CAPÍTULO XIV
Na prisão, ainda deitado no chão, o soldado Mário é acordado, quando a porta da cadeia novamente se abre, rangendo pela falta de lubrificação em suas dobradiças. Ele começa a acordar, ainda dolorido, quando um rapaz é jogado para o interior da cela e cai sobre ele. O soldado Mário, sentido ainda mais dor, reclama:
- Deus me ajude! Se bem, que foi por causa dele que estou desse jeito!
Ele olha para o rapaz, que sai chorando de cima dele.
- Que foi, cara? (reclama o soldado). Eu estou todo arrebentado, e é você que chora?
O soldado senta-se no chão, para olhar de frente para o garoto, que acabara de ser preso e está agora agachado no canto da cela. Mário olha ao redor, e vê mais 5 outras pessoas na mesma cela.
Um cara grande estava sentado sozinho no único banco da cela, onde caberia pelo menos 2 pessoas. O soldado levanta-se e pede para o sujeito enorme sair dali. O sujeito olha bem feio para ele e nada fala. Ele se aproxima do cara e diz muito bravo e alto:
- Olha! Eu tive um dia muito estressante hoje, e não me incomodaria em terminá-lo arrebentando a sua cara feia!
O homem enorme continua olhando feio, mas levanta-se calmamente e deixa que ele sente-se ali. O soldado chama o garoto para sentar-se com ele. A seguir todos ouvem alguém gritando muito ali ao lado.
Não é possível ver o que está acontecendo, pois há uma parede grossa entre as celas. Um policial enorme sai do local, e guarda seu cassetete na cintura. Ele para, olha para o soldado e para as outras 6 pessoas, que estão chocadas com a sua atuação! O policial dá uma tapa forte na grade da cela deles e grita:
- Que foi? Estão querendo apanhar também?
Todos os prisioneiros ficam quietos e param de olhar diretamente para os olhos do policial.
O soldado, levanta-se do banco, vai até o policial, e fala com ele:
- Policial, eu sou militar das forças especiais. Estava em uma missão especial quando fui preso...
O policial o interrompe:
- Eu sei! A sua missão era arrombar as casas, não é?
- Não! Não! Houve um mal entendido! Eu tentava salvar uma garotinha que estava lá dentro! (responde o soldado, falando rapidamente com o policial).
- Sabe quantas pessoas prendemos que falam um monte de mentiras? Todas! Ninguém que é preso é culpado! (debocha o policial).
- Eu tenho identidade aqui para comprovar isso (o soldado apalpa seus próprios bolsos, procurando a carteira e não a encontra).
- Estava bem aqui! Eu tenho certeza disso! Vocês pegaram? (pergunta diretamente ao policial).
- Tá de brincadeira comigo, meliante? Se você tivesse uma identidade desse tipo, acha que estaria preso? (responde com raiva o policial).
- Alguém aqui pegou a minha carteira? (voltando-se o soldado para os outros presos de sua cela).
O policial vira-se e vai embora. Quando o soldado retorna para falar novamente com o policial, percebe que ele já fora embora. Então ele grita:
- Eu ainda tenho direito a um telefonema, lembre-se?
CAPÍTULO XIV
Não deixarás o corpo de
um criminoso pendurado
após a execução.