1) SEUS IRMÃOS TROCARAM A MORTE DE JOSÉ PELA SUA VENDA AOS EGÍPCIOS

Os irmãos queriam livrar-se de José. Mas disseram entre si: "De que nos servirá matarmos nosso irmão e ocultarmos a sua morte? Melhor é vendê-lo e não manchar nossas mãos, porque ele é nosso irmão e nossa carne" (Gen 37,26).

Os irmãos de José resolveram tomar a atitude mais fraternal possível: "Conduzido pois José ao Egito, Putifar egípcio, eunuco de Faraó, e general de suas tropas, o comprou aos israelitas, que o tinham lá levado" (Gen 39,1).
E, para explicar ao pai, Jacó, o desaparecimento do filho, seus irmãos:

"Tomaram eles a túnica de José e tendo-a ungido no sangue dum cabrito, que mataram, enviaram-na a seu pai, dando ordem a que os portadores lhe dissessem: Eis aqui uma túnica, que nós achamos; vê se e ela é a de teu filho ou não. O pai, tendo-a conhecido, disse: Esta é a túnica de meu filho; alguma fera cruel o devorou. Alguma besta devorou a José.

"E rasgados seus vestidos se cobriu de um cilício [cinto ou cordão de lã áspera, que por penitência, se usa direto sobre a pele], chorando a seu filho por muito tempo" (Gen 37,31 e ss.).

2) A MULHER DO FARAÓ TENTA SEDUZIR A JOSÉ

"Passado muito tempo, lançou sua ama [a mulher do faraó] os olhos sobre ele, e disse-lhe: Dorme comigo. Mas José, tendo horror de cometer uma tão abominável ação, lhe disse:

"Tu vês que meu amo me tens confiado tudo; que nem ainda sabe o que tem em sua casa; que nela não há nada que não esteja em meu poder; e que ele tendo entregado tudo nas minhas mãos, só reservou para si a ti, que és sua mulher.

"Como logo poderei eu cometer um tão grande crime e pecar contra o meu Deus?"

A mulher voltara a insistir, "mas José, [tendo sido por ela agarrado pela capa], largando-lhe a capa nas mãos, fugiu, e saiu para fora" (Gen 39-7 e ss.)

3) JOSÉ É POSTO NA PRISÃO (Gen 39,13-15)

"A mulher do faraó, vendo-se com a capa nas mãos, com a dor de ter sido desprezada, chamou pela gente de sua casa e disse-lhes:

"Ele [José] me introduziu aqui este hebreu para zombar de nós; o hebreu chegou a mim com intento de me corromper. E como eu gritei, ele, ao ouvir minha voz, deixou-me a sua capa, que eu sustinha e fugiu para fora".

E José acabou sendo levado para a prisão.

Mas, com ajuda do Senhor - "porque o Senhor era com José, e fazia que todas as coisas lhe sucedessem felizmente" (Gen 39,23) - decifrou ele os sonhos que tiveram dois seus importantes companheiros de cela: um copeiro-mor e um padeiro-mor, ambos funcionários do rei.

O padeiro-mor, como o tinha previsto José, fora pendurado num patíbulo, sofrendo a pena capital.

O copeiro-mor, tal como o previra José, foi posto em liberdade.

Após dois anos na prisão, José fora levado à presença do faraó, a conselho de seu copeiro-mor, para desvendar dois sonhos que o rei tivera.

"Logo por ordem do rei, foi José tirado do cárcere: tosquiaram-no, fizeram-no mudar de vestidos e apresentaram-no diante deste príncipe" (Gen 41,14).

4) JOSÉ DECIFRA OS SONHOS DO FARAÓ

O faraó então diz a José:

"Eu tive uns sonhos, e não se acha ninguém, que os decifre.

"Mas a mim disseram-me que tu tinhas grandes luzes para os interpretar.

"José lhe respondeu: Deus, e não eu, será o que dê ao rei uma resposta bem favorável" (Gen 41-15,16).

O primeiro sonho do faraó (Gen 41,17 e ss.):

"Parecia-me que estava na ribanceira do rio.

"E que do rio saíam sete vacas muito formosas e duma extremada gordura, que pastavam erva num paul e que depois saíam outras sete tão desfiguradas e duma tão prodigiosa magreza, quais eu não vira no Egito.

"Estas últimas devoraram e consumiram as primeiras, sem que elas por isso mostrassem sorte que tinham ficado fartas; mas ficando tão magras e tão gafentas como dantes estavam".

O segundo sonho do faraó (Gen 41,21 e ss.):

"Eram sete espigas muito gradas e muito formosas que saíam duma mesma cana. Apareciam também outras sete muito chupadas por causa dum vento abrasador, que as batera; e estas últimas devoraram as primeiras, que eram tão formosas".

José explica então ao faraó o significado dos seus sonhos:

"Os dois sonhos de vossa majestade - disse José ao faraó - significam a mesma coisa.

"Deus mostrou o que há de fazer para o futuro:

"As sete vacas tão formosas e as sete espigas tão cheias de grão, que vossa majestade viu em sonhos, denotam uma mesma coisa, e significam sete anos de fertilidade.

"As sete vacas magras e desfeitas, que saíram do rio depois daquelas primeiras e as sete espigas chupadas, e arejadas dum vento abrasador, denotam outros sete anos de fome, que estão para vir.

"Virão primeiramente sete anos duma fertilidade extraordinária em todo o Egito; aos quais seguir-se-ão outros sete duma tão grande esterilidade que ela fará esquecer toda a abundância passada: porque a fome consumirá toda a terra e aquela fertilidade tão extraordinária virá a ser como absorvida por esta extrema indigência.

"Da prudência logo de vossa majestade é escolher algum homem sábio, e industrioso, a quem vossa majestade dê o comando sobre todo o Egito, para que ele estabeleça oficiais em todas as províncias, os quais, enquanto durarem os sete anos de fertilidade que estão para vir, ajuntem nos celeiros públicos a quinta parte dos frutos da terra.

"Todo o trigo assim guardado esteja debaixo do poder de vossa majestade, e se conserve nas cidades a fim de que ele se ache pronto para os anos de fome, que há de oprimir o Egito e não seja esta terra consumida pela fome" (Gen 41, 25-36).