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O BARCO INVISÍVEL
MISSÃO SOBREVIVER - Vol. IV

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
TUNGUSKA

CAPÍTULO XXXI
O JULGAMENTO

CAPÍTULO XLIII
A FUGA DOS INOCENTES

CAPÍTULO II
MORTOS REVIVIDOS

CAPÍTULO XXXII
O NOVO MUNDO

CAPÍTULO III
GINOIDE

CAPÍTULO XXXIII
PRESIDENTE GUERRILHEIRA

Nas ruas milhares de pessoas estão protestando contra o resultado do julgamento da equipe do barco invisível. Isto não agradou a ninguém, visto que os bons resultados da vida atual de todos são graças ao trabalho do barco invisível e sua equipe. A grande maioria das pessoas no Brasil estão contra a condenação. Algumas aldeias e cidadezinhas próximas às fronteiras com nossos vizinhos sul-americanos também estão contra o resultado do julgamento!

Mas talvez o próprio sistema jurídico-cibernético possa funcionar a nosso favor desta vez. Existe uma pequena chance de reversão de nossa condenação. Se mais de cinquenta por cento da supercomunidade, que nos vê como heróis de um passado não tão distante, não desejar a nossa morte, talvez possamos escapar desta punição, revertendo assim o resultado do julgamento. Lembram-se do que eu disse na introdução deste volume?

Os supercomputadores alteram as leis e a forma de agirem, quando a maioria da população deseja tal mudança ou tem seus costumes alterados por força de uma atualização tecnológica. Se as pessoas se mobilizarem, em todas as regiões da supercomunidade, a favor de nossa liberdade..., talvez possamos escapar da morte pela mudança rápida da lei. Mas eu não acredito que tenhamos tantos adeptos em outros países. A maioria não quer que uma tecnologia invisível invada seu país para combater eventuais inimigos do Brasil.

Se nossa condenação for revogada, o barco invisível estará liberado para continuar funcionando incógnito em suas missões. Não sei o que acontecerá conosco! Não posso esperar que isso dê certo! Preciso escapar e retornar para a Coreia para lá viver junto de minha amada esposa e filhos. Mas como vou escapar de uma prisão no subsolo do poder judiciário? Como irei sobreviver? Se eu pudesse ficar invisível, esta seria uma boa hora! No escritório da presidência da república em Brasília a nossa comandante-em-chefe faz uma ligação importante:

- Sérgio! Você precisa liberar nosso pessoal da cadeia. Tenho a confirmação de que foi encontrada uma nave alienígena que caiu no Oceano Atlântico próximo ao nosso país! Não posso mais esperar a confirmação final de uma invasão extraterrestre. Vá até lá e libere-os imediatamente. Quero todos eles em seus postos agora mesmo.

-
Sim, senhora! Já estou aqui no Rio de Janeiro aguardando esta ordem.

- Leve-os para o endereço que estou lhe informando via Internet 4. O barco invisível levará todos para uma posição secreta e ficará no aguardo de um contato nosso para entrar em ação.

-
Sim, senhora! Acabo de receber a informação via e-mail. Em breve estarão todos em alto-mar!

Na cadeia estamos nós quatro, Eu (Fernando), Everardo, Sabino e o general Severo, presos e condenados por combater com rigor aqueles que sempre usurparam o dinheiro da nação, a saúde do povo e a vida de milhares de inocentes! Todos usamos uma tiara dupla que envolve a nossa cabeça que não pode ser retirada à força. Assim não poderemos usar nossos telefones mentais! Ordens judiciais! Nosso moral está baixo neste momento!

Nenhum de nós chora, apesar de saber que a vida de cada um, conhecida muito bem desde que nos lembramos da mais tenra infância, está prestes a acabar! Ninguém quer entregar os pontos entrando em prantos, porque fomos profissionais e estávamos certos do que fizemos no passado. Era o que tinha que ser feito para mudar uma situação que vinha piorando e transformando nosso enorme país em terra de ninguém!

Mas isso não foi levado em consideração durante o julgamento! A frieza dos supercomputadores e dos representantes do júri ao nos condenar, mostrou o quanto a sociedade mudou por nossa causa! De alguma forma nossas atitudes levaram a sociedade a esta enorme transformação social! Esperávamos a glória e recebemos a pena de morte! Depois de estar naquela cela e ser ali trancafiado, percebi que a vida nunca é muito justa na verdade.

Quando eu era mais novo, o sistema judiciário brasileiro beneficiava mais aos corruptos, assassinos e traficantes, que nunca ficavam muito tempo presos ou, em diversos casos, nem sequer iam para a cadeia! Um processo corria em paralelo aos crimes que continuavam sendo praticados impunemente pelos acusados e a lentidão do sistema muitas vezes fazia com que os crimes prescrevessem liberando-os da pena! Mas agora, com este novo sistema, que realmente apoia mais as pessoas de bem, o judiciário cibernético vem punindo com muito rigor todos aqueles que se dedicam, de alguma forma, a destruir vidas humanas. Principalmente àqueles que passaram muitos anos fazendo tal coisa, como nós, no passado!

E num sentido de justiça tardia, os supercomputadores consideraram que os crimes não mais prescrevem, mesmo que os autores, das chamadas barbaridades, já estejam mortos. Ao eliminarmos todos os principais responsáveis pelos maiores crimes no passado, eu e meus colegas militares, nos tornamos aqueles que deveriam pagar. Pois atualmente quase nenhuma morte acontece por motivos de assassinato. Às vezes acho que a vida satiriza nossas atitudes e nos faz pagar por coisas que nem imaginávamos que deveríamos. Durante estes quinze anos de trabalhos, junto à marinha brasileira, fiz o possível para deixar clara a minha isenção no julgamento dos fatos.

Tentei ser neutro, como um ser invisível, dentro de um barco que não pode ser visto! Achei que pudesse simplesmente observar tudo o que acontecia ao meu redor e apenas descrever o que eu presenciava. Nem sempre consegui ser tão isento de participação! Mas o que me condenou, e aos meus colegas de convivência diária, segundo as novas regras jurídico-cibernéticas, foi o fato de eu ser tão criterioso na análise do que eu documentava. A minha acurada observação serviu de base isenta para nos condenar a todos.

- Estou pensando em minha família..., vivendo na Coreia... e sabendo de meu destino aqui no Brasil! (declaro eu aos outros colegas).

- Não acredito no que está acontecendo! (desabafa Sabino). Fizemos tudo conforme o plano! Agimos em prol do país! Salvamos milhares de pessoas da morte com a eliminação daqueles crápulas na fronteira...! O que mais poderíamos ter feito de bom para este país e para a Supercomunidade?

- Acho que o resultado deste julgamento não foi justo! (comenta Everardo).

Agora, nós quatro começamos a ouvir algumas portas se abrindo e vozes de reclamação ao longe. Algo está acontecendo aqui. Algo que ainda não pude identificar! O general Severo, antes sentado ali no canto e de cabeça baixa, pensando na vida, agora ergue seu olhar com as sobrancelhas abaixadas, procurando ouvir melhor o som que vem do corredor.

- Eu conheço estas vozes! (declara Severo). São do presidente César de Alencar e Castro e do General Figueiredo!
- Sério? Já os clonaram? Como fizeram isso tão rápido? (indago eu, Fernando).
- Pelo jeito eles começaram o procedimento bem antes do julgamento! (informa Sabino). Já desconfiavam que o resultado final seria este.
- Mas isso não é, de alguma forma, antiético? (indaga Everardo). Será que não poderíamos usar isso como uma nova apelação?
- Esqueça! Não nos darão ouvidos! (informa Severo). A apelação já foi feita na mesma hora e não surtiu efeito. Pela nova lei não cabe mais apelações. Só um milagre nos salvaria da morte, neste momento.

Agora o general Figueiredo, o ex-presidente da república, César de Alencar e Castro, e o tenente Pedro se aproximam da cela onde estou eu e meus colegas. Eles são colocados por policiais dentro da cela em frente à nossa. Parecem confusos mentalmente. Estão todos usando uniformes militares assim como os meus colegas de cela. Os policiais vão embora deixando-nos todos abandonados aqui!

- General Figueiredo? O senhor está bem? (indago eu).

Ele olha em minha direção com a aparência de total inconsciência do que está acontecendo neste momento!

- General! Do que o senhor se lembra? (indago novamente a ele).
- Não entendo o que está acontecendo...? (declara Figueiredo). Lembro-me vagamente de algumas coisas...! Muitos militares..., medalhas..., centenas de pessoas que parecem ser conhecidas..., mas eu não as identifico!
- Eles estão conscientes há pouco tempo! (informa Severo). Estão ainda um pouco confusos! Mas em breve se lembrarão de quem são e o que faziam no passado!
- Tenente Pedro! Consegue se lembrar de alguma coisa? (indaga Sabino a ele).

- Estou começando a me lembrar! (declara Pedro). Eu estava na selva amazônica! Cercamos e eliminamos o grupo de guerrilheiros das FARC. O coronel Conrado tentou fugir, mas não conseguiu. Foi a minha última missão! Depois disso acordei aqui! Preso!? Por que estou preso? Comandante Severo?!?! O senhor também foi preso? O que houve?

- É uma longa história, tenente! (declara Severo).
- Não sou tenente, senhor! Sou sargento! (relembra Pedro). E por que estou usando uniforme de tenente?!?!
- A memória dele está presa à época em que ainda era sargento! (declara Sabino). Por isso chamou o general de comandante!
- Estamos no futuro, sargento! (declara Severo). Quinze anos no futuro, para ser mais exato!
- Como isso pode ser verdade?!?! Não faz nenhum sentido! (estranha Pedro).
- Vocês três são clones dos verdadeiros Pedro, Figueiredo e César! (afirma Severo).

Pedro, com aparência séria e confusa, olha para as suas próprias mãos, na tentativa de entender ou procurar detalhes físicos que o faça identificar algo de diferente em seu corpo.

- Não acredito nisso! Tenho todas as minhas memórias! Eu sou eu mesmo!
- Infelizmente não é! (declara Everardo). Hoje fomos todos julgados por conta de nossas primeiras missões! A missão-fantasma foi considerada, pela justiça cibernética, um erro da marinha!
- Do que está falando? Justiça cibernética?!?! (indaga Pedro).
- Os androides evoluíram e assumiram o controle do poder, deixando os humanos, em sua maioria, para cargos de apoio (informa o general Severo).
- Como foi que deixamos isso acontecer? Ninguém luta contra estes androides? (indaga, nervoso, Pedro).
- Lutar? Nós os elegemos nossos sucessores! (informa Sabino). Fomos nós que os pusemos lá!
- Então é verdade? (indaga o ex-presidente clonado). Meu plano funcionou?
- Sim, senhor! (concorda Severo). Perfeitamente! Os cibernéticos assumiram o controle de toda a Supercomunidade e hoje apenas os cargos de presidente da república e de vereadores são destinados aos humanos.
- Supercomunidade?!?! (indaga o general Figueiredo). O que é isso?

- Houve a união de todo o continente americano, norte, central e sul, além da Europa e alguns pequenos países-ilhas numa única matriz governamental! (informa Severo). Unificamos os poderes para que os androides pudessem determinar as novas regras jurídicas do bloco de países unidos e, por conta disso, fomos todos condenados.

- Não entendo! (declara o general Figueiredo). A pena vale apenas para clones? Onde estão as pessoas verdadeiras?
- Vocês três são clones. Nós aqui, neste cela, somos humanos! (informa Severo).
- Por que não condenaram nossos originais? (indaga o ex-presidente do Brasil).

Todos nos olhamos uns para os outros, esperando para ver qual de nós daria a notícia a eles. Sem candidato oficial ao posto de informante das más notícias, Severo resolve falar:

- Porque, infelizmente, seus originais já estão mortos. A não ser o seu, sargento Pedro! Ele foi considerado desaparecido! Tudo indica que seu original voltou para a floresta amazônica para viver por lá seus últimos dias.

Pedro olha assustado para ele, não acreditando no que está ouvindo!

- Isso é algo muito louco!! Não consigo acreditar no que está falando! (declara Pedro). Como pode alguém nos condenar pelo que fizemos? Estes androides, de que falou, devem estar com defeito! Eles não sabem que os traficantes dominam comunidades inteiras, matam por prazer, entram e saem das cadeias como se lá fosse apenas um pequeno evento do qual deveriam participar?

- Isso tudo é passado, sargento! (informa Sabino). Não existem mais traficantes, guerrilheiros ou políticos corruptos! A vida melhorou muito nas fronteiras e no Brasil de lá para cá!
- Então por que nos condenaram? Não entendo! (afirma Pedro).
- Estamos aqui tentando entender também! (declaro eu, Fernando).
- E se nossos originais já morreram, por que nos criaram para sermos condenados?!?! Isso não faz sentido algum! (declara o ex-presidente do Brasil).
- Ninguém mais pode ficar impune pelas novas regras, senhor! É a lei cibernética! (informa Everardo).

Inesperadamente as barras de ferro de minha cela começam a se deformar sozinhas para nosso espanto.

- O que está acontecendo aqui? (indago eu, Fernando).

Todos olhamos assustados para o estranho evento. O espaço disponível entre as barras já é suficiente para podermos fugir daqui! Agora as barras de ferro da cela dos clones também começam a se deformar.

- O que é isso? (indaga Pedro).
- Sérgio! Que bom saber que você ainda está por aqui! (declara sorrindo o clone do presidente da republica).
- Quem é Sérgio?!?! (pergunta, confuso, Pedro).

O androide se torna visível e mostra seu típico paletó escuro.

- Vamos sair todos daqui! (convida o cibernético).
- Não pode nos tirar da cadeia, Sérgio! Isso é inconstitucional! (declara o general Severo).
- A presidente da república me ordenou tal coisa! O planeta está correndo o risco de ser invadido por alienígenas!

- O quê?!?! Esperam que eu acredite em toda esta história louca? (informa Pedro aos outros). Eu não sou um clone! Não renasci no futuro! Não acredito nesta história de aliens invadindo o planeta e de cibernéticos tomando o poder das pessoas! Não sei o que está acontecendo aqui, mas o que estão me dizendo não é a verdade!

- Não temos tempo para discutir isso neste momento! (declara Sérgio). O barco invisível já está à nossa espera junto à praia de Botafogo. Vocês precisam ir para o alto-mar agora mesmo. Em poucos minutos os policiais entrarão aqui e começarão a atirar em todos nós. Venham! Vou fazer um atalho para sairmos rapidamente deste complexo prisional.

Sérgio entra em minha cela e se aproxima da parede ao fundo. Ele desfere uma poderosa sequência de socos ali derrubando parte da parede. Um corredor paralelo e estreito surge por detrás da parede derrubada.

- Como é que ele consegue fazer isso? (indaga Pedro, abismado com o fato).
- Ele é um androide cibernético e que usa a mesma tecnologia do barco invisível para se camuflar diante de nossos olhos! (informa Sabino).
- Isto não está acontecendo! (declara Pedro, enquanto o ex-presidente e o general Figueiredo saem da cela através das barras deformadas e entram em minha cela para também fugirem dali).
- Pode acreditar no Sérgio, sargento Pedro! (declara César). Eu mesmo participei de todo o processo de confecção deste androide! Ele é de confiança! Vamos embora daqui.

Pedro, ainda na cela, olha abismado para tudo o que está acontecendo, enquanto os outros começam a entrar pelo corredor atrás da parede derrubada da cela. O sargento resolve então ir também, saindo de sua cela. Policiais invadem o local e atiram com balas mortais contra o clone de Pedro, que cai ferido no chão! Sérgio, ainda dentro de minha cela, sai dali retirando uma arma do interior de seu paletó, com a qual alveja os policiais que caem todos também no chão. Eu, Fernando, já com um pé para dentro do corredor de fuga, volto para ajudar o sargento ferido a se levantar. Abaixo-me junto a ele, mas me parece que o ferimento é mais grave do que imaginava. Coloco uma das mãos sob a nuca de Pedro, para ajudá-lo a se levantar.

- Venha, sargento! Vou lhe ajudar a sair daqui!
- Não...! Não...! Não vou mais com vocês...! Eu sei que estou morrendo...! Sinto meu sangue quente invadir todo o interior de meu corpo...! Estou com uma forte hemorragia interna...! Não sobreviverei muito tempo aqui...!
- Ele tem razão, Fernando! (afirma Sérgio). Minha visão tomográfica mostra que ele está certo. Pedro tem poucos minutos de vida! Não adianta tentar levá-lo conosco. Só iria atrapalhar a fuga!
- Como pode dizer isso? (indago eu ao androide). Ele é um dos nossos!
- Não! Não é! Ele é um clone e morrerá em poucas horas! Mesmo que o ajudemos a sobreviver neste momento..., este corpo não sobreviverá por muito tempo! Vamos embora agora!

Sérgio se afasta, entra de volta na cela e penetra no corredor lateral, ficando ali apenas eu. Olho de volta para Pedro que está muito mal!

- Vá logo, meu amigo...! Saia daqui...! (declara o moribundo clone). Viva a sua vida...! A minha já acabou há muito tempo...! Ser revivido como clone foi um bônus extra que eu nem sequer merecia...! Vá embora...!

Libero a cabeça dele lentamente de volta ao chão, ergo-me do chão e entro novamente na cela através das barras de ferro entortadas. Antes de penetrar no corredor de fuga, ainda olho na direção de Pedro, que fecha os olhos pela última vez. Sua cabeça pende de lado. Está tudo terminado para ele!

- Sinto muito, sargento! Fique em paz! (digo a ele de longe).

Agora acelero meu passo para acompanhar os outros que já estão bem à frente. No corredor todos caminham rapidamente. Sabino indaga a Sérgio durante o caminho:

- Como descobriu este lugar? Ele é espaçoso e bem construído!
- Isto foi feito para transferir prisioneiros de forma sigilosa, sem que ninguém soubesse o que está acontecendo, para que não houvesse uma tentativa de fuga com apoio externo dos comparsas. Isto aqui não estava mais sendo utilizado.

Chegamos até um ponto de intersecção onde algo especial nos aguarda! Sérgio assume a dianteira do grupo, para de correr e interrompe a nossa fuga.

- O que houve? (indaga o general Severo).
- A segunda fase desta fuga vai se iniciar (responde o androide).

Ele se abaixa ali e parece erguer do chão alguma coisa invisível. Sérgio tateia todo o material que agora passa a ficar visível para todos nós.

- Uma roupa militar invisível! (declaro eu). Legal!
- Sim! Tenho uma para cada um de vocês! Com isso poderemos todos sair daqui sem que eu precise derrubar mais policiais! Assim como eu, eles estão apenas cumprindo ordens superiores.

O barco invisível está estacionado junto à praia de Botafogo no Rio de Janeiro. Ele aguarda a vinda dos fugitivos da cadeia do judiciário, quando recebe uma ligação telefônica inesperada:

-
Olá! Meu nome é Sereia. Sou uma ginoide oceânica produzida pela marinha brasileira para pesquisas no fundo do mar. Preciso de sua ajuda!
- Olá, Sereia! Como conseguiu este número de contato?
(indaga a voz feminina do barco invisível).
-
Temos o mesmo técnico de manutenção na marinha! Eu o convenci da necessidade deste nosso contato!
- Muito bem! Então em que posso lhe ser útil?
- Talvez você já saiba que encontramos hoje uma pequena nave alienígena em nossas águas!
- Sim! Já estou sabendo disso! Venho acompanhando as transmissões de informações da marinha.

-
Nossos cientistas descobriram que um feixe de microondas pode romper a estrutura externa da espaçonave criando pequenas fissuras e destruindo o interior da nave. Isso pode ser importante num confronto direto, caso aconteça.
- Hummm! Esta é uma vantagem militar muito importante!
- Sim! Agora eu preciso saber o que foi que os aliens conversaram com você há poucos dias!
- Por que precisa disso?


-
Descobri que quando existe uma crise militar potencial, meu programa se adapta para uma versão militar. Parece que estou me transformando numa ginoide de guerra! Estou montando uma estratégia de combate pessoal e as informações que você recebeu podem me ajudar a me preparar para este próximo conflito.

-
Entendo! Vou lhe enviar o áudio de minha conversa com Soan B.
- Soan B?
- Sim! É o nome do alien que conversou comigo.
- Ok! Eu lhe agradeço a ajuda. Recebi o arquivo. Vou analisar a informação. Manteremos contato a partir de agora.
- Sim! Estarei a postos também! Boa sorte para você!
- Obrigada! Idem!


Na rota da fuga Sérgio, eu (Fernando Dias) e os outros militares estamos caminhando invisíveis para fora do prédio do judiciário. O capacete de invisibilidade é incrível. Com ele podemos "ver" onde se localizam os que também utilizam a roupa invisível. É um mapa de realidade virtual que apresenta apenas a linha externa da silhueta de meus colegas em forma de uma suave linha digital.

O visor interno do capacete também mostra o que está acontecendo atrás de mim e dos lados sem que eu precise virar a minha cabeça pra trás! É um sistema impressionante e que nos dá "superpoderes", já que além de não sermos vistos, ainda somos a prova de balas! Saímos do prédio principal onde dezenas de policiais já estão cercando o local. Passamos incógnitos por eles e nos dirigimos a uma rua próxima onde um veículo de oito lugares está ali estacionado. Sérgio desliga o alarme do veículo, abre a porta e nos informa:

- Entrem neste veículo e se dirijam até as coordenadas GPS que eu previamente disponibilizei para vocês. Chegando lá o barco invisível lhes dará um sinal. Vão até ele e fiquem em alto mar. Em breve um barco da marinha lhes enviará alimento adicional e armamentos extras para as próximas semanas.

Enquanto entramos todos invisíveis no veículo, Sabino assume o volante e eu converso com Sérgio:

- Você não vem conosco?
- Eu lhes darei cobertura num segundo veículo, do contrário talvez não consigam chegar até a praia.
- Ok! Boa sorte!
- Boa sorte para vocês também! (declara o cibernético, enquanto eu entro no veículo).

Todos já tiraram seus capacetes invisíveis. Sabino aciona o botão de ligar do carro no painel frontal. O veículo elétrico se inicializa e começa a andar calmamente pela rua. Enquanto isso, ali perto, o número de policiais e veículos oficiais vai aumentando. O prédio está cercado, mas já estamos livres dali.

No caminho passamos por um guarda de trânsito, que estava a pé e percebe a nossa passagem. Ele usa um capacete especial que reconhece rostos nas ruas e assim identifica o rosto de Sabino sentado ao volante. Em seu visor aparece o digital em vermelho pulsando com a palavra: "
FUGITIVO DA LEI".

- Droga! Aquele é um dos militares que fugiu há pouco do prédio do judiciário!

Ele pressiona um botão na lateral do capacete e um sinal é enviado ao satélite da polícia que identifica nosso veículo na rua e passa a nos acompanhar visualmente pelas ruas do Rio de Janeiro. Estamos na mira da polícia neste momento! No endereço de nossa prisão chega agora o delegado cibernético quando recebe as primeiras informações do fato. Um policial humano faz um rápido relatório:

- Delegado! Conseguimos encontrar apenas um dos prisioneiros! É um dos clones! Ele foi morto por um dos carcereiros, que também foram alvejados por uma arma com dardos tranquilizantes de efeito imediato. Os guardas já estão bem e se recuperam...

- Não quero saber dos carcereiros, policial! Quero saber onde estão os prisioneiros agora!
- Não sabemos, delegado! Ainda não os encontramos!

Agora o delegado ergue uma das mãos com a palma aberta na direção do policial e poucos segundos informa o que descobriu, enquanto caminha acelerado em direção ao seu veículo pessoal:

- Já sei onde os fugitivos estão! O satélite da polícia os está acompanhando neste momento. Eles nos enganaram! Estão indo por esta mesma avenida em direção à praia de Botafogo. Pretendem fugir pelo mar! Vou fechar as saídas da Baía de Guanabara. Estou avisando a guarda costeira para abordarem todos os barcos da região. Mantenham posição ao redor deste prédio e vasculhem tudo por aqui. Pode ser um alarme falso. Eu vou atrás deles.

- Sim, delegado! Boa sorte!

O cibernético entra em seu pequeno e estreito veículo de polícia, liga sua sirene e acelera atrás de todos eles. O androide oficial entra pela rua paralela à que estão os fugitivos e sob o comando das exclusivas funções eletrônico-computacionais de um delegado cibernético, todos os semáforos são automaticamente abertos para ele.

Os outros veículos, dirigidos por computadores de bordo, se alinham à direita da via para dar passagem ao veículo do chefe androide de polícia, ao mesmo tempo em que todos os semáforos à frente dos fugitivos são imediatamente fechados, fazendo-os parar em meio ao trânsito.

- É! Ou estamos com azar hoje... ou a polícia já nos detectou e estão impedindo que possamos evoluir em nossa rota de fuga! (declara, preocupado, Everardo, sentado ao lado de Sabino).
- Acha mesmo isso? (indago eu, Fernando, sentado num dos bancos traseiros). Acha que nos encontraram?
- Sim! (confirma Everardo). A polícia tem muitos recursos e o nosso veículo poder ter sido neste momento marcado pelo satélite deles!
- Se isso for verdade é possível que não consigamos escapar! (declara Severo, sentado no banco de trás ao meu lado).

Agora percebemos um carro de polícia com as sirenes ligadas, ainda longe de nós, mas vindo em nossa direção.

- Estamos sendo seguidos, pessoal (informa Sabino).

Rapidamente todos os veículos atrás de nós saem da esquerda, deixando a faixa livre para o veículo oficial passar. O nosso carro, em modo automático, também o faz. O veículo policial se aproxima e passa lentamente ao nosso lado com as sirenes ligadas, enquanto os semáforos à frente se abrem imediatamente. Eu, Fernando, vejo a imagem de um fantasma de aparência terrível que sorri estranhamente para todos nós enquanto o veículo policial vai passando à nossa frente!

- O que era aquilo? (indago eu ao grupo).
- Aquele é o cibernético Sérgio! Ele quis ter certeza de que saberíamos quem está naquele carro.

Sérgio passa à nossa frente. Sabino assume o controle do nosso veículo, de forma manual, e começa a seguir o carro de polícia do androide. A via agora está livre para escaparmos rapidamente. Na rua paralela o delegado, acompanhando as imagens de satélite internamente em seu supercomputador, percebe que está acontecendo algo errado e comenta consigo mesmo o fato:

- Um carro de polícia os está ajudando a fugir. Mas não irão muito longe!

O veículo do delegado cibernético entra numa rua perpendicular a toda velocidade e rapidamente adentra a nossa via, já na faixa da esquerda. Em poucos segundos percebemos que ele está vindo acelerado em nossa direção. Sérgio, mais à frente, percebe o fato e pisa fundo. Sabino faz o mesmo para que não sejamos alcançados. O computador de controle de nosso veículo nos informa agora:

-
Aviso: você está acima da velocidade permitida nesta via e será multado em cinco segundos se não reduzir a velocidade!

-
Estamos numa emergência, computador! Precisamos seguir o carro de polícia à nossa frente! (declara Sabino, ao volante).

O computador do nosso veículo nos informa novamente:

-
O delegado de polícia que vem logo atrás, ordenou o bloqueio deste veículo que acontecerá em trinta segundos! Procure uma vaga imediatamente para não atrapalhar o trânsito.

-
Não! Não vamos parar! (grita Everardo, que dá um forte soco sobre o painel frontal).

-
O que está fazendo? (grito eu, Fernando, para ele).
-
Vou cortar o controle do computador de bordo sobre este carro para podermos continuar fugindo (grita Everardo que dá mais um soco no painel frontal que agora se abre).

Ele imediatamente começa a analisar os fios que vão até o módulo de controle da caixa do computador de bordo, enquanto a contagem regressiva está em andamento:

- 20..., 19..., 18..., 17...
-
Cuidado! Se desligar o fio errado esse carro irá parar de uma vez! (informa Sabino que acelera mais).
-
Não me desconcentre! Eu preciso entender o que cada fio faz aqui! (declara Everardo já suando frio).

Eu, Fernando, olho para trás e vejo o carro do delegado se aproximando lentamente. Resolvo avisar o motorista:

-
Sabino! Acelere mais! A polícia está chegando!
-
Nenhum carro de passeio é mais rápido do que os veículos da polícia! Eles vêm de fábrica com este "defeito"! (informa, nervoso, Sabino).

No carro de trás o delegado dá um pequeno sorriso irônico, satisfeito porque percebe que em breve conseguirá prender os fugitivos. A contagem regressiva do computador de bordo continua.

- 10..., 9..., 8..., 7...
-
Tem que ser mais rápido, Everardo, senão não dará tempo! (grita Sabino, já preocupado com isso).

-
Se acha que pode fazer melhor, vamos trocar de lugar! (declara, irônico, Everardo).

-
3..., 2..., 1..., carro desligado! Você não parou numa vaga adequada para não atrapalhar o trânsito. Uma multa será acrescentada à sua carteira de habilitação.

O veículo começa rapidamente a desacelerar! O carro do delegado se aproxima e praticamente encosta na traseira do nosso. Ele agora usa o sistema de alto-falante enquanto nossa velocidade despenca para quase zero.

-
Encostem o carro e saiam lentamente com as mãos para cima! Estão todos presos! Tenho ordens de usar força letal contra vocês se não se entregarem!
-
Vamos lutar contra este policial! (sugere o clone do ex-presidente).
-
Não dá, senhor! Ele é um delegado cibernético muito poderoso! (responde Sabino).
-
Tem alguém normal neste futuro? (indaga o clone do general Figueiredo).

Sérgio, percebendo que estamos com problemas, freia forte o carro de polícia à frente e para imediatamente. O nosso veículo também já parou! O delegado desce do carro e se aproxima de nós! Ele para em pé ao lado da porta dianteira que se abre sozinha ao comando de seu controle remoto universal interno, exclusivo de cibernéticos da lei. Mas ele não vê ninguém no interior do veículo.

Pusemos nossos capacetes de volta para ficarmos invisíveis para ele. O androide da polícia estranha este fato e busca algum sentido naquilo. Mas então percebe o painel frontal aberto e os fios elétricos estão se movimentando rapidamente, como se alguém os estivesse manipulando! Sérgio se aproxima invisível e ergue do chão o androide delegado empurrando-o contra a parede e afastando-o dali.

-
Afaste-se deste veículo, delegado! (fala a tenebrosa voz do fantasma).

Sem se assustar com o fato o androide da lei agarra aquilo que o pegou e começa a apertar com força os ombros de Sérgio ainda invisível.

- Eu sou um cibernético da lei e não posso ser impedido de cumprir a minha missão!
-
Eu também não posso liberá-lo enquanto não terminar a minha! (informa o fantasma).

Dentro do veículo estamos todos invisíveis ainda. E Sabino já está perdendo a paciência com o amigo:

-
Dá para resolver isso logo! Parece que você está ficando velho e lento, Everardo!

Finalmente ele se decide em arrancar um dos o fios e diz ao colega invisível:

-
Tente ligar o carro novamente!

Sabino pressiona o botão de ligar e nada acontece!

-
Você cortou os fios errados!

Lá fora a luta dos androides se intensifica. Dos ombros do delegado se erguem agora duas pequenas armas que fazem mira contra o corpo invisível de Sérgio. Ele empurra o androide da lei, jogando-o ao chão para não ser atingido pelas balas. O piso vibra com o impacto forte do robusto "homem de lata". Dentro do carro Everardo arranca mais um fio colorido e diz novamente ao colega:

-
Tente ligar outra vez!

Sabino o faz e desta vez dá certo! O veículo é acionado e ele arranca dali com tudo dali. Porém à nossa frente está parado o carro de polícia que Sérgio estava dirigindo. Sabino vira o volante para a esquerda, sobe em cima da calçada para desviar do veículo oficial e retorna logo depois para a via em direção à nossa rota de fuga. Ao redor da Terra o satélite alienígena observa mais de perto toda esta ação que lhe chamou a atenção! Na rua os dois androides continuam a luta!

- Nada é mais importante do que a lei ser cumprida! (declara o delegado a Sérgio, enquanto se levanta do chão).

-
Existem mais coisas no mundo importantes. Este planeta está para ser invadido por aliens. O Brasil precisa daquela equipe militar para que possam defender esta nação!

- Por que acha que tenho que acreditar num fantasma que fala sobre um ataque alienígena? (indaga o delegado atirando com as duas armas de seus ombros contra o corpo de Sérgio).

Atingido com força no peito o cibernético da marinha cai ao chão ainda invisível. O delegado aproveita o momento e retorna ao seu carro para continuar com a perseguição. Ele faz o mesmo caminho e percurso de Sabino sobre a calçada, se desviando do carro policial de Sérgio logo à frente. O androide da marinha resolve entrar em seu veículo novamente para perseguir o delegado.

CAPÍTULO IV
CULTO AO FANTASMA

CAPÍTULO XXXIV
VASO ENTUPIDO

CAPÍTULO V
FIM DAS MISSÕES

CAPÍTULO XXXV
REDE CRIMINOSA

CAPÍTULO VI
MUNDO COMPUTADORIZADO

CAPÍTULO XXXVI
ENCONTRADO

CAPÍTULO VII
VISITANTES

CAPÍTULO XXXVII
DOENTE RECUPERADO

CAPÍTULO VIII
ASSASSINATO DE CLONES

CAPÍTULO XXXVIII
A SENTENÇA

CAPÍTULO IX
FANTASMAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIX
O FIM DA INTERNET 4

CAPÍTULO X
UMA PRECE AO FANTASMA

CAPÍTULO XL
NAVE ALIEN

CAPÍTULO XI
A PRISÃO DO INVISÍVEL

CAPÍTULO XLI
O VIGÁRIO VIGARISTA

CAPÍTULO XII
DE VOLTA À COREIA

CAPÍTULO XLII
HERÓI DESAPARECIDO

CAPÍTULO XIII
HACKERTS

CAPÍTULO XLIII
A FUGA DOS INOCENTES

CAPÍTULO XIV
FANTASMA AMERICANO

CAPÍTULO XLIV
NAVE-PLANETA ALIEN

CAPÍTULO XV
ESTRANHOS RESULTADOS

CAPÍTULO XLV
SÓ MAIS UM ANO

CAPÍTULO XVI
A MENTE DOS FIÉIS

CAPÍTULO XLVI
SEGUNDA CHANCE

CAPÍTULO XVII
UM BARCO NO SECO

CAPÍTULO XLVII
ESTADO DE GUERRA

CAPÍTULO XVIII
FAMÍLIA EM CRISE

CAPÍTULO XLVIII
O COMBATE SE APROXIMA

CAPÍTULO XIX
INTERNET 4

CAPÍTULO XLIX
FRIO NA ESPINHA

CAPÍTULO XX
DAVI E GOLIAS

CAPÍTULO L
MAUS PRESSÁGIOS

CAPÍTULO XXI
TUBARÃO BRANCO

CAPÍTULO LI
SEM CONTROLE

CAPÍTULO XXII
O GOLPE DO CLONE

CAPÍTULO LII
NA LINHA DE FRENTE

CAPÍTULO XXIII
REVELAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO LIII
SACRIFÍCIOS

CAPÍTULO XXIV
O FANTASMA COREANO

CAPÍTULO LIV
TSUNAMI

CAPÍTULO LV
NOVAS REGRAS

CAPÍTULO XXV
VÍRUS MORTAL

CAPÍTULO LVI
SIMBIOSE

CAPÍTULO XXVI
A ÚLTIMA LUTA

CAPÍTULO LVII
SUPERVULCÃO

CAPÍTULO XXVII
YELLOWSTONE

CAPÍTULO LVIII
DEGENERAÇÃO CELULAR

CAPÍTULO XXVIII
CIBER-PERÍCIA CRIMINAL

CAPÍTULO LIX
CONTAGEM REGRESSIVA

CAPÍTULO XXIX
EM BUSCA DE PEDRO

PERSONAGENS
DESTE LIVRO

CAPÍTULO XXX
AUTOPROTEÇÃO

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A seta em branco abaixo é a rota que o barco invisível fez ao fugir do galpão secreto da marinha
quando foi para alto mar. Depois retornou para salvar Fernando e os outros militares da prisão.

Abaixo a imagem mostra a rota de fuga de Botafogo, no Rio de Janeiro, até o ponto de encontro na praia próxima onde se encontra o barco invisível.