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Introdução
Capítulo I
Pecado Espiritual

Este livro foi registrado
na Biblioteca Nacional

Capítulo II
Paraíso dos Espíritos

CAPÍTULO XV - IRA
Capítulo III
Floresta Espiritual

Já é noite e do outro lado da cidade Vanessa e o motorista da van estão à procura de pessoas vivendo nas ruas! O veículo da ONG entra em becos escuros e ruas desertas. Mas nesta noite aconteceu algo inesperado! Ao entrar em uma rua escura eles foram abordados por um grupo de sujeitos armados!

- O que estão fazendo aqui? (questiona um dos homens com a arma nas mãos, que parece ser o líder de todos eles).
- Sabe quem somos nós! (diz o motorista da van). Somos de uma ONG que ajuda pessoas de rua!
- Sim! Eu sei! E vocês estão atrapalhando nosso negócio!
- E qual é o seu negócio? Se é que posso perguntar?
- Drogas! E vocês estão tirando das ruas nossos clientes potenciais!
- Sinto muito! Não imaginei que seríamos concorrentes. Estamos tentando dar uma vida melhor para estas pessoas que perderam tudo!
- Se não saírem de minha zona terei que destruir seu carro! Se insistirem terei que matá-los!
- Até onde vai sua zona?
- Saia das ruas e não me atrapalhe!
- Vamos fazer um acordo?
- E qual seria?
- Nós podemos ajudar vocês também em nossa ONG, sem polícia, sem problemas e depois podemos encaminhar todos vocês para um novo trabalho e viver a vida de forma mais decente, que tal?

O sujeito olha feio para ele e leva o cano de sua arma diretamente à cabeça do motorista com quem conversava!

- Tenho um acordo melhor para vocês: saiam agora daqui, nunca mais voltem ou eu terei que acabar com todos neste momento! Que tal?

Um carro de polícia passa na rua próxima e percebe a estranha movimentação no local! Os jovens malandros afastam-se lentamente dali e guardam as armas, enquanto o líder ainda ameaça o motorista da ONG:

- Deu sorte agora, mané! Mas se nos encontrarmos novamente sua sorte mudará!

O carro de polícia acelera, liga sua sirene e vem em direção ao perigoso grupo que agora começa a correr, fugindo dali! Os policiais aproximam-se do veículo da ONG e um deles faz uma pergunta:

- Está tudo bem?
- Sim, senhor policial! Mas eles nos ameaçaram para sair da região! Não nos querem mais por aqui!
- Eles estão incomodando este bairro todo! Querem se firmar como traficantes nesta região! Vamos pegá-los mais cedo ou mais tarde! (responde o policial, demonstrando segurança).
- Talvez se correrem poderão pegá-los agora! (responde Vanessa, sentada no banco do passageiro ao lado do motorista).
- Eles são muitos e nós apenas dois aqui! Aos poucos vamos pegá-los! (informa o policial).

Ao dizer isso o carro de polícia acelera bem lentamente atrás dos meliantes, que já desapareceram dali! Demonstrando claramente que eles não têm interesse em pegar ninguém neste momento! Vanessa fala ao motorista da ONG sobre o assunto:

- Não sei o que é pior: traficantes perigosos ou policiais covardes e corruptos!

- Dá muita raiva disso tudo! (comenta o motorista). Pessoas abandonadas nas ruas! Policiais que não cumprem seu papel! Traficantes a solta, ameaçando quem trabalha e ainda forçando outras pessoas a se drogarem! É revoltante como coisas que podem ser combatidas não são! Bastaria cada um fazer o seu trabalho que tudo se resolveria!

Os dois continuam andando com o veículo à procura de pessoas carentes e abandonadas. Eles param a van em uma rua onde diversas pessoas estão deitadas no chão! Vanessa desce do veículo, preocupada com o retorno dos traficantes ou com uma reação violenta ou perigosa das pessoas dormindo ali.

- Olá! Boa noite! Eu sou Vanessa da ONG Paraíso e estou aqui para auxiliar vocês com alguma necessidade que tenham. Em nossa ONG vocês poderão comer, tomar banho e dormirem bem! Gostaria de convidá-los a irem conosco para lá! Temos médicos que também poderão ajudá-los a recuperar a sua saúde. Vamos conhecer o local?

Alguns erguem a cabeça, escondidas sob os cobertores sujos e rasgados, e olham na direção dela e do veículo iluminado! Vários se levantam, enquanto o motorista abre a porta deslizante lateral, para que todos possam entrar! O veículo fica lotado e retorna para a sede da ONG. Chegando lá Gabriel está na porta, aguardando o retorno da van. Todos descem do veículo! Vanessa sorri para o jovem Gabriel e aproxima-se dele! Dá-lhe um beijo no rosto e o questiona:

- Está tudo bem?
- Sim! Rafael está me apresentando a vida social aqui neste planeta! Estamos vendo... tele...vidão!
- Rsrsrs! Não é televidão, Gabriel! É televisão!
- Isso! Isso mesmo! É muito interessante! Como é que cabem tantas coisas lá dentro? É uma caixa pequena e estreita aquilo!!!!
- Rsrs! O que você vê ali são imagens! Não são coisas ou pessoas físicas!
- Eles me explicaram, mas eu não entendi muito bem esse assunto de ele...trô...nica!
- É! Esse assunto é só para especialistas, mesmo!
- E você, Vanessa? Como foi a noite de hoje? Parece que consegui trazer bastante gente para cá novamente!
- Sim! Nem sempre é tão fácil! Muitos não querem vir para cá, apesar de oferecermos apenas coisas boas para eles!

Vanessa demonstra em seu rosto certa angústia neste momento!

- Mas... estou sentindo que tem mais alguma coisa te incomodando! (comenta Gabriel).
- É... Hoje aconteceu algo de que não gostei...! Neste momento é que entendo porque você chama a Terra de Inferno!
- O que houve?

- Encontramos uns traficantes de drogas que nos ameaçaram a vida! Prometeram nos matar se continuarmos a recolher as pessoas das ruas! A polícia apareceu e nos salvou, mas não acredito que eles possam coibir a ação dos bandidos!

- E o que fará agora? (questiona Gabriel).
- Vamos requisitar proteção policial para continuarmos nosso trabalho, caso contrário...! (informa reticente Vanessa).
- Precisamos conversar com estes bandidos! Vamos explicar a eles o que a ONG faz aqui! Tenho certeza de que entenderam a importância de seu trabalho!

- Não, Gabriel! Se existem demônios na Terra aqueles são os que mais se aproximam disso! Eles não têm piedade nem compaixão das outras pessoas! São egoístas, perigosos e violentos! Eles só conhecem as drogas como caminho para conseguirem o que desejam! Com eles não há conversa! Só entendem a linguagem da dor e da morte! Está difícil deste planeta ter concerto, Gabriel! Os bons estão à míngua e os maus estão no controle de tudo!

- Este planeta não foi criado para ser consertado, Vanessa! O Inferno é um lugar de punição para todos que vivem aqui! Devemos aprender a sublimar os problemas se quisermos encontrar nosso real caminho espiritual! A verdadeira vida está muito longe daqui!

- É muito cruel a forma como vê nosso mundo, Gabriel! Temos muitos problemas, mas existem várias formas de se viver na Terra! Pode-se sempre ter uma escolha!
- Todas as escolhas levam as pessoas ao pecado ou à morte no final!

- Gabriel! Morrer é algo natural! Tudo aqui vive e morre! É preciso se conformar com isso! (declara Vanessa). E nem tudo é pecado! Nós é que enxergamos as coisas desta forma! A vida na Terra foi confeccionada desta forma! Temos que descobrir a melhor maneira de ser feliz, respeitando uns aos outros e tornando assim o mundo mais decente! Você precisa conhecer melhor este mundo!

- Os espíritos nunca morrem, Vanessa! (informa seguro Gabriel). A condição que vivemos aqui carnalmente é transitória! Morrer não é o problema! O problema é não se lembrar da vida anterior e poder assim retornar para ela!

- Mas por que acha que alguém gostaria de morrer para ir ao Paraíso?
- Ninguém morre quando se vai ao Paraíso! A morte é viver aqui!
- É difícil acreditar nisso!
- Vou te contar em detalhes como as coisas funcionam no Paraíso! Talvez você mude de ideia quanto ao que é realmente importante!
- Então me conta! Convença-me que viver no Paraíso é melhor do que aqui!
- Tá! Vou te contar tudo!

Na sede da ONG, Quinha está conversando com Carlos! Os dois estão diante de uma enorme mesa com diversos saquinhos cheios de terra já preparada para receber as sementes.

- Então, Quinha! Eu acredito que sua pena tenha algo a ver com o solo! Algo ligado às plantas ou terremoto! Se sua pena tiver que ser paga com o solo, então talvez plantando novas árvores você possa retornar ao Paraíso! Se for ligado a um terremoto, então acho que as coisas ficarão meio complicadas! Talvez você e Gabriel precisem levar, de volta ao Paraíso, diversos espíritos que aqui se perderam! Para você isso será muito difícil de ser realizado, devido a sua condição físico-mental atual!

-
Se esta for minha pena, então prefiro morrer! Não quero viver desta forma tão deprimente! (resposta mental de Quinha).
- A terra há de me consumir aos poucos, enquanto minhas entranhas são queimadas lentamente! (resposta verbal de Quinha).
- Quinha! Preciso que me ajude a entender como é que você poderá trabalhar com a terra? (requisita Carlos). Preciso que me ajude a controlar seu próprio corpo! O que você pode fazer para que sequências inteiras de trabalho possam ser realizadas?

-
Não sei! (resposta mental).

Desta vez nenhuma resposta verbal é emitida por Quinha!

- Mas você consegue usar as mãos com talheres para comer..., cortar carne com a faca..., ir ao banheiro..., tomar banho... (comenta Carlos). O que pensa quando faz estas coisas?

Alguns segundos de silêncio e a seguir ela comenta:

-
São respostas naturais às necessidades deste corpo! Eu não as comando! (resposta mental de Quinha).

Nenhuma resposta verbal é emitida, mas a mulher começa a simular que está comendo, gesticulando em pleno ar as mãos como se estivesse cortando um bife usando garfo e faca. Depois ela leva uma das mãos à boca e reage como se estivesse mastigando uma comida imaginária! Carlos a observa, na tentativa de entender a melhor forma de ajudá-la!

- Tem alguma coisa que você pensa que demonstra algum tipo de controle sobre o corpo? (questiona Carlos).

Alguns segundos se passam enquanto ela pensa a respeito!

-
Quando me chamam pelo nome Quinha, eu consigo ir em direção à pessoa que me chamou. Neste momento o corpo responde ao meu desejo! (resposta mental da mulher).
- Você me chamou? Se me chamar eu vou! Quem me chamou? Foi você, rapaz? (questiona ela verbalmente a Carlos). Estou aqui! Quem quer falar comigo? Estranho! Não é ninguém!

- Quinha! Preciso criar formas de incentivar seu corpo a trabalhar com a terra (comenta Carlos com ela). Vamos ensiná-la a plantar, podar as plantas e regar as mudas todos os dias! Vou começar repetindo uma operação diversas vezes para que entenda o que faço! Quero que você se concentre em minhas mãos!

Carlos volta-se para a mesa e enfia a mão dentro de um saco plástico com milhares de sementes ali dentro. São sementes de árvores nativas da Mata Atlântica brasileira. O médium retira uma das sementes e a afunda na terra dentro de um dos saquinhos pretos sobre a mesa. Agora ele retira o saquinho com a semente em seu interior e posiciona o conjunto dentro de um carrinho do tipo usado em supermercados, que está ao lado deles. Carlos repete a operação, observando as reações de Quinha durante o processo. Às vezes ela se desinteressa e olha de lado! É quando o médium chama-lhe a atenção:

- Quinha! Preste atenção no que estou fazendo!

Ele continua a operação de plantar cada uma destas sementes dentro dos pequenos saquinhos pretos de terra sob o olhar atento da louca mulher, que mentalmente "fala" com Carlos:

-
Por que tenho que fazer isso? Para onde irão estes materiais depois? (questiona mentalmente Quinha).

- Depois você mesma plantará um por um destes saquinhos na floresta que nos cerca aqui perto. Eu irei te ajudar a fazer isso. O excedente será enviado à Prefeitura para que eles possam levar para seus viveiros espalhados por toda a cidade. Quinha! Continue prestando atenção às minhas mãos e ao que estou fazendo aqui!

A mulher retorna o olhar, que já se perdia novamente distante dali, para a operação que Carlos está fazendo neste momento!

- Depois de plantadas na floresta estas mudas gerarão enormes e frondosas árvores, ajudando o planeta a respirar melhor novamente (comenta Carlos, o médium).

Quinha começa a se interessar pelo assunto e suas mãos tocam novamente e delicadamente na terra no interior dos saquinhos pretos sobre a mesa. Ao sentir o frio do material ela faz uma careta! Uma lágrima brota de seus olhos! Seus dedos continuam tocando na terra úmida diante dela. Num gesto de pura ira, a louca mulher começa a socar os saquinhos contra a mesa! Grita! Chora! Volta suas mãos, cobertas da terra barrenta, ao rosto, cobrindo-o, enquanto soluça em meio a um choro copioso! Simultaneamente ela responde de forma mental a Carlos:

-
Não consigo! Não consigo fazer isso! É muito frustrante! Por que não me mata logo e acaba com isso? (responde mentalmente a mulher).

- Não, Quinha! Vamos conseguir fazer isso juntos, eu e você! Concentre-se na atividade! Ficaremos aqui por muitas horas até que seu corpo responda positivamente a esta operação! Eu acabo de notar que a ira deste corpo está relacionada com a sua frustração em não conseguir realizar o trabalho! Vamos fazer o seguinte...! Nunca pense que não será possível realizar esta tarefa...! Se não der certo... continue tentando... acreditando...! Um dia conseguirá! Não tenha pressa! Aqui neste lugar você está protegida! Não se preocupe com mais nada! Apenas concentre-se! Ajude-me a te ajudar! Vamos chegar lá! Você verá!

- Como tem tanta certeza disso? (responde Quinha mentalmente, enquanto seu corpo vai se acalmando e o choro se reduzindo).

- Por que você é um espírito superior! Alguém especial! Um ser iluminado que se obstinado conseguirá um dia retornar ao Paraíso! Seu lugar de direito para chegar ao destino final de todos os espíritos!

-
Obrigada, Carlos! Você é muito gentil e bom! Um grande amigo verdadeiro! Não quero que se desaponte comigo! Mas viver neste corpo sem controle não me dá garantias de que conseguirei algo neste lugar! (responde ela mentalmente, retirando as mãos do rosto que agora está todo sujo de terra).

- Esqueça o negativismo! Faça o que estou lhe pedindo e você nunca me desapontará! (responde Carlos). Eu tornarei possível o seu retorno ao Paraíso! Sei que estou predestinado a fazer isso por você! É um prazer poder ajudar um espírito tão puro e bom quanto o seu!

-
Se meu espírito fosse puro e bom eu não teria vindo ao Inferno! (responde ela mentalmente).

- As regras no Paraíso são muito rígidas! (informa Carlos). É um teste difícil de vencer! Acho que a vinda ao Inferno é proposital a maioria dos espíritos! Este ciclo entre Paraíso, Inferno e de volta ao Paraíso deve ser uma forma de evolução pessoal! Talvez a punição aqui na Terra ajude aos penitentes, que conseguirem retornar à vida espiritual, a viver melhor por lá e assim fazerem a próxima passagem para o outro lado! Eu acredito que você será um destes que conseguirá ir além da maioria. Se lhe impuseram uma pena tão grande... é porque sabem que você será capaz de ir além! Eu acredito em você! Esqueça sua frustração! Ela apenas te levará a ira! Acredite também em você! Seu corpo naturalmente te acompanhará! Eu te ajudo! (Carlos pega suavemente nas mãos cheia de terra de Quinha, expressando a intenção em ajudar).

-
Está bem, Carlos! Farei o possível! (responde ela mentalmente). Você é bom! Obrigada! (responde Quinha verbalmente, olhando para Carlos, que sorri de volta e acaricia seu ombro).

Lentamente ela e Carlos conseguem trabalhar com sucesso na plantação das sementes dentro dos saquinhos! Carlos sorri para o pequeno progresso que estão conseguindo. Quinha começa a se concentrar e se interessar mais no assunto!

- Você está conseguindo controlar seu corpo!!!! (questiona ele).

-
Não tenho certeza disso! Acho que senti um arrepio quando me acariciou! Talvez este corpo esteja respondendo a isso! (informa ela mentalmente).

- Existem anjos vivendo escondidos na Terra! Eles são bons! Senti sua presença! Senti amor! O Demônio não vive aqui! (declara ela verbalmente).

Carlos olha com carinho e pena dela!

- Muito bem, Quinha! Você está indo muito bem! É assim mesmo que se planta sementes! Mais tarde nós as regaremos e amanhã colocaremos cada um destes saquinhos diretamente no solo da floresta.

Capítulo IV
Encarnado no Inferno

VOLUME
1

Capítulo V
Gula

Capítulo VI
Inocência

Capítulo VII
A Bebida

Capítulo VIII
Amnésia

Capítulo XII
Mentira

Capítulo IX
A Missão

Capítulo XIII
Nova Casa

Capítulo X
Loucura

Capítulo XIV
O Dono do Inferno

Capítulo XI
Luxúria

Capítulo XV
Ira

Capítulo XVI
Egoísmo

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Capítulo XVII
Arrogância

Capítulo XVIII
Preguiça

Capítulo XIX
Avareza

Capítulo XX
Inveja

Capítulo XXI
Ascensão

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