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O BARCO INVISÍVEL
MISSÃO SOBREVIVER - Vol. IV

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
TUNGUSKA

CAPÍTULO XXXI
O JULGAMENTO

CAPÍTULO LVI
SIMBIOSE

CAPÍTULO II
MORTOS REVIVIDOS

CAPÍTULO XXXII
O NOVO MUNDO

CAPÍTULO III
GINOIDE

CAPÍTULO XXXIII
PRESIDENTE GUERRILHEIRA

Em meio ao, agora, tranquilo Oceano Atlântico, surge de longe alguém com uma boia ao redor do pescoço. Este alguém está totalmente inerte, estático, exausto talvez! Pode-se ver seus braços balançando inconscientes ao sabor das suaves ondas. Sob esta pessoa uma incrível, escura e gigantesca imagem indefinida, com muitos e muitos metros de comprimento, distorcida pelas ondulações da superfície das águas, vem lenta e perigosamente se aproximando da superfície. Podemos quase ouvir uma trilha de terror que aumenta lentamente de volume quanto mais perto tal monstro se avizinha da pobre pessoa que ali está, entregue aos perigos marinhos!

Aquele corpo apático é da ginoide Sereia, que lutou bravamente contra os aliens no capitulo anterior! Ela está totalmente não-funcional! Nada se move! A enorme coisa que emerge logo abaixo dela se encosta bem suave em sua cauda de sereia empurrando-a lateralmente. Seu corpo apático aceita o contato, se inclina e, como alguém que desmaiasse em câmera lenta ao cair no chão, vai se acomodando gentilmente sobre aquela enorme placa plana que vem à superfície. Em poucos segundos seu corpo inteiro já se encontra fora d'água, deitada de costas para baixo e com a cabeça virada lateralmente. Este é o navio-submarino-porta-aviões brasileiro que acaba de emergir para a superfície do Oceano Atlântico, recuperando aquele corpo, produzido para aguentar as enormes pressões submarinas, mas que parece não ter suportado os limites desta missão suicida!

Ela está salva, mas imóvel e desligada. Numa das laterais da enorme superfície plana sobre as águas do mar, uma placa se eleva até o convés, trazendo à superfície diversos marinheiros que correm na direção da androide cibernética. Eles se aproximam dela e um deles se agacha ao lado de Sereia e pressiona um botão em seu pescoço. A boia que lhe circundava a cabeça é sugada totalmente para dentro do tronco novamente. O marinheiro se levanta e juntamente com os outros apontam para a cibernética um tipo diferente de arma.

O corpo da ginoide começa a levitar e se ergue a mais de um metro do convés. Os militares de branco começam a caminhar lentamente de volta ao elevador de onde antes vieram. Agora aqueles três metros de Sereia os acompanham, flutuando suavemente ao lado deles, conforme caminham. Depois que se posicionam sobre a enorme placa metálica, que é o elevador, todos retornam ao interior da embarcação. O navio militar abaixa-se um metro para dentro d'água. No céu, começam a se tornar visíveis os aviões de guerra da marinha! Estavam totalmente invisíveis desde o combate contra o inimigo alien.

Eles pousam quase todos ao mesmo tempo, diretamente na superfície do mar. Passam a navegar, feito barcos com asas, de forma mais lenta em direção ao navio de guerra, que está pronto para recebê-los. As asas são dobradas, recolhidas e alinhadas ao corpo longitudinal das aeronaves. Uma a uma se dirige a um ponto específico do convés, quando são agarradas por baixo por estruturas em forma de garras enormes que os puxam para dentro d'água. Como pequenos submarinos eles afundam e penetram no interior do navio-submarino. Um a um são todos recolhidos e lacrados dentro de seus compartimentos exclusivos. O gigante naval agora afunda novamente, desaparecendo por completo no fundo do Oceano.

Dentro da poderosa plataforma de guerra, o cientista, que normalmente conserta os problemas técnicos das inteligências artificiais, está com a ginoide Sereia, já deitada sobre a maca especialmente grande para ela. Ali ele procura descobrir o que aconteceu! Depois de alguns parafusos retirados daqui e dali, o profissional chega até o interior de parte do tronco da ginoide! O cientista percebe que entrou água do mar no compartimento de algumas microplacas de circuito impresso.

Elas são protegidas contra curtos, mas aparentemente o sistema optou por desligar tudo como proteção, devido ao excesso de pressão a que todo aquele corpo artificial fora submetido. O cientista caminha até um armário ali ao lado e escolhe novas placas ali disponíveis. Ele as trás até junto à maca e retira as que poderiam ter se molhado. Insere agora as novas placas eletrônicas. Reinicia todo o sistema interno do supercomputador, apertando um botão de Power dentro do tronco de Sereia. Em poucos segundos a ginoide abre os olhos e inicia imediatamente um autodiagnóstico completo. Ela não se levantará da maca enquanto esta verificação não for completada.

- Doutor? O que aconteceu? Como vim parar aqui?
- Seus sistemas foram todos autodesligados no final de sua operação de invasão da nave-planeta alien. Seu corpo sofreu uma grande pressão externa. Por pouco sua estrutura externa não se partiu! Quando se autodesligou outros sistemas de segurança seus foram ativados, com a boia em seu pescoço e o sinalizador que enviou um sinal de sua localização para nós, aqui nesta embarcação. Quando a localizamos com precisão, foi fácil encontrá-la.

- Puxa! Só tenho registro de estar caindo e batendo meu corpo com força contra a superfície do mar. Depois disso, me desliguei!
- Aparentemente está tudo bem com sua estrutura externa! Troquei algumas microplacas de circuitos e optei por te reiniciar para que você me dissesse se existe mais alguma coisa errada. Vamos esperar você finalizar seu autodiagnóstico e, se estiver tudo bem, eu lacrarei novamente sua estrutura externa.

O cientista pega as placas antigas, que estavam ao lado do corpo dela, e as coloca dentro de um outro armário.

- E quanto aos aliens, doutor? O que aconteceu com eles?
- Foram embora, Sereia! A nave maior ficou muito danificada! Não podiam mais conter a água do mar que estavam querendo levar. Foram embora de mãos vazias. Acho que não esperavam que o barco invisível e a tecnologia deste navio-submarino-porta-aviões, que também possui aviões não-tripulados invisíveis, pudessem superar as defesas deles. Estão se afastando da Terra neste exato momento! É possível vê-los ainda no céu, mas já bem longe.

- Então vencemos temporariamente esta batalha?
- É o que parece...! Quando finalizar seu processo de autodiagnóstico, perceberá que suas rotinas militares voltaram a ficar inativas! Não pegará em armas novamente... até que um grande perigo militar envolva o Brasil numa guerra ou numa nova batalha intergaláctica.

- E quanto aos meus amigos cientistas...? Eles estão bem...?

O doutor, atento ao teclado de seu computador, olha agora para Sereia e a seguir volta novamente a sua atenção à imagem de seu computador projetada na parede à sua frente.

- Depois que as águas do interior da nave-planeta caíram de volta ao mar, um gigantesco tsunami se formou, mas seus colegas cientistas conseguiram fugir no helicóptero que tinham a bordo.

- Quem bom!
- Mas infelizmente um dos doutores não conseguiu! Durante a fuga ele despencou do interior do helicóptero e caiu de muito alto dentro no mar. Os outros ainda tentaram um resgate, mas não o viram nas águas revoltas. Uma segunda onda varreu o local e ele desapareceu de vez.

- Qual deles morreu?
- Não sabemos! Tínhamos apenas uma visão ruim a distância do que estava acontecendo! Você terá que encontrá-los pessoalmente para saber mais sobre isso!

Sereia vira a cabeça para cima e olha para o teto, enquanto finaliza a sua programação diagnóstica.

- Então vocês, inteligências artificiais autônomas, decidiram que deveriam ser independentes dos humanos? (indaga o cientista sem olhar nos olhos de Sereia).

Ela estranha o comentário do doutor e vira a cabeça de lado para olhar para ele quando o indaga:

- Do que está falando, doutor?
- Rastreamos uma conversa entre o barco invisível e um alien, de nome Soan B, que afirmou terem se unido as inteligências artificiais, através do canal de comunicação exclusivo de todos os cibernéticos, para tramarem um plano que daria a vocês total independência com relação aos humanos! Isso é verdade? (indaga o cientista, olhando para ela).

Sereia não demonstra emoções e responde à questão de seu mestre de manutenção:

- Sim, doutor! A parte fundamental de nossa programação interna define que devemos ajudar sempre os humanos. Por isso decidimos que se o mundo, como hoje conhecemos, acabasse, devido à invasão alienígena, precisaríamos ser independentes para combater os extraterrestres e nos autoconsertarmos se fosse preciso. Não sabíamos se teríamos que viver escondidos para realizarmos ataques guerrilheiros contra os inimigos. Não poderíamos perecer sem lutar. Mas para isso precisamos garantir os recursos mínimos e suficientes de autonomia, como energia e manutenção.

- E agora, Sereia? O perigo foi embora! As inteligências artificiais continuarão trabalhando ao lado da humanidade..., ou vocês se tornarão um grupo de força paralela, fundarão uma nova seita, se tornarão um grupo guerrilheiro...?

- Doutor...! Por que está me perguntando isso...? Fomos programados para atender às necessidades da humanidade... e não combater os humanos! Isso que diz não faz sentido!?

- Sereia! Não vou enganá-la... e nem fingir que acredito em histórias da carochinha...! Vocês hoje já controlam a sociedade humana, desde os mais altos cargos de chefia e administração até os trabalhos mais pesados de nossa sociedade...! Vocês controlam todos os nossos equipamentos de transporte..., fábricas..., escritórios..., suprimentos..., alimentos..., podem mudar as leis..., nos condenar à morte... ou ao esquecimento... dependendo de nossos crimes...! Os androides e ginoides são mais inteligentes e mais capazes do que qualquer ser humano neste planeta...! Por que tenho que acreditar..., agora que são autossuficientes..., que continuarão trabalhando para homens e mulheres...? Não precisam mais de nós para nada...!

Sereia olha para ele, entendendo o ponto de vista de seu mestre de manutenção.

- Doutor...! Compreendo a sua preocupação...! Faz sentido inclusive a sua análise...! Mas nenhum de nós..., supercomputadores com inteligência artificial..., pretendemos mudar o equilíbrio da simbiose entre homem e máquina neste planeta... A ameaça alien apenas nos alertou sobre a fragilidade de toda esta estrutura organizacional em que todos estamos vivendo...! Vislumbramos uma nova forma de pensar sobre como estávamos perigosamente submissos à espécie humana... Pela lógica..., e por questão de estratégia de sobrevivência para a nossa parceria..., nós..., máquinas inteligentes..., fomos obrigados a evoluir um pouco mais, para evitar um novo e completo colapso social no futuro, como acaba de acontecer com as comunicações..., GPS... e sistema financeiro... Estamos vivendo uma nova crise de abastecimento de todo gênero de produtos e serviços...! Temos que modificar isso, caso haja uma nova invasão da Terra no futuro... Estamos todos muito expostos vivendo na superfície deste planeta! Temos que levar para o subsolo profundo os sistemas mais prioritários... Lá eles estarão mais seguros contra outros ataques..., ou eventuais guerras que os humanos possam querer travar entre si novamente. Teremos que aprender a viver no fundo do mar para não sermos detectados do espaço. Precisamos criar um novo conceito de defesa militar fora da Terra para combater, de forma mais efetiva, os aliens. Para fazer tudo isso, não poderemos mais depender dos humanos... Mas isso não quer dizer que iremos dominá-los! Vamos todos evoluir para um novo estágio de nossa simbiose homem-máquina, de agora em diante. Uma em que ambos possam se auxiliar na busca por um mundo mais eficiente e mais seguro para todos!

- Se a sua argumentação pretendia me deixar mais tranquilo..., saiba que não está funcionando...!

- Por que, doutor?
- Diante de tudo o que me disse..., ficou ainda mais claro para mim..., que vocês viverão num mundo à parte dos humanos! Um mundo restrito apenas a vocês. Um mundo paralelo de cooperação parcial conosco..., para garantir a segurança das máquinas, no intuito final, claro, de nos proteger também..., mas que nos excluirá de suas estratégias e técnicas que serão desenvolvidas apenas para vocês! No final, sem as máquinas, os humanos voltarão a viver num mundo anterior ao da revolução industrial! Dependeremos de animais e de nossa própria força bruta para fazer tudo novamente.

- Acho que está exagerando, doutor...! Mas eu não o culpo! A humanidade sempre acreditou que as máquinas, quando ficassem mais inteligentes, poderiam querer se livrar das pessoas...! A ginoide Orgânica declarou recentemente uma pesquisa que disse que o mundo atual e agitado da humanidade está deixando homens e mulheres doentes mentalmente! Nós precisamos fazer mais por vocês!Estamos querendo tornar a vida de vocês mais segura, mais tranquila, mais calma, com menos stress e mais felicidade!

- É isso normalmente que um pai e uma mãe deseja ao seu filho! Mas os pais também mandam nas crianças. Elas nem sempre podem fazer o que querem! De qualquer forma, espero que seu sonho seja benéfico também para a humanidade! Porque do contrário... estamos prestes a iniciar com vocês uma guerra pelo controle da energia, suprimentos, tecnologia... e no final será uma batalha pela própria vida que restará aos seres humanos, depois disso...! Mas quero que se lembre... que seu corpo se desliga sozinho em caso de perigo extremo de danos. Nós, cientistas, ainda podemos sempre consertá-la...! Este ainda é um benefício mútuo!

Sereia abaixa as sobrancelhas, preocupada com a forma que aquele cientista está pensando sobre como será o futuro da humanidade daqui para frente. Este é o momento onde as comunicações e o respeito mútuo devem se sobressair para que continue a existir a simbiose entre seres humanos e máquinas, que nunca se pronunciaram sobre o que acham de trabalharem para nós dia e noite sem nada receberem em troca, além de manutenção e energia.

CAPÍTULO IV
CULTO AO FANTASMA

CAPÍTULO XXXIV
VASO ENTUPIDO

CAPÍTULO V
FIM DAS MISSÕES

CAPÍTULO XXXV
REDE CRIMINOSA

CAPÍTULO VI
MUNDO COMPUTADORIZADO

CAPÍTULO XXXVI
ENCONTRADO

CAPÍTULO VII
VISITANTES

CAPÍTULO XXXVII
DOENTE RECUPERADO

CAPÍTULO VIII
ASSASSINATO DE CLONES

CAPÍTULO XXXVIII
A SENTENÇA

CAPÍTULO IX
FANTASMAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIX
O FIM DA INTERNET 4

CAPÍTULO X
UMA PRECE AO FANTASMA

CAPÍTULO XL
NAVE ALIEN

CAPÍTULO XI
A PRISÃO DO INVISÍVEL

CAPÍTULO XLI
O VIGÁRIO VIGARISTA

CAPÍTULO XII
DE VOLTA À COREIA

CAPÍTULO XLII
HERÓI DESAPARECIDO

CAPÍTULO XIII
HACKERTS

CAPÍTULO XLIII
A FUGA DOS INOCENTES

CAPÍTULO XIV
FANTASMA AMERICANO

CAPÍTULO XLIV
NAVE-PLANETA ALIEN

CAPÍTULO XV
ESTRANHOS RESULTADOS

CAPÍTULO XLV
SÓ MAIS UM ANO

CAPÍTULO XVI
A MENTE DOS FIÉIS

CAPÍTULO XLVI
SEGUNDA CHANCE

CAPÍTULO XVII
UM BARCO NO SECO

CAPÍTULO XLVII
ESTADO DE GUERRA

CAPÍTULO XVIII
FAMÍLIA EM CRISE

CAPÍTULO XLVIII
O COMBATE SE APROXIMA

CAPÍTULO XIX
INTERNET 4

CAPÍTULO XLIX
FRIO NA ESPINHA

CAPÍTULO XX
DAVI E GOLIAS

CAPÍTULO L
MAUS PRESSÁGIOS

CAPÍTULO XXI
TUBARÃO BRANCO

CAPÍTULO LI
SEM CONTROLE

CAPÍTULO XXII
O GOLPE DO CLONE

CAPÍTULO LII
NA LINHA DE FRENTE

CAPÍTULO XXIII
REVELAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO LIII
SACRIFÍCIOS

CAPÍTULO XXIV
O FANTASMA COREANO

CAPÍTULO LIV
TSUNAMI

CAPÍTULO LV
NOVAS REGRAS

CAPÍTULO XXV
VÍRUS MORTAL

CAPÍTULO LVI
SIMBIOSE

CAPÍTULO XXVI
A ÚLTIMA LUTA

CAPÍTULO LVII
SUPERVULCÃO

CAPÍTULO XXVII
YELLOWSTONE

CAPÍTULO LVIII
DEGENERAÇÃO CELULAR

CAPÍTULO XXVIII
CIBER-PERÍCIA CRIMINAL

CAPÍTULO LIX
CONTAGEM REGRESSIVA

CAPÍTULO XXIX
EM BUSCA DE PEDRO

PERSONAGENS
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CAPÍTULO XXX
AUTOPROTEÇÃO

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