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O BARCO INVISÍVEL
GUERRA DE INVISIBILIDADE - Vol. III

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
INIMIGO OCULTO

CAPÍTULO XXIV
A REPÓRTER É A NOTÍCIA

CAPÍTULO V
FANTASMA URBANO

CAPÍTULO II
POSSE CIBERNÉTICA PÚBLICA

CAPÍTULO XXV
BALAS POR ARMAS

CAPÍTULO III
REUNIÃO DE GUERRA

CAPÍTULO XXVI
FAMÍLIA EM PÂNICO

É noite em Brasília e numa das muitas mansões de parlamentares à beira do Lago Paranoá, uma festa se inicia. Os convidados são nada menos que uma grande quantidade de políticos e cônjuges! Vestidos maravilhosos, paletós magníficos, gravatas importadas e conversas milionárias, regadas a champanhe, vodka e muito vinho! O assunto geral do evento não poderia ser outro senão aquele que financiou o tal evento: dinheiro público!

Sérgio chega invisível à festa aproveitando o espaço entre os dois seguranças que ficam na entrada para que nenhum penetra invada o local. Nenhum penetra visível, não é? Já lá dentro o agente robótico Sérgio entra atrás de uma das enormes colunas de concreto do salão de festas que ajudam a sustentar o gigantesco andar de cima da mansão. Ao passar ali por trás ele reaparece do outro lado vestido de branco, muito similar aos garçons do evento. Seu rosto também está um pouco diferente porque ele consegue deixar as maças do rosto maiores, o cabelo mais ralo, uma pequena costeleta e a cor dos olhos em azul vibrante.

Ele aproxima-se da mesa onde todos os garçons pegam bandejas e bebidas e sai pela festa servindo-as. Com o sistema de audição que capta sons a grande distância, Sérgio foca seu objetivo de avaliação em três pequenos grupos que estão conversando no ambiente festivo. O supercomputador no interior de seu corpo consegue processar muitas informações paralelas simultaneamente dando a ele a capacidade de determinar quem dali fala sobre assuntos que jamais se falaria em outro ambiente público.

Sérgio ouve dois parlamentares que falam de coisas do dia-a-dia, mas nada sobre política ou dinheiro público. Ele foca seus equipamentos de captação de sons em dois outros que estão se aproximando um do outro:

- Olá, nobre senador!
- Olá, deputado! Não sabia que o senhor viria!
- Ahhh! Eu não perco uma "boca livre"! Foi de graça eu estou lá! Rsrsrs! Esta é minha esposa, Margarete!
- Olá! Como tem passado?
- Estou ótima! Meu maridinho me presenteou com esta jóia maravilhosa, caríssima e única! Foi produzida especialmente para mim! Não é meu lindinho parlamentar? (indaga Margarete fazendo biquinho e chacoalhando de leve as bochechas do marido).
- Rsrsrs! Você merece! Mesmo porque não saiu de meu bolso, né? (comenta o deputado fazendo cara de safado).

Margarete dá um tapa de leve no ombro do marido, porque não gostou da insinuação de que se o dinheiro tivesse saído do bolso dele, o deputado não teria dado o presente! Mas como a verba veio dos cofres públicos...!

- Ahhh! Deixe-me te perguntar, senador! Como anda aquele negócio... Sabe? (indaga o deputado). Aquele negócio... que o senhor estava vendo para a nossa cidade...! Lembra-se...?
- Sim! Claro que me lembro, deputado? O número de zeros daquela enorme cifra não deixa ninguém se esquecer de algo assim, não é?
- É verdade...! O que o senhor descobriu em sua sondagem...?
- Descobri que o ministro da integração social não tem verba para investir numa nova ponte em sua cidade natal, deputado!
- Ahhh! Mais o nobre senador explicou para ele sobre a importância desta ponte?
- Claro que sim! Ele disse que se tivesse uns três zeros a menos poderia fazer a tal ponte! Mas nesta quantia o ACMPR dele iria desconfiar da... manobra de seu partido... em superfaturar a obra!
- Eu posso retirar os três zeros..., mas teremos que incluir uma verba adicional vinda da empreiteira que iria construir a ponte...!
- Eles estão dispostos a investir neste projeto para ganharem mais espaço nas próximas licitações?
- Claro que sim, senador...! Depois que os robozinhos entraram no planalto tivemos que reduzir os valores para não dar muito na vista, você sabe?

- É! Tem razão! No senado estão chamando os novos assessores robóticos de homens de ferro! Estão conseguindo atrapalhar o trabalho de todos nós no senado!

Numa mesa, do outro lado do salão, Sérgio ouve uma deputada discutindo, de forma discreta, com o tesoureiro das verbas de campanha!

- Quem disse que você podia pegar aquele dinheiro para um comprar um carro para uso de sua esposa?
- Deputada! Sabe que este dinheiro não foi contabilizado em sua campanha! Ele não é seu e nem de ninguém!
- Mesmo assim! O dinheiro foi doado para que eu pudesse me eleger, então ele deveria ser usado por mim!
- Somos uma equipe, deputada! Todos nós temos direito a um pequeno prêmio pela sua vitória nas eleições!
- Eu prometi ao meu marido que compraria uma casa nova em minha cidade! Agora com o que sobrou vou precisar de mais dinheiro!
- A senhora não mexeu mais neste dinheiro que ficou parado no cofre de sua sala!
- E você entra lá, rouba a minha senha e pega parte do dinheiro?
- Eu não roubei a sua senha! Eu sou o tesoureiro e temos usado parte do montante para alguns gastos menores. Numa destas vezes eu vi a senhora digitando e não consegui mais me esquecer da combinação!

Ao ouvir isso, o agente Sérgio deixa a bandeja com taças de bebidas sobre uma mesa e caminha novamente para trás de uma das enormes colunas. Ao sair do outro lado ele já estava novamente invisível. De dentro de sua roupa de leds o agente do exército brasileiro retira um pequeno frasco que ele abre e joga em sua mão um pouco daquele estranho pó. Agora Sérgio caminha discretamente entre os convidados e coloca aquele produto dentro dos copos dos políticos e assessores que ele ouvira falando de falcatruas. Sem saber de nada, suas vítimas continuam bebendo tranquilamente.

Sérgio se posiciona agora no meio do salão e torna visível por todo o seu corpo a imagem do fantasma com cabeça de caveira e corpo enrolado num tecido branco. A aparência terrível daquele ser assusta a todos que se afastam imediatamente dali. Quatro seguranças se aproximam para deter e expulsar o penetra de outro mundo. Um a um deles agarra nos braços de Sérgio que usa sua força superior e com socos e pontapés derruba cada um dos enormes seguranças do local! Ele fala aos convidados com sua voz grave e poderosa, que parece estar vindo diretamente dos porões do inferno!

-
Eu sou o fantasma urbano! Vim para deter a bandidagem que se instalou na sociedade brasileira! Em poucos segundos alguns dos corruptos deste lugar cairão mortos.

Um "Ohhhh" surge de todos os lados da festa quando o primeiro deputado põe a mão no coração e cai no chão. Ele está tendo uma parada cardíaca. O senador que conversava há pouco com ele também cai, acometido do mesmo mal! A deputada, que falava ao tesoureiro, sentada à mesa, inclina-se para frente e sua cabeça bate com força contra o chão, quando seu corpo escorrega dali e cai.

O homem das finanças do partido dela também sente fortes dores no coração e desmaia sentado na cadeira onde está. A cada queda ouvem-se gritos de medo e pavor. Sérgio agora se despede com uma ameaça:

-
O fim de todos que estragam e poluem a sociedade brasileira será breve. Já acionei a minha ampulheta da morte! Espero pela maioria de vocês muito em breve!

Ao dizer isso ele desaparece dali. Diversas mulheres do local desmaiam de pavor, aumentando ainda mais a sensação de que as mortes no evento continuam acontecendo! Muitos correm para fora enquanto os seguranças vão lentamente se levantando do chão pela surra que levaram.

A polícia chega logo depois! Afinal foram "pessoas importantes" que os acionaram e, neste caso, merecem toda a pronta atenção dos homens da lei!

Sérgio conseguiu deixar o seu recado para todos os presentes à festa. Mas deixou mais do que isso ali! O agente robótico implantou o medo no coração de todos aqueles que se utilizam de má fé, falcatruas e roubo do dinheiro público. Um fantasma está atrás de vingança!

No palácio do planalto os ACMPRs estão caçando os mau-feitores com auditorias! Nas ruas a população ameaça e pede o fim da corrupção utilizando-se de passeatas e palavras de ordem. Ser um político desonesto, a partir de agora, tornou-se uma profissão de alto risco de perda do cargo público ou de sofrer com xingamentos e ovos podres!

O momento em que o fantasma apareceu foi filmado por um celular de um dos convidados. Ele gravou a ameaça, a morte de alguns colegas de ofício e o desaparecimento da entidade que estragou a diversão! O vídeo foi posto na internet naquela mesma noite.

No dia seguinte o ocorrido virou manchete em diversas matérias jornalísticas: "
Quatro nomes da política nacional morrem do mesmo mal: ataque cardíaco fulminante", "Quatro hoje! Quantos amanhã?", "O fim da impunidade", "Fantasma ou Grupo de Extermínio".

Algumas das principais manchetes ficaram por conta de programas humorísticos irreverentes: "
Nem mesmo o demônio aguenta mais", "A superpopulação do inferno", "Oferece-se cargo público com direito a sepultura gratuita", "A política é de matar ou de morrer".

Em um destes programas semanais humorísticos noturnos um repórter comediante caminha pelos corredores da câmara de deputados fazendo entrevistas com aqueles políticos que aparecem por ali. No microfone do repórter cômico a imagem de uma caveira horrível e segurando uma foice representando a morte.

- Deputado! Deputado! Saiu uma notícia na internet dizendo que o número de assessores parlamentares aumentou abusivamente! O senhor confirma isso?
- Não sei de nada sobre este assunto! Onde você leu isso?
- Disseram que os deputados e senadores estão contratando mais funcionários fantasmas, para que o tal fantasma não possa matá-los! O senhor confirma isso?

O deputado olha com cara feia para o comediante e empurra para longe o microfone do rapaz, afastando-se dali.

- Deputada! Deputada! Vazou hoje na imprensa que o auxílio-moradia dos parlamentares vai virar auxílio funerário, é verdade?

Ela olha para ele, sorri meio amarelo para a piada sem-graça e sai balançando a cabeça negativamente. Logo atrás vem um senador que estava saindo de uma das salas do local.

- Senador! Senador! O senhor não acha perigoso andar aqui?
- E por que seria? Aqui é a casa do povo! É o lugar mais seguro do mundo, porque o povo é gente boa! (declara ele sorrindo como todo "bom político").
- Não...! Eu tô perguntado isso, porque quando junta muito político parece que atrai uma energia muito ruim ao local e aí aparecem coisas que até Deus duvida!
- Tá falando do acontecimento do tal fantasma, né? Bom...! Eu acho que tudo isso é mentira! Não existe esta história de fantasma...
- Seus colegas que morreram devem estar agora no inferno discordando do senhor!
- Eu acho que vocês não deviam brincar com a morte de nossos colegas! É uma falta de respeito e de cidadania!
- Falta de respeito é roubar o dinheiro público! (declara o repórter).
- Pois é! Eu também acho! Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra! Não se deve valorizar as coisas erradas e esse seu programinha de quinta categoria só faz isso!
- Nós queríamos falar de coisas boas em nosso programa, mas tem sempre um político roubando alguma coisa..., sendo morto por um fantasma..., dando entrevista pra gente...!

O senador afasta-se acelerado dali e vai embora. No mundo da reportagem, dita profissional e imparcial, os profissionais estão em polvorosa! Todos querem saber mais sobre o que realmente está acontecendo! Quem é este fantasma? A mídia quer encontrar pistas da origem da tal entidade! Diversos repórteres estão em busca da matéria do ano: conseguir uma entrevista com o fantasma, que virou atração global com poucas aparições e ações violentas.

- O senhor não acha que existe alguma analogia entre as histórias do tal fantasma da floresta nas fronteiras brasileiras com este agora que se diz urbano? (indaga um repórter questionando um especialista da polícia em grupos de extermínio).

- É! Parece que tudo isto aconteceu de forma meio repentina! (declara o policial). Os indícios de existirem dois grupos de extermínio diferentes atuando contra traficantes, guerrilheiros e políticos, ditos corruptos, é muito forte!

- Como a polícia pretende combater as pessoas que estão levando o medo para a sociedade com estas ameaças de morte?

- Estamos trabalhando! A polícia precisa encontrar provas para prender as pessoas! Não podemos sair prendendo qualquer um que achamos que seja o culpado. Estamos colhendo provas e depoimentos e não podemos falar nada ainda sobre o caso para não atrapalhar as investigações. Mas eu garanto que muito em breve aqueles que estão fazendo isso serem presos!

- Então a polícia confirma que se trata de um grupo de pessoas e não um fantasma urbano que vem atacando os políticos brasileiros?
- Como eu disse antes: ainda não podemos dar detalhes sobre a investigação! O que posso dizer é que seja humano ou fantasma, muito em breve este elemento estará atrás das grades.

- Como vocês viram a polícia está correndo atrás deste caso inusitado! Recebemos a notícia que o senhor Jorge Stavilavsky, da comissão internacional de direitos humanos, entrou com uma representação hoje na justiça contra a imprensa brasileira por divulgar notícias sobre este tal fantasma. Ele considera que essas divulgações são um desserviço público e que causa constrangimento às famílias dos mortos, por terem seus entes queridos sendo acusados de corrupção, sem que haja prova desse fato! Além disso, a notícia atiça mais pessoas doentes da sociedade a cometerem os mesmos crimes contra outros políticos inocentes! O diretor de nossa emissora de TV emitiu um comunicado oficial à sociedade, comentando o fato: "A imprensa é livre para noticiar tudo o que acontece dentro e fora de nossas fronteiras. Se existe um crime em andamento, não podemos nos privar de noticiar quando a informação chega até nós! Se os políticos mortos são corruptos ou não, não nos cabe julgar, mesmo porque quem alega tal coisa é o criminoso conhecido como fantasma urbano! Quanto ao fato de existirem pessoas da sociedade que estão com seu juízo de valores alterados, nada podemos fazer sobre isso! Cabe ao poder público melhorar o sistema de saúde para que pessoas assim possam ser tratadas ou segregadas do convívio comum, quando necessário. Quanto aos direitos humanos internacionais, achamos que tal entidade está bem representada no Brasil, já que conseguiu devolver às ruas um número considerável de pessoas acusadas de diversos crimes graves! Portanto, não há a necessidade da matriz internacional se pronunciar de forma tão contundente! E se tal fato está acontecendo neste momento, talvez seja porque não exista dentro da entidade uma organização clara e profissional, que deva ter o apoio sincero da população, que já entrou na justiça com diversos pedidos de revisão sobre os casos que a entidade suprapartidária conseguiu cancelar! Portanto, afirmamos que a imprensa, como um todo, vem fazendo o seu papel de denunciar abusos, crimes, corrupção e ingerências quando tais fatos se apresentam de forma tão óbvia aos cidadãos." As manchetes nacionais e internacionais vêm focando os últimos eventos que estão acontecendo no Brasil. País que depois de se transformar em uma superpotência econômica, estando hoje entre os dois países mais ricos do mundo, logo atrás da China, trouxe também a atenção global para os novos conceitos políticos que vem implantando. Esta limpeza vem expondo as sujeiras que há anos estavam guardadas sob o tapete político-democrático.

CAPÍTULO IV
PEDRO E O LOBO

CAPÍTULO XXVII
LAR DAS ONÇAS

CAPÍTULO V
FANTASMA URBANO

CAPÍTULO XXVIII
O INFERNO CONTRA-ATACA

CAPÍTULO VI
PIRATAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XXIX
ATAQUE AO LITORAL

CAPÍTULO VII
ENTRANHAS DO PODER

CAPÍTULO XXX
NOVOS POLÍTICOS

CAPÍTULO VIII
FRONTEIRAS DA GUERRA

CAPÍTULO XXXI
LEMBRANÇAS ANTIGAS

CAPÍTULO IX
BALAS ASSASSINAS

CAPÍTULO XXXII
O DONO DO INFERNO

CAPÍTULO X
FICHA LIMPA OU ROUPA SUJA

CAPÍTULO XXXIII
AGULHAS INVISÍVEIS

CAPÍTULO XI
PIRATAS EM REUNIÃO

CAPÍTULO XXXIV
VISITA INTERNACIONAL

CAPÍTULO XII
PRESSÃO POLÍTICA

CAPÍTULO XXXV
SOZINHO NA MULTIDÃO

CAPÍTULO XIII
GUERRA SEM-FIM

CAPÍTULO XXXVI
GUERRA DE INVISIBILIDADE

CAPÍTULO XIV
NAS PISTAS DE UM COMBATE

CAPÍTULO XXXVII
VERDADE DOS FATOS

CAPÍTULO XV
ENTREVISTA COM O DEMÔNIO

CAPÍTULO XXXVIII
PALAVRA DE PRESIDENTE

CAPÍTULO XVI
MOGADÍSCIO

CAPÍTULO XXXIX
O ENCONTRO COM O MAL

CAPÍTULO XVII
O AMANHÃ COMEÇA HOJE

CAPÍTULO XL
TIRO NO ESCURO

CAPÍTULO XVIII
MORTE NA ALDEIA

CAPÍTULO XLI
PARCERIA INUSITADA

CAPÍTULO XIX
FRONTEIRA DO PODER

CAPÍTULO XLII
ESPELHO QUEBRADO

CAPÍTULO XX
FALSO FANTASMA

CAPÍTULO XLIII
O NOVO CÂNCER

CAPÍTULO XXI
LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

CAPÍTULO XLIV
LEMBRANÇAS DO VIETNÃ

CAPÍTULO XXII
DOMÍNIO DO ÓBVIO

CAPÍTULO XLV
A VERDADEIRA DEMOCRACIA

CAPÍTULO XXIII
CORONEL SEM ESTRELA

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