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Planeta Anjo. Ano terrestre de 2161. Ainda na Terra, a nova nave de Spok, comandada pelo comandante astronauta, faz os últimos preparativos para a viagem ao planeta Anjo. Os stellaris pretendem apresentar argumentos suficientes para ganharem o direito de atravessar para o outro lado do universo. Mas antes disso Spok chama um dos androides Mário para conversar em particular:

- Mário! Sente-se! Preciso lhe contar diversas coisas antes de minha viagem!

- Tá parecendo uma despedida definitiva!

Ele olha de lado e vê um enorme manto negro sobre uma das cadeiras da sala. Mário fecha a expressão e questiona Spok:

- O que significa aquele manto negro?

Spok olha para ele e aponta a cadeira para que o soldado sente-se. Ele o faz, mas continua sério!

- Como eu disse, temos muito que conversar!

No planeta Anjo... o Pai de Jesus do presente, portanto o de olhos amarelados surge sobre uma grande nuvem onde se encontra a Anjo líder. Deus, de olhos amarelados, está com seu costumeiro traje negro, mas não utiliza o capuz neste momento.

- Olá, Anjo!

De forma meio robótica e programada a Anjo responde a ele sem muitos sentimentos expressados:

- Olá, Senhor! Está de partida para o outro lado?

- Não! Vim até aqui para conversarmos, pois não sei exatamente o que irá acontecer nos próximos dias. Eu vim me despedir de você!

- Não se preocupe, Senhor! Tudo deverá continuar como sempre foi! Nada aqui em nosso planeta indica que haverá qualquer tipo de mudanças!

- Nem sempre as coisas são como parecem ser! Estamos vivendo um período de mudanças radicais. Uma nova espécie, a humanoide, visitará este planeta muito em breve. Eles requisitarão o direito de conhecer o outro lado do universo. E este poderá ser um momento decisivo na cadeia de eventos futuros!

Deus se aproxima dela e olha dentro de seus olhos frios. Decide virar a chave que a transforma em uma mulher mais sensível e acessível. Põe a mão atrás de sua orelha e a Anjo pisca mais longamente, enquanto todo o seu corpo reage ao toque divino de forma mais suave e feminina. Agora a bela mulher azulada não reage como um robô, mas como uma deusa da feminilidade:

- Toda vez que suas mãos tocam meu rosto eu me sinto diferente! É como se eu me transformasse em outra pessoa! Sinto-me mais viva, mais curiosa! O que é isto que sinto, Senhor?

Deus olha para ela, ainda com as mãos em seu rosto e sorri docemente:

- Eu tenho o dom de agradar você! Afinal, sou Deus!

Ele dá um último e suave beijo na boca da Anjo. O vórtice de nuvens começa a se abrir. Os dois olham para o horizonte enquanto as nuvens sob seus pés são sugadas pelo vórtice e todos os Anjos abrem suas asas para flutuarem no espaço ao redor do redemoinho gigante. O par romântico, enquanto flutua no espaço, cruza seus olhares pela última vez.

- O que foi isso? Por que o vórtice está se abrindo? (questiona Deus à Anjo Líder).

- Me desculpe, Senhor! O seu beijo me fez perder parcialmente o controle e acionei sem querer o portal.

Ambos sorriem e Deus decide retornar a chave, atrás da orelha da Anjo, para a posição central, mas ela põe sua mão sobre seu braço e, num bater de asas da Anjo, Deus tem sua mão ligeiramente deslocada para fora do rosto dela. A chave atrás da orelha retorna para uma posição intermediária entre mulher e Anjo. Deus sorri para o novo deslize da mulher alada e ela pede-lhe desculpas novamente pelo movimento brusco.

O Senhor do universo não percebeu o deslize de seu ato e desaparece dali, retornando à Terra em alta velocidade, deixando um rastro luminoso vermelho atrás de si. O vórtice se fecha rapidamente e as nuvens aos poucos se espalham de volta à atmosfera do planeta Anjo. Lentamente todos os seres celestiais que aguardavam, batendo as asas, pelo retorno das nuvens, agora penetram em meio a elas.

Aos poucos as Anjos pousam nas nuvens, fecham suas asas e se acomodam nas enormes camas brancas celestiais. Seus corpos azulados se mimetizam com os flocos brancos sobre o planeta azul. O ambiente volta a ficar calmo, quando os raios, que não produzem sons, despencam novamente e com força das nuvens até a superfície do planeta água abaixo.

O Pai de Jesus do futuro, portanto o de olhos brancos, retorna no tempo para o momento em que uma nave
stellar se aproxima do planeta Anjo pela primeira vez. Os seres celestiais encontram-se sentados confortavelmente no alto das nuvens observando a movimentação da nave terrestre que se aproxima.

Abaixo o brilho dos raios ilumina suavemente os colchões floculares brancos, onde todas as Anjos se encontram, vivendo em semidimensionalidade constante. O Deus do futuro aborda a Anjo líder para uma conversa rápida. Ele aparece atrás dela. Pressentindo algo ela vira-se para trás e vê o Deus de negro de olhos brancos fitando-a sob a proteção do manto negro. Ela levanta-se rapidamente e abre suas enormes asas:

- Que surpresa! Não esperava vê-lo aqui novamente e tão cedo...

Ela não consegue ver seus olhos neste momento! O capuz e a escuridão no céu impede tal coisa.

- Eu sou Deus! Não preciso dar satisfações de minhas ações nem a você nem a qualquer outro espécime deste universo!

- Desculpe-me, Senhor!

- Existe algo importante a ser tratado neste momento! Vê a pequena nave que vem nesta direção?

A Anjo vira-se de costas para Deus e volta a observar a nave que continua se aproximando.

- Sim! (responde a criatura celestial azulada).

Neste momento a nave
stellar envia diversas pequenas sondas em direção ao planeta para analisá-lo. Deus aproxima-se lentamente por trás da Anjo e com um gesto suave das mãos pressiona as asas angelicais abertas de cima para baixo, forçando-as a se fecharem novamente. As asas dobram-se nas costas como fazem as aves terráqueas. Bem perto do ouvido direito da moça Deus comenta sobre a nave e fala desta vez com carinho e em tom mais baixo e suave. A poderosa voz agora encontra-se rouca e num grave mais profundo e arrepiante:

- Eles desejarão passar para o outro lado do universo muito em breve... Tome cuidado com eles. Os
stellaris e os humanos são muito espertos e perigosos. Farão de tudo para retirar informações importantes sobre os Anjos e a casa dos Deuses! Tenha um cuidado especial com um tal de Mário, ele é como um papagaio começa e não para mais!

Deus agora acaricia os cabelos azulados da Anjo, à procura da chave que fica atrás de sua orelha direita.

- Não se preocupe, Senhor! Minha função aqui é a de garantir que todas as regras divinas sejam cumpridas e todas nós somos muito eficientes no cumprimento de nossas funções... e o Senhor sabe bem disso!

Quando Deus encontra o local correto, a chave invisível de três posições atrás da orelha dela reaparece. A chave encontra-se ligeiramente voltada numa posição intermediária entre o centro e o lado feminino. Deus a reposiciona para o centro e se despede, ainda com carinho e voz suave:

- Muito bem, então! Cumpra o seu papel neste universo e num futuro não muito distante comemoraremos a passagem dos stellaris para o outro lado! Vou voltar para a Terra e deixar que faça o seu trabalho!

- Achei que o Senhor tivesse dito que demoraria para nos ver novamente!

Deus fecha sua expressão pelo deslize que cometeu e desaparece dali, enquanto a nave
stellar entra finalmente em órbita do planeta. A Anjo observa-a com um olhar mais sério e expressão um pouco mais robótica e menos feminina. Atrás dela aparece novamente o Deus, que parece ser o Pai de Jesus, usando a mesma roupa negra e um capuz que cobre completamente seu rosto.

A Anjo abre as asas e desaparece rapidamente dali quando o estranho Deus de capuz negro aproximava a sua mão, num gesto típico para acariciar os cabelos dela. A mesma mão se abre agora, em clara frustração por não ter conseguido o que desejara. Deus se recompõe e torna-se invisível, aguardando a volta dela.

O androide Mário e a cientista androide acabam de conversar com os stellaris na cabine de comando e reaparecem na área de carga, onde se encontra um veículo anfíbio, misto de submarino e barco que utilizarão para mergulharem nas águas do Planeta Celestial. Quando estão prestes a entrar no veículo, a entidade surge, flutuando no convés.

A imagem da figura é impressionante! O ser que se parece com uma linda mulher azulada de cabelos em um suave tom azul, usando uma roupa angelical da mesma cor, flutua, sem tocar no chão. Duas lindas e enormes asas batem suave e calmamente, parecidas com as de um pégasus, de nossa mitologia terrena.

A entidade tem o tamanho de um gigante de 3 metros de altura e parece viver naturalmente em semidimensionalidade, como um fantasma ou um anjo! Ela interroga os visitantes metálicos, utilizando-se de voz em baixo volume, de forma muito macia e tranquila:

- Por que querem ir ao nosso planeta?

Espantados com a inesperada visão, os três demonstram certa insegurança com a situação. A filha da cientista declara seus sentimentos e comenta:

- Que linda!

A cientista olha para a bela entidade e responde à pergunta:

- Somos de um planeta muito distante daqui. Viemos da Terra, da Via Láctea, para conhecer novas civilizações e trocarmos experiências!

- Conhecemos bem o planeta de vocês! Já estivemos lá no passado!

- É mesmo? (indaga, espantado, Mário). E por que não foi me visitar?

A entidade olha para ele, sem entender o motivo de pergunta tão descabida. A cientista dá um cutucão com seu cotovelo no soldado, criticando a atitude dele. A seguir questiona novamente a mulher com asas azuis:

- Onde vocês vivem neste planeta? Não encontramos nenhum sinal de vocês por lá!

- Não vivemos no planeta! Vivemos nas nuvens mais altas!

- Incrível! (comenta Mário). Vocês nunca descem até as águas?

- Por que fazem tantas perguntas? (critica a entidade que continua agindo de forma meio robótica).

- Somos uma espécie curiosa (responde a androide). Nós somos humanos e como podemos chamar vocês?

- Somos Anjos!

- Sim, eu percebi logo que a vi! (comenta Mário).

- Você não entendeu! (critica novamente a entidade). Nossa espécie se autodenomina: Anjos! Estamos no universo desde o seu início e aprendemos a conviver em paz com todos os seres.

Mário olha para a cientista e de volta para a entidade, quando questiona:

- Vocês conhecem outras formas de vida neste universo, ou apenas os humanos?

- Conhecemos todas as formas de vida inteligente! Mas poucas conseguiram chegar até aqui. A maioria se extinguiu antes de atingirem as estrelas! Vejo que vocês não são totalmente humanos, apenas uma pequena parte de seus cérebros o é! Por que transportam apenas o cérebro pelo espaço?

- A raça humana se extinguiu recentemente. Nós somos androides, criados para auxiliar os humanos a viverem seus últimos dias na Terra. Agora auxiliamos os stellaris nas viagens espaciais!

- Sabemos da existência dos
stellaris! Os deuses nos comunicaram o fato!

- Vocês conhecem os Deuses? (questiona Mário). Um deles é meu amigo pessoal, tivemos diversas aventuras juntos lá no planeta Terra...

- Os Anjos sabem de você, Mário!

- É mesmo? Foi Deus que falou bem de mim, não foi?

- Na verdade ele usou uma expressão que eu não entendi: "Mário é como um papagaio, começa a falar e não para mais". Como Ele falou sorrindo, e eu não sei o que é um papagaio, acredito que o tenha elogiado!

O soldado androide olha sem graça para a cientista que sorri da cara dele. Ela vira-se novamente para a Anjo e questiona:

- Vocês conhecem os Shivas?

- Sim, claro! Uma das espécies mais antigas do universo!

- Eles nos pareceram um pouco perigosos! (comenta Mário).

- Eles desejam o mesmo que todas as espécies que chegam até nós!

- E o que seria? (indaga curiosa a cientista).

- Sair deste universo e conhecer o lado de fora!

- E o que há lá fora? (indaga muito curiosa a cientista androide).

- O lar dos Deuses, é claro!

- E vocês conhecem o caminho para o outro lado? (questiona Mário).

- Nós somos o caminho para o outro lado! (responde a Anjo).

- E como uma espécie consegue atravessar? (questiona a cientista).

- Se vocês não sabem, então não estão prontos para sair! (comenta a Anjo, que desaparece dali logo depois).

Ela retorna para a sua nuvem e encontra novamente o homem de capuz.

- Achei que já estivesse na Terra agora. Deseja mais alguma coisa, Senhor?

O Deus de preto aproxima-se da Anjo lentamente. Segura o rosto dela com as duas mãos encobertas pela roupa Uma de suas mãos sai do interior da manga e uma mão negra aparece à procura da chave invisível. Ele dá um beijo "caliente" em sua boca azulada celestial. Seus dedos deslizam delicadamente a pele sob a orelha da mulher azulada.

Ela não demonstra satisfação com o tal beijo, ou com os carinhos, continuando a atitude fria e mantendo os olhos abertos, enquanto Ele se esforça para agradar. Quando Deus encontra finalmente a chave e a desloca ligeiramente para uma posição intermediária entre Anjo e mulher, a docilidade feminina do ser celestial se rende ao momento de sensualidade e prazer divinos. Deus interrompe neste momento o beijo, mas continua muito próximo a ela roçando o nariz em seu rosto e pescoço enquanto requisita:

- Volte à nave
stellar quando os Shivas aparecerem... e converse novamente com os humanos. Não se esqueça de tomar uma xícara de chá... e fique à vontade! Não tenha pressa de partir!

Ele volta a dar o beijo "caliente" e desaparece imediatamente dali. A Anjo, ainda de olhos fechados, abre-os lentamente e apresenta agora uma expressão mais feminina e menos robótica. Ela toca seus próprios lábios, estática e confusa. Logo a seguir sorri para o ocorrido, enquanto olha para a nuvem ao lado e outra Anjo sorri de volta enquanto comenta com ela:

- Este foi bem quente, não foi?

- Sim! E bem diferente dos outros beijos que Ele me dera! Pareceu mais humano...!

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CAPÍTULO III
CAPÍTULO XX
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO XXI
CAPÍTULO V
CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XXVIII
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XXIX
CAPÍTULO XII
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CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XXXI
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XXXII
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