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O BARCO INVISÍVEL
MISSÃO SOBREVIVER - Vol. IV
CAPÍTULO XII
DE VOLTA À COREIA
Eu, Fernando, viajei de volta à Coreia, para ficar com a família na Ilha de Wan-do, ao sul da Coreia! Com a aposentadoria forçada toda a equipe retornou para suas casas esperando que não haja nenhuma represália jurídica contra todos nós, depois que a documentação secreta sobre o barco invisível for oficialmente aberta e apresentada ao público. Passei meus últimos quinze anos acompanhando as missões secretas da marinha brasileira, agora estou a poucos minutos de rever a minha esposa e filhos novamente.
Por quase noventa dias não nos vimos. Desço ansioso do táxi coreano bem em frente ao meu lar! Aparentemente está tudo como antes: calmo, tranquilo, sereno! Aproximo-me da porta da frente, que se abre automaticamente deslizando para o interior da parede da casa. Abro um largo sorriso, acreditando que todos estariam ali para me receber. Mas não há ninguém na sala!
- Chima*?!?! Poti?!?! Júnior?!?! (clamo eu em vão).
Vinda da cozinha, Chin-Mae demonstra uma aparência que não é de felicidade! Ela se aproxima de mim e me abraça forte! Sinto alegria, mas também percebo que há algo errado!
- Oi, meu amor! Que saudade! Está acontecendo algo errado? (indaga eu).
- Fê...! Eu não sei se há algo errado! É apenas uma desconfiança! (responde Chin-Mae).
- O que é? O que está acontecendo?
- É Poti! Ela anda meio estranha!
- Por quê? O que houve?
- Eu não sei, Fê! Ela anda agindo de forma estranha ultimamente! Está irritada! Agitada! Agressiva...!
- Estamos falando da mesma Poti...?
- Sim, Fê! Estou muito preocupada! Está acontecendo algo errado!
- Por que diz isso, Chima? (indago eu).
- Nos últimos dois meses ela vem se encontrando com uma turma estranha!
- Onde está Poti, agora?
- Eu não sei, Fê! Ela saiu de manhã, são três horas da tarde e ainda não voltou e nem respondeu aos meus chamados.
- Ela me ligou, mas eu não pude atendê-la direito. Estávamos finalizando a missão e eu disse que retornaria a ligação assim que possível. Não consegui mais falar com ela.
- Estou com mau pressentimento, meu amor! Ela reclamou para mim sobre a sua ausência! Seu trabalho longe daqui a afetou demais! Ela nunca se acostumou com a distância entre vocês dois! Não era isso que a pequena indiazinha esperava de você, Fê!
- Agora estou aqui! Está tudo acabado! Fomos todos aposentados em caráter permanente.
Inesperadamente a porta da entrada se desliza rapidamente para dentro da parede e minha filha Poti entra em casa correndo sem olhar para ninguém.
- Poti!?!? (grito eu).
A agora a adolescente de vinte anos, Poti, ouve minha voz e para de correr. Ela se vira e olha diretamente para mim, preocupada e angustiada com algo que a preocupa. A bela índia corre de volta para mim e me abraça forte.
- Pai!!!! Você voltou!!!! Por que demorou tanto desta vez?
- Era a nossa última missão, meu amor! Estávamos num momento crítico quando me ligou! Eu não podia conversar naquele momento com você!
- Eu também estava num momento crítico, pai! Precisava de você! Mas nunca consigo sua atenção, né?
Poti se vira de costas para ir para seu quarto, mas eu a seguro por uma das mãos, e a puxo de volta, abraçando-a novamente e bem apertado.
- Minha filha! Eu nunca te negligenciei! A família é a coisa mais importante para mim! Mas você sabe o que seu pai faz para viver! Estou ajudando a mudar o mundo! A transformá-lo num lugar melhor para todos.
- Mas infelizmente o meu mundo não está bom! E você nada faz para mudar isso!
- Estou aqui agora! Não preciso mais sair de seu lado!
- Pai...! Olhe para mim...! Não sou mais uma menininha...! Tenho a minha vida particular...! Eu só precisava de alguns conselhos e ajuda...! Agora não preciso mais...! Já tomei as minhas decisões...!
Ela se vira de costas e vai em direção ao quarto. Eu a observo! Sei que errei, mas agora preciso remediar! Minha filha está com vinte anos e ainda sente a minha falta. Olho para Chin-Mae sem saber o que fazer agora! Ela está triste e preocupada.
- E o Júnior? Onde está? (indaga eu).
- Na escola! Ele retorna para casa em mais ou menos duas horas!
- Ok! Vou conversar com Poti! Vou descobrir o que está acontecendo e resolver isso!
- Está bem, Fê! Tenha paciência com ela!
Concordo com a cabeça e me encaminho também para o quarto de minha filha! Aproximo-me e a porta se abre sozinha, deslizando para o interior da parede. Poti está deitada de barriga para baixo em sua cama! Empático e disposto a ajudá-la como puder, sento-me na cama ao lado dela.
- Minha filha...! Estou aqui para te ouvir...! Quero saber sobre tudo o que te aflige! Sei que juntos podemos resolver qualquer coisa! Somos uma equipe..., lembra-se?
- Lembro-me de quando éramos mesmo uma equipe, quando me conheceu na selva...! Eu estava sozinha..., cega..., órfã de tudo e de todos...! Meu mundo acabara ali..., naquele momento...! Quando senti sua presença e a forma como se preocupou comigo e cuidou de mim..., senti que estava segura..., amparada e até feliz! Eu precisava de você...! E ainda preciso...! Éramos uma equipe naquele barco que eu não podia ver... e que você dizia ser invisível. Agora posso ver tudo..., só não consigo te ver..., pai!
Faço uma expressão de concordância com ela e de empatia pelo momento angustiante de Poti.
- O que está acontecendo, minha filha? Por que queria falar comigo há poucos dias atrás?
- Eu...! Eu...! Me apaixonei por alguém...!
- Isso é bom, Poti! Quando irei conhecê-lo?
- Não sei! Ele nunca fica muito tempo em um único lugar. Está sempre em movimento!
Estranho o comentário dela, mas mesmo assim brinco com o fato:
- Bom... neste caso... eu posso caminhar junto com ele, enquanto conversamos.
- Não sei, pai! Ele não gosta muito de pessoas mais velhas! (diz Poti se levantando da cama e ficando de pé em frente a um quadro moldurado com uma imagem da selva amazônica, que se transforma logo depois num espelho, mostrando agora a imagem dela).
As novas janelas e espelhos são feitas de cristal líquido e simulam a cor e textura de paredes, pinturas e fotos, dando a impressão de que não há nada ali... apenas... uma paisagem, por exemplo.
- Mesmo assim...! Eu gostaria de conhecê-lo! (digo eu). Do contrário... como darei a minha permissão para vocês namorarem?
- Pai...! Eu tenho vinte anos...! Não preciso mais de sua permissão para namorar alguém!
- Então por que me ligou há poucos dias?
- Eu... estava com saudades...! Precisava de sua presença aqui comigo!
- Isso não irá mais acontecer, minha filha. Estarei sempre aqui, de agora em diante.
Poti se vira de frente para mim, sorri doce e levemente sem mostrar os dentes.
- Vou tomar um banho, pai...! Vamos jantar juntos hoje?
- Claro que sim...! E tomaremos também nosso café da manhã..., almoçaremos... e jantaremos novamente...!
- Obrigada, pai, por ter voltado para nós! (diz ela passando por mim e despenteando meu cabelo, enquanto se dirige ao banheiro). Antes de sair trave a porta...! (pede ela).
- Está bem, minha filha! (respondo eu, preocupado).
CAPÍTULO XII
DE VOLTA À COREIA
*Chima é como Fernando chama, de forma carinhosa, a esposa Chin-Mae.
Abaixo posicionamento da residência de Fernando e Chin-Mae ao sul da ilha de Wan-do, ao sul da Coreia.
Abaixo imagem da casa de Chin-Mae e Fernando perto da praia no sul da ilha de Wan-do ao sul da Coreia.