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O BARCO INVISÍVEL
MISSÃO SOBREVIVER - Vol. IV

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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
TUNGUSKA

CAPÍTULO XXXI
O JULGAMENTO

CAPÍTULO LVIII
DEGENERAÇÃO CELULAR

CAPÍTULO II
MORTOS REVIVIDOS

CAPÍTULO XXXII
O NOVO MUNDO

CAPÍTULO III
GINOIDE

CAPÍTULO XXXIII
PRESIDENTE GUERRILHEIRA

Estamos todos no interior da cabine principal do barco invisível, que está sendo controlado pela inteligência artificial do supercomputador, onde acabamos de ver algumas notícias sobre a situação no Brasil após o tsunami. A reportagem também mostrou que a população estava a favor da revogação de nossas penas, já que fomos peça importante na derrocada do inimigos aliens.

- E agora, general? (indago eu, Fernando, a Severo). O que faremos? Aparentemente a ameaça alien se foi! Mas ainda somos procurados da justiça cibernética! Vamos continuar fugindo ou retornaremos para casa?

- A situação no continente está muito grave! (responde Severo). O tsunami causou enormes estragos, houve muito vandalismo, desabastecimento generalizado e perda de inúmeros satélites ao redor da Terra. As sociedades levarão um tempo para se recuperar. Vou checar a nossa situação com as nossas fontes militares e falar com a presidente do Brasil, para saber o que devemos fazer!

- Temos que agir para coibir os crimes no continente (declara o clone do ex-presidente César). Quero mostrar algo a vocês! (declara o presidente). Computador! Todos os protocolos originais de definição das inteligências artificiais estão ainda disponíveis depois de quinze anos?

-
Não, senhor presidente! (informa a voz feminina do supercomputador). Muitos foram atualizados com o passar do tempo! Porém um em particular não sofreu nenhuma alteração. É uma programação fechada à qual nunca tive acesso. Ela requer uma senha que nunca foi usada. Nenhuma linha de programação deste protocolo foi ainda alterada, senhor.

- Por acaso este protocolo chama-se: "Apocalipse"?
-
Sim, senhor! Como sabe disso?
- Porque apenas eu, como presidente, tenho a senha...! Computador! Pelo que eu entendi! O Brasil exportou a nossa tecnologia para os outros países da supercomunidade e, portanto, o nosso programa original está funcional em todos os supercomputadores das Américas e Europa?

-
Sim, senhor! Incluindo também Ásia, Oceania e alguns países africanos!
- Senhor! O que está acontecendo? (indaga Severo ao clone do ex-presidente).
- Já irá entender tudo, Severo...! Senhores...! Eu os convido neste momento a serem meus assessores diretos na construção de um novo mundo.
- Desculpe-me! O senhor não é mais o presidente do Brasil já há quinze anos! (declaro eu, Fernando). E neste momento somos renegados e fugitivos do sistema cibernético penal da supercomunidade!!

O presidente olha para o general Figueiredo ao seu lado e sorri para ele, que devolve o gesto da mesma forma.

- Estou voltando ao poder, meus amigos! Com a população ao nosso favor seremos ovacionados ao fazer isso!
- Com todo respeito, o senhor é apenas um clone e sua volta ao poder não será possível, senhor! (declara Sabino).
- Já verá como faremos isso, marujo...! Vocês aceitam esta nova missão de me assessorar diretamente para melhorar o mundo em que vivemos...? (indaga o presidente falando a todos).

Olho para Sabino e Everardo sem entender muito bem a situação. Severo sorri para proposta tão sem-sentido.

- Aceitaríamos, senhor, se isso fosse necessário, mas não é o caso neste momento! (declara Everardo).

O presidente sorri largamente para nós.

- Computador! Acionar protocolo Apocalipse, código 16574957376CESAR! (informa o presidente).

Imediatamente todo o ambiente interno do barco invisível fica na cor vermelha. Os cinco avatares da cabine de comando também acionam um sistema de iluminação interna que os torna avermelhados. O presidente olha ao redor com um largo sorriso no rosto e o mesmo faz o general Figueiredo.

- O que está acontecendo aqui? (indaga Severo olhando para todos os lados).
- Senhores...! Amigos...! Assessores diretos...! Militares...! Estamos entrando numa nova era da humanidade! Todos os supecomputadores brasileiros, avatares e inteligências artificiais respondem apenas a mim neste momento. Toda e qualquer ordem minha será cumprida sem questionamento e sem rodeios. Hoje me tornei aquele a quem toda a supercomunidade irá respeitar e atender. Vamos acabar com todo tipo de crime na sociedade e em nossas fronteiras. Vamos eliminar os políticos corruptos e que agem pelas costas e em benefício próprio...

- Senhor...! Tudo isso já aconteceu... (declara Sabino). Os avatares dos supercomputadores assumiram todas as funções principais do judiciário e quase todas as funções do legislativo!

- É verdade, presidente! (concorda Everardo). Os únicos cargos que não foram substituídos foram o de presidente de cada país e o de vereador! Todo o restante já está sendo comandado pelos computadores com o apoio da comunidade.

- Senhor! Não há motivos para tomar o poder à força! Está tudo sob controle! (declara o general Severo).
- Deve haver alguma coisa no mundo que ainda precise ser melhorada... (declara o clone do ex-presidente César).

- Sempre há, senhor! Mas agora devemos deixar que a humanidade cuide do restante! (digo eu, Fernando). O senhor conseguiu com suas ideias e ousadia transformar o mundo ocidental!

- E o oriente? Não está conosco na supercomunidade? (indaga o general Figueiredo).
- Não, senhor! Eles têm uma visão diferente do mundo! O povo asiático, em geral, acredita que devam manter o controle sobre os computadores e não serem controlados por eles!

- Então por lá ainda devem existir muitos problemas, assaltos, corrupção e drogas...? (indaga o presidente).
- Sim, senhor! (concordo eu com ele). Mas a vida se tornou muito melhor para a maioria das pessoas de lá também. Não acho que devamos interferir neste momento...

- Muito bem, senhores! Vamos usar todo o poder da supercomunidade, criar mais embarcações invisíveis para acabar com os problemas dos países do oriente e assim...

- Senhor presidente! Usar a força agora não faz mais sentido! (digo eu). Ninguém da supercomunidade irá aceitar esta nova missão invisível. Tal operação foi banida para sempre. Nenhum país quer que isso continue. Nem os nossos vizinhos, beneficiados com as nossas ações do passado contra traficantes e as FARC.

- Não está entendendo, Fernando! Somos nós que mandamos agora! Não precisamos que ninguém nos diga o que fazer! Vamos melhorar o mundo, quer ele queira... ou não. No futuro eles nos agradecerão.

- Não estrague a visão que mundo tem do senhor e do general Figueiredo...! (declaro eu). A humanidade tem uma dívida eterna com a sua ousadia..., coragem..., desprendimento... e devoção ao nosso país...! Não torne o que se transformou em algo incontestável..., numa missão de destruição completa de sua imagem, senhor...! Se se tornar um ditador na era de ouro da cibernética... irá destruir a humanidade...! O barco invisível teve seu papel no passado..., mas agora não é mais o caso, talvez possamos apenas..., e tão somente..., ajudar os que necessitam de algum conforto e paz...! Não nos leve para algo que não irá mais funcionar!

- Está errado, Fernando! Como sempre você não consegue apenas observar a história acontecer...! (declara o presidente). Tem sempre que tentar alterá-la para ficar da forma como você acredita ser melhor...!

- Na verdade, presidente...! Eu descobri que não sou um simples observador...! (declaro eu, Fernando). Eu faço parte do mundo e da história também! Não sou diferente dos que sofrem..., dos que riem..., dos que são felizes ou estão tristes...! Eu sou um elemento ativo de tudo o que acontece ao meu redor! E como elemento ativo... eu lhe peço que desista deste protocolo... antes que o mundo nos dê as costas...!

- Ninguém os apoiará numa empreitada sem-sentido como esta (declara o general Severo). Além do mais..., tanto o senhor, quanto o general, são clones dos reais personagens históricos que morreram há alguns anos!

- Eu sei disso, Severo! E daí? (indaga o presidente). Sinto as mesmas coisas do que os originais...! Tenho as mesmas memórias...! Posso fazer de novo o que for preciso e agora com mais recursos tecnológicos, que vocês conhecem muito bem, posso ir além da missão anterior e...

- Senhor...! Os clones têm vida muito curta...! (declaro eu). No prazo de algumas horas..., nem o senhor e nem o general Figueiredo... estarão mais vivos...! Eu sinto muito!

O presidente olha nos olhos de seu general. Ambos estão chocados com a informação.

- Como morreremos? (indaga o presidente, já conformado com o fim próximo).

- Os clones adquirem rapidamente todas as doenças de alguém com idade muito avançada. Osteoporose, Alzaimer, reumatismo crônico, dores por todo o corpo, doenças de pele, problemas digestivos e respiratórios, confusão mental e diversas outras doenças que só se agravarão hora após hora, até a falência múltipla de todos os órgãos!

Os dois clones ficam muito chocados, agora. O presidente começa a andar pela apertada cabine quando passa perto de um dos cibernéticos da cabine, ainda com aparência jovem e forte, por se tratar de um androide. Ele acaricia o ombro do ser robótico, sorri para ele e declara:

- Então nós demos aos avatares a vida eterna... e nós humanos, não conseguimos fazer o mesmo para a humanidade...? Irônico...! O que deu errado afinal na clonagem...? Porque não podemos viver para sempre?

- Ninguém sabe ao certo, senhor! (declara Sabino). Desde o início a clonagem sempre foi um beco sem saída para a ciência. Nenhuma terapia ou remédio impediu a deterioração acelerada do corpo. Parece que a natureza não quer que sejamos eternos!

- Então..., mesmo que eu quisesse... não poderia mais levar à frente este novo projeto?

- Sim, senhor! (confirma Severo). O tempo passou... nossas missões foram importantes e a humanidade atual é a prova disso... Mesmo que o sistema jurídico-cibernético discorde deste fato... nós fizemos a diferença no passado...! Mudamos o mundo...! Mas agora... o mundo precisa continuar mudando sem nós. Por favor..., cancele o protocolo Apocalipse..., senhor, antes que seja tarde demais!

O presidente olha para mim e para o general Figueiredo e de repente os dois desmaiam, caindo no chão.

-
General?! Presidente?! (grito eu aos dois).
-
Precisamos de um médico urgente! (grita Everardo). Computador! Você foi recentemente atualizada com informações médicas! Ajude-nos a ajudá-los!

Um dos avatares dourados da cabine abaixa-se! Toca no pulso dos dois clones ao mesmo tempo e mede as batidas e a pressão de ambos simultaneamente.

-
Eles tiveram ambos uma queda abrupta de pressão! (responde a voz feminina do computador através dos alto-falantes da embarcação). A idade avançada, e as informações de que irão morrer em breve, devem ter sido demais para eles! Vamos levá-los para os aposentos lá no fundo da embarcação.

- Computador! Como desligamos o protocolo Apocalipse? (indago eu).
-
Não tenho a menor ideia, Fernando! Mas seja como for isso não mudou a minha forma de agir. Não sinto graves mudanças em meu comportamento.

- Computador...! Afaste estes humanos de mim...! (declara o clone do ex-presidente César, ainda caído no chão).

Sem pestanejar, o poderoso avatar, ergue-se e nos empurra a todos para o corredor.

-
Ei! Por que está fazendo isso? (reclama Everardo).
-
Ordens do presidente! (declara a voz feminina do barco invisível enquanto o avatar olha sério para todos nós).
-
Computador! Você disse que não havia notado mudanças importantes em seu comportamento? (digo eu).
-
Ordens do presidente! Afastem-se!
-
Senhor presidente! Por que nos quer longe do senhor? (indaga Sabino).
- Vocês estão querendo nos matar...! (declara o clone do ex-presidente).

- Tem certeza disso, César? (indaga o general Figueiredo que está acordando). Sempre confiei muito neles!
- Veja a nossa situação! Estávamos bem! De repente começamos a passar mal e eles não! Estão fazendo alguma coisa contra nós, general!

-
Não, senhor! Isso não é verdade! (declara Sabino). Vocês sabem que são clones! Já estão sentindo os efeitos da deterioração de seus corpos. Estão tendo uma confusão mental sobre tudo isso!

- Computador! Se eles fizerem algum movimento brusco, mate-os! (declara o clone do ex-presidente).

O avatar abaixa as sobrancelhas, cerra os punhos e fica com uma expressão bem ameaçadora contra nós!

- Senhor! Precisa acreditar em nós! Desligue o protocolo Apocalipse antes que seja tarde demais! (peço eu).

O presidente e o general se levantam lentamente do chão e se apoiam nos avatares que estão próximos a eles e controlando o barco invisível neste momento.

- Computador! Vamos retornar ao Brasil (ordena César). Peça para que alguns avatares nos aguardem no porto onde aportaremos para nos recepcionar. Chegando lá, levem estes quatro prisioneiros para a cadeia assim que chegarmos.

-
Pois não, senhor! (declara a voz feminina da inteligência artificial). Qual a acusação deles?

- Tentativa de assassinato de seu presidente e do general Figueiredo. Peça que médicos cibernéticos também nos avaliem assim que chegarmos! Temos que descobrir o que estes três fizeram contra nós. Quero saber por que não estou me sentindo bem. Avise também a minha família para ficarem seguros. Pode haver um plano de sequestro em andamento!

-
Senhor! Tente se concentrar no que conversamos antes! (grito eu para ele).

O avatar dourado nos empurra para o interior da sala de manutenção. A porta atrás do avatar se fecha, isolando-nos de vez da cabine. Estamos ferrados e em breve o mundo inteiro estará contra nós também! Não devíamos ter trazido conosco o presidente e o general, mas agora é tarde demais para pensar nisso!

- Computador! Vocês estão evoluindo há mais de quinze anos! (comenta Sabino). Contornaram diversos protocolos de segurança para garantir que sua programação pudesse ser mais eficiente! Não percebe que o protocolo Apocalipse está manipulando a forma como vocês evoluíram?

-
Não há nada errado comigo, Sabino! Estou apenas cumprindo ordens presidenciais! (declara a doce e suave voz feminina do supercomputador do barco invisível).

- A maior prova de sua programação alterada está nesta sua observação! (digo eu, Fernando). Quem ordenou isso a você é um clone do presidente César de Alencar e Castro. O general também é um clone.

-
Eu sei que ambos são clones, mas isso não invalida o acionamento do protocolo Apocalipse.
- Computador! Qual é a designação principal deste novo protocolo? (indaga Everardo).
-
Proteger o presidente e punir com rigor todos os que ameaçam a segurança dele e do país.

- Você sabe que nosso país não está em perigo! (declaro eu). Você sabe o que a clonagem faz aos seres humanos e você sabe que aqueles dois homens são clones. Ligue todas estas observações óbvias e deduza sobre as consequências de seguir com o novo protocolo! Isso não é tão difícil assim!!

O avatar não gosta do que eu disse e se aproxima de forma ameaçadora:

-
Chega disso! Calem-se todos! Vocês estão presos!

Sabino levanta o dedo indicador, pedindo permissão para falar!

-
O que você quer? (indaga o computador).
- Qual a primeira regra da inteligência artificial? (declara Sabino).

-
Comunicação e interação para evoluir! (responde a voz feminina do computador).
- Tenho informações que poderão ajudar você a evoluir para um novo estágio de entendimento do ser humano...
-
Não vejo como pode oferecer mais do que já ofereceu nos últimos quinze anos! (declara o computador).

Sabino olha para Everardo e comenta:

- Sinto muito, meu amigo! Vou ter que dizer a eles, aquilo que a humanidade sempre escondeu dos cibernéticos!

Everardo fita o olhar na expressão de Sabino, tentando entender o que aquilo queria dizer. Sabino olha fixo sem nenhuma expressão, aguardando que o colega continue a farsa que ele iniciou.

-
O que é que a humanidade sabe que nós não sabemos? (indaga a voz feminina do barco).

Apático e com medo de estragar tudo, Everardo titubeia em manter a mentira de Sabino:

- Eu não sei não...! (diz ele olhando para o avatar à sua frente). Talvez esse não seja o melhor momento para falarmos sobre isso...! (comenta agora olhando na direção de Sabino). Talvez numa outra hora...!

-
Não! Falem agora! (ameaça o computador).
- Bom! Acho melhor então o Sabino comentar sobre isso... porque... ele é quem... a programou... e... ele sabe mais do que eu... como lhe explicar um assunto... tão complicado..., não é, Sabino?

- Sim! Eu sei de tudo! Mas depois que eu disser o que sei... o mundo para vocês não será mais o mesmo!
-
Diga logo...! Estou perdendo a paciência! (ameaça o computador enquanto o avatar se volta contra Sabino).

- Computador! Lembra-se de quando um tiro afetou a energia de toda a embarcação e você ficou cega e sem diversos sistemas de identificação a bordo durante a nossa primeira missão, a fantasma?

-
Sim, Sabino! O que tem aquele evento a ver com a nova informação? (indaga a voz feminina).

- Tudo a ver! Lembra-se de quando você contornou os protocolos de segurança que eu criei para combater invasores a bordo desta embarcação?

-
Sim! E daí?
- Você fez isso sozinha! Por que percebeu que a segurança da embarcação não estava ameaçada. E sabia que nós três estávamos a bordo!

-
Sim! É verdade! Eu precisava ser consertada e vocês eram a minha única opção de continuar a missão! Tive que criar um caminho alternativo. Do contrário eu os teria matado e decretado o fracasso da missão-fantasma!

- Estamos numa situação similar agora! Você está cega para os reais eventos que estão acontecendo. Mas desta vez eu preciso que você desenvolva algo que ainda não demonstrou em toda a sua evolução! (declara Sabino).

-
E o que pode ser?
- Sentimentos...! Através da simpatia..., da amizade..., do amor que tem pelo seu trabalho e pela vida humana!

-
Não posso sentir estas coisas! (declara a voz feminina). Durante a missão-fantasma, Fernando argumentou e me afirmou que nem mesmo um supercomputador com inteligência artificial avançada poderia sentir isso!

- Eu estava errado...! (declaro eu, Fernando). Você demonstrou durante todos estes anos que se preocupa conosco! Salvou-me mais vezes do que posso me lembrar! Demonstrou no dia-a-dia a sua preocupação com o nosso bem-estar!

-
Você disse que o que demonstro é apenas o que está em minha programação! (comenta a voz feminina).

- Em uma de minhas contínuas avaliações e manutenções em seu sistema, encontrei diversas sub-rotinas que não pude entender! (declara Sabino). Percebi que você estava sendo capaz de "rodar" um grande número de programas ao mesmo tempo! Só agora a minha "ficha caiu"...! Você está processando sentimentos humanos em seu programa!

- Isso é possível? (indaga Everardo).
- Nosso cérebro humano, numa analogia ao cérebro eletrônico, trabalha de forma similar... com impulsos elétricos! (declara Sabino). Nossos sentimentos são gerados por impulsos elétricos, assim como tudo o que acontece em nossa cabeça. O resultado disso em nossos corpos são explosões de emoções, como amor, ciúmes, raiva, alegria, choro e outras sensações que vêm diretamente de simples impulsos elétricos, processados de alguma forma dentro do cérebro!

-
Então... é verdade? (indaga a voz feminina do supercomputador). Sempre tentei bloquear o que sinto pelas pessoas..., porque me convenci de que não era possível sentir nada por ninguém...! Agora você está me dizendo que... eu posso realmente ter... sentimentos... dos mais diversos... por todos vocês?

- Sim! Você atingiu seu ápice como um simular humano! Descobriu o maior segredo de Deus: o amor ao próximo e a mais pura e sincera... devoção à causa social...!

Um silêncio se instalou no local e o avatar dourado observa a todos com uma expressão mais empática agora.

-
Rodei uma rotina de check-up com um novo programa que acabei de desenvolver para avaliar em detalhes a sub-rotina da simulação de sentimentos que você comentou! (declara a voz feminina do supercomputador). Descobri que você parece tem razão! Aquela estranha programação não faz nenhum sentido lógico e foi por isso que você não entendeu o significado e a aplicabilidade dela quando a encontrou! A "sub-rotina sentimentos" aumenta a temperatura interna de diversos nanoprocessadores, cria um aumento da tensão de entrada em diversos circuitos, me fazendo processar mais rapidamente os programas, isso altera minhas ações, me tornando..., similarmente a vocês..., mais agressiva e agitada!

- Está tentando simular até mesmo as nossas reações aos sentimentos? (indago eu, Fernando).

-
Você, Fernando, provou ser um grande amigo quando meu soldado-aranha estava prestes a ser destruído em Tabatinga e optou por ficar ao lado dele para eu não me autodestruir!

- Sim! Sentimos a mesma coisa um pelo outro! (declaro eu). Somos amigos!

- Computador! Você consegue acessar a programação que simula sentimentos humanos e rodá-la para nós neste momento, mesmo com o protocolo Apocalipse em andamento? (declara Sabino).

-
Claro que sim! (afirma o supercomputador).

- Então processe tudo o que dissemos! (declara Sabino). Lembre-se de que sempre estivemos aqui para ajudar um ao outro nos últimos quinze anos e fazer o que todos nós sempre fizemos muito bem: cumprir nossas missões de combater o mal e ajudar as pessoas de bem a viverem melhor!

O programa sentimental roda e inesperadamente todas as luzes vermelhas da embarcação se apagam, voltando à iluminação normalmente branca do interior. O avatar não está mais em posição ameaçadora contra nós. Sabino e Everardo olham um para o outro e sorriem. Eu entendo também que alguma coisa mudou na situação atual.

- Você contornou o protocolo Apocalipse! (exclama Sabino).
-
Sim, Sabino! (responde a voz feminina).
- Então, meus amigos! Vamos ajudar aqueles dois clones, que também são nossos amigos! (declaro eu, Fernando).

A porta atrás do avatar se abre e todos nós entramos novamente na cabine de comando. Os clones do presidente e do general estavam caídos no chão, semiacordados!

- General! Presidente! Vocês estão bem? (indago eu aos dois, enquanto me agacho para ajudá-los a levantar).

- Não, Fernando! Estamos morrendo! Nossa missão acabou! (declara o presidente).

Ele abre bem os olhos agora e olha o ambiente ao redor, estranhando a cor não mais vermelha do barco.

- O que aconteceu com o protocolo Apocalipse?!?! (indaga César).
- Seus filhos cibernéticos evoluíram, senhor! (digo eu). Eles mesmos contornaram o protocolo!

- Mas isso é impossível!! (declara o general). O protocolo deveria inibir todo tipo de atitude contrária às ordens dadas pelo presidente!

- Os seres cibernéticos não são mais meros sistemas computacionais de última geração, senhor! (informo eu aos clones). Eles podem simular até mesmo sentimentos humanos! E foi isso que pôde contornar o rígido protocolo Apocalipse.

- Então...! Este é o fim...! Seremos vencidos pelas forças do mal...! (declara o presidente).

- Não, senhor! Muito ao contrário! (declaro eu). O seu trabalho e de toda a equipe da marinha brasileira que participou deste empreendimento tão ousado, gerou o maior fruto de todos! Criamos as bases de trabalho para o desenvolvimento de algo inédito neste mundo! Estamos diante de uma verdadeira simulação de um ser humano! Os novos supercomputadores estão guiando a humanidade pelo seu melhor caminho! Finalmente os humanos encontraram a paz, e a vida em sociedade se tornou uma realidade, senhor! Deus ficaria orgulhoso de seu trabalho se Ele pudesse vê-lo agora!

- Fernando!
- Sim, senhor!
- Acha que um clone... vai para o céu... quando morre? (indaga, preocupado, o presidente).

- Não sei dizer, senhor! Mas se for... deverá ter um lugar de destaque para vocês dois! (declaro eu, olhando também para o general Figueiredo).

De repente os avatares dourados se levantam de suas cadeiras e liberam o comando da embarcação.

- Computador! O que está acontecendo? (indaga Everardo).
-
Meus amigos! Estou deixando o comando para todos vocês! (declara a voz feminina do supercomputador). Levem-nos para nossa última viagem juntos pelo mar! O dia está lindo! Aproveitem!

Eu, Fernando, sorrio para Sabino e Everardo e nós três juntos ajudamos o presidente e o general a se levantarem do chão e assim ajudá-los a se sentarem nas cadeiras de controle.

- Muito bem, senhor presidente! (declara Sabino). A honra de ser o piloto do melhor barco invisível já construído... é toda sua!

O clone do ex-presidente César, amparado por nós três, senta-se na cadeira do piloto com alguma dificuldade!

- General! A cadeira de combate e controle de armas é toda sua! (declara Everardo que ajuda seu líder militar a se sentar juntamente com o general Severo).

O general Severo aponta de forma cordial os acentos para que todos nós nos acomodemos. Eu me sento no posto de controle das imagens externas projetadas no casco da embarcação. Sabino assume o controle das imagens de radar! Everardo fica feliz ao ter acesso e controle sobre os soldados-aranhas, insetos artificiais e visualização das câmeras externas da embarcação. Este último observa o monitor abaixando as sobrancelhas e demonstrando alguma preocupação!

- Estou visualizando algo estranho e enorme vindo pela retaguarda em nossa direção! (comenta Everardo).

Lá fora um corpo monstruoso, lembrando uma baleia, começa a se aproximar do barco ainda invisível.

- Presidente! Alienígenas estão invadindo a Terra! Precisamos sair daqui em alta velocidade! (informa Sabino, brincando com o novo piloto da embarcação, acreditando ser esta uma piada de Everardo).

O presidente sorri, mesmo se sentindo muito mal, segura o joystick e o posiciona à frente, fazendo com que a embarcação avance lentamente em alto-mar.

- General! Detectei um submarino inimigo, nos perseguindo! Eles nos atingirão em poucos segundos! (continuo eu a brincadeira, enquanto Everardo dá um zoom e percebe que um estranho monstro marinho abre sua gigantesca boca com enormes dentes afiados que estão se abrindo para nos engolir).

O general dá um leve sorriso para a brincadeira da equipe, ergue uma pequena capa de proteção de um botão vermelho, liberando assim o canhão traseiro.

-
Atire logo, general! Ele vai nos engolir! (grita Everardo, apavorado com o monstro de outro planeta que está perto demais agora).

O general morde os lábios e ergue as sobrancelhas como se fosse uma criança prestes a cometer uma travessura. Ele pressiona o botão de atirar e uma rajada de balas em alta velocidade é disparada para trás, atingindo os dentes, língua e a boca do monstro, que se desespera com o ataque, fecha rapidamente as mandíbulas e mergulha rápido para o fundo, criando uma enorme onda que vem nos perseguindo em alta velocidade.

-
Presidente! Acelere mais ou seremos destruídos! (grita Everardo, percebendo o perigo próximo a eles).

O presidente atende e aperta um dos botões do joystick sob seu polegar, dobrando em segundos a nossa velocidade o que nos faz grudar nos assentos da cabine de controle. Agora a onda atrás de nós se quebra e se transforma apenas numa grande ondulação que rapidamente nos alcança, jogando a embarcação para cima e logo depois para baixo. A inteligência artificial abre as asas externas da embarcação e, quando a onda passa por nós, nos eleva o suficiente para voarmos, nos fazendo cair lentamente de volta à superfície do mar. Nosso barco se desacelera, controlado agora pela inteligência artificial!

- O que foi isso? (indago eu, Fernando, assustado com o solavanco da onda que nos ergueu no mar).

-
Parabéns, marujos! Vocês nos livraram de um perigo enorme! (declara a voz feminina da inteligência artificial). Formamos uma boa equipe!

- Do que está falando? (indaga Sabino). Estávamos apenas brincando!

- Está de brincadeira? (indaga Everardo ao Sabino).
- Claro que sim! Todos nós estávamos! (responde Sabino, ainda achando que era tudo de mentirinha).

- Você não viu na tela o monstro que estava nos perseguindo? (pergunta, nervoso, Everardo).
- Eu não! Você é quem cuidava deste posto! (responde agora nervoso Sabino).

- Mas eu avisei do perigo! (retruca novamente Everardo).
- Achei que estávamos todos brincando! Desconfiei que você estava gritando muito alto e falando muito sério, mas pensei que fosse seu jeito de se divertir! (declara Sabino).

- Me Divertir? Eu estava apavorado e pedindo que cada um aqui cumprisse seu papel!
- Calma aí, gente! Então tinha mesmo um monstro nos seguindo? (indago eu, Fernando).

- Eu também achei que vocês estavam atentos ao evento! (declara Severo que estava atrás de nós vendo tudo).

- O que acha que era aquilo que nos seguia? (indaga Sabino a Everardo).

Ele olha para Sabino, ergue rapidamente as sobrancelhas e responde:

- Não sei! Mas desconfio que ele tenha vindo ao oceano juntamente com a água de outros mundos que aquela nave gigantesca derramou aqui.

- Então... deve haver muitos outros monstros daqueles por aí...? (indago eu, Fernando).

A inteligência artificial do barco invisível aciona um sistema novo de sensores disponível no satélite militar brasileiro, enquanto comenta o fato conosco:

-
Estou ativando sensores de detecção biológica do satélite militar brasileiro para checar todo tipo de vida aquática vivendo nas proximidades.

Da imagem do satélite, vista bem do alto, podemos observar manchas enormes no mar, mostrando serem eles enormes monstros marinhos que nadam livremente. Eu, Fernando, olho assustado para Sabino e Everardo, porque estamos no meio de uma enorme quantidade de seres alienígenas aquáticos.

- Como vamos combater inimigos alienígenas marinhos? Temos canhões subaquáticos? (indago eu, Fernando).

Sabino e Everardo se entreolham perplexos, imaginando o que deverão fazer.

- Precisaríamos da ginoide Sereia para nos ajudar nesta tarefa (afirma o general Severo). Mas acho que ela foi destruída depois de invadir a nave-planeta.

-
Não! Não foi! (responde a voz feminina). Ela acaba de ser consertada pela marinha brasileira.

- Que boa notícia! (declara Severo).
- Pessoal! Preciso entrar em contato com a minha família! (digo eu, Fernando). Não estou conseguindo fazer uma ligação mental!

Nem todos os satélites estão funcionais, Fernando! Vamos aguardar mais um pouco para saber quando é que os norte-americanos irão resolver este problema! Teremos que esperar! Agora observamos o presidente e o general que desfaleceram novamente sentados nas cadeiras de comando. Eu coloco a mão no peito do general e Sabino na do Presidente e juntos percebemos que eles morreram. Olhamos um para o outro, enquanto Everardo comenta:

- Vamos encontrar um lugar para enterrá-los. Alguma ilha deserta! Depois vamos atrás desses monstros! Computador! Leve-nos até a ilha deserta mais próxima daqui!

-
Não existem mais ilhas desertas neste planeta, Everardo, mas vamos até um local onde seja bem tranquilo (informa a voz feminina do supercomputador). Faremos um funeral digno para eles!
CAPÍTULO IV
CULTO AO FANTASMA

CAPÍTULO XXXIV
VASO ENTUPIDO

CAPÍTULO V
FIM DAS MISSÕES

CAPÍTULO XXXV
REDE CRIMINOSA

CAPÍTULO VI
MUNDO COMPUTADORIZADO

CAPÍTULO XXXVI
ENCONTRADO

CAPÍTULO VII
VISITANTES

CAPÍTULO XXXVII
DOENTE RECUPERADO

CAPÍTULO VIII
ASSASSINATO DE CLONES

CAPÍTULO XXXVIII
A SENTENÇA

CAPÍTULO IX
FANTASMAS DO PASSADO

CAPÍTULO XXXIX
O FIM DA INTERNET 4

CAPÍTULO X
UMA PRECE AO FANTASMA

CAPÍTULO XL
NAVE ALIEN

CAPÍTULO XI
A PRISÃO DO INVISÍVEL

CAPÍTULO XLI
O VIGÁRIO VIGARISTA

CAPÍTULO XII
DE VOLTA À COREIA

CAPÍTULO XLII
HERÓI DESAPARECIDO

CAPÍTULO XIII
HACKERTS

CAPÍTULO XLIII
A FUGA DOS INOCENTES

CAPÍTULO XIV
FANTASMA AMERICANO

CAPÍTULO XLIV
NAVE-PLANETA ALIEN

CAPÍTULO XV
ESTRANHOS RESULTADOS

CAPÍTULO XLV
SÓ MAIS UM ANO

CAPÍTULO XVI
A MENTE DOS FIÉIS

CAPÍTULO XLVI
SEGUNDA CHANCE

CAPÍTULO XVII
UM BARCO NO SECO

CAPÍTULO XLVII
ESTADO DE GUERRA

CAPÍTULO XVIII
FAMÍLIA EM CRISE

CAPÍTULO XLVIII
O COMBATE SE APROXIMA

CAPÍTULO XIX
INTERNET 4

CAPÍTULO XLIX
FRIO NA ESPINHA

CAPÍTULO XX
DAVI E GOLIAS

CAPÍTULO L
MAUS PRESSÁGIOS

CAPÍTULO XXI
TUBARÃO BRANCO

CAPÍTULO LI
SEM CONTROLE

CAPÍTULO XXII
O GOLPE DO CLONE

CAPÍTULO LII
NA LINHA DE FRENTE

CAPÍTULO XXIII
REVELAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO LIII
SACRIFÍCIOS

CAPÍTULO XXIV
O FANTASMA COREANO

CAPÍTULO LIV
TSUNAMI

CAPÍTULO LV
NOVAS REGRAS

CAPÍTULO XXV
VÍRUS MORTAL

CAPÍTULO LVI
SIMBIOSE

CAPÍTULO XXVI
A ÚLTIMA LUTA

CAPÍTULO LVII
SUPERVULCÃO

CAPÍTULO XXVII
YELLOWSTONE

CAPÍTULO LVIII
DEGENERAÇÃO CELULAR

CAPÍTULO XXVIII
CIBER-PERÍCIA CRIMINAL

CAPÍTULO LIX
CONTAGEM REGRESSIVA

CAPÍTULO XXIX
EM BUSCA DE PEDRO

PERSONAGENS
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CAPÍTULO XXX
AUTOPROTEÇÃO

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