CAPÍTULO IX
Na nave stellar de Fritz e Wagner uma mensagem chega da Terra:
- Fritz! (a imagem de um stellar aparece numa tela holográfica). Spok pediu que enviássemos este vídeo para vocês!
O vídeo mostra os seres de seis braços e duas pernas conversando com os androides. À frente de todos está Talwaq que dá um recado ao seu povo:
- Povo Shiva! Eu sou Talwaq! Parti de nosso lar há mais de sete mil anos atrás para conhecer a vida que existia aqui. Nossa nave caiu numa região remota deste planeta. Somente agora consegui fazer contato. O povo da Terra está possibilitando esta nossa comunicação. Desejo retornar e preciso de sua ajuda para isso. Peçam mais detalhes de minha localização para estes seres e tornem possível o meu retorno!
A imagem do stellar volta à tela e continua falando com Fritz:
- Seis destes seres foram encontrados numa grande cidade da antiga Índia. Talwaq disse que o planeta dele fica muito próximo de onde vocês se encontram. Vocês fizeram contato com alguma forma de vida inteligente recentemente?
- Estamos correndo atrás deles neste momento! (responde Wagner). São tão avançados que a nave deles é o próprio sistema estelar em que vivem!
- Nós sabemos disso! Tentem fazer contato e vejam se eles conseguem transportar nossos visitantes, sem termos que levá-los de volta.
- Mas eles podem fazer isso?
- Talwaq diz que sim!
- Ok! Faremos o possível! (finaliza Fritz).
Telepaticamente Wagner informa Fritz:
- A velocidade deles é superior à nossa! Nunca os alcançaremos!
- Vamos reprogramar o sistema de navegação para irmos diretamente ao passado sem sair daqui! Assim poderemos contatá-los antes que desapareçam no espaço (comenta Fritz).
- Boa ideia! Vamos nos preparar! (sugere Wagner).
Enquanto isso, na nave-planeta, Mário e a cientista, já com o sistema de semidimensionalidade desligado, continuam conversando com os estranhos seres:
- Então, quer dizer que o nome de seu povo é Shiva? (pergunta a cientista).
- Sim! Vivemos aqui desde que o universo começou! (responde o macho da espécie).
- Vamos entrar em sua casa? Eu quero conhecê-la! (requisita Mário).
- Acho que não é uma boa ideia, pois ainda não sei quem é você!
- Eu já disse, sou Mário, soldado da Terra e ela é cientista! Somos androides, parte máquina, parte humano!
- Isso não é suficiente para eu saber se posso confiar em vocês!
Percebendo que não terá oportunidade de conhecer o interior da casa, mas muito curioso para descobrir o que há lá dentro, Mário envia um sinal e uma pequena porta se abre na batata de cada uma de suas pernas! Dali dois pequenos robôs, que lembram o próprio soldado em aparência, saem furtivamente do esconderijo e acionam seus sistemas de invisibilidade e semidimensionalidade.
Ninguém percebe a ação, pois Mário encontra-se de frente para os dois habitantes do local. Porém, a fêmea da espécie pressente alguma coisa, olhando diretamente para o mato por onde os dois pequenos robôs estão correndo furtivamente, em direção à casa. Ela abre seu terceiro olho, enquanto acompanha o movimento dos robôs, que não enxerga. A cientista se assusta com a ação da fêmea a questiona:
- O que foi? O que está acontecendo?
A fêmea fecha seu terceiro olho, volta-se para a cientista e comenta:
- Não sei! Pressenti algo andando por aqui. Mas não vi nada!
O macho abre o terceiro olho para o Mário e questiona:
- Você está me escondendo alguma coisa?
- Não! Por que estaria? (fazendo cara de: "não sei do que você está falando"). Diga-me: para que serve este seu olho na testa?
- Você saberá se tentar me enganar!
Mário engole a seco, preocupado, porque enviou os dois robôs para o interior da casa. A cientista olha para o céu e nota que riscos brancos estão passando muito rápido.
- O que está acontecendo no céu? Parece que diversos meteoros cruzam na velocidade da luz a atmosfera do planeta?
A fêmea da espécie responde:
- Quando detectamos a sua espécie em órbita de nosso planeta afastamos todo o sistema estelar da nave para não sermos ameaçados!
- Como assim: "afastaram todo sistema estelar?!" (questiona a androide).
- Nosso sistema é a nossa nave neste universo! Com ele poderemos conhecer todo este grande ambiente fechado sem sairmos de casa!
- Mas... e nossos amigos que estão em órbita? O que aconteceu a eles? (pergunta a moça).
- Estão tentando nos alcançar, mas não conseguirão! Em breve desistirão da caçada (responde o macho da espécie).
- Mas eles não farão nenhum mal a vocês! (suplica a cientista). Por favor, permita-se conhecê-los! Vocês gostarão deles! Os stellaris são os seres mais gentis e inteligentes que eu conheço!
O macho questiona a androide:
- Quantos seres diferentes você conhece neste universo?
- Mário responde à pergunta:
- Contando com vocês,... três espécies: os stellaris, os humanos e vocês!
Os habitantes olham muito feio para o soldado, não gostando da piada! Dentro da casa deles os pequenos robôs observam, pela porta aberta, o interior. Todo o ambiente é azulado: paredes, teto e chão. Um azul neon muito brilhante. Os dois pequeninos observam estranhos equipamentos instalados no fundo da sala. Cuidadosamente, ainda invisíveis e semidimensionalizados, ambos caminham até lá para ver tudo de frente.
Quando conseguem, flutuam até a parte de cima da mesa e na tela do equipamento gravam uma informação que não compreendem. Parece um plano de ataque a outro sistema solar. Eles transmitem as informações e a sonda, em órbita, capta e armazena a informação. De repente, duas mãos alienígenas agarram os dois pequenos robôs.
A criatura, ainda criança, abre e fecha o terceiro olho rapidamente, encarando os dois invasores invisíveis. A pequena criatura corre para fora em alta velocidade e apresenta a situação para seu pai, o macho do povo Shiva, que está lá fora, conversando com os androides:
- Olhe só o que eu encontrei dentro de nosso posto na superfície! (mostrando as duas mãos vazias, mas como se segurasse alguma coisa).
- Delteq! Você sabe que os adultos não podem ver certos espectros dimensionais! (comenta bravo o macho). Não vejo nada em suas mãos!
O filhote dos habitantes observa os dois robozinhos e resolve bater uma mão contra a outra, arrebentando os dois e tornando-os visíveis novamente. O pai percebe que ambos são muito parecidos com o androide Mário. Ele olha para a fêmea com muito ódio, abre seu terceiro olho, e ela também, viram-se para os dois androides com cara de mau, enquanto Mário pergunta sorrindo, fingindo não saber o que são aqueles "brinquedinhos":
- Como vocês fizeram tão rapidamente duas cópias minhas?
Os seres de seis braços não perdem tempo, atiram contra os androides que caem totalmente destruídos no chão! A filha da cientista, ainda dentro do buraco, onde entrara antes, vê toda a cena e começa a chorar.
No espaço os stellaris Fritz e Wagner terminaram a alteração no equipamento de controle do tempo. Agora acionam-no para retornar ao exato momento em que Mário e a cientista estavam caídos no chão, após o primeiro golpe de espada holográfica. Tudo se repete, mas agora...
- O que foi isso? (questiona Mário, fazendo careta e sentindo muita dor após o golpe).
- Ai! Não sei! (responde a cientista, sentindo a mesma dor).
- Quem são vocês? O que estão fazendo aqui? (pergunta o macho Shiva muito nervoso, com a espada preparada para mais um golpe e já com o terceiro olho aberto, pronto para atirar).
- Não precisa nos ferir! Não temos intenções de machucá-los! (comenta Mário quando começa a se levantar do chão, ainda com algumas dores).
A fêmea dos agressores desfere novamente um golpe na direção de Mário, atravessando seu corpo com a lâmina holográfica da espada. O soldado androide mais uma vez cai ao chão, sentindo ainda mais dores. A cientista, para não ser ferida, continua ajoelhada no chão e comenta com o Mário:
- Não se levante! Parece que usam uma espada semidimensional, que nos atinge parcialmente.
- Por que não me avisou antes! (reclama Mário estirado no chão com dores quase insuportáveis). Tô com saudades de Deus! Pelo menos Ele não me machucava tanto!
- Vocês conhecem o criador, pessoalmente? (pergunta o macho de seis braços aos androides).
- Se eu o conheço...? (comenta Mário, que não consegue terminar a frase).
Agora aparece atrás dos androides o stellar Wagner em semidimensionalidade, que aciona uma tela holográfica para os dois habitantes do planeta.
- O que é isso? Quem é você agora? (questiona o poderoso macho ao pequeno Wagner).
O vídeo começa a rodar e todos puderam assistir ao pedido de Talwaq na Terra.
- Que brincadeira é essa? Não conheço nenhum Talwaq!
Mas ele conhece este lugar e nos informou sobre a existência de vocês! (responde Wagner).
- É por isso que estão aqui? (pergunta a fêmea de seis braços).
- Sim! É claro! Por que mais seria? (responde Wagner para espanto dos dois androides, que viram um stellar mentir pela primeira vez!).
- Muito bem! Falarei com o líder Shiva de nosso povo sobre este assunto e em breve entrarei em contato com vocês. Mas fiquem em sua nave! Não queremos ninguém bisbilhotando por aqui (comenta bravo o macho de seis braços).
- Nós só vamos pegar um equipamento que deixamos ali atrás e partiremos! (comenta a cientista com os dois habitantes).
- Muito bem, sejam rápidos! (requisita brava a fêmea Shiva).
O grupo se afasta dali e voltam para o encontro com a filha da cientista, ainda escondida no buraco de acesso ao interior do planeta. Quando ali chegam, os dois perigosos habitantes já tinham voltado para o interior de sua base. A menina sai rapidamente e abraça a mãe androide, que está de pé.
A tampa traseira das duas batatas da perna da cientista se abre e dois pequenos robôs, com as aparências muito similares a dela, desligam a semidimensionalidade e a invisibilidade, entrando rapidamente no compartimento da androide, que agora se fecha. Imediatamente a cientista fica séria, porque recebera as informações gravadas dos pequenos robôs espiões.
- Você foi rápida! (elogia Mário a cientista). Eu estava esperando um momento mais adequado para enviar os meus robôs!
Séria, a androide fala a todos:
- Precisamos sair do planeta urgentemente. Tem algo errado por aqui!
- Eu sei disso! (comenta Wagner).
Todos desaparecem do lugar quando, da nave stellar, um feixe de luz, projetado acima da atmosfera, recolhe os visitantes.
CAPÍTULO IX
Não cozerás
carne no leite.