Mas quanto ao seu convite, general, eu jamais poderia dizer não! Se o país precisa de mim... estarei sempre pronto para isso!

- Muito bem, tenente! Eu não esperaria outra coisa de você, senão isso! (declara o general). Independentemente de seu estado de saúde!
- Obrigado, general! O que minha terapeuta acha disso? (indaga Pedro).

- Ela acha que em seu estado atual você deve continuar na ativa, até se acostumar com a sua nova condição de vida. E estamos todos aqui para ajudá-lo a passar por este momento difícil, tenente!

- Obrigado mais uma vez, general. Tenho algo mais a comunicar ao senhor.
- O que é, tenente?

- Fui hoje ao churrasco de um senador no Lago Norte! Coloquei-me como um caçador de fantasmas para ele e para um deputado! Acho que poderíamos fazer a mesma coisa que fiz nas fronteiras: juntar muitos deles num único lugar e assim o... fantasma... (declara Pedro, olhando para Sérgio) poderá acabar com dezenas deles rapidamente.

- Aqui não é a floresta, Pedro! Os crimes não podem ser facilmente encobertos na cidade grande! Você acabaria sendo acusado de assassinato em série. Não poderíamos protegê-lo depois disso sem informar ao público sobre a sua missão.

- Eu já me apresentei a eles como um caçador de fantasmas, senhor! Acredito que poderão me procurar em breve!

- A missão que estou lhes passando é prioritária (declara o general). Se os grupos de terroristas resolverem agir, o Brasil pode se transformar na próxima Colômbia! Vocês precisarão viajar e eliminar todos estes terroristas o mais rapidamente possível! Se algum político o procurar... diga que já está numa missão urgente para a qual foi contratado. Não dê nenhum detalhe sobre esta nova missão. Os terroristas não podem saber que estamos sabendo deles!

- Sim, senhor! E quem irá eliminar os alvos que a tenente Samantha está descobrindo? (indaga Pedro).

- Samantha está apenas identificando os envolvidos para que os ACMPRs possam levantar a conta bancária e o envolvimento deles com outros bandidos. Desta forma nós os pegaremos no flagra! (declara o general). É claro que se a coisa ficar muito feia para o lado dela, Sérgio pode ser chamado para eliminar alguns alvos. Mas neste momento a prioridade são os terroristas infiltrados em nosso país. Além do mais, nosso agente robótico conseguiu deixar uma forte marca de suas ações entre estes políticos. Muitos estão pedindo demissão, viajando para fora do Brasil ou sendo presos! O espaço de "trabalho" deles foi reduzido. Já não estão seguros para continuar suas trapaças oficiais!

- E o barco invisível, senhor? Não pode nos ajudar?

- Estamos com um sério problema em nosso litoral nordeste, tenente! Um barco invisível norte-coreano está despejando seu arsenal bélico contra cidades litorâneas brasileiras. Está sendo muito difícil encontrá-lo! A caçada será longa e o resultado final poderá não nos ser favorável! Não temos como contar com a nossa embarcação antes do final da guerra de invisibilidade que estão travando no mar!

- Ok, senhor! Então... quando partiremos para a nossa nova missão? (indaga Pedro ao general).
- Agora mesmo!
- Nosso primeiro alvo, tenente, é um grupo chamado "
Planalto"! (informa Sérgio ao Pedro). Eles estão aqui mesmo em Brasília e seu alvo é eliminar todos os membros do poder executivo da capital brasileira se a ordem do vice fosse dada!

- E como chegaremos até eles? (indaga Pedro).
- Eu consegui do vice-presidente algumas referências sobre o grupo. Ele falou no slogan "
Caça e Pesca"! Disse não saber mais a respeito.
- Mas como ele acionaria os grupos terroristas se ele não tem acesso direto a eles? (indaga Pedro).

- A morte dele acionaria as ações dos grupos! (informa o general). Se ele fosse preso também geraria o ataque às instituições deste país. A notícia que demos é que ele desapareceu! E assim os grupos não podem ainda agir! Estão aguardando os acontecimentos para iniciarem os ataques. Estamos aqui nos antecipando para eliminá-los primeiro.

- Levantei tudo relacionado ao assunto "
Caça e Pesca" e cheguei a apenas dois possíveis contatos (informa Sérgio a Pedro). Como os terroristas entraram neste país nos últimos dois meses, segundo o vice-presidente, então foi mais fácil cercar as possibilidades. Eu e você vamos agora confrontar estas pessoas.

- Bom! É só isso, pessoal! Voltem aos seus trabalhos! Estarei por aqui aguardando novidades! (declara o general).

Pedro balança a cabeça positivamente e se levanta da cadeira assim como Sérgio e a sua colega de trabalho. Os três cumprimentam o general e saem da sala. O tenente caminha ao lado de Samantha enquanto conversa com ela.

- E você? Ficará bem?
- Não se preocupe, Pedro! Não estou sozinha nisso!
- Seu marido também é agente infiltrado? (indaga Pedro).
- Sim! Ele me dá a cobertura perfeita e serve de informante ao general, quando eu descubro alguma coisa! Mas não é meu marido!
- Não me diga!!!! Somos colegas de trabalho!
- Ficarei bem! Mas eu e você ainda somos vizinhos, Pedro! Se eu precisar de ajuda baterei à sua porta.
- Ao que parece...! Não estarei ali para te ajudar!
- Eu sei! Mas enquanto estiver lidando com os terroristas autodenominados Planalto, estará ainda por aqui.
- Sim! É verdade! (declara Pedro).

- As pessoas comuns nem imaginam quantas coisas reais e importantes acontecem de forma invisível! (declara Samantha). Existe todo um mundo oculto que trabalha para o poder constituído deste país, apenas para lutar contra o outro mundo invisível: o do poder paralelo! Estamos todos travando uma enorme batalha pelo controle deste país. Isso sem contar com os interesses dos outros países e instituições globais, que afetam muitas das decisões internas do Brasil. O mundo é um enorme emaranhado de poderes onde a maioria nem está ali porque foram votados para isso!

CAPÍTULO IV
PEDRO E O LOBO

CAPÍTULO XXVII
LAR DAS ONÇAS

CAPÍTULO V
FANTASMA URBANO

CAPÍTULO XXVIII
O INFERNO CONTRA-ATACA

CAPÍTULO VI
PIRATAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XXIX
ATAQUE AO LITORAL

CAPÍTULO VII
ENTRANHAS DO PODER

CAPÍTULO XXX
NOVOS POLÍTICOS

CAPÍTULO VIII
FRONTEIRAS DA GUERRA

CAPÍTULO XXXI
LEMBRANÇAS ANTIGAS

CAPÍTULO IX
BALAS ASSASSINAS

CAPÍTULO XXXII
O DONO DO INFERNO

CAPÍTULO X
FICHA LIMPA OU ROUPA SUJA

CAPÍTULO XXXIII
AGULHAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XI
PIRATAS EM REUNIÃO

CAPÍTULO XXXIV
VISITA INTERNACIONAL

CAPÍTULO XII
PRESSÃO POLÍTICA

CAPÍTULO XXXV
SOZINHO NA MULTIDÃO

CAPÍTULO XIII
GUERRA SEM-FIM

CAPÍTULO XXXVI
GUERRA DE INVISIBILIDADE

CAPÍTULO XIV
NAS PISTAS DE UM COMBATE

CAPÍTULO XXXVII
VERDADE DOS FATOS

CAPÍTULO XV
ENTREVISTA COM O DEMÔNIO

CAPÍTULO XXXVIII
PALAVRA DE PRESIDENTE

CAPÍTULO XVI
MOGADÍSCIO

CAPÍTULO XXXIX
O ENCONTRO COM O MAL

CAPÍTULO XVII
O AMANHÃ COMEÇA HOJE

CAPÍTULO XL
TIRO NO ESCURO

CAPÍTULO XVIII
MORTE NA ALDEIA

CAPÍTULO XLI
PARCERIA INUSITADA

CAPÍTULO XIX
FRONTEIRA DO PODER

CAPÍTULO XLII
ESPELHO QUEBRADO

CAPÍTULO XX
FALSO FANTASMA

CAPÍTULO XLIII
O NOVO CÂNCER

CAPÍTULO XXI
LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

CAPÍTULO XLIV
LEMBRANÇAS DO VIETNÃ

CAPÍTULO XXII
DOMÍNIO DO ÓBVIO

CAPÍTULO XLV
A VERDADEIRA DEMOCRACIA

CAPÍTULO XXIII
CORONEL SEM ESTRELA

PERSONAGENS
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- E nós três aqui fazemos parte deste mundo invisível! (declara Pedro).
- Sim! Exatamente! Somos praticamente guerreiros-fantasmas! (comenta Samantha).
- Este título cabe a ele, né? (aponta Pedro para Sérgio). Único entre nós que realmente pode ficar literalmente invisível!

Sérgio sorri para Pedro e os três continuam andando para fora do prédio.

- Acho melhor não sermos vistos juntos saindo daqui (declara Samantha). Vou visitar o meu departamento enquanto vocês saem do prédio.

- Ela tem razão! (concorda Sérgio). Vou ao banheiro, Pedro! Já te encontro!
- E por que um androide precisa ir ao banheiro?!?! (indaga Pedro a Sérgio).

- Não estou vendo nenhuma cabine telefônica para eu me transformar lá dentro em invisível! (declara Sérgio relembrando que nas primeiras versões do super-homem ele fazia isso em filmes).

Pedro sorri enquanto observa seu novo parceiro entrar no banheiro e antes da porta se fechar ele já está de volta invisível e ao lado do tenente.

- Vamos embora?

Pedro toma um susto enquanto gira rapidamente a cabeça para o outro lado procurando a origem da voz. Ele nada vê!

- Não "dê bandeira..."!
- Ainda não estou acostumado com esta situação! (declara Pedro Álvares já caminhando para fora do prédio, seguido de perto pelo androide invisível).

Pedro entra em seu carro e percebe, mesmo invisível, que Sérgio também entrou ali.

- Para onde vamos agora? (indaga Pedro olhando diretamente para o GPS em seu painel).

Sérgio conversa com o tenente:

- Temos dois lugares para visitar onde o nome "
Caça e Pesca" aparece: um é uma loja de artigos para caçar e pescar. Ela foi aberta recentemente por três pessoas que vieram de fora do país. Vieram do mundo árabe. Mas estas pessoas simplesmente desaparecem! Entraram com vistos de turistas por poucos dias e não retornaram para seu país. Um sujeito chamado Florentino comprou a loja onde você também pode contratar um caçador profissional se precisar!

- Hummm! Suspeito!
- Sim! O local fica a dez quilômetros daqui, no outro lado da cidade (enquanto comenta isso, Sérgio, ainda invisível, olha na direção do GPS e transfere via Bluetooth o endereço ao equipamento que imediatamente mostra o caminho para chegar lá). Mas antes iremos visitar o primeiro endereço que também está ligado à caça e pesca.

- Onde fica?
- Muito perto! Vamos sair deste estacionamento..., vire à direita e siga em frente!
- Está bem!

Pedro liga seu carro e faz o que sugeriu o androide. Depois de poucos minutos Sérgio ordena:

- Pare o carro!
- Por quê? O que houve?
- Chegamos!!!!
- Como assim?!?! Ainda estamos na esplanada dos ministérios!?!?
- Exatamente! (declara Sérgio). Olhe para o prédio à sua esquerda!

Pedro o faz e vê a placa escrita: "
Ministério da Caça e Pesca".

- O ministério está envolvido nisso?
- Não! Um assessor parlamentar chamado Florentino comprou a tal loja de caça e pesca. Ele é o nosso alvo e o acesso aos outros três homens de origem árabe.
- Humm! Entendo! E o que vai dizer a ele?
- Eu? Não! Você é a isca, se lembra disso?
- Então eu sou a isca que está entrando no ministério da caça e da pesca?
- Irônico, não?
- Qual é o nome dele mesmo?
- Florentino Alves! Trabalha no quinto andar e é assessor do deputado Ferreira da Cruz de Malta.
- Acha que o deputado também está envolvido?

- Não sei! Ferreira da Cruz de Malta ainda não foi envolvido em nada ilícito. Pode ser uma fachada para o grupo terrorista ou simplesmente uma coincidência. A relação dele com o assessor é apenas política. O partido indicou Florentino para o cargo. Ainda não sabemos o porquê disso! OS ACMPRs estão investigando o caso e em breve saberemos mais!

- Certo! Vamos conversar com este tal de... Florentino Alves (declara Pedro).

- Espere um momento! (requisita Sérgio que coloca a mão no interior de seu paletó de nanoleds e entrega a Pedro um minúsculo ponto eletrônico que aparece flutuando no ar, já que o androide está todo invisível neste momento).

- Para que isso?
- Você irá precisar para se comunicar comigo! Na verdade... sou eu que falarei com você! Assim ninguém me ouvirá! Apenas você!

Pedro pega o dispositivo e o coloca na orelha. Ele agora abre a porta de seu conversível branco e desce do veículo. Sérgio, invisível, sai por cima da porta para não chamar a atenção de ninguém sobre a sua presença discreta ali. Os dois se dirigem lentamente para a recepção do prédio e Pedro se identifica.

- Olá, senhorita! Meu nome é Pedro! Sou tenente da marinha e preciso falar com o assessor parlamentar Florentino Alves que trabalha no quinto andar.
- Ele está à sua espera?
- Não! De fato ele não me conhece! Mas tenho um assunto muito importante. É uma informação do alto escalão do poder!

A recepcionista olha para ele estranhando o argumento. Sérgio fala com o colega pelo ponto eletrônico em seu ouvido:

-
Informação do alto escalão?!?! Não tinha algo melhor para dizer?

Pedro ergue as sobrancelhas em repúdio ao comentário do colega androide invisível. Enquanto isso a recepcionista aponta um tipo de arma para o peito de Pedro, que se abaixa rapidamente para não ser alvejado.

- Senhor?!?! O que está fazendo? (indaga a recepcionista ao arredio tenente).
-
Levante-se daí, tenente! (declara Sérgio via ponto eletrônico). Está me envergonhando! Aquilo não é uma arma, é apenas um dispositivo que substitui os antigos crachás!

Pedro se ergue lentamente, olhando assustado por cima do balcão de volta para a recepcionista e criticando-a:

- Da próxima vez... avise, antes de sacar esta coisa... que se parece com uma arma!
- É apenas o novo sistema de identificação de pessoal! (declara a recepcionista, olhando arregalada para Pedro). Enquanto o senhor andar no interior do ministério, diversos sensores distribuídos pelos corredores do prédio o identificarão. É para a sua e a nossa segurança, tenente!

Pedro fica em pé novamente e ainda um pouco preocupado observa atentamente para o dispositivo nas mãos da delicada senhorita. A recepcionista aponta o equipamento com cuidado para ele e dispara um feixe de luz diretamente no peito do homem da marinha. Ele passa a mão no local onde ela o "acertou" e verifica se aconteceu alguma coisa estranha por ali.

- A sua roupa foi sensibilizada temporariamente com os dados sobre o assessor parlamentar que o senhor irá visitar aqui no prédio. Depois que sair deste prédio a informação será deletada de sua roupa. Agora nosso prédio poderá reconhecê-lo. Basta o senhor se dirigir aos elevadores no final do corredor para ser automaticamente levado ao seu destino. Obrigada pela paciência da espera e tenha uma boa tarde, tenente.

- Para você também! (declara Pedro enquanto caminha lentamente em direção aos elevadores. Ele fala agora baixinho com Sérgio). Você sabia sobre tudo isso?
-
Sim!
- E por que não me disse nada?
-
Há quanto tempo você está fora, vivendo na floresta?
- Nem sei mais! Faz muito tempo!

-
As novas roupas são uma mistura de fibras especiais produzidas por algas. A indústria têxtil, ao processar este novo tecido biológico, impregna nela um líquido produzido por bactérias que foi desenvolvido a partir da clorofila e por isso as suas calças e camisas produzem energia elétrica. Em meio a tudo isso são colocados chips eletrônicos que geram diversos tipos de informações, sobre quem é você, suas necessidades médicas, seu genoma, sua profissão atual, sua filiação, seu RG, CIC, sua agenda telefônica, quem são seus amigos na internet 3...

- Meus amigos na internet 3?!?! Como esta roupa sabe disso?
-
Quando você acessa a internet, o seu computador pessoal envia por Bluetooth todas as informações que a sua roupa capta. Você ainda não ativou este sistema em seu microcelular de comunicação?

- Eu nem sabia sobre isso!?!?
-
Você está muito atrasado, tenente! Precisa de upgrade urgente!
- Achei que você seria meu upgrade!!!!
-
É! Parece que precisarei ser sua babá também! Conhece os novos elevadores?
- Por quê? O que há de diferente em relação à geração anterior!
-
Olha...! Basta entrar ali que ele te levará diretamente ao seu destino e não mostre muita surpresa com o que verá lá dentro, está bem?
- Por que o prédio do ministério da marinha não tem este sistema também?
-
Os militares navais têm consumido boa parte dos recursos para desenvolver novos projetos como eu e o barco invisível.

Os dois entram no elevador cuja porta acaba de ser aberta. O sistema inteligente do prédio reconhece Pedro e o computador fala com ele.

-
Boa tarde, tenente Pedro! O seu contato está no momento no quarto andar saindo de uma reunião. Estou levando-o diretamente para o local onde o assessor Florentino Alves se encontra agora.

Pedro olha para a porta do elevador, que é uma tela de vídeo, assim como todas as outras paredes internas. Ele vê numa delas a imagem do assessor Florentino terminando a reunião e saindo da sala. Ao seu redor as paredes mostram propagandas dos trabalhos e serviços prestados pelo ministério da caça e pesca e também um mapa do andar por onde o tenente deve caminhar.

Pedro olha meio assustado para tudo isso! É um nível incrível de informação geral! O elevador para e a porta-TV se abre em duas, como nos elevadores do início do século XXI. O tenente sai dali e caminha agora pelo corredor à sua frente. Sérgio, invisível, o acompanha! De frente Pedro reconhece a pessoa que vem em sua direção. É o assessor cuja imagem fora mostrada há pouco para ele dentro do elevador.

- Senhor Florentino Alves! Sou o tenente Pedro da marinha brasileira! Boa tarde! (diz ele esticando sua mão para cumprimentar o assessor).
- Boa tarde! Eu fui informado que o senhor queria falar comigo e que era urgente, mas eu não tenho muito tempo, então se puder ser sucinto eu lhe agradeço.
- O senhor vice-presidente da república quer lhe falar pessoalmente e precisa de um lugar isolado para isso (declara Pedro ao perplexo assessor).
-
Essa foi boa! Por isso eu não esperava! (declara Sérgio enviando um arquivo de áudio ao ponto eletrônico auricular de Pedro).
- O... vice... presidente...?!?! O da república...? (indaga Florentino que está com as sobrancelhas baixas e olhos arregalados).
- Sim! Exatamente! Mas fale mais baixo...! Ele não quer que esta notícia se espalhe! (comenta Pedro, olhando ao redor em busca de potenciais ouvintes ali próximo deles).
- Mas... ele não está sendo procurado pelas autoridades...? Por que desejaria falar comigo...? Eu nem o conheço!?!?
- Você sabe o motivo...! Não preciso falar sobre isso...! (declara Pedro, sorrindo suavemente).

Florentino gira em alguns poucos graus a cabeça para a direita sem tirar os olhos de Pedro, enquanto suas sobrancelhas se abaixam novamente espremendo seus olhos. Ele está desconfiado sobre o que está acontecendo e duvida das reais intenções de Pedro.

- Olha! Não sei do que está falando, senhor...
- ...Tenente Pedro! (complementa seu nome o homem da marinha ao esquecido assessor ministerial).
- Tenho um compromisso urgente e preciso ir agora! (declara Florentino passando por Pedro e indo embora).
- Ele me disse que você não acreditaria nessa informação...! Ordenou que lhe dissesse que os planos mudaram...! E que seu grupo é peça-chave nos futuros rumos da política e economia deste país.

Florentino para de andar e, ainda de costas, pensa um pouco sobre o assunto. Agora ele se volta na direção de Pedro e o indaga:

- Do que é que você está falando? De que grupo? Que outro futuro pode ter este país senão o de domínio dos ACMPRs na política?

Pedro abaixa a cabeça balançando-a enquanto sorri ironicamente. O tenente se aproxima lentamente do assessor e conversa baixinho com ele:

- Senhor Florentino! Você sabe do que eu estou falando...! Mas já que deseja uma confirmação... estou falando de seu grupo de três terroristas que o senhor está ajudando a... acomodar... aqui em Brasília. O senhor sabe também que este grupo está pronto para atacar o poder executivo para desestabilizar a política nacional e tornar um caos a nossa economia.

Florentino olha para Pedro sem demonstrar ignorância sobre tudo o que foi dito e também sem discordar ou concordar!

- Agora que o senhor sabe que eu sei de tudo..., podemos tratar a coisa toda com mais transparência ou quer que eu transmita a informação de que eu o eliminei porque é a pessoa errada e que não deveria saber sobre tudo o que eu contei? Responda logo esta pergunta antes que eu o mate aqui e agora!

-
Touché! (declara Sérgio ao Pedro via ponto auricular). Você está me impressionando, tenente! Não é à toa que se deu tão bem nas fronteiras deste país contra traficantes e guerrilheiros!

Sem opções, e agora ameaçado de morte oficialmente pelo tenente Pedro, o assessor Florentino resolve "abrir o bico":

- Este não é o lugar e nem a hora de falarmos sobre este assunto! Ninguém tem acesso a esta informação que é altamente secreta. Sugiro que me encontre hoje à noite em minha loja de caça e pesca. Vou lhe passar o endereço...

- Não precisa! Eu já o tenho! A que horas quer que eu vá? (indaga Pedro).

- Você, não...! Quero ver o vice-presidente em carne e osso...! Do contrário esta conversa não continuará depois disso... e neste caso... meu grupo matará você porque não deveria saber disso tudo...!

- É justo...! Eu não poderia esperar nada menos do que isso de você...! Mas já vou lhe avisando...! O vice-presidente vive agora recluso e não pode ser visto andando por aí! O homem não tem como usar telefone, internet ou qualquer outra forma de contato eletrônico. Estão todos à procura dele neste momento. Mas isso irá mudar muito em breve. Ele deixará de ser o vice... desaparecido..., para ser o líder ditatorial deste país. E vocês serão o exército de guerrilheiros mais poderoso que este mundo já viu com o apoio dos ACMPRs e outras tecnologias secretas!

- Está falando sério?
- Sim! Não sou de brincadeira! A que horas espera a presença do homem em sua lojinha?
- Hoje... às vinte horas em ponto! Se se atrasar... considerarei sua proposta falsa e nós perseguiremos você e à sua família até no inferno se preciso for!
- Vou lhe dar um conselho, Florentino...! Se falar mais uma vez em minha família em tom ameaçador... serei obrigado a matá-lo agora mesmo!
- Jamais sairia deste prédio vivo se portasse uma arma! (declara Florentino sorrindo). A segurança dos sensores não permitiria tal coisa!

- Não preciso de armas. Só preciso de um único golpe...! E você nem veria o que fiz! Mas não antes de lhe arrancar a língua e os olhos! (declara ameaçador, Pedro). E depois eu encontraria seus três amiguinhos e faria muito pior com eles! A polícia os encontraria pendurados na parede de sua lojinha, empanados... como um troféu de caça...! Não sabe quem sou eu...! E nem sobre o mundo invisível que eu represento aqui...! Tome cuidado...! Posso ser seu parceiro no futuro ou um terrível inimigo no presente...! O vice-presidente estará pontualmente em sua lojinha...! Não se atrase...! Ou... você sabe o resto...!

Pedro passa por Florentino e seu ombro bate no do assessor forçando-o a se movimentar para não cair no chão. Acostumado à dura vida na floresta, o tenente é forte e preparado para uma luta corpo a corpo! Florentino olha para ele enquanto entra no elevador seguido de perto pelo androide Sérgio no modo invisível. As portas se fecham e Pedro observa o político estático esperando do outro lado também o fitando impassível.

-
Onde aprendeu a negociar deste jeito? Até eu fiquei com medo de você!
- Não sei por quê? Eu estava falando sobre o que você fará contra ele e não sobre mim! Eu sou apenas a parte visível desta história, se lembra?
-
Falou comigo, tenente Pedro? (indaga a voz computadorizada do elevador tecnológico).
- Não! Leve-me apenas para a saída deste prédio! (declara autoritário, Pedro).

Já no interior de seu veículo branco, chamado Warrior, Pedro indaga ao androide:

- Como levaremos o vice-presidente até esta reunião? Se eles não o virem teremos que atirar para matar.
- Eles serão todos mortos de qualquer forma! (declara Sérgio sem usar o ponto auricular do tenente). Mas eu prometo que o vice-presidente estará na reunião!
- Como?
- Entre as minhas habilidades, tenente, está o fato de eu poder me transformar em diversas pessoas.
- Como assim?

- Toda a minha estrutura externa é feita de nanoleds luminosos que imitam a textura da pele de tecidos! Enquanto eu interrogava o vice-presidente pude escaneá-lo por inteiro. Agora a tal imagem será reproduzida em 3D sobre a minha estrutura externa e assim eu me parecerei como se fosse um irmão gêmeo dele.

- É mesmo? E quanto à voz?
- Esta é a parte mais fácil. Meu supercomputador tem um programa interno de simulação de vozes masculinas, femininas ou infantis. Posso imitar qualquer um!
- E quanto à sua altura e peso?!?! Você é muito maior do que o vice-presidente e mais magro!

Todo o meu corpo, e também os membros artificiais, têm um sistema que pode aumentar ou reduzir individualmente as diversas partes! Assim eu ficarei muito parecido com a forma externa de quem eu simulo.

- Que coisa louca!
- Vou considerar isso um elogio!

Pedro olha espantado na direção do androide invisível, enquanto dirige seu lindo conversível branco.

- Não vá para casa! (declara Sérgio). Vamos para o shopping mais próximo. Podemos estar sendo seguidos. Depois que eu eliminar todos eles... você poderá ir dormir em casa!

Horas depois, e já de noite em Brasília, Pedro chega ao endereço combinado. Seu carro está com a capota conversível abaixada para esconder um pouco o interior do veículo. Ele para o automóvel próximo da loja de caça e pesca e o desliga. Ao lado do tenente está um sujeito de terno escuro, chapéu da moda em 2040, barba e bigode postiços e uma máscara que altera fortemente seu rosto.

- Vou entrar com você naquela loja! (declara Pedro).
- Não! (ordena Sérgio, agora visível). Eles não podem me matar, mas a você sim!

- Eu sou a isca, androide! Mas sou bom de luta e com armas! Além do mais, não quero ser exposto à radiatividade de eles usarem munição pesada contra você.

- Entendo a sua preocupação, tenente! Mas se usarem munição pesada você tem menor chance ainda de sobreviver! Por isso é melhor ficar aqui e observar toda a ação.

- Se você entrar sozinho eles podem desconfiar que haja algo errado aqui. Se estamos tentando enganá-los, precisará parecer real a nossa chegada! Teoricamente para eles eu sou seu protetor e seria estranho você entrar lá sozinho. E já que está uniformizado, não poderá ficar invisível neste momento.

- Talvez você tenha razão! Podemos perdê-los para sempre se eles não se sentirem confiantes. Tenho que ser quem aparento.
- É verdade! Não desça do carro! Vou abrir a porta para o... senhor vice-presidente!

- Está bem, tenente! Vamos fazer do seu jeito. Mas se algo der errado fique atrás de mim. Balas não penetram facilmente em meu corpo!

Pedro cerra o pulso e bate de leve no peito de Sérgio, como se estivesse à frente de uma porta! O androide estranha tal atitude e olha para o tenente!

- Não sei não...! O general disse que esta parede externa não está tão grossa quanto deveria! É melhor você ficar atrás de mim se eles começarem a atirar! Não quero ser responsável por expor material radiativo por aí!

Pedro desce do veículo sob o olhar de estranhamento do androide para a observação que ele acabara de fazer. O tenente abre a porta do carro para que o falso vice-presidente da república desça dali sob a sua proteção. O tenente olha ao redor, preocupado com algum potencial atirador escondido. Os dois se dirigem para a porta de entrada da loja de caça e pesca enquanto o androide envia uma mensagem de áudio para o ponto auricular de Pedro.

-
Fique tranquilo, Pedro! Minha visão de raio-X não detecta nenhum atirador no local. De fato só estou vendo no interior deste estabelecimento o assessor Florentino. Não sei onde se encontram os três terroristas!

- Isso não é bom! Talvez estejamos indo para uma armadilha!
- Se for... eles também terão uma grande surpresa...! (declara Sérgio).

Pedro se aproxima da porta de entrada que se abre sozinha e automaticamente para ele. De frente os dois veem Florentino se aproximando!

- Parabéns, tenente! São oito horas em ponto! (declara Florentino). Agora... só para eu ter certeza... senhor vice-presidente... retire todo este disfarce, por favor!

Sérgio retira o chapéu, a barba e o bigode. Depois com as duas mãos posicionadas perto de suas orelhas, ele arranca a máscara de silicone expondo o conhecido rosto do vice-presidente do Brasil. Florentino arregala os olhos porque o reconheceu. Logo depois ele retira do bolso um pequeno aparelho aproximando-o do androide.

- Diga algo para que eu possa confirmar se a sua voz é a mesma de quem parece ser (requisita Florentino com o braço esticado perto do rosto do androide disfarçado).

- Pare com esta palhaçada, Florentino! (comenta o androide falando nervoso e com a voz igual ao do vice-presidente). Você me conhece há muito tempo! Fui eu quem o colocou no cargo em que está hoje dentro do ministério! O partido o indicou oficialmente, mas sabe que foi por pressão minha! Estamos perdendo tempo aqui! Onde estão os seus homens. Temos assuntos importantes a tratar!

- Olá, senhor! (cumprimenta o assessor ministerial). Que bom que está bem! No início eu não acreditei que tudo isso era verdade. Suas ordens foram muito claras e não poderíamos correr riscos...

- Isso foi antes de tudo dar errado! Quando combinei a vinda de terroristas ao Brasil eu tinha um bom plano, mas o maldito presidente tinha outros trunfos na manga e eu não sabia! (declara o falso vice-presidente da república). Onde estão seus homens?

Pedro observa tudo ao redor à procura de seus inimigos. Florentino pega uma caneta de seu bolso e a pressiona como se fosse escrever alguma coisa. Três paredes diferentes giram, como fazem as portas giratórias de entrada e saída de bancos, e dali saem os três terroristas árabes. Estão fortemente armados e com seu corpo coberto por bombas. Estão prontos para matarem todos no local.

- Por que estão vestidos de homens-bombas? (declara bravo o falso vice-presidente). É assim, Florentino, que me recebe? Pronto para me matar no momento em que estou prestes a dar todos vocês um país inteiro para protegê-los e armá-los com todos os novos projetos militares brasileiros?

O clima ficou muito tenso e perigoso agora, tanto para Pedro quanto para Sérgio, que pode ter seu corpo parcialmente destruído expondo o interior radiativo.

- Não, senhor! Eles estavam apenas prontos para darem as suas vidas no caso de o senhor não ser o verdadeiro vice-presidente! Vocês! Guardem logo isso! Ele é quem diz ser. Vamos conversar civilizadamente agora!

Como se um terrorista pudesse conversar de modo civilizado se nem a própria vida respeitam, quando mais a dos outros!

- Não vamos retirar nossos uniformes! (declara um dos terroristas). Depois dos contínuos ataques que sofremos do ocidente, ao final da primeira década deste século, juramos a Alá que nunca mais seríamos pegos desprevenidos. As bombas passaram a ser o nosso uniforme padrão. Mas elas agora podem destruir todo um quarteirão, matando dezenas e dezenas de pessoas e podendo ferir centenas!

- Neste caso...! Não irei negociar com vocês...! (declara o falso vice-presidente). Não quero ter pessoas de confiança ao meu lado que podem explodir a mim e a minha futura equipe de trabalho. Bombas podem ser boas para nossos inimigos, não para reuniões de trabalho!

O androide Sérgio se vira de costas e começa a andar em direção à porta de saída da loja. Pedro está chocado e meio sem saber o que fazer neste momento complicado, quando Florentino fala ao falso vice-presidente.

- Senhor! Se não puder contar conosco... com quem contará? Se não estamos juntos agora... seremos inimigos no futuro...! Somos a única coisa que o senhor tem neste momento. O restante do mundo só quer pegá-lo e prendê-lo.

O vice-presidente para de andar e se vira para fazer uma pergunta:

- Tem razão, Florentino! Mas não serei seu refém enquanto conversamos! E se eu aceitar isso agora... (comenta o androide apontando para o corpo dos três terroristas), nunca conseguirei ter o poder deste país em minhas mãos. Serei sempre um refém deste seu grupinho mal organizado que não tem nem mais onde se esconder neste planeta onde todos os perseguem. Quero dar a vocês um novo lar, amparado pelo nosso poderio militar! Seremos um novo Afeganistão para vocês treinarem com novas armas e tecnologias! Mas desse jeito eu prefiro que ativem estas malditas bombas agora e assim acabaremos com tudo de uma vez por todas. Perdemos os dois!

Diante de uma proposta igualmente terrorista e mortal do falso vice-presidente, Pedro começa a suar frio, mas de forma discreta. Sua mão já está bem próxima de pegar a arma escondida em seu paletó, para tentar acertar os terroristas antes que eles detonem as bombas. Algo muito difícil de ser feito por estar em desvantagem numérica neste momento.

Florentino morde os lábios tentando imaginar uma saída viável para o bombástico impasse e fala em uma língua árabe aos seus três amigos:

-
(Tradução: Meus amigos! Vamos negociar! Ele não é o inimigo! Retirem estas bombas, por favor! Depois poderão novamente recolocá-las).

Diante do pedido daquele que acaba de se revelar como um contato íntimo do grupo terrorista, os três destruidores de vidas alheias retiram, meio sob protesto, seus uniformes explosivos e os colocam suavemente sobre as costas de cadeiras que estão ali ao lado, ao redor de uma mesa de reuniões. Sérgio aproveita o momento e indaga a Florentino:

- Então você também fala a língua árabe?

Florentino abaixa as sobrancelhas, estranhando a observação daquele que o assessor pensa ser o vice-presidente brasileiro.

- Você não é quem estou pensando! (declara ele assustado). O verdadeiro vice-presidente saberia de minha origem árabe.
Um clima de desespero se instala no local e os três terroristas aproximam-se novamente de seus uniformes de destruição para detonar ali mesmo os explosivos! Sérgio saca duas armas e acerta mortalmente na cabeça dois dos inimigos.

Pedro também saca a sua arma e elimina o terceiro homem. Volta rapidamente a sua arma na direção de Florentino, mas, antes que ele atirasse, o androide usa seu braço para desviar o do tenente, evitando que a bala mortal acabasse com a vida do assessor ministerial. Pedro olha assustado para Sérgio que explica sua atitude:

- Você irá nos ajudar a encontrar os outros grupos de terroristas espalhados por este país (declara Sérgio, oculto sob a imagem do vice-presidente, olhando diretamente nos olhos de Florentino).

- Quem são vocês, afinal? Como conseguiu personificar alguém como o vice-presidente? (declara o assessor agora de olhos arregalados, coração acelerado e cercado por duas pessoas armadas contra ele).

-
Sou seu pior pesadelo! (declara Sérgio se transformando agora naquela caveira de paletó). Sou o pior terrorista existindo agora em sua mente! E vou arrancar cada informação que tiver nesta sua cabeça inútil!

-
É um demônio! (diz apavorado Florentino se afastando lentamente dali).

Sérgio guarda as suas armas e agarra com as duas mãos no paletó do assessor, erguendo-o com força do chão.

-
Diga-me o que quero saber agora! Ou começarei a arrancar pedaço por pedaço de seu corpo!

- Eu não tenho acesso a todos os grupos!
(declara o assessor tremendo de medo). Os novos e pequenos grupos terroristas trabalham de forma linear! Um grupo tem acesso apenas a outro e assim por diante para tornar difícil que todos sejam presos simultaneamente!

- Parece que teremos muito trabalho para eliminar todos estes caras! (declara Pedro ao androide).
-
Vamos levar este aqui para um interrogatório no inferno! Ele vai contar até o que não sabe! (declara ameaçadora a caveira androide).
-
Para o inferno?!?! Não!!!! Prefiro morrer!!!! Não me leve ao inferno!!!! (declara o agora inseguro ex-assessor).

- Calma!!!! O demônio não é um bicho de sete cabeças!!!! Ele só tem uma..., mas é muito feia...! (declara Pedro olhando para Sérgio, que não gosta muito da brincadeira do colega).

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