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DA COLEÇÃO

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PREFÁCIO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO II
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO III
Jesus retorna ao Vaticano, mas aparece diretamente na praça onde reencontra seu fiel grupo, que neste momento viraram celebridades entre bispos, padres e os milhares de católicos presentes. Eles distribuem autógrafos ininterruptamente. Quando as pessoas descobrem a presença do mestiço do momento, correm até Ele! Também querem autógrafos do Senhor! As câmeras de TV já estavam no local fazendo a cobertura e também cercam do alto o Filho de Deus. O mundo pode acompanhar tudo ao vivo via internet, em qualquer parte:

- Não, meus filhos! Esta não é uma boa hora! Tenho muitas coisas para resolver e agora não é possível!

- Por favor, Senhor! Minha filha deseja ter o seu nome na parede dela. Ela quer o seu autógrafo para escanear, ampliar e transformar em um pôster!

- O quê? (indaga confuso Jesus com tantas palavras desconhecidas e sem sentido para Ele).

- Senhor! Um autógrafo, por favor, (pede outro católico).

- O Senhor pode assinar em minhas costas? Eu nunca mais tomarei banho depois disso!

As pessoas olham para o rapaz com ar de nojo. Uma moça abaixa um pouco seu sutiã e pede ao Senhor que escreva o nome Jesus no local! Jesus olha assustado para a bela moça e comenta franzindo a testa:

- Não tente o Senhor, minha filha!

Ao longe um estranho homem, todo de preto e usando capuz, aproxima-se com dificuldades em meio à multidão. As câmeras de TV voadoras, destinadas à geração de matérias externas, mostram as centenas de pessoas acumuladas "umas sobre as outras", na tentativa de chegaram perto do Senhor. Alguns apresentam cartazes holográficos com frases sobre Jesus. Os cartazes são projetados acima dos bonés que usam, e acompanham o movimento da cabeça do usuário. São frases de apoio, salvação, religião e outras de declaração pessoal como: "eu fui ressuscitado por Jesus na Alemanha".

Câmeras policiais voadoras observam do alto todo o movimento no local. Os homens da lei estão misturados na multidão, utilizando seus uniformes convencionais. No visor do capacete, um dos policiais visualiza a imagem aérea gerada pela sua câmera. A imagem aparece junto ao olho esquerdo. Junto ao olho direito um menu apresenta o que tem à disposição na câmera ao alto: tranquilizante, gás pimenta, bala de borracha, raio X e alto-falante. Acima, a informação do status do rádio: OFF. O policial informa a central, clicando na parte de cima do visor onde o rádio está desligado, ligando-o:

- Nada em meu setor! Está tudo sob controle por aqui!

O policial aciona seu sistema de raio X, clicando com o dedo diretamente sobre o visor do capacete. Ele vê dois ou três celulares pendurados no corpo de cada pessoa no local e nenhuma arma.

- Não encontrei ninguém usando arma, só um monte de celulares!

Ele desliga o rádio e comenta baixinho consigo mesmo:

- Jesus, para que tanto celular?

Lá debaixo o Senhor olha para diretamente para o policial, pois sua superaudição confirma que Ele ouviu a pergunta. O senhor olha para a cintura das pessoas próximas e atesta que realmente diversos filhos seus utilizam muitos aparelhos! O estranho homem, todo de preto, continua forçando a sua passagem entre as outras pessoas. Mário e Zangado, ao lado do Senhor, procuram protegê-lo, afastando os católicos mais afoitos. O policial gorducho e o ex-presidiário ficam na retaguarda. A cientista e sua filha, mais atrás, procuram caminhar próximas ao grupo. Jesus vive seu momento de Super Star!

Ao fundo e no alto, telões conectados com a internet apresentam músicas recém-lançadas com o nome do Senhor como herói da humanidade. O estranho homem de preto consegue chegar cada vez mais perto de Cristo, que também força a passagem em direção à Basílica, onde se encontrará com o Papa. Mário e Zangado, acostumados a situações perigosas, percebem a aproximação daquele estranho fã, que se destaca fortemente. Mário afasta-se um pouco do Senhor para se colocar entre Ele e o homem de preto. Quando ambos se encontram, Mário bloqueia a passagem do cidadão, que comenta:

- Saia da minha frente, macaco!

Mário reconhece a expressão e puxa com força o capuz do rapaz para trás. Ele vê o neonazista que foi ressuscitado por Jesus no ano passado, após a queda do meteoro. O rapaz também o reconhece e ameaça cuspir novamente na cara do soldado. Mário, com grande agilidade, usa o dedo indicador e polegar da mão direita e espreme com força os lábios do desajustado cidadão, que reclama de dor.

-
Feche o bico, senão irá se arrepender! (ameaça o soldado).

O neonazista saca uma faca da cintura e tenta acertar Mário no peito. Apertado pela multidão e sem espaço para desviar do golpe, o soldado bloqueia o movimento assassino, e acerta a seguir uma cabeçada diretamente no rosto do rapaz. O jovem psicopata está ferido, mas não larga a faca e um clinche se instaura no local! Uma câmera policial percebe o problema!

O oficial da lei, que bebia um suco no momento, quase engasga ao perceber o neonazista com o nariz sangrando muito e uma faca na mão. Tudo acontecendo muito próximo do Senhor! O suco é derramado sobre o visor e a roupa. O policial do Vaticano reclama do que fez. Um limpador de visor, instalado na parte de cima do capacete, desce e sobe rapidamente, sugando todo o líquido no local. O homem da lei vê Mário agarrado ao pulso do rapaz para evitar ser esfaqueado. Rapidamente o policial aciona os outros agentes no local:

- Central! Central! Requisito que vejam as imagens da câmera cinquenta e oito, homem com faca e roupa preta briga com o senhor Mário, reencarnação do apóstolo Pedro, requisito câmeras de contenção no local, urgente! (agora Mário já é conhecido em toda a cidade, com a história de apóstolos reencarnados).

As pessoas começam a se afastar do local do tumulto, espremem-se na direção contrária ao problema. Num movimento rápido o neonazista gira seu corpo por baixo do braço do soldado, para escapar do clinche. Surpreendido, Mário gira seu braço e agarra o casaco do fujão, arrancando-o. Todos podem ver agora que ele carrega uma série de bombas, amarradas ao corpo. O rapaz grita:

-
Vou explodir tudo se alguém se aproximar de mim! Eu quero matar só você hoje! (apontando diretamente para Jesus). Você é uma farsa! Uma mentira! Jesus não existe e nunca existiu! Isto é uma jogada da igreja para ganhar mais dinheiro!

Jesus aciona seu cinto de semidimensionalidade e como a multidão está toda espremida, com medo de morrer pela explosão, ficam todos transparentes, menos Mário e o jovem terrorista. O soldado, percebendo que está vulnerável à explosão, corre para a Basílica, atravessando a multidão que não está ali fisicamente. Ele passa por dentro das pessoas que se assustam com isso enquanto o jovem negro vai pedindo desculpas a todos. Jesus, pressionado em meio à multidão, não consegue se aproximar do jovem e requisita de longe:

-
Não faça isto, meu filho! Matar-me não mudará quem eu sou ou quem você é!

As câmeras policiais cercam pelo alto o homem-bomba. Mas como os agentes policiais estão junto à multidão, também ficaram transparentes e seus visores não conseguem acionar o sistema de tranquilizantes das câmeras para deter o rapaz, pois elas não recebem o sinal dos capacetes. O jovem não se explode, por que sabe que não atingirá ninguém e só ele morrerá.

-
Você não pode existir! Eu não fui salvo da morte por Jesus! Não posso ter sido! (comenta desesperado o homem-bomba).

As câmeras voadoras de TV se aproximam da cena para mostrar tudo de perto. O furo de reportagem vale a destruição de algumas câmeras repórteres, coisa que os antigos repórteres não fariam normalmente. As Câmeras voadoras policiais agora cercam o delinquente pelo alto sem conseguir atirar seus dardos paralisantes musculares. Apenas uma câmera consegue, a do policial que se molhou de suco, pois estava num local mais alto e não foi semidimensionalizado. O rapaz atingido fica paralisado e cai ao chão! Não houve a detonação das bombas!

Agora as pessoas se acalmam e Jesus desabilita seu cinto, voltando todos à dimensão original. Os policiais forçam a passagem para chegar até o rapaz caído. Jesus, a cientista, Zangado e o restante de seu grupo se deslocam muito rapidamente em direção à Basílica. Lá se "enclausuram" em uma sala, guiados por assessores papais, à espera da presença de Sua Santidade, que aparece logo depois, acompanhado do bispo, primeiro na hierarquia papal.

- Ainda bem que nenhum de vocês foi ferido lá embaixo, graças a Deus! (declara o Papa, olhando para cima e de braços semiabertos).

Todos, felizes com o momento especial, pedem a bênção à Santidade e fazem fila para recebê-la, enquanto Jesus olha sério e pensativo.

- Precisamos conversar! (requisita o Senhor ao Papa).

- Deus as abençoe! (comenta o Papa, falando à cientista e à filha dela no colo, enquanto faz o sinal da cruz. A menina acompanha detalhadamente os movimentos do velhinho). Vamos à outra sala! (falando a Jesus).

- Não há tempo! Preciso contatar diversos líderes políticos nas próximas horas! (comenta Jesus).

- Deus o abençoe! (comenta o Papa, falando ao Mário, enquanto faz o sinal da cruz). Então precisamos ficar a sós, agora!

- Não há tempo! Eu li na internet que a Igreja Católica possui uma das maiores fortunas deste planeta, se não for a maior! (afirma Cristo).

- Deus o abençoe! (comenta o Papa falando ao policial gorducho, enquanto faz o sinal da cruz). Sim, Senhor, é verdade. Deus sempre foi bom para as pessoas que tem fé. Elas retribuem com donativos de volta para Ele! (o Papa olhando para o céu, de forma agradecida, enquanto comenta o fato).

- Preciso que o senhor me ajude!

- Deus o abençoe! (comenta o Papa, falando ao ex-presidiário, enquanto faz o sinal da cruz). Ao Filho de Deus, farei tudo que for possível e humano para ajudá-lo! A igreja está ao seu dispor. Peça o que quiser, Senhor!

- Preciso que a igreja auxilie todos os pobres do mundo! (requisita Jesus).

- Deus o abençoe! (comenta o Papa, falando ao soldado João, enquanto faz o sinal da cruz). Claro! Faremos uma missa em prol deles e lançaremos uma campanha junto aos governos e empresários de todo o mundo para ajudá-los.

- Preciso de muito mais do que isso! Quero que a igreja doe tudo o que tem para estes pobres!

- Deus o aben... (comenta o Papa, falando ao Zangado, ajoelhado aos seus pés, enquanto inicia o sinal da cruz, mas não o termina).
O quê? (a Santidade gira seu corpo para trás para encarar ao Senhor).

Todos no recinto olham assustados para Jesus, que pediu algo muito improvável de ser feito!

- O senhor não me abençoou ainda! (comenta Zangado com olhar preocupado para a mão da Santidade que não completou o sinal da cruz e está parada no meio do caminho sobre sua cabeça).

- O que é que o Senhor está me pedindo? (questiona novamente o Papa a Jesus com metade do sinal da cruz feita sobre o soldado Zangado).

- Não conseguirei recursos suficientes junto às lideranças deste planeta (comenta Jesus). Os pobres estão em maior quantidade e os seres humanos são muito desunidos. Os líderes mundiais não parecem sensíveis aos problemas de seus povos!

-
O senhor não me abençoou ainda! (comenta, já ficando sério e nervoso o Zangado, e ainda olhando para a santíssima mão, que não completa "o danado" do sinal da cruz. Ele ameaça pegar na mão do Papa para completar a bênção e se arrepende a seguir, mas continua angustiado).

- Isto não será possível, meu Senhor, a igreja católica acabará, se fizermos isso! (declara o Papa, ainda com o sinal da cruz pela metade e olhando para trás ao Cristo).

- O senhor prefere que a humanidade acabe na miséria, enquanto a igreja pereça milionária?

-
O senhor não me abençoou ainda! (comenta agora já quase enfurecido o Zangado, que movimenta seu corpo na direção contrária ao da santíssima mão, para que o sinal da cruz se complete sobre ele).

- Se a humanidade vai acabar, foi uma decisão de Deus! A igreja não tem que pagar por isso! (comenta sério o Papa, que já desistiu do sinal da cruz, abaixando o braço e voltando-se para Jesus. Uma decepção total para o soldado Zangado, que já apoiou sua mão direita no cinturão, segurando a arma, ainda presa ao coldre. Os colegas seguram seu braço enrijecido de raiva e tentam acalmá-lo, explicando que o Papa está ocupado, conversando coisas importantes etc).

- Achei que o Papa e a igreja católica representassem o apoio espiritual e moral da humanidade! (Jesus falando sarcasticamente ao velhinho). E o senhor, como "Santidade", não apoia a minha ideia, num momento tão importante como este?

-
O senhor esqueceu de me abençoar! (comenta Zangado já ameaçando chorar com sua exclusão durante a bênção). Eu sei que matei muita gente e tem também aquele cérebro de gatinho..., mas nem sequer uma bênção?

O Papa fica estático e perplexo com a proposta e comentários do Filho de Deus, ignorando totalmente o soldado Zangado e suas reclamações!

- Amanhã às sete horas da manhã, aqui no Vaticano, farei, de sua sacada, minha declaração oficial à população do mundo! Espero que possa contar com a ajuda da igreja nesta nova cruzada pelo bem-estar do restante da humanidade! (afirma Jesus ao Papa com leve sorriso no rosto). Afinal, é hora da igreja devolver os danativos doados em nome de Deus!

-
Por que ele não quer me dar a bênção? (comenta ainda ajoelhado o Zangado, desamparado, olhando para a cientista, que acaricia suas costas para reconfortá-lo).

- Fique com a minha, Zangado! Eu acabo de mudar de religião! (afirma a cientista, olhando feio para o Papa, que agora volta-se a ela, preocupado com as consequências da afirmação da moça).

Do colo a filha faz o sinal da cruz para Zangado, enquanto graceja:

-
Eu te abençoo, meu filho!

Todos, ainda chocados, ante a conversa do Filho de Deus com o Papa e com a ação desesperada do soldado Zangado, agora sorriem levemente, face ao momento de descontração, proporcionado pela pequena menina. O Papa encara a criança seriamente, demonstrando não gostar do que ela fez! Pensa no futuro sombrio de sua igreja, sem saber o que irá fazer! Não pode negar nada ao Filho de Deus, mas também não quer destruir tudo que levou mais de dois mil anos para ser feito.

Um dilema santíssimo ou papal! Decida você, leitor! O bispo ao fundo permaneceu calado e percebe que, com o pedido do Senhor, termina ali a sua subida ao poder. Ele e o Papa deixam o local para uma reunião extraordinária urgente. Jesus os observa, sabendo o que acontecerá amanhã, durante a sua apresentação oficial à humanidade. O Papa adentra a sala de reunião privada e o bispo, sem demora, interpela fortemente seu chefe religioso:

-
Sem dinheiro e sem novos donativos, a igreja católica pode simplesmente desaparecer, principalmente se Jesus "der com a língua nos dentes" e contar toda a verdade para a humanidade, em rede mundial! O desastre será completo! O perigo é que a igreja seja apedrejada, por pregar tantas mentiras sobre Deus e seu Filho! A Bíblia Sagrada se transformará em Bíblia rasgada! Poderá parar na mesma fogueira a que condenou os livros apócrifos concorrentes ao Oscar de maior mentira da humanidade!

O Papa, sério e pensativo, argumenta com seu funcionário:

- O momento é delicado e merece reflexão profunda! Precisamos fazer algo imediatamente! O discurso do Senhor tem que ser adiado, até que decidamos o que fazer!

-
Senhor! Acho que não há alternativas: Jesus deve morrer, novamente!

-
Não diga uma coisa dessas! Isso não pode ser feito! A igreja que o criou não pode destruí-lo! Seria um sacrilégio!

-
Teme que o Pai dele venha até nós e nos crucifique?

- Ele seria bem capaz de tal atrocidade! Tire esta ideia horrenda de sua cabeça! É melhor acabar com a igreja do que sermos o Judas do Senhor! Esqueça isso! Vamos convencê-lo a não falar em público agora! Redija um discurso esta noite. Apresentaremos o texto ao Senhor pela manhã. Se Ele se recusar a lê-lo, vamos dissuadi-lo de falar! Escreva o discurso! Você é bom nisso, afinal escreve todos os meus!

- Eu já volto, então! Preciso ir ao banheiro antes!

O Papa olha preocupado para seu funcionário, que sai da sala com ar de poucos amigos e indignado com a situação.

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CAPÍTULO IV
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO V
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CAPÍTULO VI
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO XXX
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO XXXII
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XXXIII
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XXXIV
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XXXV
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XXXVI
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XXXVII
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XXXVIII
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XXXIX
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CAPÍTULO XL
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XLI
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