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da coleção

Introdução
Capítulo I
Pecado Espiritual

Este livro foi registrado
na Biblioteca Nacional

Capítulo II
Paraíso dos Espíritos

CAPÍTULO I - PECADO ESPIRITUAL
Capítulo III
Floresta Espiritual

Num lugar incrivelmente belo e tranquilo uns poucos humanos vivem, totalmente nus, em harmonia com outras espécies diferentes de seres vivos. Todos flutuam no local sem tocar em nada. O local é escuro, mas é iluminado apenas pelo clarão emanado dos seres viventes deste lugar. Um homem e uma mulher se afastam do convívio de todos! Os dois flutuam pelo ar e se dirigem aos limites externos do ambiente populoso de seres iluminados como animais, plantas, humanoides e estranhos seres vivos! Do lado de fora desta floresta o casal encontra uma árvore frutífera que brotou fora dos limites verdes. O rapaz olha para a moça e conversam por pensamento, já que palavras não são emitidas por aqui:

- Veja! Uma árvore com frutos! Eu nunca tinha visto frutos como estes antes! (comenta ele).
- Sim! Tem razão! Será que podemos tocar nos frutos, já que a árvore está fora dos limites da floresta?
(responde ela).
- Eu não sei! O Guardião nos disse para nunca tocarmos em nada aqui! É pecado!
- Mas os frutos estão fora dos limites da floresta. Aqui neste chão não há vida! E, portanto, podemos pisar.


Os dois param de flutuar e pousam no solo pedregoso! Começam a andar calmamente por ali!

- Viu? (demonstra ela). Nada aconteceu de errado conosco! Então talvez possamos olhar os frutos mais de perto e tocá-los! Vamos?
- Não sei, não! Será que deveríamos mesmo fazer isso? Tenho receio de que sejamos severamente punidos!
- Pare com isso!
(comenta ela). Não tem ninguém olhando! E esta árvore nem pode falar, porque está fora dos limites da floresta! Vamos pelo menos olhar bem de perto?
- Tá! Vamos ver!


Os dois caminham e se aproximam da tal árvore, onde um fruto pende convidativo de um galho mais baixo.

- Eu não sabia que poderia haver algo vivendo fora da floresta- Veja que cor linda ele tem! Vermelho vivo! (exclama ela).
- Sim! Realmente é muito diferente de tudo o que já vimos antes!


A moça aproxima sua mão lentamente do lindo fruto vermelho, no intuito de pegá-lo!

- O que está fazendo? Não toque nisso! (exclama ele, preocupado com o "terrível" crime que a moça iria cometer).

- Não seja tolo! Ninguém saberá o que fizemos aqui! E depois, foi-nos dito que estamos aqui para aprender sobre a vida e o ambiente para evoluirmos como espécie! Considere isso uma pesquisa avançada para se adquirir mais conhecimento!

Ela sorri abertamente e ele de forma contida e preocupada! Agora a moça lhe faz mais um convite:

- Eu só quero saber qual é a sensação de tocar nisso! Vamos...! Toque junto comigo rapidamente para que ninguém veja...! Só para conhecermos melhor isso...! Vamos lá...! Você disse que gosta de estar comigo...! Então, acredite em mim...! Vai ser legal fazer isso...!

- Tá legal! Mas vamos fazer isso juntos e bem rapidinho!


Os dois aproximam lentamente suas mãos do tal fruto e juntos tocam suavemente nele.

- Que delícia...! É lisinho...! Viu...? Nada aconteceu a nós e aprendemos mais alguma coisa hoje...! (comenta a moça toda satisfeita com a nova experiência).

Mas algo está errado! Luzes em forma de raios começam a brilhar no céu! Nenhum som é ouvido, porque aqui os sons não são permitidos! É um mundo de silêncio e paz, que acaba de ser alterado!

- O que é isso? Eu nunca tinha visto nada parecido no céu! Por que isto está acontecendo afinal? (indaga o rapaz, assustado).

Apavorados com algo tão inesperado os dois afastam-se da árvore e do tal fruto vermelho, enquanto olham para o céu e começam a flutuar lentamente! Do alto e do meio da floresta um homem de barbas brancas e roupas brancas aparece flutuando e olhando sério para os dois "delinquentes". Este senhor é o único que usa vestes neste lugar. Todos os outros humanos estão nus!

- Por que fizeram isso...?
(brada o homem mais idoso com expressão fechada para eles). Por que tocaram no fruto...? É proibido...! Vocês sabiam disso...! Eu lhes disse quando chegaram...! Agora serão punidos e expulsos daqui...! Passarão a viver no Inferno por seus pecados...!

- Mas eu não queria quebrar as regras! Foi ela quem me forçou a fazer isso! (declara o rapaz, tentando escapar de sua punição).

- Ei! Você concordou comigo! (declara a moça indignada com a acusação do rapaz). Devia ter evitado que eu o fizesse! A culpa é sua por me deixar pecar!

Os raios no céu aumentam em quantidade e intensidade, mas nenhum som se ouve, são apenas luzes muito brilhantes!

- Calem-se os dois! (declara o tal idoso, revoltado com o crime e com as desculpas de ambos). Alguém viu tudo o que fizeram! Ela me alertou para tentar impedi-los! (aponta para o topo da árvore frutífera o homem idoso). Mas não deu tempo!

Uma cobra, enrolada no topo da tal árvore, argumenta agora seus motivos com o casal, que olha para o réptil de forma revoltada!

- Sinto muito! Fiquei com medo de vocês me fazerem algum mal! Resolvi chamar mentalmente o Guardião para impedi-los! Mas foi tarde demais!

- Agora vocês dois pagarão por isso!
(decreta o revoltado idoso ao casal de humanos). O Ciclo começa para vocês!

As fortes luzes se transformam em um facho luminoso muito concentrado e incidem diretamente sobre o corpo do casal que é levado dali. O idoso homem olha para a cobra e para a árvore e critica a atitude de ambos!

- Vocês dois podiam ter impedido que o casal quebrasse a única regra daqui, mas não o fizeram! Não é à toa que estão separados dos outros da floresta! O modo como agem nesta comunidade nunca foi muito adequado! Você, cobra, poderá ser condenada um dia por tudo isso! Agora você, árvore, por ter deixado que a tocassem..., sua espécie já com poucos espécimes existentes..., acaba de ser condenada à extinção completa! Sinto muito! Você é o último de sua espécie! Nunca mais seus frutos serão vistos em lugar algum do universo carnal ou espiritual! Estou muito desapontado com ambos. Eu não esperava que a espécie humana vivesse no Inferno tão cedo! Parabéns! Vocês conseguiram que inaugurassem o local! Comportem-se vocês dois! Ou pagarão seus pecados no mesmo Inferno para onde enviaram o casal de humanos!


- Sinto muito! Não foi intencional! (declara a árvore).
- Sim! Não desejávamos tal fim aos dois! Mas eles conheciam as regras, assim como nós também! (informa a cobra).

O homem idoso afasta-se flutuando a fim de retornar à floresta ali ao lado. Agora o casal pecador foi exilado, os dois ainda nus, observam o novo ambiente onde se encontram. Ao redor deles uma nova floresta cheia de árvores e animais! A luz do ambiente aqui não vem diretamente dos seres vivos! A iluminação vem do céu! É dia neste lugar!

- Aqui não parece ser tão diferente quanto onde estávamos! (declara a mulher em pensamento). Por que é que chamam este lugar de Inferno afinal?

O rapaz nada ouve porque neste novo local é preciso usar a voz para se comunicar e não o pensamento! Ali ao lado eles observam um porco, que está parado e olhando curioso para o casal, sem entender o que são estas novas criaturas que ele nunca vira antes. O rapaz comenta mentalmente, achando que poderá se comunicar desta forma com o gorducho animal:

-
Olá, meu amigo! Acabamos de chegar e gostaríamos que você pudesse apresentar o ambiente para nós! É possível...? Olá...? Está me ouvindo...?

O porco nada responde! O jovem rapaz fica intrigado com isso e fala mentalmente com a garota!

-
Estranho ele não querer falar comigo? (observa o rapaz). Parece que nem me entende! Por que será? (declara ele olhando para a moça que está olhando para o outro lado e não percebeu a presença do porco). Ei? Estou falando com você! (comenta ele mentalmente sem que a mulher lhe desse atenção). O que está havendo aqui? (diz ele a si mesmo) Será que somos todos surdos?

Agora uma onça salta sobre o gordo animal que grita e tenta correr, na intenção de sobreviver! Mas a onça, maior e mais rápida, ataca diretamente o pescoço do pobre e indefeso animal, que grita e esperneia. Uma poeira se levanta do solo, galhos e folhas se erguem ao ar e em poucos minutos o pobre animal está morto! As fortes garras da onça rasgaram parte da grossa pele do animal subjugado! O casal humano, assustado com os gritos do porco e com os sons emitidos pela onça, põem as mãos nas orelhas, tentando abafar o terrível ruído da morte que presenciaram! Mas agora ficam enojados com a visão da violência e do sangue escorrendo do interior do pobre porco!

A moça grita de pavor pela primeira vez, usando suas cordas vocais. A onça percebe que não poderá comer em paz ali e num esforço muscular maior, ela ergue sua vítima do solo e a carrega morta para o interior da mata fechada! Tudo isso espanta o casal porque não sabiam que os ruídos poderiam ser emitidos neste lugar e com tamanha intensidade! Os terríveis primeiros sons que ouviram foram o da morte de um animal desesperado e lutando para sobreviver! Algo que nunca mais se esquecerão! A mulher está soluçando, chorando, apavorada com o que viu e ouviu! Nunca havia presenciado cena tão terrível onde vivera antes! O rapaz força as cordas vocais de sua garganta e começa a exprimir seus pensamentos em forma de sons.

- Não estava me ouvindo falar antes com você? (declara ele para a moça).

- Você... nós... podemos falar...? (comenta ela assustada com tal possibilidade e ainda soluçando). Eu disse um monte de coisas mentalmente e você não me respondeu nada também! Achei que tínhamos sido impedidos de nos comunicar!

- Parece que este lugar não é tão parecido com o local de onde viemos, afinal! (diz ela).

- Estamos correndo grande perigo neste tal de Inferno! (comenta ele). Precisamos descobrir como retornar para onde viemos!

- Precisamos aprender a permanecer vivos primeiro! (declara ela). Se aquele animal atacou o outro, poderá também nos atacar! Acho que todos somos inimigos neste lugar!

Três horas depois... após caminharem muito por todo local, eles começam a sentir fome, algo que nunca sentiram antes!

- Sabe? Você tem razão! (comenta o único homem no Inferno para a única mulher ali disponível). Temos que aprender a sobreviver aqui! Quando vi aquele animal matando o outro... fiquei enojado! Achei revoltante..., mas agora... meu corpo está pedindo que eu também faça o mesmo como outros animais, porque sinto esta necessidade! Sinto que se eu não fizer isso, morrerei aqui! E nos disseram que não poderemos morrer neste lugar, senão jamais teremos uma chance de voltar. Mas não tenho a menor ideia de como fazer isso! Só penso em matar algum animal neste momento!

- Sim! Eu entendo o que está sentindo! (concorda ela). Também sinto a mesma coisa! Mas como mataremos algum animal? Nunca fizemos isso antes! E depois faremos o que com ele morto?
- Você viu o que o animal maior fez! Vamos imitá-lo!

- Está dizendo que temos que agarrar um animal, colocar a boca no pescoço dele para matá-lo, ver o sangue escorrer e depois arrancar pedaços para saciar esta vontade que temos?

- Parece que são as regras aqui! (declara o rapaz). Temos que tentar isso! Caso contrário algo me diz que morreremos se não o fizermos!

- Que nojo...! Mas... está bem...! Vamos tentar...! Também não estou gostando de viver do jeito que estamos agora...! Minha barriga está roncando o tempo todo...! Isso nunca aconteceu antes...! Quero que isso pare logo...!

- Vamos precisar aprender a nos defender aqui também! (declara ele, resoluto). Nenhum animal ou árvore são mais nossos amigos! Só temos um ao outro agora! Temos que sobreviver a todo custo! Vamos declarar guerra aos seres que aqui habitam!

Agora o rapaz olha para cima e ao redor dele, encarando a floresta, e declara, gritando bem alto para todos os animais e plantas dali ouvirem:

- Se não são mais nossos amigos... serão nossos inimigos! Mataremos um por um de vocês! Assim saberão quem manda agora neste Inferno! Terão que nos respeitar! Viemos do Paraíso para dominar tudo aqui! Não ousem nos enfrentar!

- É melhor aprendermos primeiro a arte de matar e de nos proteger, antes de declarar guerra aqui! Olha...! Eu sinto muito ter tentado você a tocar comigo naquele fruto...! Eu não sabia que isso tudo iria acontecer! Achei realmente que não haveria problemas em tocar no fruto naquele local!

- Tudo bem...! Eu sinto muito ter te acusado diante dele...! Você não mereceu aquilo!

- Esquece! Vamos viver uma nova vida agora..., bem longe do Paraíso...! Apenas eu e você...! Quem sabe se transformamos isso aqui num lugar legal um dia? Vamos sobreviver e mudar tudo isso para que seja nosso lar...! E se por acaso não conseguirmos retornar para casa..., que assim seja...! Precisaremos dar nomes a tudo aqui para nos entendermos sobre o que estamos conversando! Cada tipo de árvore e animal! Acho que eu e você também precisaremos de nomes para viver esta nova vida! Vou pensar um pouco nisso e te arrumarei um bom nome!

- Tá! Eu pensarei num bem legal para você também!
- Ok...! Parceiro! (declara a moça).

Os dois sorriem suavemente um ao outro pela nova parceria selada para conseguir sobreviver no Inferno!

- Enquanto isso, vamos ver se podemos comer alguma outra coisa! (comenta ele).
- Boa ideia! Vamos experimentando plantas, enquanto aprendemos a caçar! Talvez aqui possamos comer alguma fruta como aquela vermelha do Paraíso.
- Vamos procurar!

Capítulo IV
Encarnado no Inferno

VOLUME
1

Capítulo V
Gula

Capítulo VI
Inocência

Capítulo VII
A Bebida

Capítulo VIII
Amnésia

Capítulo XII
Mentira

Capítulo IX
A Missão

Capítulo XIII
Nova Casa

Capítulo X
Loucura

Capítulo XIV
O Dono do Inferno

Capítulo XI
Luxúria

Capítulo XV
Ira

Capítulo XVI
Egoísmo

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Capítulo XVII
Arrogância

Capítulo XVIII
Preguiça

Capítulo XIX
Avareza

Capítulo XX
Inveja

Capítulo XXI
Ascensão

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